quarta-feira, 22 de julho de 2009

Adendo

Esqueci de mencionar no texto anterior que a irmã do cafetão é casada com um narcotraficante, ou seja, se eu começar a não responder os e-mails e não aparecer no MSN, já sabem, boquinha cheia de formigas...

Mas o que queria abordar aqui é a impressionante roubalheira que é o sistema aéreo aqui. Para terem uma ideia, se compramos um vôo São Paulo – Medelín – São Paulo, vale cerca de 500 dólares mais uns 100 dólares de taxas.

Já se compramos Medelín – São Paulo – Medelín, os mesmos 500 dólares mais 370 de taxas! Um absurdo.

A América Latrina realmente é um atraso. Estava vendo essa semana que um voo de Auckland para Los Angeles está custando os mesmos 800 dólares do meu voo de Medelín para São Paulo. Não dá para aceitar passivamente.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Vende-se

Em um aspecto viver na Colômbia é como retornar à infância. Aqui, não decido aonde vou. Meu direito de ir e vir é limitado. Devido ao fato de estar começando uma vida aos 26 anos, e também devido ao fato de ser uma pessoa avessa a novas relações pessoais, tenho uma vida social bastante limitada. Não decido aonde ir; apenas vou onde sou convocado.

Um ex-colega de faculdade da Marcela, homossexual, cocainômano e metrossexual, encontrou, em alguma investida sua em busca de homem em uma favela, uma família de crianças belíssimas. Três guriazinhas lindas e um guri. Todos com uma aparência atípica em uma terra de crianças feias. Olhos azuis, cabelos loiros, essas crianças realmente chamam a atenção.

Ter encontrado essas crianças em um antro de criminalidade, miséria e violência fez com quê o cidadão em questão visse a sua chance de ganhar dinheiro fácil. A Colômbia, e especialmente Medelín, possui um mercado de moda muito forte e, obviamente, a figura dos modelos é destacada. Vale salientar que a Colômbia não segue um padrão de beleza de modelos tradicional, ou seja, mulheres magras e caucasianas, e sim prezam por fêmeas fartas e curvilíneas.

Devido a sua metrossexualidade e conseqüente relação com o mundo da moda, o nosso amigo não perdeu mais do que um minuto até decidir “adotar” essas pobres crianças.

Levou-os em agências de modelos infantis, todos já desfilaram e realizaram trabalhos e agora, sob uma campanha de construir uma casa às crianças, realiza eventos para arrecadar fundos para isso. Sexta-feira passada estive presente sendo testemunha in locus da barbaridade que está sendo feita com essas indefesas crianças em um ato disfarçado de “ajuda humanitária” tão crível como a “ajuda humanitária” americana no Kweit durante a Guerra do Golfo.

Pagamos cerca de R$40,00 para entrar a uma discoteca. Evidentemente, não pude escolher e fui induzido a fazer parte desse ato obsceno. Na discoteca, para a minha surpresa, encontrei as crianças. Uma guriazinha, de cerca de cinco anos, estava na porta recebendo os convidados. Era obrigada a agir como uma diva e distribuir beijos a todas as pessoas que adentravam no recinto.

Saliento mais uma vez que se tratava de uma discoteca, com venda de bebida alcoólica e música mais do que alta, beirando o insuportável. E sim, as crianças circulavam livremente por lá. Em qualquer país que almeja a ser civilizado, crianças jamais seriam permitidas dentro de uma discoteca, mas na Colômbia tudo pode.

A festa se arrastava, música ruim e alta, calor insuportável até que, para a minha tristeza e decepção para com a Humanidade, uma mulher na faixa dos 30 anos de notória vida devassa, uma possível fracassada drogada, sobe a um pequeno palco e chama, em meio a incessantes microfonias, as crianças a subirem no palco, isso já perto da meia-noite. Para que vocês me entendam, a menor delas tem uns dois anos de idade e estava visivelmente assustada.

Todas sobem no palco e são obrigadas a dançar para “divertir” o público que exigia a recompensa pela ajuda que estavam dando com seus R$20,00 de ingresso. Todos sorriam.

Tiravam-se fotos. As pobres meninas dançavam timidamente, infantilmente. A que estava na porta recepcionando os crápulas, dizia em tom ameaçador à outra de cerca de quatro anos: “Baile! Baile! Tienes que bailar!”

Com exceção da Marcela e eu, todos sorriam, todos estavam achando o máximo comprovando que se trata de um povo com zero senso crítico, povo sujo e corrompido.

Entre goles de cachaça, sorriam para as pobres crianças que os divertiam aquela noite.

Ao fim da triste apresentação, sobe ao palco o canalha organizador com seu terno branco com capuz e sapatos também brancos e pontudos estilo Peter Pan e abraça o guri. E sorri.

Impossível não questionar a filantropia desse cidadão. Por que não ajudar crianças pobres E FEIAS que terão menos chances de sair da merda que essas pobres, MAS LINDAS? Com ou sem a ajuda desse sanguessuga, essas crianças inevitavelmente viriam a ter muito mais chances em uma sociedade que tanto valoriza a aparência quando comparadas aos seus vizinhos feios e com traços indígenas.

Não posso deixar de comentar que, nesse evento para ajudar e COM A PRESENCA de crianças, houve um xou musical hediondo de um travesti que depois chamou ao palco duas “amigas” sendo que uma era visivelmente infectada, deveria pesar cerca de 30 quilos. Nada mais propício de se ter em uma festa para e COM crianças.

Realmente é difícil ser detentor de valores. É difícil não conseguir desfrutar de um crime contra crianças; é difícil ver um abuso de menores e sentir-se ofendido, ultrajado. É, também, insuportável saber que patrocinei a cocaína de um canalha, um vigarista com pinta de cafetao barato de nariz operado.

É, para finalizar, duro ver uma criança de cinco anos de idade dançando reggaeton (ritmo criado em Porto Rico – preciso dizer algo mais? – que é uma espécie de versão latina do hip hop americano, ritmo favorito de vadias e de gângsters wannabes, público numeroso por aqui) em cima de uma mesa, depois da meia-noite em uma discoteca e, ainda por cima, contava com a parceria de um idiota asqueroso que lhe fazia companhia, o mesmo idiota que usava batom na igreja (essa é para leitores assíduos).

Eu, cada vez mais, desisto da Humanidade e temo em por filhos nesse mundo lixo. Princípios, exijo a volta dos princípios...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Final Libertadores 2009

A minha previsão se confirmou e o Estudiantes arrebatou o seu quarto título de Libertadores mesmo jogando fora de casa contra o campo de maior extensão do mundo e 65 mil pessoas.

Mesmo após o empate em La Plata, acreditava na ampla superioridade do time argentino sobre o comum time mineiro.

O que vimos dentro das quatro linhas na última quarta-feira foi um jogo de homens contra guriazinhas. O Estudiantes jamais perdeu o comando do jogo e Verón jamais
deixou a batuta cair de suas mãos.

Desde o início o Estudiantes apresentou melhor futebol, levou perigo em alguns momentos e dava a certeza aos seus torcedores que voltaria à La Plata com a taça. A defesa pincha estava consistente e segura como sempre, tanto que Wellington Paulista não tocou na bola, os meio-campistas muito ligados no jogo e seus dois grandes atacantes também muito bem na partida. Comandando tudo isso, Verón, de atuação impecável tanto defensiva como ofensivamente, um verdadeiro líder em campo.

A única chance do Cruzeiro em todo o jogo antes da pressão final foi o lance do gol.

Um chute despretensioso que iria parar nas mãos de Andújar no meio do gol, desvia em Desábato e mata o titular da selecao argentina.

Além disso, em nenhum momento o Cruzeiro levou perigo ao gol pincha.

É admirável a postura e o caráter do time argentino que não se abalou com o gol do Cruzeiro e continuou jogando com aquela certeza de sucesso. O gol veio rápido, e isso ajudou. Uma falha da fraquíssima defesa mineira (impossível ser campeão da América com uma defesa tão ruim) e daí apareceu o oportunismo da Gata Fernández.

Depois do gol o que se viu foi um verdadeiro domínio completo do Estudiantes. A torcida mineira que já estava calada desde o apito inicial do árbitro e que apenas abriu a boca durante o pequeno intervalo do gol cruzeirense até o empata argentino, abandonou de vez, numa demonstração de falta de confiança em seu time jamais vista.

Sou partidário de que torcida não ganha jogo, ainda mais quando o adversário é argentino, acostumados a jogar com torcida no cangote todos os fins de semanas, em estádios que são do tamanho da grande área do Mineirão, mas também defendo que a torcida pode prejudicar. A mesma teoria uso para técnicos de futebol. E quarta foi isso, senti que a torcida cruzeirense prejudicou o time com sua apatia. Não que o Cruzeiro fosse ganhar caso tivesse a torcida do Boca, a diferença de qualidade dos times era muito grande, mas ajudaria, daria esperanças, afinal, é futebol, tudo pode passar. Desde quarta coloco a torcida do Cruzeiro na mesma gaveta da torcida do São Paulo, sendo essas as duas piores do Brasil. Além disso, o que eram aquelas máscaras, perucas e afins? Tenho horror a isso.

O segundo gol saiu de outro defeito da defesa cruzeirense, a bola área. Infelizmente o Estudiantes não conta com atacantes altos para cabecear, mas, mesmo assim, o craque Boselli matou as raposas com uma bela cabeçada proveniente do primeiro escanteio bem cobrado pelo Pincha no jogo. Aliás, Boselli, oito gols na Libertadores, artilheiro, que jogadoraço, que copa Libertadores fez esse atacante cujo passe ainda pertence ao Boca.

Há de se destacar também a melhor arbitragem que já vi na minha vida. Nunca havia visto um jogo em que NENHUM erro fosse cometido. Não houve, acho, sequer uma reversão de lateral, uma falta mal marcada, nada, foi impecável. A característica do chileno Chandía, que infelizmente ficará de fora do mundial por 45 dias, é saudável para o futebol e quando digo “futebol” me refiro ao futebol masculino. O chileno entende do jogo, deixa o jogo correr, não marca faltas a todo o tempo, entende a virilidade do esporte. Quem sofre com isso são os pipoqueiros, como Wagner.

O único comentários negativo meu em relação à arbitragem foi quanto a Ramires. Esse neguinho deveria ter sido expulso. Bateu o jogo inteiro, muitas agressões sem bola, mas, infelizmente, a arbitragem não o flagrou.

Também faço pública a minha grande felicidade com o título de um clube gigante e sensacional como o Estudiantes de La Plata, que havia ganhado sua última Libertadores em 1970, com o velho Verón em campo e depois, para completar, bateram o Manchester Utd. Será que o Pincha bate o Barcelona? Difícil.

Para finalizar, fazia muito tempo que não ficava tão nervoso em um jogo de futebol, tendo em vista que o Grêmio esse ano na Libertadores ou teve confrontos muito fáceis ou teve nenhuma chance. Ok, contra o Caracas deu para sofrer bastante.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O Ascenso

Depois de escrever sobre a vibrante decisão do título argentino, serei obrigado a retornar a escrever sobre o campeonato local. Apesar de já terem decidido o título há mais de uma semana, mesmo assim até o domingo passado houve emoção no país mais futebolístico do planeta.

Para quem não sabe, na Argentina não há rebaixamento direto como no Brasil e em todos os países europeus; lá é usado o sistema de médias de pontos dos últimos campeonatos. A intenção da medida é preservar grandes clubes que podem ter um ano ruim e assim mesmo manterem-se na primeira divisão. O River acabou o campeonato
anterior em último e não foi rebaixado, por exemplo.

O sistema é o seguinte: os clubes que têm as duas piores médias são rebaixados e o antepenúltimo e 4º pior disputam o “Ascenso”.

Na segunda divisão a mesma coisa: os dois melhores sobem e o terceiro e quarto disputam o mesmo Ascenso contra dois times da primeira divisão.

Os dois times da primeira divisão jogam por dois resultados iguais e decidem em casa.

Esse ano caíram, de forma direta, San Martín e Gimnasia de Jujuy e subiram Chacarita e Atlético Tucumán. Na disputa do Ascenso, Gimnasia de La Plata x Rafaela e Rosario Central x Belgrano.

Nessa segunda disputa, o grande Rosario Central, time de Che Guevara e Fito Páez, ganhou a ida em Córdoba e, em um jogo terrivelmente nervoso e de baixa qualidade técnica, empatou em casa 1-1 garantindo sua permanência na primeira divisão. No entanto é o outro confronto que merece mais atenção.

O jogo de ida em Rafaela acabou 3-0 para o time da casa o que obrigava os platenses a ganhar no jogo de volta por 3-0 para garantir-se na divisão especial. Para piorar os ânimos, o arquiinimigo dos Piratas, o Estudiantes, está disputando nada mais nada menos que a final da Libertadores.

O jogo de volta foi realizado nesse domingo e foi inesquecível.

Era visível o nervosismo do time da casa no primeiro tempo; havia uma insistência de bolas altas, mas nada de jogadas trabalhadas. Houve mais chances para o visitante que complicou bastante nos contra-ataques.

A primeira parte terminava em um triste 0-0 e a pressão em cima do time de La Plata aumentava juntamente com a dificuldade de reversão do placar do primeiro jogo.

Metade do segundo tempo havia passado e nada, placar em zeros. Para piorar, o Gimnasia teve dois jogadores expulsos e jogava com apenas nove guerreiros desesperados em campo.

Eis que aos 27 minutos da etapa complementar, num erro da defesa adversária, sai o primeiro gol do Gimnasia. O grau de impossibilidade de reversão do marcador é tanto que muitos torcedores, tomados pelo nervosismo, mal comemoravam.

Diferentemente do esperado, o Gimnasia não conseguiu impor uma pressão esperada após o primeiro gol. Notava-se que os jogadores acreditavam, disputavam cada bola como se fosse a última, mas faltava clareza ao time local. Quem seguia criando chances devido ao desespero do time local era o Atlético, que teve pelo menos duas chances claríssimas para matar o jogo. No entanto, aos 44 minutos, bola alçada na área, gol do Gimnasia, 2-0, estádio em polvorosa, ambas torcidas perplexas, mãos na cabeça, jogadores do Gimnasia gritando uns com os outros, bola no centro. Outro ataque, dois minutos depois e o improvável acontece, 3-0, outro gol de cabeça, apoteose geral no estádio, homens de 30, 40, 50, 60, 70 anos chorando como crianças, torcida do Rafaela estática, sem esboçar qualquer reação, lágrimas por todos os lados, desde o banco de reservas do Gimnasia até os próprios jogadores em campo.

Para completar, ainda havia alguns minutos de jogo e o Rafaela chegou a ter uma falta próxima da área que levou perigo ao gol do Gimnasia.

Apito final. Quem pensava que a final do campeonato havia sido suficientemente emocionante, ignorou o fato de se tratar do Campeonato Argentino, onde emoção, paixão e fanatismo inigualável estão presente desde o primeiro jogo até a decisão do Ascenso.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Final Campeonato Argentino

Quem não viu a “final” do Campeonato Argentino perdeu uma das mais fantásticas decisões de campeonato da história ou, melhor dito, o jogo mais argentino de todos os tempos. Houve de tudo.

Coloquei “final” entre aspas pois não foi uma final de fato. O Campeonato Argentino é por pontos corridos; no entanto, chegaram na última rodada dois times com chances de título e os dois, por coincidência se enfrentavam. O Huracán, time de menor investimento entre os 20 participantes e que nunca ganhou o campeonato chegava, com um time de futebol vistoso e repleto de novos talentos como Defederico, Pastore e Bolatti, com dois pontos de vantagem.

Do outro lado o “europeu” Vélez Sarsfield, clube campeão do mundo e que fez grandes investimentos para o torneio, com destaque para as contratações de Seba Dominguez, ex-Corinthians e Larrivey que veio do Cagliari e que começou sua carreira no Huracán.

De um lado o melhor ataque, o Huracán e do outro a melhor defesa.

O drama começou quando a última rodada teve que esperar uma semana devido às eleições legislativas na Argentina. Durante essa semana de espera, a presença do público na final foi ameaçada devido à gripe suína. No entanto, domingo, às 16h30min hora local, começava, com 20 minutos de atraso, a grande decisão.

O primeiro fato inusitado foi uma tempestade de pedras gigantes que obrigou o árbitro a paralisar o confronto por cerca de 20 minutos. Pedras gigantes caíam do céu, algo que jamais vi em um jogo de futebol. Antes disso, o Huracán marcou um gol legítimo anulado por suposto impedimento. E aí começaram as polêmicas com a arbitragem, tempero fundamental para a dramaticidade tangueira de uma final argenta.

Também não podia faltar o pênalti. Desperdiçado. O Vélez teve a chance de abrir o marcador. Pênalti claro, sem discussões. O artilheiro do time Rodrigo López bate e o goleiro do Globo defende. Cada vez acrescia-se mais tensão ao espetáculo.

Apesar de ser uma final com tanta carga emocional e tão disputada, houve momentos de bom futebol. O Vélez neutralizou os craques do time adversário que não conseguiram desenvolver o seu tradicional futebol de toques, dribles e com muitos gols. Aos 38 minutos do segundo tempo, ou seja, pouco depois da metade do segundo tempo, sim, a segunda etapa teve CINQUENTA E NOVE minutos, bola na área do Huracán, Larrivey, ex-Huracán, entra de carrinho no GOLEIRO adversário, o juiz nada apita, o goleiro fica se retorcendo no chão, a bola sobra para Maxi Moralez e gol. O título acabava de passar de mãos. Na comemoração Maxi tirou a camisa e foi expulso, claro, não poderia faltar um expulso.

Com a confusão pelo gol supostamente irregular, foram lançadas pedras (de gelo?) pela torcida do Huracán. Jorrava sangue do supercílio de Seba Dominguez. Até um gandula teve que ser atendido pois também levou uma pedrada. Aliás, depois do gol, desapareceram as bolas. Não é que estavam demorando para devolvê-las, elas desapareceram, todas. O jogou ficou paralisado por vários minutos por falta de bola.

Daí focavam aqueles velhos demoníacos do Vélez e eles, sem nem ruborizar, diziam que
não sabiam, que não havia bolas.

Minutos depois o jogo voltou. O juiz levantou uma placa dizendo que se jogariam 8 minutos a partir daquele momento, ou seja, o jogo iria a 58. Evidentemente que o Huracán se atirou para cima em busca do gol do título e...num contra ataque, bola para a cria da casa, Larrivey, que havia começado no banco, ele recebe cara a cara com o goleiro e erra, chuta em cima do arqueiro do Globo. Imediatamente uma cena incrível. Todo o time do Huracán vai para cima do atacante do Vélez, muitos metem a mão na cara, outros empurram e o motivo: ele queria matar o clube que o projetou.

Sim, acreditem se quiser isso aconteceu. O pobre Larrivey não sabia o que fazer, estava apavorado com a raiva descomunal por parte dos jogadores adversários.

Eis que o jogo se acaba e a confusão não parou por aí. Os jogadores do Huracán foram todos chorando ao vestiário rapidamente, nada de discussões com o árbitro e muito disso porque sentiram medo. A invasão ao campo foi algo jamais visto. Havia mais gente dentro que fora. A polícia apontava mangueiras de bombeiro em direção aos torcedores que trepavam nas grades antes de saltar para o gramado. Todos os jogadores foram pelados pelos torcedores, todos ficaram apenas de cuecas em campo, uma digna demonstração da insanidade argentina pelo futebol, do quão desordeiro um argentino pode se tornar devido ao futebol. Na hora da taça, premiação e tudo mais, quase não era possível distinguir os jogadores no meio da multidão, só era possível quando víamos os que estavam de cuecas.

Para completar ainda mais a polêmica, o árbitro do jogo assumiu que errou em dois lances: no gol do Huracán anulado no primeiro tempo e por não ter marcado falta no goleiro no lance do gol decisivo.

Quem não viu, vale a pena ver a repetição quando passe. O jogo mostrou os motivos que o futebol é uma coisa tão impressionante, o esporte mais fantástico da Terra.

No entanto, esse esporte, quando jogado na Argentina...no hay nada ni parecido.

Minha selecao do campeonato (4-4-2)

Andújar (Estudiantes)

Araujo (Huracán)
Otamendi (Vélez)
Domínguez (Vélez)
Papa (Vélez)

Bolatti (Huracán)
Zucullini (Racing)
Pastore (Huracán)
Montenegro (Independiente)

Defederico (Huracán)
Sand (Lanús)

A Eliminação

Dessa vez não vou analisar a atuação individual de cada jogador Tricolor em campo e sim tentar entender os motivos dessa eliminação esdrúxula do Grêmio. Há necessidade de uma mudança de mentalidade.

Depois do gol de falta de Souza no Mineirão, a esperança de classificação do Grêmio ganhou força. O que estava impossível passou a ser algo que poderia ser atingido, não facilmente, mas tampouco seria uma epopéia fazê-lo.

O Grêmio já havia ganhado por dois gols de diferença em outros três confrontos em sua última participação na Libertadores em 2007: 2-0 no Defensor depois de ter perdido pelo mesmo placar no Uruguai; 2-0 no São Paulo após ter perdido de 0-1 na ida e 2-0 no Santos em partida de ida. Na final, após levar 3-0 do Boca, foi criada toda uma expectativa em cima da bobagem da “imortalidade”, ressaltou-se a raça do Grêmio, garra e sei lá mais o quê e deu em nada.

Antes da final contra o Boca lembrou-se muito da Batalha dos Aflitos, da incrível demonstração de hombridade dada no estádio pernambucano, mas um fator foi ignorado pela maioria: o Boca era muito melhor que o Grêmio e, obviamente, não tivemos a mínima chance de reversão do placar adverso da Bombonera.

O Boca não era o Náutico, assim como não era o Caxias, que ganhou de 3-0 do Grêmio na Serra e deixou a vaga escapar após tomar quatro do Grêmio no Olímpico pelo Ruralito. A direção do Grêmio, patética desde então, chegou ao cúmulo de dizer que o Boca era um “Caxias de grife” com o intuito de fazer a adversidade da final contra o maior clube argentino assemelhar-se a encontrada na decisão contra os caxienses. O pior que muita gente acreditou. A massa é burra.

O Boca passeou pelo Olímpico não porque o Grêmio não demonstrou raça, garra e tudo mais e sim porque tinha muito mais time, tinha um gênio, Riquelme, e outros excelentes jogadores como Palacio, Dátolo e companhia. O quê tinha o Grêmio: vontade.

A fantástica temporada do Barcelona que, além de ganhar tudo, mostrou um futebol brilhante com mais de 100 gols somente no Campeonato Espanhol, deixou bem claro que além de dar para ganhar jogando bom futebol, é muito provável que se ganhe QUANDO se joga bom futebol. Além do Barcelona, expoente máximo na atualidade de futebol bem jogado juntamente com a selecao espanhola, campeã europeia, outros times provaram o mesmo e não falo de elencos com estrelas milionárias como o dos catalães.

O Huracán, time que menos investiu entre os 20 times argentinos da primeira divisão, está encantando a todos, pois joga um futebol espetacular, vistoso e seu técnico Angel Cappa cobra isso dos jogadores, reclama quando o time ganha sem jogar bem.

Jogar bem, já logo aclaro, não é frescura, desrespeito ao adversário, e sim buscar o
gol, trocar passes, ter jogadores habilidosos, enfim, jogar futebol. Pois o Huracán pode ser campeão pela primeira vez em sua história. Chega à última rodada precisando de um empate contra o Vélez, o outro clube que cobiça o título. Mesmo que venha a perder, a campanha do menor dos clubes de Boedo será inesquecível.

O Wolfsburg, campeão alemão pela primeira vez em sua história em 2009, é outro exemplo. Um time que meteu 5 no Bayern, 5 no Stuttgart entre outras grandes goleadas. Era um time que jogava todos os jogos para ganhar e não se satisfazia com um mísero gol.

Também aclaro que não sou contra um time com garra e dedicação; sou é contra ao fato de depositar todas as esperanças em cima disso e/ou na força da torcida. O Uruguai em toda a sua história gloriosa sempre teve excelentes jogadores e muita vontade de ganhar. Quando passaram a valorizar unicamente a segunda característica, deixaram de ser uma potência mundial do esporte.

Ao mesmo tempo saliento que também há a necessidade de uma entrega dos jogadores além da técnica. A selecao argentina, por exemplo, tem muita técnica e zero de faca entre os dentes. Desde a saída de Simeone, não há um símbolo de garra e vontade dentro de campo e esse é o motivo principal da seca de vitórias que o selecionado de Maradona vive atualmente.

Voltando ao Grêmio, por que não tivemos chance alguma nesse confronto com o Cruzeiro? Porque faltou time, faltou técnica. O Cruzeiro acabou com as esperanças do Grêmio através de um lance de TÉCNICA de um jogador acima da média, Kléber, o melhor atacante em atuação na América e, no meu entender, jogador de selecao. Em uma fração de segundo, em um drible rápido em cima do defensor, o craque matou o jogo, deu a vaga ao seu clube, valeu o investimento.

Enquanto isso a direção do Grêmio conclamava a torcida e apostava na garra, esquecendo que, sem ter um meio de campo criativo, não se chaga a lugar algum. Sem laterais pelo menos razoáveis, é muito difícil de ganhar e o Grêmio perdeu por isso, pela falta de talento e de qualidade. Pode acontecer de um time inferior ganhar de um superior? Evidente; mas é muito mais provável que o melhor vença.

Por fim, hei de analisar a bizarra condução do espetáculo no Olímpico.

Começo com a hipocrisia dessas campanhas para arrecadar sócios. Tem que ser muito idiota para ser sócio. Se paga uma mensalidade, não se tem direito a nada e ainda há o grande risco de, na hora do filé, ficar de fora. Inúmeros torcedores com carteira de sócio em mãos ficaram de fora da decisão. Lamentável. Quanto a isso, a direção diz que tem que vender mais ingressos que o limite, pois muitos sócios não vão aos jogos, ou seja, eles contam com a não ida das pessoas que eles fazem campanhas para trazê-las ao estádio.

O ingresso é caro se comparamos com outros espetáculos como cinema ou teatro. No entanto, os “clientes” são tratados como animais. Além da total falta de conforto de chiqueiros como o Olímpico, os clientes sofrem com a brutalidade da polícia que até cavalos manda para cima dos clientes. Abusa-se da paixão dos torcedores por seus clubes. Se isso passasse na entrada de uma estreia de filme no cinema, com toda certeza os clientes jamais retornariam a essas salas.

O pior de tudo é que a solução é muito simples. Não são os europeus geniais por fazerem as coisas funcionarem, e sim os brasileiros burros e incompetentes que não conseguem solucionar problemas simples e que, para piorar, são os mesmos há um século.

Começando pela venda de ingressos: por que não se utiliza a tecnologia para acabar com cenas lamentáveis como gente dormindo em frente ao estádio ou brigas e confusões por ingressos? Basta limitar a venda de ingressos à Internet e ao telefone, nunca mais haverá problemas e/ou filas. E se os sócios não vão ao estádio, os lugares ficam vazios? Claro que não, qualquer clube de quinta categoria da Europa consegue manipular isso. Se o jogo é dia 5, os sócios têm até o dia primeiro para manifestar-se via Internet, se vão ou não ao estádio. Caso não o façam, os lugares desses serão colocados à venda imediatamente, tecnologicamente.

Não dá mais. Para completar o quadro da dor, entra a capacidade vândala do povo. Os que não conseguiam entrar quebravam tudo, carros estacionados, vidros do chiqueiro, enfim, tudo que viam ao seu redor e isso gera, obviamente, a reação violenta por parte da despreparada Brigada Militar com seus cavalos.

Futebol é um espetáculo que se mantém por seu ponto passional, ignorando questões como conforto, como banheiros limpos, como boas opções de alimentação dentro dos estádios, como segurança e etc. Os jogos são ruins, senta-se em um concreto frio, toma-se chuva na cabeça, usa-se banheiros podres, come-se lixo e tomam-se cavalos em cima. E querem sediar Copa do Mundo nos chiqueiros, vê seu eu posso.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Campeonato Europeu Sub 21 Suécia 2009

Excelente o time alemão vencedor pela primeira vez do Europeu Sub 21. Numa final em que aplicou 4-0 na Inglaterra, apresentou excelentes nomes. Destaco o meio campista camisa 10 Ozil, o melhor da competição, um jogador fantástico que tenho certeza terá um futuro brilhante. Veloz, extremamente ágil e habilidoso, forte chute, excelente visão de jogo, é um craque. O time alemão também conta com o lateral Beck, outro muito bom jogador e o centroavante Wagner, autor de dois belos gols na final, outra grande promessa.

O zagueiro Hummels também merece destaque, joga demais. No lado inglês eu destaco o atacante Milner. Estilo de jogo de Ryan Giggs, mas pela direito, muito habilidoso e vertical. Também há de se destacar o atacante Campbell, que infelizmente não pode jogar a final.

Vale lembrar que, no mesmo ano, a Alemanha foi a campeão europeia sub 17, 19 e agora no sub 21. Grande ano para o futebol bávaro.

Para finalizar, vale destacar também a beleza das policiais suecas...que coisa.