domingo, 11 de julho de 2010

Resumo da Copa

E mais uma Copa do Mundo se acaba. Que evento tão espetacular é a Copa do Mundo. É uma competição tão incrível que chega ao ponto de humanizar personalidades que pareciam ter sucumbido à sua posição de celebridades. Jogadores consagrados e donos de fortunas choram como crianças após uma derrota ou após um título.

Seus familiares estão nas tribunas e alguns não se contêm e distribuem sorrisos e beijos em suas direções como Maradona com suas filhas e alguns jogadores como Sergio Ramos e Fabregas na final com suas famílias.

Há reis, rainhas, atores, Mick Jagger, todos lá, sentados como qualquer um desfrutando do maior evento da Terra.

Essa Copa deixou algumas dúvidas quanto à realização de eventos dessa importância em países sem estrutura necessária. A FIFA tentou disfarçar, mas houve muitos problemas como na área de transporte, por exemplo, com muita gente não conseguindo chegar a tempo aos locais dos jogos; também houve assaltos, roubos e muitos, muitíssimos espaços vazios nos estádios, em alguns casos chegava a ser constrangedor como na partida entre Paraguai e Eslováquia. Mas até em semifinais esteve presente esse problema. No jogo entre Holanda e Uruguai podiam-se ver espaços não ocupados.

No entanto é bacana uma Copa em um lugar diferente. Sempre defendi que copas do mundo deveriam ser exclusivamente organizadas no continente europeu devido à sua infra-estrutura e tradição no esporte. Países estruturados fora da Europa como Estados Unidos, Japão ou Coreia do Sul, têm problemas diferentes como populações não sabendo quantos jogadores jogam ou então simplesmente falta de clima de Copa.

A primeira fase foi, tecnicamente, quase que insuportável, mas já era esperado. As
primeiras fases contam com times fracos e as seleções fortes jogam com medo de um tropeço que lhes pode abreviar a participação no Mundial. No entanto, era evidente que o nível, a partir das oitavas, iria subir consideravelmente e acabamos vendo uma boa Copa.

Não houve um grande destaque individual, mas muitos jogadores se destacaram e muitos times levaram muitos jovens para a competição o que é sempre saudável. Fracassos retumbantes não faltaram. O maior deles foi o da seleção francesa que foi um tremendo festival de absurdos. A Itália, atual campeão, também fez feio e abandonou sem ganhar sequer um jogo. No entanto considero a Inglaterra a maior decepção, pois foi ao Mundial com pinta de favorita e acabou sendo goleada por 4x1 pela Alemanha e seus principais jogadores não renderam o esperado.

Outro grande fracasso, o desempenho dos africanos, todos, à exceção de Gana, eliminados na primeira fase, incluindo-se nesse nefasto grupo o país organizador.

Tivemos, então, detentor do título, último vice e país-sede eliminados na primeira instância da competição.

O renascimento do Uruguai de volta aos primeiros lugares foi extremamente interessante. Inclusive teve um de seus jogadores escolhido como o melhor da competição, Diego Forlán.

A competição também puniu a mesquinhez de alguns times como Suíça e Grécia, eliminados, FELIZMENTE, na primeira fase. Houve um predomínio dos ofensivos contra os defensivos considerando que os três primeiros são times que sempre buscaram o gol.

Houve também quem exagerou na ofensividade e acabou caindo fora de maneira constrangedora, como foi o caso argentino. O melhor do mundo, Messi, não apareceu nas instâncias definitivas e acabou abandonando a África de maneira discreta e sem gols, assim como seus companheiros de artilharia Rooney e Milito que pouco jogou.

Klose chegou perto da marca histórica, mas perdeu alguns gols que não poderia perder contra a Austrália, não começou um jogo e sentiu dores nas costas que o deixaram de fora da decisão do terceiro lugar.

A Alemanha bateu o recorde de jogos disputados em copas do mundo.

Também tivemos poucas definições em cobranças de pênalti, somente duas.

Outro fato curioso foi quem a Espanha passou por oitavas, quartas, semi e final somente com vitórias pela mínima diferença e sem tomar sequer um gol.Possivelmente é o campeão com o menor número de gols marcados na histórias das copas.

Tivemos dois erros cruciais de arbitragem nas oitavas, o gol não dado à Lampard contra a Alemanha e o gol em completo impedimento de Tévez contra o México. Pela primeira vez a FIFA ameaça discutir o assunto com mais seriedade. Até o lance de Suárez contra Gana foi visto como motivo para a FIFA revisar suas centenárias regras. Sou contra. Querem deixar o futebol uma ciência exata. É entendível o argumento de que o futebol é um negócio e que muitos perdem muita coisa por erros.

Mas é um esporte. Um jogo. Tem que seguir tendo seu aspecto humano.

Classificação final da Copa:

1. Espanha
2. Holanda
3. Alemanha
4. Uruguai
5. Argentina
6. Brasil
7. Gana
8. Paraguai
9. Japão
10. Chile
11. Portugal
12. Estados Unidos
13. Inglaterra
14. México
15. Coreia do Sul
16. Eslováquia
17. Costa do Marfim
18. Eslovênia
19. Suíça
20. África do Sul
21. Austrália
22. Nova Zelândia
23. Sérvia
24. Dinamarca
25. Grécia
26. Itália
27. Nigéria
28. Argélia
29. França
30. Honduras
31. Camarões
32. Coreia do Norte

Aqui segue minha seleção da Copa no estilo 4-4-2:

1. Stekelenburg (Holanda)

2. Sergio Ramos (Espanha)
3. Friedrich (Alemanha)
4. Piqué (Espanha)
6. Capdevilla (Espanha)

5. Xabi Alonso (Espanha)
8. Xavi (Espanha)
10. Iniesta (Espanha)
11. Müller (Alemanha)

7. Forlán (Uruguai)
9. Villa (Espanha)

Bola de ouro: Forlán (Uruguai);
Bola de prata: Xavi (Espanha);
Bola de bronze: Müller (Alemanha);
Revelação: Müller (Alemanha);

Menções honrosas: Salcido (México), Suárez (Uruguai), Pérez (Uruguai), Johnson (Inglaterra), Khedira (Alemanha), Schweinsteiger (Alemanha), Özil (Alemanha), Gyan (Gana), Mathijsen (Holanda), Sneijder (Holanda), Lúcio (Brasil), Juan (Brasil) e Casillas (Espanha);

Decepções: Di Maria (Argentina), Gerrard (Inglaterra), Lampard (Inglaterra), Rooney (Inglaterra), Van Persie (Holanda), Cristiano Ronaldo (Portugal) e Torres (Espanha).

Vitória do Futebol

Espanha 1x0 Holanda: quem torcia por uma final entre sul-americanos a teve. Em um jogo com cara e clima de Libertadores, Holanda e Espanha brindaram o mundo com um excelente e apaixonante espetáculo.

Um grandíssimo jogo, com emoções até o final, inúmeras chances de gols, entradas ríspidas, enfim, uma final com todos os elementos de final sul-americana.

O início do jogo deu a impressão de que uma das minhas previsões poderia acontecer que era uma vitória com certa facilidade por parte da Espanha. A Holanda praticamente não tocou na bola durante os primeiros minutos do jogo e via a Espanha se aproximar de seu primeiro gol.

Stekelenburg, o melhor goleiro da Copa, salvou de maneira impressionante uma cabeçada fantástica de Sergio Ramos. Este, diga-se de passagem, foi o melhor jogador do primeiro tempo jogando como quase um ponteiro direito e criando várias oportunidades de gol. Uma delas faltou o cacoete de atacante quando entrou a dribles pela direita e tentou um busca-pé que acabou sendo rechaçado por Heitinga em lance que pedia a sua conclusão ao gol.

O meio de campo espanhol asfixiava Sneijder e a Holanda se via em uma situação de completa impotência. Robben não tinha contato com a bola e Kuyt era obrigado a jogar quase de volante para tentar conter pelo menos em parte o poderio do meio ibérico.

O gol parecia ser questão de tempo. Em um dos tantos lances ríspidos do jogo Capdevilla deve ser atendido pelos médicos, o jogo para por alguns minutos e parece que esfriou o time de Del Bosque. Quando o jogo recomeça, há uma nova situação em campo com uma Holanda que avança sua marcação, povoa o meio de campo, adianta sua defesa que deixa Villa quatro vezes em impedimento e, com essa pressão, equilibra o jogo. Xavi e Iniesta, os motores e cérebros da Espanha sentem dificuldades em encontrar espaços e o jogo ganha a cara que a Holanda queria. Meio de campo congestionado e espaços para os contra-ataques com a velocidade impressionante de Robben.

Há equilíbrio em campo, mas as chances mais claras passam a ser da Holanda, mesmo tendo menos posse de bola. A Holanda também passa a fazer uso de uma arma que Dunga usou com a seleção brasileira que é a sucessão de faltas “técnicas”. Sem violência, rodízio de faltas sempre evitando os cartões amarelos que acabam enervando e de certa forma parando um pouco a constância ofensiva do adversário. Uma das faltas deveria ter sido punida com cartão vermelho direto que foi a voadora de De Jong em Xabi Alonso. Um lance de artes marciais que não foi punido como deveria.

No segundo tempo começou a aparecer a estrela de Casillas, o melhor em campo. Casillas começou o Mundial demonstrando certa desconfiança, mas, no jogo contra o Paraguai e especialmente hoje, mostrou que segue sendo um dos melhores em sua posição no mundo. E apareceu pela primeira vez de forma magnífica em um mano a mano com nada mais nada menos do que Robben que recebeu passe brilhante de Sneijder e acabou não conseguindo concluir com sucesso. Tinha duas opções: driblar Casillas para a direita ou chutar por cima. Tentou por baixo e o goleiro do Real Madrid defendeu com a perna.

Do outro lado a Espanha também criava algumas chances principalmente provenientes de bolas paradas. Villa quase marcou em rebote da defesa e que acabou sendo salvo por Van der Wiel de forma espetacular.

Também aos 70 minutos, em outra cabeçada livre de marcação depois de uma cobrança de escanteio, Sergio Ramos colocou por sobre o arco holandês no que foi uma das mais claras chances de gol do jogo.

Outro lance desperdiçado pela Espanha foi devido ao preciosismo de Iniesta, algo que prejudicou todo o time espanhol durante essa Copa. Após excelente manobra e giro em cima de Heitinga, demorou em concluir e foi desarmado por Sneijder que estava marcando na pequena área e que representa um pouco o espírito de luta e de coletividade desse time holandês.

Já no final do jogo, após passe brilhante de Iniesta para Fabregas, esse recebeu livre frente a uma defesa extasiada e acabou tendo seu gol impedido por excelente saída mais uma vez de Stekelenburg.

A prorrogação começou dando uma ideia clara de que a Holanda queria os pênaltis, pois já não aguentava mais enquanto que a Espanha, fazendo jus ao seu estilo, buscava o gol de todas as formas. No entanto a primeira chance clara foi de Mathijsen para a Holanda após outra cobrança de escanteio. A zaga falhou e o zagueiro holandês, um dos melhores da competição, cabeceou para fora.

Aos 98 minutos Iniesta mais uma vez demorou muito para concluir a jogada e deu tempo para que a marcação de Van Bronckhorst chegasse.

A ideia era que havia espaços na defesa laranja, mas faltava esse jogador com a rapidez e o poder de conclusão para matar o jogo ainda mais se consideramos que Villa havia sido substituído por Navas que é jogador de flanco. Talvez Torres, mesmo considerando sua lesão e seu consequente fraco desempenho, poderia ser uma opção, mas entrou tarde e pouca chance teve.

O jogo foi tão bom que jamais deu a impressão de que a decisão por pênaltis era algo seguro. Sempre houve clima e cheiro de gol, nunca as possibilidades de o jogo ser decidido com bola rolando foram aniquiladas e aí apareceu o gênio Iniesta, com sua aparência de analista de sistemas ou como disse Menotti, cara de caixa de banco. O fato é que, após excelente passe de Fabregas recebeu no bico da pequena área, esperou o pique da bola e definiu com brilhantismo sem chances para o gigante goleiro holandês. Golaço.

O gol de Iniesta e o título da Espanha abriram um leque para inúmeras questões de discussão. Para mim foi antes de tudo, a vitória do favorito, do melhor, e do time que melhor joga futebol no mundo. Um time que jamais renuncia ao seu estilo clássico de jogo, que gosta da bola, que troca passes que tem paciência, que tem técnica que ama o jogo em si. Faltou apenas uma coisa para a Espanha nessa Copa que foi o poder de definição e muito disso é culpa da lesão de Torres, seu matador. Mas ganhou o melhor.

Também essa vitória pode ser vista como uma vingança do Barcelona contra um anti-futebol. O Barcelona perdeu a final da Champions League para uma Inter Milan que jogou com 11 jogadores defendendo; depois a Espanha começa sua participação na Copa perdendo para a Suíça que jogava com seus 11 jogadores dentro da pequena área. Assim sendo, foi a redenção e a confirmação de que o melhor futebol também pode ser competitivo e ganhar títulos.

Evidentemente que a Holanda não é um time defensivo como foi a Inter Milan no segundo jogo da final da Champions. No entanto apresenta aspectos de anti-jogo como o excesso de faltas, provocações, catimba, tentativas de dissuadir a arbitragem e, soma-se a isso, um louvável controle emocional que evita que seus jogadores, quase todos tinham amarelo, fossem expulsos.

Não sou contra o uso dessas artimanhas, mas é bonito ver ganhar um time que joga
futebol dessa forma.

Em qualquer jogo que há essa carga emocional e esse clima de guerra dentro das quatro linhas, a imprensa sempre critica a arbitragem. Isso acontece no Brasil e acontece aqui também. A arbitragem de Webb foi impecável. Seu único equívoco foi a não expulsão de De Jong, no mais, não cometeu erros que poderiam ter influenciado o resultado do jogo. Deu cartões quando deveria dar e, para mim, administrou o jogo com excelência, sem muito papo, com seriedade e bom trato para com os jogadores.

Minha única dúvida é justamente no lance crucial do jogo. Acho que os holandeses protestaram por impedimento quando Iniesta recebeu o passe e o mesmo pensam todos os jornalistas aqui e, claro, ficou evidente que não estava adiantado. No entanto, quando a bola é lançada pela primeira vez na área e o zagueiro tira de voleio, aí acho que alguém está adiantado e se foi Iniesta poder ser considerado que usufruiu de sua posição previamente irregular. Não sei. Ainda não consegui ver o vídeo de novo.

Terminando, critico a todos aqueles que facilmente foram manipulados a pensar que a Espanha seria um fracasso após perder de maneira injusta para a Suíça na estreia. Apenas eu e o um guri de 13 anos daqui sempre acreditamos na Espanha rumo ao título apesar desse tropeço.

Antes de começar a análise individual dos jogadores, excelente o comentário do narrador do jogo do canal colombiano. Disse ele que essa poderia ser a segunda final decidida nos pênaltis da história depois de Estados Unidos 1994. O incompetente esqueceu-se de outra, que não foi nos anos 30 senão a última edição na Alemanha em 2006. Meu Deus.

Análise individual:

ESPANHA

Casillas: brilhante. Duas defesas fantásticas e segurança durante os 120 minutos. 10

Sergio Ramos: o melhor homem em campo depois de Casillas, foi o nome do primeiro tempo como atacante, mas também foi impecável defensivamente. 10

Piqué: algumas desatenções em bolas aéreas, mas nada que arriscasse a manutenção do zero no placar. 7

Puyol: perdeu uma bola na velocidade para Robben que acabou nas mãos de Casillas. Quase marcou outro gol de cabeça. 7

Capdevilla: com sua sobriedade de sempre, sobe ao ataque quando pode, sem pressa e exerce de maneira impecável seu trabalho defensivo. 7

Xabi Alonso: um leão no meio de campo, é quem faz a cobertura dos gênios. 7

Xavi: devido ao combate imposto pelos holandeses em seu território não jogou como gostaria. Mesmo assim, foi o jogador importante de sempre. 6,5

Busquets: junto com Alonso é quem faz o trabalho menos límpido no meio de campo espanhol. Em alguns momentos do primeiro tempo parecia desatendo, mas foi preciso como o foi em todo a campanha. 7

Iniesta: demasiado preciosismo em jogadas que poderiam ter definido o jogo mais cedo. Sofreu com o excesso de faltas e com a forte marcação holandesa, mas encerrou o torneio com um golaço em uma bela definição. 7,5

Pedro: participou muito pouco do jogo e sentiu a pressão exercida pela defesa adversária e pelos volantes de contenção da Holanda. 5

Villa: totalmente sumido do jogo, teve apenas uma boa chance de concluir. Devido ao modo em que a defesa holandesa jogou, se viu muitas vezes em posição irregular e sem saber por onde se meter. 5

Fabregas: entrou e foi um dos jogadores mais importantes em campo, não somente devido ao passe para o gol de Iniesta, mas também em outras inúmeras participações. 8,5

HOLANDA

Stekelenburg: a única bola em que não poderia fazer nada foi o gol de Iniesta. Pelo menos três excelentes defesas durante o jogo. 9

Van der Wiel: quase não aportou ofensivamente, mas foi simplesmente impecável na defesa, principalmente na marcação à Villa. 8

Heitinga: atuação perfeita do zagueiro do Everton que infelizmente acabou com sua expulsão. 8

Mathijsen: sem dúvidas foi um dos melhores zagueiros da competição. Quase marcou um gol e foi decisivo na manutenção do zero no placar holandês. 8,5

Van Bronckhorst: assim como Wiel quase não subiu ao ataque. Desempenhou uma função mais defensiva e o fez com correção. 7

Van Bommel: volante de muita qualidade técnica, mas que também pode ser um volante de Bagé dos anos 50. Provoca, bate, catimba, enfim, tem o temperamento de um jogador sul-americano, um volante uruguaio. 8,5

Sneijder: mais se dedicou ao esquema tático do que brindou o time com sua reconhecida qualidade técnica. Deu um passe virtuoso para Robben. 7

Kuyt: jamais encontrou seu lugar no campo, sempre se via metido entre mais de um jogador adversário e não conseguiu sucesso em suas empreitadas. 4

Robben: durante os 120 minutos foi o jogador mais perigoso em campo. Perdeu dois gols que se repetirão em sua cabeça durante muitos anos, mas deve ser louvada sua função tática e sua facilidade de desorganizar e abrir espaços nas defesas adversárias. 8,5

Van Persie: uma das grandes decepções da Copa. Faltou-lhe atitude para encarar uma final de Copa do Mundo. 3

sábado, 10 de julho de 2010

Ginetes da Cocaína

Que a Colômbia é o maior produtor de cocaína do mundo eu e todo mundo já sabia. Que muitas coisas aqui foram construídas patrocinadas com o sujo dinheiro do tráfico internacional de drogas, também já sabia.

Apesar de ainda não ter feito o “tur Pablo Escobar” que é a atividade turística mais procurada por estrangeiros em Medelín e que consiste em visitar lugares que tiveram alguma relação com o maior traficante de drogas da história, na primeira vez em que vim à Colômbia, pude ver algumas coisas curiosas. Espalhadas pela cidade há construções imensas abandonadas, pois foram iniciadas pelo Cartel de Medelín e, com o desmantelamento deste, foram abandonadas. Obviamente eram obras que tinham como único objetivo a lavagem de dinheiro.

Mesmo com todo esse conhecimento que creia ser muito vasto sobre o que representa o tráfico de drogas nesse país, confesso que, depois de ler o livro “Os Ginetes da Cocaína”, escrito por um jornalista colombiano durante os anos 80, me dei conta de que não tinha a mínima ideia da proporção em que o tráfico de drogas dominou e ainda domina esse país. A conclusão que tive após a leitura desse livro de menos de 300 páginas foi que vivo em um país que foi totalmente construído com o dinheiro do narcotráfico.

O grau de importância e de dominação que os poderosos cartéis colombianos atingiram durante o final dos anos 70 e princípios dos anos 80 foram responsáveis pela transformação de um país. Cidades como Medelín e Cali e até Miami, deixaram de ser cidades planas e rasteiras e passaram a ser canteiros de obras. A leitura desse livro me saciou algumas inquietudes que eu tinha aqui.

Para que entendam, explico um pouco como é dividida socialmente Medelín.

Metida entre morros, a cidade não tem muito para onde crescer. Assim como no Rio de Janeiro, toda a pobreza e parcelas da classe média estão localizadas nas montanhas que circundam a cidade. Na parte plana, amontoam-se carros e edifícios. Vale lembrar que Medelín possui uma área que é a metade de Porto Alegre, mas com um milhão de habitantes a mais.

A ideia de “bairro” aqui também é muito distinta a de que temos no Rio Grande do Sul. Um bairro aqui normalmente é associado a uma região popular da cidade. O meu “bairro” que ninguém chama de bairro, é onde se vive toda a classe média alta, a elite e parte da classe média.

Outro fator que torna difícil utilizar o termo “bairro” é que, essa região, é gigantesca. Há centenas de edifícios e toda essa parcela privilegiada se amontoa nesse mesmo espaço. Essa parte da cidade se localiza numa parte alta que é relativamente nova. Fora daqui, na parte plana, são bairros modestos ou pobres e, em algumas partes, classe média e alta, mas são minoria.

O fato é que tinha essa inquietude que manifestei anteriormente que consistia em olhar essa selva de pedras ao meu redor e não ver sequer um edifício com uma aparência de ter 30 anos. Tudo é novo.
Tudo é novo e todo esse novo tem relação direta com a explosão do negócio das drogas.

No início do narcotráfico na Colômbia, basicamente duas famílias tinham destaque: Escobar e os Ochoa que, diga-se de passagem, são meus vizinhos e hoje dizem não ter mais negócios irregulares.

Essas duas famílias foram as que fizeram do negócio das drogas um fenômeno lucrativo jamais visto na história desse país. Aliadas a guerrilhas de zonas rurais, transformaram uma planta que não valia mais do que uma erva-daninha em uma máquina de fazer dinheiro.

Ao mesmo tempo em que ganhavam muito dinheiro, também gastavam muito dinheiro “investindo” em seus negócios. Para isso, como se tratava de um negócio que tinha seus consumidores finais fora do país, eram obrigados a negociar e ter suas relações internacionais em diferentes países, mais fortemente nos Estados Unidos e na Espanha.

Os governos americanos e de países europeus, ao sentir o crescimento vertiginoso desse bando de delinquentes latinos, começaram a aumentar o combate a essa nova onda de terror que pedia passagem. Muitos narcotraficantes foram presos, muitos carregamentos de drogas foram destruídos e a eficiência e a dificuldade que esses governos lhes impunham fizeram com que os grandes cartéis chegassem a uma temerosa conclusão: deveriam “comprar” o país (Colômbia) e lá estabelecer todo o mecanismo do tráfico.

A “compra” da Colômbia foi, para mim, uma das coisas mais impressionantes que já tive conhecimento. A leitura desse livro pode ser uma comprovação que tudo tem um preço e que a maioria das pessoas é corruptível. Todas as esferas da sociedade colombiana foram transformadas em braços do narcotráfico. Juízes, imprensa, políticos, líderes comunitários, polícia, governo, esporte, festas populares, turismo, transportes, comércio, bancos, enfim, tudo passou a ser parte de uma organização que tinha claro em sua cabeça um plano incrivelmente eficaz de comprar um país.

Pablo Escobar, por exemplo, era político, tinha um cargo público. Sua campanha era feita através de doações em bairros populares. Era uma espécie de Robin Hood, era idolatrado nas famosas “comunas”, as favelas de Medelín. Organizava eventos, dava comida, dinheiro e assim construía uma legião de admiradores que tinham o poder de elegê-lo.

Mas por que Pablo Escobar queria ser político se tinha quase toda a classe política comprada? Pode soar incrível, mas o benefício maior que Escobar queria ao ser um “homem público” era o visto americano e a imunidade parlamentar.

É interessante no livro a maneira em que o autor cita um tal Álvaro Uribe Vélez, narcotraficante e senador à época. O senhor em questão era o pai do atual presidente colombiano.

Essas conexões com a política atingiam todos os setores, até a presidência do país. O autor dá provas concretas dos vínculos dos narcotraficantes com todos os presidentes colombianos da época.

Essas relações pornográficas com o poder público rendiam muitas facilidades para a operação dos “capos” do narcotráfico, como autorizações para terem exércitos particulares com soldados cedidos pelo governo, por exemplo. Também lhes oferecia conexões diretas com a grande maioria dos cônsules e embaixadores colombianos em países estratégicos que acabavam exercendo um importante trabalho juntamente com os cartéis principalmente na hora de evitar prisões e/ou extradições de narcotraficantes procurados no exterior.

Tendo o setor político do país ao seu dispor, havia-se de controlar também a imprensa que em muitos casos pode ser um estorvo em meio a atos criminosos.
Se comprar toda a camada política do país foi fácil, a imprensa não foi diferente.

Alguns narcotraficantes chegaram ao ponto de ter seus próprios meios de comunicação como estações de rádio ou jornais. Um desses jornais era conhecido por sempre exaltar as benfeitorias realizadas por Escobar em Medelín.

Evidentemente houve políticos e jornalistas que se opunham a esse escândalo. O destino deles foi óbvio: o assassinato cometido pelos conhecidos “sicários” de Escobar. O jornalista que escreveu o livro o fez em homenagem ao seu chefe que sempre foi ferrenho na explicitação dos crimes cometidos por narcotraficantes e políticos corruptos em seu país e que acabou também brutalmente assassinado.

Outro aspecto importante a ser resolvido pelos narcotraficantes era a lavagem do dinheiro proveniente da droga. Para isso, compraram o comércio e o sistema financeiro do país.

Desde redes de farmácias que, vale destacar, chegavam ao ponto de alterar medicações destinadas a crianças até bancos e sindicatos, passando por revendas de carros importados, lojas, xópins e até parques infantis, tudo era controlado pela máfia colombiana e tinha como único objetivo a lavagem de dólares.

Alguns atos dos narcotraficantes descritos no livro me chamaram bastante a atenção e mostram bem essa megalomania tradicional dessas pessoas. A gana de serem donos do mundo os levava a atos simplesmente inacreditáveis.

Todo o futebol colombiano era controlado por mafiosos. Os criminosos viram nos laços internacionais que o futebol oferece uma oportunidade única de lavar seu dinheiro sujo. Começou, de uma hora para outra, uma corrida de diferentes grupos criminosos pela compra de clubes de futebol da primeira divisão colombiana. Além dos clubes, os passes da maioria dos jogadores eram adquiridos por essas organizações.

O resultado disso foi uma série de campeonatos com suspeitas de manipulação de resultados e consequente perda de interesse da população pelo futebol local que se pode sentir até hoje em meio às pessoas que viveram essa época.

A coisa era tão série que o órgão que controlava o futebol colombiano, chamado Dimayor também era gerido pela máfia e que chegou ao cúmulo de suspender uma rodada do Campeonato Colombiano como forma de luto pela morte de um conhecido narcotraficante da época.

Mas não foi apenas o futebol alvo da cobiça dos traficantes. Pablo Escobar patrocinava através de suas inúmeras empresas lavadoras de dinheiro a seleção colombiana de ciclismo que é o segundo esporte mais popular do país. Inclusive foi Pablo Escobar quem bancou a ida da delegação colombiana ao famoso Tour de France.

E a voracidade esportiva não parava por aí. A maioria dos autódromos colombianos foi construída com dinheiro sujo. Houve um caso incrível de pilotos colombianos presos no exterior por utilizarem seus carros para transportar cocaína.

O primeiro hipódromo do país também foi construído pela máfia, mais precisamente pelo clã dos Ochoa que era fascinado por cavalos.

Deixando o esporte de lado, talvez o setor da sociedade mais cobiçado pelos narcotraficantes era o de aviação e por motivos óbvios. No livro o autor coloca em seu apêndice uma lista de todos os aeroportos clandestinos do país bem como o registro de todos os aviões utilizados pelo narcotráfico. Inúmeras companhias aéreas foram criadas ou compradas por organizações criminosas, não somente na Colômbia, mas
também nos Estados Unidos e em países da América Central e África que são portas de entrada para os grandes mercados americano e europeus. O mais incrível quando comentamos sobre a aviação é que essas organizações chegaram ao cúmulo de possuir imensos hangares localizados não apenas no meio da floresta, mas dentro do principal aeroporto do país, o El Dorado de Bogotá.

No entanto o setor da sociedade onde a máfia estava também presente que mais me chocou foi o setor universitário. O governo da época era tão corrupto que chegou ao cúmulo de aprovar licitações feitas por parte de grupos e pessoas reconhecidas por seus claros vínculos com o narcotráfico para a construção de universidades!

Há um caso espetacular narrado pelo autor em que, em uma universidade colombiana, o reitor autorizou uma exposição de cavalos de um mafioso reconhecido internacionalmente. Esse mafioso tinha como sua marca registrada o número oito que colocava em todos os seus bens, desde os pacotes de cocaína até seus carros e cavalos. Quando os alunos viram que os cavalos em questão tinham o número oito gravados em seus corpos começaram uma espécie de protesto. Em seguida, os guarda-costas do mafioso deram tiros para o ar e a situação foi prontamente acalmada. Isso aconteceu DENTRO de uma universidade.

A conclusão que se chega ao terminar o livro é a de que, se não fosse pelo dinheiro que ainda é injetado nesse país pelo narcotráfico, a Colômbia estaria em uma situação ainda pior, seria uma espécie de Bolívia. Também se pode notar ao conviver com a média da população colombiana que essa mentalidade criminosa não é posse exclusiva de narcotraficantes de fato e sim se manifesta de diferentes maneiras, em toda a população do país. O pensar em si mesmo antes de todos não importando se haverá terceiros prejudicados, o culto ao dinheiro fácil, a adoração a bens materiais extravagantes como carros esportivos, a ideia de estar cercado por mulheres, a ideia de sempre buscar uma maneira fácil de atingir determinado objetivo de querer tirar vantagem em todas as situações, assim é a sociedade colombiana, uma sociedade que se acostumou com o narcotráfico e que não recrimina as pessoas que são partes diretamente disso com a intensidade necessária.

Segue também uma espécie de obsessão por esse ideal de vida, a grande maioria ainda é viciada ao narcotráfico, as novelas mais populares são as que envolvem histórias de cartéis e “capos” da droga, tem-se ainda muito vivo no país a admiração pelos logros sujos do período negro colombiano que ainda existe, mas mais discretamente.

Ao mesmo tempo, em uma atitude totalmente hipócrita, lamentam-se ao se verem de frente com problemas como dificuldade na obtenção de vistos ou preconceito sofrido no exterior.

Há uma frase clichê que, para mim, é uma verdade quase que inquestionável na maioria das situações: todo mundo colhe o que planta e a população colombiana colhe as chagas de não ter se rebelado contra o absurdo de um país dominado pelo crime organizado.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Prognóstico Final

Espanha x Holanda: aposto em uma vitória espanhola sem titubear e não descarto a possibilidade de uma vitória construída com certa facilidade pelos ibéricos.

A Espanha demonstrou, após a derrota na estreia, ser um time extremamente paciente e que confia e acredita piamente em seu estilo superior de jogo. O gol não sai, mas não há desespero jamais. Claro, há de se considerar que jamais estiveram atrás no placar, o Brasil também demonstrou essa paciência até o momento em que se viu em uma adversidade e aí ruiu.

Mas não creio que isso acontecerá com a Espanha. Poucos destacam a atuação defensiva espanhola nessa Copa e muito isso devido ao poderio técnico ofensivo do time de Del Bosque. No entanto, quando analisamos as estatísticas, a Espanha sofreu apenas dois gols nessa Copa do Mundo e isso é algo que deveria também ser louvado.

Piqué é o melhor zagueiro da Copa enquanto que Ramos e Capdevilla são os melhores laterais direito e esquerdo respectivamente. Puyol está muito bem, fez o gol da classificação contra a Alemanha e seus volantes, Xavi e Xabi Alonso são os dois melhores em suas posições até o momento.

Do outro lado estará um time rápido e jovem que, segundo os próprios referentes do plantel, ainda não rendeu o que poderia e isso é fato. A Holanda tem potencial para jogar muito mais do que vem jogando e o mais importante: tem qualidade técnica de sobra para melhorar muito.

A defesa holandesa também é forte; Stekelenburg é o melhor goleiro da Copa e Mathijsen um dos melhores defensores. O meio de campo e o ataque contam com excelentes individualidades como Sneijder, o melhor jogador holandês da competição, Van Persie, que ainda está em dívida e Robben, o craque do time que demonstrou contra Brasil e Uruguai por que o técnico esperou tanto por sua recuperação.

Além desses jogadores, há opções no banco de reservas que podem mudar a cara de um jogo, algo que faltou para o Brasil e Alemanha, por exemplo. Há pelo menos quatro excelentes opções: Van der Vaart, Afellay, Elia e Huntelaar.

Lembro também, que, assim que foi feito o sorteio dos grupos, fiz minhas previsões e acertei em cheio sobre qual seria a final da Copa que terá um campeão inédito e que irá acabar com pelo menos um carma de dois possíveis: Espanha ou Holanda irão perder sua fama de sempre fracassar em copas do mundo.

Quando os nobres não triunfam, o bárbaro aparece

Espanha 1x0 Alemanha: o desenrolar do jogo foi estranho tendo em vista que se tratava de duas seleções que priorizam o ataque, mas que faziam um jogo extremamente fechado e sem espaços. Não apareciam chances de gol e, desde o princípio, o jogo tinha cara de que ia para a prorrogação devido à austeridade de ambos os times e devido a uma marcação muito dura no meio de campo que é onde nascem os gols de Alemanha e Espanha normalmente.

Os laterais ofensivos de ambas as seleções, Ramos e Lahm, quase não subiam o que tornava o meio de campo ainda mais povoado. A única solução para abrir o marcador parecia ser em chutes de longa distância - Xabi Alonso tentou – ou em jogadas casuais como escanteios, faltas ou em alguma genialidade individual. Não havia espaço e os criadores de jogo como Xavi, Iniesta e Özil não apareciam com a liberdade que necessitam.

Pedro era o jogador que mais perigo levava ao adversário sempre em jogadas de rapidez e habilidade, mas tampouco conseguia encontrar o vazio para penetrar na área germânica.

Na metade do segundo tempo o time alemão parecia cansado, talvez devido ao estilo de jogo espanhol que retém a bola por mais de 60% do tempo e faz com que o adversário corra atrás da bola durante a maioria do jogo. Por cerca de 20 minutos a Espanha dominou completamente, teve chances com Iniesta, mas não marcava o gol. Do outro lado, em um contra-ataque, quase que Kroos marca.

E o gol espanhol acabou saindo de uma jogada não tão típica do time ibérico, por cima, de cabeça, em um movimento espetacular de Puyol. O gol fez com que a Alemanha se atirasse pra frente e consequentemente deu muitos espaços para a Espanha definir o jogo, mas isso não aconteceu devido à patética decisão de Pedro de buscar uma jogada brilhante na hora errada e depois devido à falta de precisão de Torres, algo que o acompanhou durante toda a competição.

A Alemanha sentiu em demasia a ausência de Müller que dá rapidez nos contra-ataques e é o elo perfeito entre o meio e os atacantes. Özil mais uma vez decepcionou, não chamou a responsabilidade e o resultado foi uma Alemanha que não conseguia chegar com a potência de outros jogos ao ataque.

A Espanha cala a boca dos críticos de plantão que insistiam em criticar o futebol espanhol depois da derrota contra o time mais retrancado do mundo na estreia. Muita gente sofre quando um time prioriza a posse de bola e o toque sempre na busca do gol. Jogar futebol de verdade irrita a muitos.

Melhor em campo: Xabi Alonso (Espanha).

terça-feira, 6 de julho de 2010

Terceira Final Holandesa

Holanda 3x2 Uruguai: infelizmente a Celeste se despede do Mundial, mas o faz de maneira mais do que digna. Além de uma campanha que surpreendeu a muitos, a eliminação de hoje contra a Holanda foi digna do Uruguai: batalharam até o último suspiro e ainda terminaram o jogo com confusão.

A postura do Uruguai no jogo de hoje foi muito semelhante a do time de Dunga durante a Copa, atrás e explorando os contra-ataques. A organização da defesa sentiu a falta de Lugano bem como os contra-ataques não foram tão eficientes como eram com Suarez em campo.

A Holanda se aproveitou dessa postura uruguaia e dominou as manobras no meio de campo com Sneijder e Van Bommel. Mesmo dominando a posse de bola, a Holanda não encontrava espaços para penetrar na defesa charrua e a saída foi um gol espetacular, um dos mais bonitos da Copa de Van Bronckhorst de fora da área. Esse gol impressionante fez com que o Uruguai tivesse que sair mais para o jogo e consequentemente acabou dando mais espaços ao time europeu.

O Uruguai sentiu a falta de criatividade de seu meio de campo e acabou encontrando o gol de empate através de uma jogada individual de Forlán, o seu melhor jogador que, com a ajuda do melhor goleiro da Copa até o momento, empatou o jogo.

No segundo tempo o Uruguai voltou demasiadamente recuado e cedeu muito terreno aos holandeses que sentiram que era o momento de matar o jogo. O técnico holandês promoveu a entrada de Van der Vaart e saiu em busca da vitória.

Demorou, mas acabou chegando o gol em jogada polêmica. No meu entender, Van Persie não estava em posição irregular quando saiu o disparo de Sneijder o que tornaria o gol legal. Sneijder, aliás, é um dos maiores nomes da Copa tendo marcado já quatro gols mesmo sendo um jogador de meio de campo.

Van der Vaart apareceu pouco e Robben acabou sendo a válvula de escape de uma Holanda que se acomodou um pouco com o gol e começou a especular nos contra-ataques.

O Uruguai foi obrigado a atacar e, assim como o Brasil, sentiu a sua falta de variantes e de qualidade técnica e de reposição. Entrou Abreu após o terceiro gol e pouco participou, mas jamais as alterações mudaram a cara do time sul-americano.

No final um pouco de emoção com o belo gol de Pereira e uns cinco minutos de nervosismo, mas, ao final, venceu o time com maior qualidade técnica e maior equilíbrio entre defesa, meio e ataque.

Melhor em campo: Boulahrouz (Holanda).

Prognósticos Semifinais

14 de 16 classificados da primeira fase, sendo traído pelos fracassos retumbantes de Itália e França; nas oitavas acertei sete dos oito classificados, sendo traído pelos ianques; agora nas quartas, acertei três dos quatro sendo felizmente traído pelo fracasso brazuca, eis aqui meus palpites para as semifinais:

Holanda x Uruguai: aposto na maior qualidade técnica holandesa e também no melhor momento físico. O Uruguai vem de uma batalha desgastante contra Gana e ainda por cima perdeu seu principal atacante Suarez. A perda de Suarez acho que fará com que Tabárez adiante Forlán e assim o meio de campo uruguaio fica em desvantagem contra o ultra qualificado meio de campo holandês.

Alemanha x Espanha: deveria deixar essa para o polvo, pois me parece o confronto mais aberto até agora. A Alemanha vem embalada atropelando todo mundo. Oito gols somente nas oitavas e quartas. Do outro lado o meu favorito desde o princípio, mas que sofreu bastante contra a marcação paraguaia. A Alemanha não é tão forte defensivamente como os guaranis, mas possui uma potência física e tática aliada a uma qualidade técnica superior que pode fazer com que a Espanha perca um pouco sua tradicional posse de bola. No entanto, talvez a Espanha seja o time que consiga confundir um pouco o meio de campo ofensivo alemão devido a excelência de seu toque de bola.
Duríssimo de arriscar, mas vou de Alemanha.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Os Erros de Diego

Alemanha 4x0 Argentina: o futebol moderno chegou a um nível de profissionalismo em que erros e pensamentos ultrapassados não escapam de uma punição. E não há maior punição do que sair eliminado de uma Copa do Mundo levando uma goleada.

O Brasil resolveu mudar sua filosofia após algumas derrotas. Deram-se conta de que não bastava colocar onze jogadores talentosos em campo. Basta vermos que, os dois últimos sucessos brasileiros em copas do mundo, 94 e 2002, foram com times que priorizavam um sistema defensivo forte e, claro, com jogadores de qualidade.

A Argentina apostou em um técnico que não é técnico. Maradona foi, sem dúvidas, o maior personagem da Copa até hoje; no entanto, simples, não é técnico e tem uma filosofia de manejo de grupo totalmente ultrapassada.
Maradona apostou todas as suas fichas no talento individual de uma geração brilhante de jogadores. Os treinos da Argentina, não sei se eram transmitidos aí no Rio
Grande, mas eram verdadeiras comédias. Diverti-me bastante com os pelotões de fuzilamento, com as piadas de Diego com os jogadores, mas, ao mesmo tempo, me desesperava ver que nada era feito, nada era treinado. Eram sucessões de peladas em campo reduzido de seis contra seis com goleiro jogando de atacante e com atacante jogando de goleiro.

A Argentina conseguiu superar os dois primeiros adversários que eram fracos, Nigéria e Coreia do Sul e, mesmo assim, se analisarmos os jogos com cuidado, não foram boas atuações. A Argentina sofreu muito em alguns ataques nigerianos bem como foi dominada em boa parte do jogo contra a Coreia do Sul. Só quem se deixou ser enganado pelos resultados foram pessoas que entendem nada de futebol como Zagallo e Pelé, por exemplo.

Contra a Grécia, até o gol de Demichelis fruto de um escanteio mal cobrado, o time não encontrava espaços e chegou ao cúmulo de sofrer em alguns poucos e pobres contra-ataques do time helênico com apenas um jogador.

Contra o México ficou evidente a falta de esquema tático, o mau posicionamento e a falta de respostas do time para determinadas imposições do adversário que tampouco era a oitava maravilha do mundo.

A Argentina foi dominada pelo México que não ganhou, pois sofreu o primeiro gol em lance irregular e depois seu zagueiro entregou o segundo. O resultado foi o desmoronamento dos astecas e a consequente vitória tranquila argentina.

Hoje ficou evidente a total falta de ideias de plano tático do time de Diego. Contra um adversário de primeiro nível, um timaço, diga-se de passagem, a Argentina não viu a cor da bola.

Antes de jogo Maradona deu mais uma prova de que não é técnico e sim um excelente motivador. No entanto, motivação ajuda, mas não ganha jogo. Maradona colocou em dúvida a qualidade do time alemão que vinha de dar uma surra regada com quatro gols contra a Inglaterra, uma das favoritas a ganhar a Copa.

Maradona mostrou, mais uma vez, desconhecimento do adversário e dificuldade de ler o jogo, basta ver o tempo interminável que leva para fazer substituições.

A Alemanha joga apenas com Khedira como volante defensivo no meio de campo, ou seja, explorar esse meio, chave para ganhar jogos, seria óbvio caso se conhecesse o rival.

Nada foi feito. Maradona entrou apenas com Mascherano de volante defensivo e
completou o meio com Maxi e Di María.

Como Maradona não levou laterais ao Mundial, algo inexplicável, Maxi era obrigado a fazer uma função de lateral; Di María saía para o jogo como um quarto (!) atacante. Ficava Mascherano e tinha que suportar máquinas chamadas Schweinsteiger, Khedira, Özil Simpson e Podolski sozinho.

Do lado esquerdo um zagueiro veterano fazia, ou pelo menos tentava, cobrir a lateral. Obviamente lhe faltam técnica e juventude para tal função. O resultado foi um Messi tendo que ir até o seu campo buscar bola e tendo pela frente seis alemães, ou seja, era impossível de jogar fazendo o que gosta. Daí ficava Tévez correndo por tudo quanto é lado comportando-se como um peladeiro e Higuaín isolado, também tendo que recuar para tocar a bola e, fora da área, não é um jogador brilhante como o é dentro da área.

Como a Alemanha começou ganhando cedo, pôde esperar mais a Argentina que, após a primeira metade do primeiro tempo, passou a ter mais controle de bola e dar ainda mais espaços. Cada ataque frustrado argentino era um contra-ataque pior do que um pesadelo. Vinham 30 alemães assustadoramente vestidos de preto e, após correr 15 metros, davam de frente com os três zagueiros argentinos.

A única chance clara de gol para a Argentina foi quando Messi, lá atrás, deu um belo passe longo para Higuaín que ia sozinho em direção ao gol de Neuer, mas foi marcado impedimento que não era. Além dessa, nada além de tentativas individuais.

O segundo tempo apresentou a mesma situação e Maradona não mexeu no time. Esperava não sei o quê, pensava que era campeonato com 38 rodadas, não sei. Com tantas opções no banco, Maradona esperou até os 70, SETENTA! minutos para por Pastore.

A próxima substituição foi o retrato dos erros de Maradona. Agüero se preparava para entrar quando Friedrich definiu o jogo marcando o terceiro gol.

Alguns jogadores podem funcionar em suas primeiras experiências como técnicos, como foram os casos de Van Basten, Klinsmann e Dunga. No entanto, esses jogadores foram treinados por grandes técnicos e eram jogadores que tinham visões táticas do esporte. Maradona, em toda a sua carreira, apenas entrava em campo e decidia, fazia o que queria porque era um gênio; no entanto, não se pode adotar essa filosofia com um grupo de jogadores por mais fantástico que seja, não se pode escalar cinco jogadores ofensivos e dizer: façam o que queiram e decidam os jogos para mim. Não funciona.

Deu muita tristeza ver o time sendo eliminado dessa forma, seria melhor uma derrota de 1x0 para o México e livrar esse elenco brilhante dessa humilhação.

Ao mesmo tempo, fica a lição do erro e espero que comece um projeto sério para a Copa de 2014 com um técnico experiente que conheça o futebol internacional e tenha uma ideia de jogo fixa. Uma dica: eu.

Sobre a Alemanha, um time fantástico. A defesa não é o seu forte, mas a contundência de seu meio de campo aliado a uma superior qualidade técnica de seus jogadores, rapidez, inteligência e a cadência de Özil, um volante espetacular que é Khedira, um grande centroavante e Müller, uma das melhores revelações da Copa resultam em um time quase perfeito taticamente que atropelou mais um adversário e vai embalado rumo ao quarto título mundial.

Melhor em campo: Schweinsteiger (Alemanha).

Análise individual dos jogadores argentinos:

Romero: não teve culpa nos gols, foi bem em algumas poucas bolas lançadas na área, mas talvez pudesse ter evitado o primeiro gol. 5

Otamendi: o pior em campo comprovou minha teoria de que Argentina e Brasil não devem levar jogadores que nunca atuaram na Europa. Totalmente perdido, falhou em todas as jogadas individuais, perdeu todas e foi o culpado do primeiro gol alemão. ZERO

Demichelis: falhou no segundo gol, mas teve uma atuação razoável. Difícil condenar defensores de um time que se porta dessa maneira dentro de campo. 5

Burdisso: o melhor da defesa, foi bem nos confrontos individuais, mas pouco poderia fazer devido à situação em que estava metido. 5,5

Heinze: pelo seu lado Lahm chegava sempre e não tem as mínimas condições de apoiar quando o adversário é do nível de uma Alemanha. ZERO

Mascherano: sofrendo como sempre para tentar manter certa ordem no meio de campo abandonado da Argentina, acabou chegando tarde a algumas disputas e merecia ter levado o amarelo antes. 6

Maxi Rodríguez: visivelmente desconfortável nessa posição, não sabia se assumia a posição de lateral direito por sobre Otamendi ou se apoiava o ataque. Cumpriu nenhuma das tarefas. 3

Di María: sua melhor atuação na Copa, mas ainda assim não foi brilhante. Foi o único argentino que conseguiu chegar através de jogadas individuais e arriscou alguns chutes que não levaram perigo ao gol de Neuer. 5,5

Messi: sua pior atuação na Copa, quase não participou do jogo e jamais encontrou sua posição. Foi extremamente prejudicado pelo esquema utilizado que não lhe cobriu as costas e que não lhe deu oportunidades de jogadas de aproximação. Sem jogadores como Verón ou Pastore em campo que fariam as funções de Xavi e Iniesta no Barcelona, não conseguiu jogar. Vai-se do Mundial sem ter feito gols assim como Milito e Rooney. O único dos quatro maiores artilheiros do futebol europeu que se salvou foi Higuaín. 4,5

Tévez: correu e se esforçou muito como sempre, mas parecia estar jogando no seu querido Fuerte Apache. Isolado, estava visivelmente desesperado e, principalmente após o segundo gol, foi como um suicida para o ataque tentando jogadas individuais em meio a um exército alemão. 3

Higuaín: teve que recuar tanto em busca de oxigênio que, no lance do terceiro gol, estava na pequena área argentina. Deixou claro que a ausência de meio de campo e laterais prejudica, além da defesa, o ataque, que fica totalmente órfão. 3,5

Espanha 1x0 Paraguai: excelente a postura tática dos paraguaios que conseguiram o que parecia impossível que era manter a Espanha afastada de sua defesa. O time de Del Bosque encontrou muitas dificuldades para avançar posições no campo e em muitos momentos se viu completamente impossibilitado de chegar perto do gol de Villar.

Além da forte marcação no meio de campo, os atacantes paraguaios pressionavam a saída de bola da defesa espanhola que acabava se vendo obrigada a dar chutões para frente.

Torres mais uma vez não conseguiu jogar e o nome do jogo foi, mais uma vez, Villa. A Espanha, depois de um momento de cinema do jogo com dois pênaltis seguidos, um para cada lado, conseguiu o seu gol depois de excelente jogada individual de Pedro e gol
de Villa no rebote.

Casillas também acabou sendo um dos grandes nomes em campo ao defender um pênalti mal cobrado por Cardozo e depois salvando o time no final do jogo no que poderia ter sido o gol de empate do time sul-americano.

Melhor em campo: Villa (Espanha).

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Bom Retorno À Bahia, Canarinhos Asquerosos!

Holanda 2x1 Brasil: no dia em que o feitiço virou contra o feiticeiro, chegou o momento que mais desfruto em copas do mundo, a eliminação brasileira. Infelizmente estou fora do alcance do insuportável Galvão Bueno e como todos sabem, senti-lo sofrer é uma das coisas que mais me regozija.

A fortaleza emocional, que considero a maior arma do Brasil em copas do mundo, hoje esteve ausente e foi fator fundamental para a derrota brasileira.

Depois de um primeiro tempo excelente e com grande atuação de Kaká, no que foram os melhores 45 minutos do Brasil na Copa, um gol, apenas um gol em uma falha terrível da defesa que parecia ser infalível, derrubou o time amarelinho.

A Holanda parecia nervosa no primeiro tempo, parecia sentir a pressão de enfrentar a mais vencedora de todas as seleções em copas do mundo. Jogadores que não erram passes como Sneijder e Van Bommel, erravam quase todos os passes. O Brasil pela primeira vez na Copa tocava a bola, havia aproximação entre Kaká e Dani Alves, fluía bem o time e o gol era questão de tempo. A Holanda não atacava, jogava com três atacantes que não se movimentavam, jogavam engessados em suas posições e facilitavam a marcação. Lúcio e Juan, como sempre, impecáveis.

Até que, em um passe longo de, vejam só, Felipe Melo (!), Robinho, num erro crasso de marcação entrou mais livre do que peido em bombacha e abriu o placar.

Após o gol, nada de reação laranja, o Brasil seguia dominando o jogo e Kaká quase marcou um golaço que parou na maior defesa da Copa até agora por parte de Stekelenburg

Terminou o primeiro tempo e a impressão era de que o segundo gol brasileiro era questão de tempo.

A Holanda seguia sem muita produção ofensiva e acabou encontrando um gol num erro individual do maior goleiro do mundo que saiu de maneira insegura em uma bola alçada na área que desvia em Melo e entra. A partir daí, o Brasil acabou e era evidente a sua derrota.

O abalo emocional foi abismal. A Holanda, do nada, passou a ser a dona do jogo. As únicas chances do Brasil vinham em cobranças de escanteio e muito devido à debilidade da seleção holandesa nas bolas aéreas bem como o seu goleiro que, apesar de alto, não saía de cima da linha.

Robben, que não teve uma grande atuação, começou a incomodar a defesa brasileira. Conseguiu desestabilizar o instável Melo que acabou sendo expulso depois de uma agressão inexplicável e injustificável. A expulsão, somada ao gol proveniente de erro individual, ajudou ainda mais a enterrar qualquer esperança da seleção passarinho.

O segundo gol holandês veio de um escanteio depois que Juan, visivelmente transtornado, chutou a bola pela linha de fundo quando tinha a opção de atrasar para Júlio César, lembrou o patético Roberto Carlos em 1998.

Veio o gol e, pela primeira vez nessa Copa, o Brasil estava em uma situação adversa e deixou bem claro que não foi trabalhada essa situação no vestiário, parece que acreditavam piamente que o seu esquema traiçoeiro de jogo iria funcionar sempre. É futebol, nem sempre as coisas saem como planejadas.

Era a hora de o time mostrar caráter e variações táticas. Dunga teve a brilhante ideia de tirar Luís Fabiano, o artilheiro do time quando precisava de gol! Colocou Nilmar e mostrou ser um técnico inflexível, que não foi capaz de abdicar do seu excesso de marcação no meio de campo. Ao invés de somar um atacante, apenas trocou uma dúzia por meia dúzia.

Somam-se a isso as escassas opções do banco de reservas que acabaram acusando uma má convocação. As únicas armas de Dunga eram Nilmar e Grafite e, convenhamos, em Copa do Mundo Nilmar e Grafite são o mesmo que nada.

O time tremeu. Notava-se nas expressões o desespero, o pânico, o não saber como se comportar na situação que lhes era imposta. As perninhas dos canarinhos tremiam.
O que ajudou e manteve o time de Dunga com esperanças até o último segundo foi a patética atitude holandesa. Foram pelo menos cinco situações claríssimas para matar o jogo depois de o Brasil ter se atirado para o ataque e nada, não queriam matar o jogo; tampouco utilizaram o melhor método de acabar com um jogo que são as seguidas faltas táticas no meio do campo. Chegaram ao ponto de dar a chance de um CONTRA-ATAQUE que Kaká poderia ter empatado. Enfim, por essas e por outras que os laranjas nunca ganharam uma Copa.

Com um Robinho improdutivo jogando quase no meio de campo, um Luís Fabiano isolado, o Brasil se viu amarrado e foi engolido por sua falta de opções e de criatividade em um time de operários.

Tchau, Brasil, agora é assistir a Copa pela televisão.

Enquete: qual a consequência mais fantástica do resultado desse jogo: a cara de choro de seres asquerosos como Melo, Dunga, Robinho e Luís Fabiano ou a manutenção das torcedoras holandesas na Copa?

Melhor em campo: Ooijer (Holanda).

Uruguai 1(4)x(2)1 Gana: vi apenas o segundo tempo da prorrogação e os pênaltis. Que alegria! Vamos arriba la Celeste! Um dos jogos mais fantásticos da história das copas do mundo que me fez questionar os seres humanos que não apreciam esse esporte.

Incrível o preparo físico de Gana, corriam no segundo tempo da prorrogação como se o jogo houvesse apenas começado. O Uruguai aguentava firme, como um time de gladiadores. Aos 120 minutos, duas horas de bola rolando, essa maldita falta que, depois de um momento de pinball na área charrua originou o bloqueio de vôlei de Suarez (perderá o jogo contra a Holanda, que lástima...) e o seu consequente choro desesperado que foi aniquilado pelo seu grito de alegria após a bola explodir no travessão.

A coragem de Gyan que é um baita jogador, diga-se de passagem, de cobrar o primeiro pênalti da série e meter no ângulo, quanta personalidade.

Mas falando em personalidade, que personagem El Loco Abreu. Depois dessa batalha vai bater o que viria a ser o último pênalti e manda aquela bola vagarosa no meio do gol. Que homem demente! Que jogador fantástico! Dá-lhe Uruguai!