O que os Rolling Stones, Fidel Castro e os Guns N´ Roses têm em comum? Num primeiro momento seria fácil dizer que os Stones e os Guns N´ Roses sao bandas, que os Stones foram a primeira grande banda a tocar em território cubano então ainda com a figura do comandante presente na ilha, mas nao, nao sao esses os motivos que colocam a estas figuras "pop" juntas no mesmo texto. Todos os três geraram e geram em mim nostalgia de algo nao vivido ou de algo que se acaba e nao voltará a ser vivido. Escrevo sobre símbolos que podem de certa forma representar ou melhor, trazer outra vez à tona a teoria do fim da história. Ou, se nao o fim da história, o fim da minha história. Nao viverei outros Stones ou outro Fidel.
Por que os Rolling Stones seguem lotando estádios por onde passam? O que faz com que as pessoas de diferentes países e culturas do mundo afora vão ver esses setentões há mais de 50 anos incomodando? A mesma pegunta, se adaptarmos alguns números, vale para Axl Rose, Slash e companhia. Por que ainda queremos vê-los contrariando a ideia da fugacidade de nossos tempos, tempos estes de celebridades e momentos históricos de 15 minutos de duração? Por que essa atração a esses roqueiros nao perece?
Em primeiro lugar está o que eu chamo do corredor da morte da arte. A música, as artes plásticas, o cinema e a literatura estão galopando em direção a um muro de pedras impenetráveis. Acabou. Existem ainda produtos artísticos de qualidade? Sim, mas cada vez representam uma porcentagem menor em meio à doença da mediocridade de massa que apenas mostra e dá espaço para o que é "bom"; e "bom" é o que aparece - o que aparece é "bom".
Se focarmos na música, desde o Oasis, nenhuma banda pode sequer almejar a ser considerada como uma grande banda historicamente falando. É evidente que algumas boas bandas existem, mas elas nao amarram as chuteiras dos dinossauros. As pessoas vão ver os Rolling Stones porque sabem admirar qualidade. O advento da Internet e a consequente queda nas vendas de álbuns fez com que artistas musicais passassem a lucrar apenas com suas apresentações e isso os tornou preguiçosos na hora de criar. Para que gastar tempo compondo obras-primas se nao se ganha dinheiro por isso? Escreve-se uma música pegajosa e aceitável e esta servirá de isca para levar legiões de consumidores a seus concertos.
Talvez os primeiros fas dos Stones já estejam um pouco velhos para ainda remar contra a maré, mas os seguidores dos Guns N´ Roses ainda têm força e mantêm essa utopia de ver algo de qualidade. Os Guns N´ Roses nao sao os Stones; no entanto, sao representantes da última era fértil da música. Fui vê-los por saber que estamos já nos acréscimos e por ter essa incômoda certeza dentro de mim que jamais aparecerá nada nesse deserto de estupidez em que vivemos.
O segundo motivo que leva as pessoas a irem ver esses jurássicos velhos correndo por palcos nos quatro cantos do mundo é a nostalgia. Todas as empresas que apostam na exploração do passado de gerações têm sucesso em suas jogadas. Todos os empreendimentos que exploram as saudades da geração dos baby boomers americanos sao exitosos. O ser humano sempre sentirá saudades do passado, de seus passados. Eu, analisando friamente, sempre acho o passado, o meu passado, melhor que o presente. A maioria das pessoas nao analisa friamente, simplesmente almeja o passado, clama por viver coisas que já nao podem ser vividas por limitações impostas pelo ciclo natural da vida. Ver os Stones é voltar no tempo; ver o Guns, para um coroa da minha idade, é pensar na adolescência e na juventude onde a vida era melhor e as expectativas para o futuro que parecia jamais chegar eram uma ficção de uma realidade em que vivemos porque sim, um dia chega, e constatamos o quão decepcionante é.
Axl Rose nao precisaria correr no palco; muito menos precisaria usar seus trapos xadrezes ou sua bandana. Por que ele usa? Porque ele sabe que esses símbolos sao mais valiosos inclusive que sua voz que já nao é a mesma. E o Fidel, onde entra nisso tudo?
Fidel foi um ditador e sou contra todos os sistemas ditatoriais, apesar de que muitos tiveram seus pontos positivos dependendo da forma em que os estudamos. Getúlio foi um grande presidente? Os trabalhadores brasileiros devem sua condição de "homens livres" graças a ele, mas nao posso tolerá-lo, pois este foi um ditador em um de seus dois períodos. A nossa hipocrisia é tanta que vejo a esquerda fanática chorando por Fidel, mas condenando os manifestantes verde-amarelos por exigirem a volta da ditadura; pelo outro lado a direita fanática detesta Fidel por ser um ditador, mas, como acabei de mencionar, vangloria o período ditatorial brazuca. Fidel é um Rolling Stones, é um Axl Rose. Fidel manteve, por décadas, essa chama de uma alternativa para o nosso mundo. Fidel era aquela pedra no sapato da teoria do fim da história reinante desde a queda do muro de Berlim. Cuba, uma ilha de nada, sem importância alguma, representava o vilão da única potência de nosso mundo desde o colapso da União Soviética e ao mesmo tempo era aquela resposta para a pergunta sobre a possibilidade de um "outro" mundo.
Fidel conseguiu esse protagonismo ceifando a liberdade de pessoas que pensavam diferente dele, bem como ele era nos tempos de outro ditador na mesma ilha, Fulgencio Batista. Aliás, vale a pena salientar a contradição. Dezenas de presidentes americanos condenaram a ditadura cubana, mas apoiaram todas as outras ditaduras sul-americanas incluindo a de Fulgencio e, somente para completar, ao mesmo tempo em que impuseram um embargo à Cuba devido aos seus crimes contra os direitos humanos, sao os melhores amigos de estados sanguinários como a Arábia Saudita. A contradição de conceitos nao é exclusividade brasileira.
Cuba funcionou? Do ponto de vista de um habitante de um país ocidental pós-fim da história, nao, Cuba nao funcionou. O comunismo funciona? Nao, jamais funcionou nem jamais funcionará, vai contra a natureza humana e nunca pôde conciliar liberdade com igualdade. Se nao fôssemos seres já "capitalizados", poderíamos dizer que Cuba funcionou? Aí sim. Todo mundo tem o mínimo, preserva-se a natureza do lugar e vive-se em paz, com pouca violência entre seus cidadãos. Agora, se pensarmos em um "outro mundo" que seja realmente possível, Cuba nao funcionou. A ideia de uma sociedade em que todos sao iguais e felizes, satisfeitos, nao é possível, jamais acontecerá e devemos ser realistas para nao cair em contos do vigário. Nao é possível, ponto final. Pode existir em países diminutos e com unidade racial, como os escandinavos, mas na periferia global nao. Admitir isso pode nos ajudar a pensar em uma sociedade possível mais justa e melhor para a maioria. Eu durante quase toda a minha vida iludi-me com a ideia de uma sociedade justa para todos que seria conseguida nao através do comunismo, mas que poderia existir; agora já nao penso mais nisso. Penso apenas em que poderíamos ser menos ruins. Nao foi a morte do Fidel que me fez mudar, mas poderia usar a figura do comandante como um ícone do fim do sonho de muitos e aqui estamos falando de ícones.
É possível evitar a morte da arte? Algum dia sairemos das trevas e teremos outro Renascimento? A sociedade é cíclica; civilizações e impérios se esfarelam ao longo da história, isso deverá acontecer algum dia, mas nao acho que estarei por essas bandas. Existirá algum novo sonho? Teremos algum Fidel hipermoderno que nos venda uma ideia executável de uma sociedade mais decente? A resposta é a mesma da anterior.
A solução então é escutar Justin Bieber e colocar a camisa do Neymar e ir pedir Feliciano para presidente? Eu usufruo da eternidade da arte, escuto minhas estrofes do passado e leio meus clássicos e, claro, repito filmes já vistos, ao mesmo tempo em que tenho boas expectativas com o Brexit e com Trump. Nao sao perfeitos, mas sao ideias menos ruins que outras.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2016
domingo, 20 de novembro de 2016
Hillary, Sartori, Temer E Trump
Eu adoro política. Sempre adorei. Muitos me criticam e argumentam que eu nao deveria gostar de política já que é um campo plagado de podridão, sujeira, corrupção e território difícil de se encontrar bons valores e sentimentos. Nao menosprezem minha inteligência. Eu sei que a política é tudo isso e mais um pouco e gostar de política é como desfrutar de filmes de terror. A pessoa sabe que algo brutal acontecerá, mas desfruta esta sensação de medo. Eu desfruto do cheiro podre da política.
A maioria dos candidatos a cargos públicos é tao estúpida, que demoraram bastantes anos para se darem conta de que a maioria das pessoas perdeu a paciência com a política. O nojo dos brasileiros nao cansa de dar amostras de seu alto grau de asquerosidade; americanos e europeus cada vez mais aproveitam o direito de nao exercer seu direito e deixam de comparecer às urnas. As taxas de abstenção crescem indiretamente proporcional ao conceito dos políticos dentro da sociedade.
Pois esses seres de pensamento lento se deram conta disso e, arteiros, estão sabendo jogar o jogo fácil da nao-política. O pleibói Dória ganhou em Sao Paulo se auto-proclamando um "nao-político". A final do campeonato carioca foi entre um músico de qualidade questionável e um padre diabólico. O Rio Grande do Sul, em suas últimas eleições regionais, escolheu o gringo gente boa do interior e esses sao apenas alguns exemplos. Nao ser político é a melhor estratégia para quem quer ser político.
Uma das coisas que mais sinto falta ao nao morar em Porto Alegre é ter acesso aos programas eleitorais gratuitos da televisão. Os políticos "profissionais" de outrora usavam esses espaços para apresentar suas ideias, por mais estapafúrdias que fossem. Hoje é diferente. Os políticos se disfarçam de cordeirinhos e usam esse espaço para vender uma imagem, nao um plano de governo ou uma lista de ideias; vendem uma personagem. É como a publicidade atual: vende conceitos, nao produtos ou serviços.
Sartori jamais prometeu nada em sua campanha. Dizem as más línguas que teve que fazer um plano de governo na madrugada de sua vitória já que nao tinha um, pois apostava em seu próprio fracasso no sufrágio Sartori foi um produto enlatado de um partido sedento de poder regional que sentia saudades doentias e agudas de ocupar o Piratini. Sartori aparecia amassando uvas com seus pés; Sartori aparecia sorrindo e falando com amigos e vizinhos em sua Caxias. José Ivo, que belo nome para um caxiense de raízes italianas gauchão com direito à pilcha e lenço farroupilha no pescoço.
Depoimentos biográficos de familiares, imagens abraçando crianças e idosas, apertos de mãos com homens carcomidos, mas com sorriso fácil no rosto, essa é a nova forma de fazer campanha e, claro, Sartori foi nada inovador, apenas seguiu a receita hipermoderna. Discutir ideias? Políticas? Para quê? O eleitor detesta política, detesta esse tema. Evitar-lo-ei, como diria Temer.
Subindo alguns bons milhares de quilômetros chegamos à terra do xou, a terra onde tudo, qualquer tema, desde relações amorosas entre anões até política pode, e deve, ser transformado em um produto midiático. As campanhas politicas no Estados Unidos sao, nas últimas décadas, marcadas pela total ausência de discussão política. Os americanos já se deram conta a mais tempo que o realmente importante numa campanha é explorar as fraquezas, passados e atos falidos de seus candidatos. Bill Clinton sofreu ao ser acusado de ter fumado maconha quando tinha 16 anos. Perdeu muitos pontos por isso. O mesmo se complicou perante a seu público por ter tido uma relação extra-conjugal com uma estagiária roliça da Casa Branca. Sao apenas alguns exemplos da falta de argumentos ou até mesmo acusações que realmente tenham algum cunho e importância relevante para a defenestrada política.
Na última campanha entre Trump e Hillary o que se viu foi talvez a mais vazia campanha da história americana. Hillary desesperada acusava Trump de se comportar mal com as mulheres; Trump, por sua vez e de forma pouco criativa, ia a comícios com mulheres supostamente mal tratadas pelo marido de Hillary. Jamais vi algo mais bizarro. Era Hillary com sua trupe de abusadas contra Trump e suas quarentonas maquiadas e com caras de pão que padeceram nas mãos do frenético Bill. Essa foi a tônica das eleições, decidir entre o abusador e a mulher do abusador, quem seria melhor? Para completar, os americanos, e também os brasileiros, agora buscam tirar proveito do fenômeno das celebridades e associam as suas imagens às "marcas" mais populares do momento. Na última semana de Hillary a vi num palco acompanhada de Jay-Z e de Beyoncé. O primeiro vociferava fuck isto, fuck aquilo e Hillary sorria com sua cara de bule de porcelana de loja de R$1,99. Ideias? Jamais.
Filtrei quase nada de ideias de Hillary. A maioria de suas declarações eram demasiadamente subjetivas. Um país mais aberto, mais humano, de bom coração entre outras baboseiras. Da boca de Trump algo pôde ser considerado: controle migratório mais rígido, expulsão de ilegais, diminuição de impostos e, o mais importante, fortalecimento da indústria local que vem sendo sucateada pela presença chinesa. Eu, sendo americano, votaria em Trump, mesmo sendo este uma personagem caricata e bizarra. Ao mesmo tempo em que esquerda e direita brasileiras lamentam a vitória do rude bonachão, a direita inclusive me surpreende com sua mudança radical de postura quando o problema é na cozinha do vizinho. Eu apenas me preocupo, e muito, pela questão ambiental tendo em vista que o célebre empresário afirma que as mudanças climáticas sao uma farsa chinesa e defende a exploração de todo e qualquer poço de petróleo pelo país afora. Nao obstante, Trump tem ideias que, se deixamos o politicamente correto de lado, sao mais do que coerentes, sao necessárias.
E o Temer onde entra nessa história? Bem, o nosso presidente é o mais inteligente de todos e prefere nem participar de campanhas, aparecer pouco com seu rosto de mordomo vampiro esculpido em madeira ao lado de sua candidata e, passados alguns anos, dar o seu golpe fatal no pescoço da vítima e assumir o poder sem ter prometido nada, sem ter feito campanha e muito menos sem ser visto como político. O que devemos cobrar de Temer? Devemos chamar Temer de traidor por nao ter avisado que farias suas reformas educacionais, sua PEC de gastos públicos, suas leis de perdão a bandidos sonegadores e ladroes? Claro que nao, Temer jamais apresentou qualquer ideia sobre esses temas.
Então, o que raios cobrar de Temer? O mesmo que devemos cobrar de Sartori ou o que os americanos deveriam cobrar de Hillary: nada.
A maioria dos candidatos a cargos públicos é tao estúpida, que demoraram bastantes anos para se darem conta de que a maioria das pessoas perdeu a paciência com a política. O nojo dos brasileiros nao cansa de dar amostras de seu alto grau de asquerosidade; americanos e europeus cada vez mais aproveitam o direito de nao exercer seu direito e deixam de comparecer às urnas. As taxas de abstenção crescem indiretamente proporcional ao conceito dos políticos dentro da sociedade.
Pois esses seres de pensamento lento se deram conta disso e, arteiros, estão sabendo jogar o jogo fácil da nao-política. O pleibói Dória ganhou em Sao Paulo se auto-proclamando um "nao-político". A final do campeonato carioca foi entre um músico de qualidade questionável e um padre diabólico. O Rio Grande do Sul, em suas últimas eleições regionais, escolheu o gringo gente boa do interior e esses sao apenas alguns exemplos. Nao ser político é a melhor estratégia para quem quer ser político.
Uma das coisas que mais sinto falta ao nao morar em Porto Alegre é ter acesso aos programas eleitorais gratuitos da televisão. Os políticos "profissionais" de outrora usavam esses espaços para apresentar suas ideias, por mais estapafúrdias que fossem. Hoje é diferente. Os políticos se disfarçam de cordeirinhos e usam esse espaço para vender uma imagem, nao um plano de governo ou uma lista de ideias; vendem uma personagem. É como a publicidade atual: vende conceitos, nao produtos ou serviços.
Sartori jamais prometeu nada em sua campanha. Dizem as más línguas que teve que fazer um plano de governo na madrugada de sua vitória já que nao tinha um, pois apostava em seu próprio fracasso no sufrágio Sartori foi um produto enlatado de um partido sedento de poder regional que sentia saudades doentias e agudas de ocupar o Piratini. Sartori aparecia amassando uvas com seus pés; Sartori aparecia sorrindo e falando com amigos e vizinhos em sua Caxias. José Ivo, que belo nome para um caxiense de raízes italianas gauchão com direito à pilcha e lenço farroupilha no pescoço.
Depoimentos biográficos de familiares, imagens abraçando crianças e idosas, apertos de mãos com homens carcomidos, mas com sorriso fácil no rosto, essa é a nova forma de fazer campanha e, claro, Sartori foi nada inovador, apenas seguiu a receita hipermoderna. Discutir ideias? Políticas? Para quê? O eleitor detesta política, detesta esse tema. Evitar-lo-ei, como diria Temer.
Subindo alguns bons milhares de quilômetros chegamos à terra do xou, a terra onde tudo, qualquer tema, desde relações amorosas entre anões até política pode, e deve, ser transformado em um produto midiático. As campanhas politicas no Estados Unidos sao, nas últimas décadas, marcadas pela total ausência de discussão política. Os americanos já se deram conta a mais tempo que o realmente importante numa campanha é explorar as fraquezas, passados e atos falidos de seus candidatos. Bill Clinton sofreu ao ser acusado de ter fumado maconha quando tinha 16 anos. Perdeu muitos pontos por isso. O mesmo se complicou perante a seu público por ter tido uma relação extra-conjugal com uma estagiária roliça da Casa Branca. Sao apenas alguns exemplos da falta de argumentos ou até mesmo acusações que realmente tenham algum cunho e importância relevante para a defenestrada política.
Na última campanha entre Trump e Hillary o que se viu foi talvez a mais vazia campanha da história americana. Hillary desesperada acusava Trump de se comportar mal com as mulheres; Trump, por sua vez e de forma pouco criativa, ia a comícios com mulheres supostamente mal tratadas pelo marido de Hillary. Jamais vi algo mais bizarro. Era Hillary com sua trupe de abusadas contra Trump e suas quarentonas maquiadas e com caras de pão que padeceram nas mãos do frenético Bill. Essa foi a tônica das eleições, decidir entre o abusador e a mulher do abusador, quem seria melhor? Para completar, os americanos, e também os brasileiros, agora buscam tirar proveito do fenômeno das celebridades e associam as suas imagens às "marcas" mais populares do momento. Na última semana de Hillary a vi num palco acompanhada de Jay-Z e de Beyoncé. O primeiro vociferava fuck isto, fuck aquilo e Hillary sorria com sua cara de bule de porcelana de loja de R$1,99. Ideias? Jamais.
Filtrei quase nada de ideias de Hillary. A maioria de suas declarações eram demasiadamente subjetivas. Um país mais aberto, mais humano, de bom coração entre outras baboseiras. Da boca de Trump algo pôde ser considerado: controle migratório mais rígido, expulsão de ilegais, diminuição de impostos e, o mais importante, fortalecimento da indústria local que vem sendo sucateada pela presença chinesa. Eu, sendo americano, votaria em Trump, mesmo sendo este uma personagem caricata e bizarra. Ao mesmo tempo em que esquerda e direita brasileiras lamentam a vitória do rude bonachão, a direita inclusive me surpreende com sua mudança radical de postura quando o problema é na cozinha do vizinho. Eu apenas me preocupo, e muito, pela questão ambiental tendo em vista que o célebre empresário afirma que as mudanças climáticas sao uma farsa chinesa e defende a exploração de todo e qualquer poço de petróleo pelo país afora. Nao obstante, Trump tem ideias que, se deixamos o politicamente correto de lado, sao mais do que coerentes, sao necessárias.
E o Temer onde entra nessa história? Bem, o nosso presidente é o mais inteligente de todos e prefere nem participar de campanhas, aparecer pouco com seu rosto de mordomo vampiro esculpido em madeira ao lado de sua candidata e, passados alguns anos, dar o seu golpe fatal no pescoço da vítima e assumir o poder sem ter prometido nada, sem ter feito campanha e muito menos sem ser visto como político. O que devemos cobrar de Temer? Devemos chamar Temer de traidor por nao ter avisado que farias suas reformas educacionais, sua PEC de gastos públicos, suas leis de perdão a bandidos sonegadores e ladroes? Claro que nao, Temer jamais apresentou qualquer ideia sobre esses temas.
Então, o que raios cobrar de Temer? O mesmo que devemos cobrar de Sartori ou o que os americanos deveriam cobrar de Hillary: nada.
quarta-feira, 7 de setembro de 2016
A Violência
O tema do momento entre os gaúchos
é a violência. É só do que se fala. A ala mais à esquerda justifica o momento
turbulento e inaceitável como culpa do governador Sartori. A ala mais à direita
prefere culpar a tal da impunidade e falta de dureza do Estado no combate ao
crime. Para mim, ambos se deixam levar pela ideologia e/ou oportunismo.
Ninguém poderia esperar algo de
Sartori. A eleição de Sartori foi fruto de nosso novo estilo de política. Em um
estado que sempre cai no clichê do bipolarismo GRE-nal, chimangos e maragatos e
por aí vai, a estratégia brilhante de Rigotto fez escola. Rigotto tinha tantas
chances quanto Eneias de ganhar as eleições. No entanto, através de uma
campanha despretensiosa que dizia ser "a terceira via", caiu nos braços
de uma parte da população que já não queria mais ter que ver o PT no Piratini.
Rigotto foi uma saída, foi um coringa. Com um novo Britto seria difícil ganhar
do PT, então apareceu Rigotto com seu discurso de terceira via, não sou isso
nem aquilo e levou.
Sartori é uma pessoa de boa índole.
Sinceramente não acredito ser ele uma pessoa maquiavélica mal-intencionada que
iria juntar-se a outros para saquear o estado e beneficiar a este ou aquele.
Sartori não é Temer e seus vampiros diabólicos. Sartori é EXATAMENTE o que ele
mostrou durante a sua campanha, a mais genuína e verdadeira que já vi: Sartori
é um gringo boa gente, um homem que seria um brilhante presidente de algum CTG
em Caxias, mas que é tudo, menos um político.
Não ser tão "político"
pode ser bom; mas não se pode exagerar. Jamais passou pela sua cabeça ganhar as
eleições. Por isso jamais ter ocorrido, Sartori jamais sequer pensou em perder
seu tempo pilchado esmagando uvas para criar um plano de governo. Qualquer
pessoa podia ver que, durante a campanha, Sartori tinha nada a declarar. Não
estou dizendo que Tarso ou os outros candidatos fossem ser brilhantes; não
obstante, tinham ideias que todos poderíamos discordar ou concordar e, assim,
decidir o voto. Pois o radicalismo regional, que já existe muito antes dessa versão
maior tupiniquim, chegou no seu apogeu. A ala do partido ANTIPT decidiu votar
em ninguém para evitar a vitória do outro. Foi como aqueles casos americanos de
animais ganhando eleição. Depois dos rotundos fracassos de Britto e Yeda, só
restava apelar para alguma personagem que simplesmente não fosse do PT, isso já
bastava.
Sartori ganhou e está cumprindo à
risca suas promessas: nada, fazer nada. Sorrir, fazer piadas e ser o Scolari
político, ou seja, puro carisma, estilo gringo clichê, mas, infelizmente,
incompetente. Sartori talvez seja o único político eleito da história que eu
poderia aceitar que seja até ingênuo. Por não ter a mínima ideia do que deveria
fazer, deixou que seu governo fosse levado a cabo pelo seu partido, pregador do
Estado mínimo. Esses veem o Estado como uma empresa. Se falta dinheiro,
corta-se verba de onde for, inclusive da segurança pública, senhoras e senhores,
que foi sucateada pelo atual (des)governo. Esses dias vi uma dessas afirmações
retiradas de páginas de fontes duvidosas que dizia que Dilma teve uma loja de
1,99 e esta faliu. Não sei se é verdade, nem me interessa saber, mas esse fato
tem nada a ver com ser presidente de um país. Um país não é uma empresa que tem
como única razão de sobrevivência o lucro. Um país é muito mais que isso.
Roosevelt, depois da quebra da bolsa em 1929 decidiu que o Estado deveria
"fazer buracos e depois fechá-los", isso geraria empregos e
consequentemente renda. Roosevelt foi reeleito outras três vezes depois de seu
primeiro mandado em plena maior crise da história, não de Cuba, senão dos
Estados Unidos.
Rebato também a tese de que vivemos
nessa selva por causa de leis frouxas com bandidos. Poderíamos ter leis mais
duras? Claro que sim. Poderíamos ter mais homens trabalhando na polícia?
Evidente que sim. O exército ocioso poderia ser treinado para estar nas ruas
como acontece a cada 64 anos quando temos Copa do Mundo? Claro que sim. No
entanto, insisto, nenhuma dessas ações diminuiria significativamente a
violência de nossa sociedade, o problema é muito maior.
A única forma de diminuir
drasticamente o nosso vergonhoso caos que ceifa vidas inocentes todos os dias é
através de maior distribuição de renda e maior igualdade de oportunidades, tudo
isso conjuntamente a uma educação de qualidade. A desigualdade é a maior
geradora de violência, muito mais que a própria pobreza em si. Há países pobres
com baixas taxas de violência? Vários. Indonésia, Madagascar e Burkina Faso são
alguns exemplos. Os três são países pobres com taxas de homicídios de 1 a cada
100 mil habitantes. No Brasil a taxa é de 24,6. Os dois países com as maiores
taxas do mundo são Honduras e El Salvador, ambos países localizados no sexto e
no décimo quarto lugar entre os países mais desiguais do planeta. O país mais
desigual do mundo é a Namíbia que tem uma taxa de 17,2 homicídios por cada 100 mil
habitantes o que a deixa na posição 22 entre os países mais violentos. É tudo
diretamente relacionado. Se cruzamos os dois ranquins, veremos que é como um
espelho. Terminando minha rápida análise desses dados, é impossível encontrar
um país rico e com pouca desigualdade na lista de países mais violentos.
Os verde-e-amarelos caras-pintadas
mais radicais dirão que é coincidência ou que é papo de comunista e me mandarão
pra Cuba. Pois estes furiosos deveriam é me mandar para o Japão. Ter-me-iam
(entrei no ritmo do nosso presidente sem votos) mais longe e em um fuso horário
que não os incomodaria. O Japão é o lugar de quem defende igualdade e é um país
capitalista. Cuba, antes que perguntem, tem uma taxa de homicídios de 4,2, um
número 6,5 vezes menor que o do Brasil.
Entreguei-lhes a solução. É fácil de
executá-la? Para ser um Japão tropical os donos de tudo teriam que ceder, começando
com o pagamento de impostos, inclusive taxando o capital. Será que nossos
primos ricos estariam dispostos a abrir mão de algumas moedas em troca de ter segurança?
Pouco provável. Preferem pedir o impossível: menos impostos, menos Estado,
pagar menores salários, que os trabalhadores trabalhem mais horas sem incomodar
(o Homem em toda a história sempre escravizou o Homem) e que a ralé se comporte.
Ignoram o poder do consumismo vendido pela propaganda. A turma do camarote quer
segurança sem dividir. Quer que o pobre não roube, que aceite sua situação. Não
defendo a violência, mas sou realista e sei que muitos excluídos irão se
rebelar contra sua desgraça através do crime. Vejam as propagandas de itens de
desejo, mas não desejem, isso é o que queremos e nunca irá acontecer, mesmo com
exército nas ruas. Desejar que o outro não deseje e que não sinta ressentimento
dos que têm de sobra, tendo este nada, é pedir muito, é querer o resultado sem
suar.
Parafraseando a esquerda,
"esse mundo é possível?" Não, coloco minha mão no fogo que não.
Somente a primeira parte do plano é possível e para isso de vez em quando temos
que suicidar um presidente, adoecer outro e dar rasteira em outra.
A lei da selva elaborada pelos leões.
terça-feira, 16 de agosto de 2016
A Importância das Olimpíadas
Muita gente, que há alguns anos comemorou a escolha do Brasil como país sede das olimpíadas, hoje critica os investimentos massivos que foram feitos para colocar em prática o evento. Ou eram bastante desinformados ao pensar que todos os quase trinta esportes seriam realizados no Maracanã ou na praia ou simplesmente gostaram da nova moda de protesto fashion.
Acho que o tema dos Jogos Olímpicos é um dos poucos que não divide a população brasileira entre coxinhas e comunistas de iphone. Todos, pelo menos agora, parecem ser contra. Eu sempre fui contra. Fui contra a Copa do Mundo e Olimpíadas. Considero um dos tantos sangramentos de cofres públicos pornográficos que acontecem nesse país. Hoje li que o governo federal gasta meio milhão de reais por ano pagando contas de telefone de políticos, uma (mais uma) grande vergonha de nossas tetas gastas e secas estatais. Pois o último repasse "emergencial" do estado pro comitê organizador dos jogos foi de 270 milhões de reais, o equivalente a 540 anos de telefonemas de políticos, algo como ter pago todas as contas de políticos desde o descobrimento do Brasil.
Não vou nem entrar na polêmica de velho sonhador minha de que os esportes não deveriam ser tratados com tanto glamour. Por mim uma Copa do Mundo deveria ser nos estádios que já existem sem exigências mirabolantes de um bando de corruptos de gravata que jamais chutaram uma bola. Boa relva, estádios seguros, vestiários limpos com água quente e pronto, o resto é para mimar adolescentes tontos que, por terem melhor coordenação com uma bola no pé, se acham deuses. Mas não vou entrar nessa polêmica. Considerando todas as benesses que estes mimados necessitam e toda a parafernália que exigem os mafiosos da FIFA, quem deveria organizar estes grandes eventos de futebol ou Jogos Olímpicos deveriam ser países que já têm quase toda a infra-estrutura pronta. O que escapa desse "quase" deveria ser bancado pela iniciativa privada que é quem lucra com esses manjares. O Estado só deveria gastar dinheiro do contribuinte em transporte público ou obras que já deveriam ter sido feitas antes, ou seja, já havia a necessidade, mas faltava vontade política de colocá-las em prática. E mais: como bom defensor da democracia mesmo tendo nascido num país em que parte da população sai às ruas no melhor estilo comunista de iphone para pedir indiretas já! sou ainda a favor de um referendo para esse tipo de decisões. Se a maioria for contra, que a FIFA e o COI vão procurar outro quintal para fazer suas festinhas exclusivas.
Disse o óbvio. A minha segunda questão é debater aquele constante tema que aparece a cada quatro anos: o Brasil (e aqui poderia usar o exemplo de outros países sem sucesso massivo nos jogos) deveria investir mais no esporte, deveria apoiar mais seus atletas e oferecer melhores instalações para o esporte de "alto rendimento"?
Acho uma bobagem. Uma modinha de indignação momentânea manipulada pelos gritos esquizofrênicos de uma mídia que é, fora o próprio atleta, a única parte que se vê beneficiada por heróis efêmeros carentes de verdadeiros atos heroicos. São simplesmente pessoas que correm mais rápido, nadam com mais velocidade, saltam mais longe - ou mais alto - conseguem dar mais piruetas agarrados numas argolas, entre outras qualidades de tão pouca ou menos importância para a sociedade.
Ter grandes campeões olímpicos para quê? O que melhora na vida da sociedade uma medalha de ouro? Absolutamente nada se ignorarmos a velha prática do "circo" romano. Uma distração, nada além disso. Sou demasiado racional? Pode ser, mas eu diria que sou lógico e tenho uma visão de Estado em que seus atos devem causar algum benefício à maioria de sua população. Digo isso porque não gosto de esportes? Negativo. Amo futebol e penso o mesmo sobre uma Copa do Mundo, a diferença é que o futebol é profissional e não coloca inteiramente nas mãos do Estado a tarefa de bancá-lo. A Noruega, país de melhor IDH há anos tem nenhum ouro conseguido e jamais foi sede de Copa do Mundo ou Olimpíadas. Não acho que noruegueses perdem o sono por isso.
Quando o tema é esporte eu sou a favor da construção de centros esportivos de...BAIXO rendimento, ou seja, distração, entretenimento para crianças sem condições de pagar por isso. No lugar de um estádio profissional e moderno de badminton, por exemplo, poderíamos fazer um centro esportivo com quadras de esportes que saibamos como jogar, piscinas e instrutores para guiarem tardes de diversão para crianças carentes. Obras sociais, a isso me refiro. Se daí sai um campeão olímpico como aconteceu com a judoca da Cidade de Deus, excelente, seria uma cereja no topo do bolo, mas não o objetivo final senão um agradável efeito colateral.
E os atletas olímpicos? Eu sei que muito não têm as melhores condições financeiras, mas estão, de qualquer forma, melhor que a maioria de nossa população. Para esses, infelizmente lhes proponho que procurem ajuda na iniciativa privada. O Estado não deveria ter algo que ver com isso. Usar o esporte como propaganda política é mais velho do que andar pra frente, mas, para mim, sempre deve ser condenado. É circo barato.
Uma mesa de ping pong profissional deve custar o equivalente a dez mesas Xalingo. Que o Estado compre as dez Xalingo e proporcione diversão para quem precisa; as profissionais devem ser pagas por quem lucra com tanto holofote.
terça-feira, 2 de agosto de 2016
Por que a França?
Depois dos atentados cinematográficos do World Trade Center, das embaixadas americanas na África e dos metrôs de Madri e Londres, para não citar outros exemplos nefastos, o mundo sempre ficou à espera de outro caso com pelo menos um modos operandi semelhante, algo grandioso, inesperado, chocante. O novo terrorismo já não é mais assim. Um amigo, grande entusiasta das teorias conspiratórias dizia: esses atentados são praticados pelos governos dos países vistos como atacados; seria muito mais fácil para os terroristas "de verdade" simplesmente subirem numa calçada e matarem uma dúzia de inocentes trabalhadores que esperavam seu ônibus chegar. Pois o novo terrorismo é isso. Menos mortes, menos preparo, pouco estardalhaço, menos espetáculo. Mais frequência. São atiradores disparando contra jornalistas, um tunisiano atropelando uma multidão com um caminhão, um ataque a facadas em um trem ou ônibus, esta parece ser a nova tônica do terrorismo moderno mundial.
Um dos vazios motivos dos defensores da permanência do Reino Unido na União Europeia era a tal "segurança". Bélgica, Alemanha e França, três países entusiastas do bloco econômico, seguem sendo os mais atacados pelos novos caudilhos da jihad. A França mais do que todos. Por quê?
A primeira resposta mais dotada de racionalidade e baseada no simplismo da crueldade humana vingativa é dizer que a França é a mais visada, pois ataca diariamente, junto com a Rússia, cidades dominadas pelo Estado Islâmico na Síria e Iraque, sem contar que também bombardeou militantes de diferentes organizações islâmicas em suas ex-colônias na África. É a lógica da vingança simples e seca. A França mata homens, mulheres e crianças sírias e iraquianas; o EI toma as dores e, já que não pode invadir e metralhar o inimigo como este o faz, usa o terrorismo como sua resposta bélica o que, pelo menos para mim, é entendível. Mas por que não temos ataques na Rússia? Por que o alvo sempre é a França? Porque as repletas de islâmicos Dinamarca e Suécia não são atacadas? Será simplesmente uma clássica e banal vingança ou existem mais motivos por trás desse ódio imenso contra a nação que matou seus reis?
A Revolução Francesa impôs à França uma nova era. Degolaram-se e enforcaram-se membros da aristocracia parasita e pornográfica do país e inseriram-se os valores do iluminismo. Era a "luz" apagando a época das trevas francesas. Essa "luz" de certa forma afastou ou enxugou o poder macabro da sempre odiosa Igreja Católica. Estabeleceu-se uma república que valorizava o saber e o humanismo e que punha a religião numa posição paralela, sem holofotes. Nascia uma república laica.
Os fanáticos do EI defendem a sharia, ou seja, um sistema legal religioso que deveria ditar as regras para manter a sua sociedade em ordem. Ou seja, o contrário do laicismo francês. A sharia é a antinomia de liberdade, igualdade e fraternidade. Soma-se a isso o fato de que, recentemente, o governo francês desafiou o medo de represálias e proibiu a burca em prédios públicos o que é uma afronta radical contra o seu "inimigo interno".
A França, dentro de sua população de cerca de 66 milhões de pessoas tem quase 10% de o que são chamados "maghrebis". Maghrebis são as pessoas naturais da Argélia, Tunísia e Marrocos. Em Paris, por exemplo, essa comunidade representa mais de 18% da população total. Esses imigrantes têm uma história interessante que nos ajuda a entender bastante alguns dos motivos do fracasso desse sistema massivo de imigração em terras francesas. Após o fim do domínio francês e da independência desses países, foi permitida a chegada massiva dessas pessoas para morar na França por um determinado período. Era um singelo pedido de desculpas. Vencido esse prazo, estes deveriam ser mandados de volta aos seus países de origens, o que não aconteceu. A maioria foi e voltou trazendo familiares, a maioria esposas e mulheres da família que não sabiam sequer falar o idioma. Aí começou o grande boom de crescimento dos maghrebis que sempre foram vistos como cidadãos de segunda linha, olhados por cima do ombro pelos franceses o que ajudou a gerar um sentimento de rivalidade entre os dois grandes grupos que formavam a população total. Preconceito, menos oportunidades, divisão geográfica, dificuldade de adaptação à sociedade, choque cultural, principalmente religioso, estes foram os principais fatores quando analisamos a criação desse exército interno rebelde, esse inimigo que dorme ao lado dos liberais franceses brancos.
Os terroristas atuais do EI podem ser divididos em dois grandes grupos. Um é conformado por aqueles que nunca saíram de seus países de origem na África e na Ásia. A versão moderna dos terroristas são os "europeus". Estes inimigos internos são indivíduos que nasceram na Europa, mas que jamais se sentiram integrados e aceitos e que, muitas vezes se deixaram levar pela vida "pecadora" do ocidente. Muitos dos assassinos que atuaram em território francês e belga são pessoas que fumam, bebem e têm hábitos que seriam condenados até pelos muçulmanos mais moderados. Eles vivem com esse sentimento de guerra contraditória interna típico de pessoas que jamais conseguiram a tranquilidade consigo mesmo dentro de uma sociedade, nesse caso de um país. Os mais velhos de suas famílias jamais aprovaram seus atos "ocidentais" e os locais, que compartilham seus vícios, pecados e gostos, os condenam e os olham do alto de seu sentimento de superioridade contra o invasor. "A multiculturalidade (na Alemanha) fracassou". Essa frase de Angela Merkel, a principal defensora da imigração massiva, define bem o momento atual e poderia também ser usada em terras francesas.
O terrorista do caminhão que matou mais de 80 pessoas na comemoração justamente da Revolução Francesa em Nice tinha um caso amoroso com outro homem, este francês, de 73 anos. Conclui-se, então, que era homossexual. Até o mais desavisado sabe como o homossexualismo é visto dentro do mundo islâmico. Além disso, o tunisiano fumava e bebia e teve registro de uso de drogas no passado. Para completar, não era um religioso muito ativo, características parecidas às dos adolescentes que degolaram um padre católico no interior da Normandia. Se eles não eram fanáticos, por que fizeram o que fizeram?
Vivemos em uma sociedade em que ser famoso, não importa como e por que, é visto como algo tão importante como existir. As redes sociais provam isso. Todos querem aparecer, querer que seus atos banais e patéticos sejam vistos pelos demais. Todos querem ser um pouco celebridades mesmo sendo pouco célebres. O que aparece é bom; é bom o que aparece. Aqui faço uma analogia com os assassinos de escolas americanos. Quase todos eram excluídos da vida social acadêmica, sofriam bullying e, por isso, guardavam dentro de si um rancor enorme. Em Columbine, por exemplo, os dois assassinos procuraram, em primeiro lugar, os "populares" atletas do colégio. Também a grande maioria desses lobos solitários tem como objetivo em seus massacres o simples fato de serem vistos, reconhecidos, respeitados, mesmo quando já estejam mortos. É aparecer. Os "europeus" recrutados pelo EI são jovens de vidas vazias, socialmente humilhados, com poucas oportunidades, sofrem de mania de perseguição, não têm qualquer identificação com a sociedade em que vivem, estabelecem inter-nações onde vivem, consideram seus "carcereiros" um bando de opressores e não têm identidade. Para completar, vivem sob a ameaça da recriminação familiar por seus atos ocidentalizados. São volúveis e fáceis de serem manipulados. Querem, mais do que tudo, ser parte de algo, já que não têm sociedade ou nação. Desfrutam das benesses e da liberté do ocidente, mas no fundo lutam contra esse gosto "macabro" e querem se vingar pela tentação da "boa-vida" oferecida pelo ocidente pecador. São, quando convidados a fazer parte de algo "espetacular", facilmente dissuadidos. A violência também seduz. Ser temido e respeitado. Vingar-se do tentador/opressor e poder olhar para o seu "mundo" que ficou para atrás sem ter que abaixar a cabeça.
Há esperança de tempos melhores? É essa a terceira guerra mundial e apenas não a alcunhamos da forma correta? As medidas de simplesmente abrir as fronteiras é a solução ideal para a Europa outrora invasora hoje mãe com tetas fartas e numerosas? A população britânica já respondeu essa pergunta e aposto que outros países da fracassada e oportunista União Europeia também o farão. O único argumento "econômico" dos defensores do bloco não é mais do que um apelo do capital ganancioso e a vida humana em sociedade é muito mais complexa do que isso. O mito da "modernidade", ou seja, considerar "moderno" sinônimo de "melhor" de vez em quando perde. Insisto que a única saída é cada povo no seu país com seus hábitos e tradições sem interferências em territórios estrangeiros. Uma saída óbvia para um mundo banal e doente.
Um dos vazios motivos dos defensores da permanência do Reino Unido na União Europeia era a tal "segurança". Bélgica, Alemanha e França, três países entusiastas do bloco econômico, seguem sendo os mais atacados pelos novos caudilhos da jihad. A França mais do que todos. Por quê?
A primeira resposta mais dotada de racionalidade e baseada no simplismo da crueldade humana vingativa é dizer que a França é a mais visada, pois ataca diariamente, junto com a Rússia, cidades dominadas pelo Estado Islâmico na Síria e Iraque, sem contar que também bombardeou militantes de diferentes organizações islâmicas em suas ex-colônias na África. É a lógica da vingança simples e seca. A França mata homens, mulheres e crianças sírias e iraquianas; o EI toma as dores e, já que não pode invadir e metralhar o inimigo como este o faz, usa o terrorismo como sua resposta bélica o que, pelo menos para mim, é entendível. Mas por que não temos ataques na Rússia? Por que o alvo sempre é a França? Porque as repletas de islâmicos Dinamarca e Suécia não são atacadas? Será simplesmente uma clássica e banal vingança ou existem mais motivos por trás desse ódio imenso contra a nação que matou seus reis?
A Revolução Francesa impôs à França uma nova era. Degolaram-se e enforcaram-se membros da aristocracia parasita e pornográfica do país e inseriram-se os valores do iluminismo. Era a "luz" apagando a época das trevas francesas. Essa "luz" de certa forma afastou ou enxugou o poder macabro da sempre odiosa Igreja Católica. Estabeleceu-se uma república que valorizava o saber e o humanismo e que punha a religião numa posição paralela, sem holofotes. Nascia uma república laica.
Os fanáticos do EI defendem a sharia, ou seja, um sistema legal religioso que deveria ditar as regras para manter a sua sociedade em ordem. Ou seja, o contrário do laicismo francês. A sharia é a antinomia de liberdade, igualdade e fraternidade. Soma-se a isso o fato de que, recentemente, o governo francês desafiou o medo de represálias e proibiu a burca em prédios públicos o que é uma afronta radical contra o seu "inimigo interno".
A França, dentro de sua população de cerca de 66 milhões de pessoas tem quase 10% de o que são chamados "maghrebis". Maghrebis são as pessoas naturais da Argélia, Tunísia e Marrocos. Em Paris, por exemplo, essa comunidade representa mais de 18% da população total. Esses imigrantes têm uma história interessante que nos ajuda a entender bastante alguns dos motivos do fracasso desse sistema massivo de imigração em terras francesas. Após o fim do domínio francês e da independência desses países, foi permitida a chegada massiva dessas pessoas para morar na França por um determinado período. Era um singelo pedido de desculpas. Vencido esse prazo, estes deveriam ser mandados de volta aos seus países de origens, o que não aconteceu. A maioria foi e voltou trazendo familiares, a maioria esposas e mulheres da família que não sabiam sequer falar o idioma. Aí começou o grande boom de crescimento dos maghrebis que sempre foram vistos como cidadãos de segunda linha, olhados por cima do ombro pelos franceses o que ajudou a gerar um sentimento de rivalidade entre os dois grandes grupos que formavam a população total. Preconceito, menos oportunidades, divisão geográfica, dificuldade de adaptação à sociedade, choque cultural, principalmente religioso, estes foram os principais fatores quando analisamos a criação desse exército interno rebelde, esse inimigo que dorme ao lado dos liberais franceses brancos.
Os terroristas atuais do EI podem ser divididos em dois grandes grupos. Um é conformado por aqueles que nunca saíram de seus países de origem na África e na Ásia. A versão moderna dos terroristas são os "europeus". Estes inimigos internos são indivíduos que nasceram na Europa, mas que jamais se sentiram integrados e aceitos e que, muitas vezes se deixaram levar pela vida "pecadora" do ocidente. Muitos dos assassinos que atuaram em território francês e belga são pessoas que fumam, bebem e têm hábitos que seriam condenados até pelos muçulmanos mais moderados. Eles vivem com esse sentimento de guerra contraditória interna típico de pessoas que jamais conseguiram a tranquilidade consigo mesmo dentro de uma sociedade, nesse caso de um país. Os mais velhos de suas famílias jamais aprovaram seus atos "ocidentais" e os locais, que compartilham seus vícios, pecados e gostos, os condenam e os olham do alto de seu sentimento de superioridade contra o invasor. "A multiculturalidade (na Alemanha) fracassou". Essa frase de Angela Merkel, a principal defensora da imigração massiva, define bem o momento atual e poderia também ser usada em terras francesas.
O terrorista do caminhão que matou mais de 80 pessoas na comemoração justamente da Revolução Francesa em Nice tinha um caso amoroso com outro homem, este francês, de 73 anos. Conclui-se, então, que era homossexual. Até o mais desavisado sabe como o homossexualismo é visto dentro do mundo islâmico. Além disso, o tunisiano fumava e bebia e teve registro de uso de drogas no passado. Para completar, não era um religioso muito ativo, características parecidas às dos adolescentes que degolaram um padre católico no interior da Normandia. Se eles não eram fanáticos, por que fizeram o que fizeram?
Vivemos em uma sociedade em que ser famoso, não importa como e por que, é visto como algo tão importante como existir. As redes sociais provam isso. Todos querem aparecer, querer que seus atos banais e patéticos sejam vistos pelos demais. Todos querem ser um pouco celebridades mesmo sendo pouco célebres. O que aparece é bom; é bom o que aparece. Aqui faço uma analogia com os assassinos de escolas americanos. Quase todos eram excluídos da vida social acadêmica, sofriam bullying e, por isso, guardavam dentro de si um rancor enorme. Em Columbine, por exemplo, os dois assassinos procuraram, em primeiro lugar, os "populares" atletas do colégio. Também a grande maioria desses lobos solitários tem como objetivo em seus massacres o simples fato de serem vistos, reconhecidos, respeitados, mesmo quando já estejam mortos. É aparecer. Os "europeus" recrutados pelo EI são jovens de vidas vazias, socialmente humilhados, com poucas oportunidades, sofrem de mania de perseguição, não têm qualquer identificação com a sociedade em que vivem, estabelecem inter-nações onde vivem, consideram seus "carcereiros" um bando de opressores e não têm identidade. Para completar, vivem sob a ameaça da recriminação familiar por seus atos ocidentalizados. São volúveis e fáceis de serem manipulados. Querem, mais do que tudo, ser parte de algo, já que não têm sociedade ou nação. Desfrutam das benesses e da liberté do ocidente, mas no fundo lutam contra esse gosto "macabro" e querem se vingar pela tentação da "boa-vida" oferecida pelo ocidente pecador. São, quando convidados a fazer parte de algo "espetacular", facilmente dissuadidos. A violência também seduz. Ser temido e respeitado. Vingar-se do tentador/opressor e poder olhar para o seu "mundo" que ficou para atrás sem ter que abaixar a cabeça.
Há esperança de tempos melhores? É essa a terceira guerra mundial e apenas não a alcunhamos da forma correta? As medidas de simplesmente abrir as fronteiras é a solução ideal para a Europa outrora invasora hoje mãe com tetas fartas e numerosas? A população britânica já respondeu essa pergunta e aposto que outros países da fracassada e oportunista União Europeia também o farão. O único argumento "econômico" dos defensores do bloco não é mais do que um apelo do capital ganancioso e a vida humana em sociedade é muito mais complexa do que isso. O mito da "modernidade", ou seja, considerar "moderno" sinônimo de "melhor" de vez em quando perde. Insisto que a única saída é cada povo no seu país com seus hábitos e tradições sem interferências em territórios estrangeiros. Uma saída óbvia para um mundo banal e doente.
quarta-feira, 22 de junho de 2016
Ali, Pelé, Neymar, Messi E Maradona
Muitas pessoas dizem que é injusto e não recomendável a comparação entre atletas. Muitos brasileiros vão mais além e dizem que Pelé, mesmo considerando que a maioria não o viu jogar, é "incomparável", fez mais de mil gols e que JAMAIS nascerá outro talento assim. Em primeiro lugar considero que todas as pessoas e coisas podem sem "comparáveis"; segundo, os mais de mil gols do Pelé sao questionáveis, a FIFA reconhece uns 500, pois somente conta os "oficiais" e Pelé fez a maioria de seus gols em amistosos caça-niqueis pelo mundo, sem contar que jamais jogou na Europa. Por fim, quem poderia, lá pelo anos setenta, dizer que JAMAIS haveria outro? Qual fenômeno deveria pairar sobre a Terra para impedir a perpetuação e o aperfeiçoamento do talento em qualquer área?
Eu não vi o Pelé jogar, mas já vi mais de setenta jogos completos do dito cujo. Vi pouco do Maradona "ao vivo", mas outros vários vídeos de jogos completos e posso comparar.
Morando na Colômbia tenho acesso a vários canais esportivos argentinos e quase que diariamente vejo comentaristas dementes desse país degladiando-se em discussões sobre quem é melhor, Diego ou Messi? Há outros mais "paz e amor" que, assim como os brasileiros no tema Pelé x Diego, dizem que nao se pode comparar. O que Neymar faz aí no título de meu texto?
Antes de que meus dois leitores comecem a questionar o porquê da presença de Ali no título, os aviso que o texto nao é uma fútil comparação de talentos da bola. É, sim, uma comparação de personagens do esporte.
Ali e Pelé "eram" negros. Ali já morreu e o segundo conseguiu a fama já aos 17 anos. O terceiro, Neymar, diz que nao é negro. Ali tinha uma fama mundial, muitos afirmam que é o atleta mais famoso de todos os tempos. Pelé chegou perto de Ali em termos de fama, conseguiu a façanha de ser o primeiro a gerar interesse entre os americanos por futebol. Neymar é uma personalidade longe dos primeiros citados, mas, em tempos de tecnologia da informação muito superiores, tem, talvez, o mesmo poder "midiático" que Ali e Pelé. No entanto, diferentemente de Ali e Pelé, Neymar, segundo ele, não é negro e, por isso, jamais sofreu racismo.
Ali vestiu a camiseta. Usou sua fama para combater um escancarado racismo que existia no seu país. Voltou com a medalha de ouro de Roma e teve seu pedido de um cachorro-quente negado por um vendedor que justificou sua negativa ao dizer que eles não estavam autorizados a servir negros. Ali jamais aceitou. Há boatos de que jogou sua medalha em um rio e se converteu ao islamismo, pois, na cultura católica, o negro era visto como o lado negativo da moeda, o "lado negro". Ali foi peça fundamental no estratagema dos grupos que lutaram pelos direitos e pela igualdade dos negros americanos. Sentou-se à mesma mesa dos líderes dos panteras negras e de nomes como Malcolm X e Marthin Luther King. Ali combateu o poder, como todos sabem, não quis ir ao Vietnã matar pessoas que nada fizeram contra ele. Ali foi mais que um atleta, foi um ativista, foi um ator social.
Por que Pelé jamais lutou pelos direitos dos negros mesmo tendo a faca e o queijo nas mãos? Vale lembrar que quando Pelé chegou ao Estados Unidos ainda havia fortes vestígios do apartheid americano. Voltando ao Brasil, será que Pelé considerava que não existia racismo no Brasil? Será que o fato de que não se proibiam negros de se sentar nos mesmos lugares dos brancos e tomar água do mesmo bebedor fez com que o "ingênuo" Pelé sentisse que isso não existia no seu próprio país? Seria Pelé ingênuo? Se o fosse, será que Pelé não poderia ter usado sua relevância para explicitar as desigualdades sociais de seu próprio país, ou melhor, acusar os governos autoritários da época de serem desumanos? Ali, ao se negar a ir à guerra, não cometeu um ato de defesa de sua raça, apesar de que a maioria dos combatentes eram pobres o que faz pensar que havia muitos negros. Ali tentou abrir os olhos dos americanos, brancos e negros, para a bárbara invasão americana a um país distante. Pelé, deixando sua cor de lado, não poderia ter feito algo por alguém?
É obrigatório de personalidades públicas que sejam atores sociais e denunciem disparates políticos, econômicos e sociais? Claro que não, mas admiro e COMPARO. Será que o Neymar, ao invés de fazer vídeos louvando Aécio Neves e publicando esdrúxulas fotos com o insuportável Justin Bieber não poderia ir a lugares que sim precisariam de mais visibilidade, talvez lugares que ele frequentava quando "era" negro? Repito, ele não tem obrigação de fazê-lo, mas admiro e diferencio os que fazem.
Messi e Diego sao brancos. Na Argentina quase não há negros. Não obstante, Messi e Diego são muito diferentes. Uma suposta gravação acidental flagrou Diego dizendo que Messi era uma grande pessoa, mas não era um líder. Como definimos a palavra "líder"? É muito subjetiva. Para Diego ser um líder é ser Maradona, aquele que lutava contra o poder, aquele que a cada três palavras, quatro eram denunciando o que ele via como sendo injustiças sociais, aquele que xingava o hino do país-sede, aquele que acusava um país poderoso de ter roubado território de seu povo mais do que de seu país, esse é o líder na visão "maradoniana". Messi não é Maradona, jamais será e nem quer ser. Messi não é líder? Depende, outra vez, da definição de "líder". Diria que é um líder futebolístico como Iniesta o é no Barcelona sem jamais aumentar seu tom de voz. Não são maradonas. Maradona representa o argentino pobre, sem direitos, sem visibilidade; Messi é o argentino de classe média criado na Espanha longe de qualquer vestígio de problema social. Por que a Argentina é o único lugar do mundo onde ainda se questiona, e muito, chegando ao ponto de comentaristas dizerem que ele deveria ser reserva da seleção ou não ser convocado? Porque a maioria dos argentinos se identifica mais com Diego, Maradona é humano, é igual a maioria enquanto que Messi pode ser aquilo que a maioria dos argentinos gostariam de ser. Messi representa a sociedade que a maioria dos argentinos gostaria de ter em seu país: educado, profissional, estável, sereno, entre outro adjetivos.
O esporte é uma das coisas mas supervalorizadas dentro de nossa sociedade. Sua importância é ínfima para o bem comum. No entanto, personagens, atores sociais, estes sim, não importa onde conquistaram sua reputação, podem ser importantes e fazer bom uso de seu poder. Sendo assim, Maradona e Ali foram grandes, dentro e fora dos campos/ringues enquanto anos serão apenas seres superdotados em algo pouco importante.
Eu não vi o Pelé jogar, mas já vi mais de setenta jogos completos do dito cujo. Vi pouco do Maradona "ao vivo", mas outros vários vídeos de jogos completos e posso comparar.
Morando na Colômbia tenho acesso a vários canais esportivos argentinos e quase que diariamente vejo comentaristas dementes desse país degladiando-se em discussões sobre quem é melhor, Diego ou Messi? Há outros mais "paz e amor" que, assim como os brasileiros no tema Pelé x Diego, dizem que nao se pode comparar. O que Neymar faz aí no título de meu texto?
Antes de que meus dois leitores comecem a questionar o porquê da presença de Ali no título, os aviso que o texto nao é uma fútil comparação de talentos da bola. É, sim, uma comparação de personagens do esporte.
Ali e Pelé "eram" negros. Ali já morreu e o segundo conseguiu a fama já aos 17 anos. O terceiro, Neymar, diz que nao é negro. Ali tinha uma fama mundial, muitos afirmam que é o atleta mais famoso de todos os tempos. Pelé chegou perto de Ali em termos de fama, conseguiu a façanha de ser o primeiro a gerar interesse entre os americanos por futebol. Neymar é uma personalidade longe dos primeiros citados, mas, em tempos de tecnologia da informação muito superiores, tem, talvez, o mesmo poder "midiático" que Ali e Pelé. No entanto, diferentemente de Ali e Pelé, Neymar, segundo ele, não é negro e, por isso, jamais sofreu racismo.
Ali vestiu a camiseta. Usou sua fama para combater um escancarado racismo que existia no seu país. Voltou com a medalha de ouro de Roma e teve seu pedido de um cachorro-quente negado por um vendedor que justificou sua negativa ao dizer que eles não estavam autorizados a servir negros. Ali jamais aceitou. Há boatos de que jogou sua medalha em um rio e se converteu ao islamismo, pois, na cultura católica, o negro era visto como o lado negativo da moeda, o "lado negro". Ali foi peça fundamental no estratagema dos grupos que lutaram pelos direitos e pela igualdade dos negros americanos. Sentou-se à mesma mesa dos líderes dos panteras negras e de nomes como Malcolm X e Marthin Luther King. Ali combateu o poder, como todos sabem, não quis ir ao Vietnã matar pessoas que nada fizeram contra ele. Ali foi mais que um atleta, foi um ativista, foi um ator social.
Por que Pelé jamais lutou pelos direitos dos negros mesmo tendo a faca e o queijo nas mãos? Vale lembrar que quando Pelé chegou ao Estados Unidos ainda havia fortes vestígios do apartheid americano. Voltando ao Brasil, será que Pelé considerava que não existia racismo no Brasil? Será que o fato de que não se proibiam negros de se sentar nos mesmos lugares dos brancos e tomar água do mesmo bebedor fez com que o "ingênuo" Pelé sentisse que isso não existia no seu próprio país? Seria Pelé ingênuo? Se o fosse, será que Pelé não poderia ter usado sua relevância para explicitar as desigualdades sociais de seu próprio país, ou melhor, acusar os governos autoritários da época de serem desumanos? Ali, ao se negar a ir à guerra, não cometeu um ato de defesa de sua raça, apesar de que a maioria dos combatentes eram pobres o que faz pensar que havia muitos negros. Ali tentou abrir os olhos dos americanos, brancos e negros, para a bárbara invasão americana a um país distante. Pelé, deixando sua cor de lado, não poderia ter feito algo por alguém?
É obrigatório de personalidades públicas que sejam atores sociais e denunciem disparates políticos, econômicos e sociais? Claro que não, mas admiro e COMPARO. Será que o Neymar, ao invés de fazer vídeos louvando Aécio Neves e publicando esdrúxulas fotos com o insuportável Justin Bieber não poderia ir a lugares que sim precisariam de mais visibilidade, talvez lugares que ele frequentava quando "era" negro? Repito, ele não tem obrigação de fazê-lo, mas admiro e diferencio os que fazem.
Messi e Diego sao brancos. Na Argentina quase não há negros. Não obstante, Messi e Diego são muito diferentes. Uma suposta gravação acidental flagrou Diego dizendo que Messi era uma grande pessoa, mas não era um líder. Como definimos a palavra "líder"? É muito subjetiva. Para Diego ser um líder é ser Maradona, aquele que lutava contra o poder, aquele que a cada três palavras, quatro eram denunciando o que ele via como sendo injustiças sociais, aquele que xingava o hino do país-sede, aquele que acusava um país poderoso de ter roubado território de seu povo mais do que de seu país, esse é o líder na visão "maradoniana". Messi não é Maradona, jamais será e nem quer ser. Messi não é líder? Depende, outra vez, da definição de "líder". Diria que é um líder futebolístico como Iniesta o é no Barcelona sem jamais aumentar seu tom de voz. Não são maradonas. Maradona representa o argentino pobre, sem direitos, sem visibilidade; Messi é o argentino de classe média criado na Espanha longe de qualquer vestígio de problema social. Por que a Argentina é o único lugar do mundo onde ainda se questiona, e muito, chegando ao ponto de comentaristas dizerem que ele deveria ser reserva da seleção ou não ser convocado? Porque a maioria dos argentinos se identifica mais com Diego, Maradona é humano, é igual a maioria enquanto que Messi pode ser aquilo que a maioria dos argentinos gostariam de ser. Messi representa a sociedade que a maioria dos argentinos gostaria de ter em seu país: educado, profissional, estável, sereno, entre outro adjetivos.
O esporte é uma das coisas mas supervalorizadas dentro de nossa sociedade. Sua importância é ínfima para o bem comum. No entanto, personagens, atores sociais, estes sim, não importa onde conquistaram sua reputação, podem ser importantes e fazer bom uso de seu poder. Sendo assim, Maradona e Ali foram grandes, dentro e fora dos campos/ringues enquanto anos serão apenas seres superdotados em algo pouco importante.
domingo, 12 de junho de 2016
O Tempo E A Chuva
No passado
dia 15 de maio eu fiz 34 anos. Nao é um número redondo, não fiz
30, nem 40, nem 50 e muito menos a idade é um tema que seja para mim
importante. Ou não era? Considerando que tenho amigos de menos de 30
anos e uns com mais de 60, isso quer dizer que a idade dos demais não
me é algo relevante; no entanto, a minha idade passou a ser algo que
pelo menos me faz pensar.
Lembro de
minha vó dizendo que o mês ou o ano haviam passado muito rápido
este mês ou este ano. Minha reação era sempre de rebater usando meu
aguçado instinto lógico dizendo que todos os meses ou anos
demoravam o mesmo tempo para passar, claro, considerando as pequenas
diferenças de alguns meses. Lembro também que muitas das coisas que
os velhos diziam eram, para mim, coisas de velho, ou seja, não
faziam parte de minha realidade. Nao sou velho. Mas sou o suficiente
para poder notar diferenças e poder olhar na cara de um adolescente
e lhe dizer: “espera, tu vais ver que as coisas não são bem assim
quando fores mais velho”. Já há a diferença, já existe o “gap”.
O tempo
sim passa mais rápido apesar dos dias ainda terem 24 horas, as
semanas sete dias, os meses entre 28 e 31 dias e os anos 365. O que
muda é a percepção do tempo. Lembro que, quando uma Copa do Mundo
findava eu pensava: “nunca mais”. A distância de quatro anos era
um período de tempo tao absurdamente enorme que parecia que eu já
estaria em uma situação completamente diferente quando esse dia
chegasse, parecia que a minha realidade seria outra; um filme era
eterno, dificilmente conseguia vê-los de uma vez só. Duas horas
eram um tempo sem fim. O próximo fim de semana demorava séculos
para chegar e as aulas milênios para acabarem. Os finais de férias
pareciam uma profecia acertada do próximo ano letivo de 1001 dias.
Hoje tudo
passa rápido e acho que todos os adultos veem dessa forma e os
motivos são os mais variados para termos essa ideia. Será que a
vida de compromissos, de mais deveres do que prazeres é o motivo?
Será que a simples e fisiológica forma de pensar de um adulto é
assim bem diferente? Ou será que a questão é matemática e, a
medida que se vive mais, os períodos correntes se tornam lacuna de
tempo que representam um porcentagem menor de nosso tempo vivido que
antes? Nao sei.
Noto
também que esse tempo passou quando cheiros do passado desfilam por
minha cabeça. Algumas vezes é fácil de saber que cheiro era esse,
outras simplesmente causam um doce sabor amargo de épocas passadas.
Às vezes não são cheiros, são frases, imagens, pessoas, momentos,
muitas coisas ainda perambulam nas partes mais misteriosas de nosso
cérebro que se dedica mais às funções a ele dadas nesse momento,
mas que ainda encontra lugar para guardar tudo que estava nas páginas
já viradas. Nao são coisas ditas importantes que volta e meia
perambulam em minha cabeça. Poderia ser o sonho que comia sempre em
Manchester que se conecta com o que meu vô me trazia da padaria de
Ipanema. Pode ser o cheiro do pao recém feito em um mercado que já
não existe mais, ou aquele dia que acordei tarde e tive que caminhar
léguas pra comer um xis com o Ângelo numa espelunca. Pode ser a
bola que deu na trave depois de dois chapéus seguidos sem deixar
cair, ou um lançamento de 50 metros que uma vez dei de letra na
cancha da comunidade judaica. Ou, claro, personagens que morreram e
que talvez não fui capaz de compreender estas mortes quando
ocorreram.
Esses dias
vi um programa sobre a Copa de 90, a minha primeira. Toto Schillaci,
Baggio, Diego, Caniggia, Checoslováquia, a ruindade do Dunga, são
lembranças que parecem vir de outra idade. A primeira memória de
uma copa que eu tenho é justamente a jogada do Maradona e o gol do
Caniggia. O Maradona hoje tem 55 anos. Ainda falando de futebol, já
sou mais velho que a maioria deles e já vi jogadores começarem e
acabarem suas carreiras. Aliás, que saudades dos jogadores dessa
época, não pelo talento que segue existindo, mas por suas
personalidades mais terrenais, eram mais parecidos ao cidadao comum,
não eram celebridades. Penso nisso quando os vejo chegando a um
estádio com fones imensos, olhar fixo pro horizonte e uma arrogância
enorme. Antes não era assim. Pensei nisso na semana passada ao ver o
Neymar tirando selfies com o Justin Bieber no estádio. Esse papel
era, antes, dos astros do cinema, não dos jogadores que eram mais
esportistas, não patéticas e esquizofrênicas celebridades.
Em alguns
dias mais monótonos, quando as obrigações do dia a dia dao uma
chance, me vejo analisando como estamos, de onde viemos, se agora é
melhor ou pior. Para o indivíduo sempre será pior, mas como
sociedade? Temos mais direitos, menos preconceitos, mais inclusão,
isso é inegável, mas deixando o pensamento lógico de lado e dando
espaço a um lirismo humano, é melhor? Para mim estamos piores. Será
só para mim? Será que temos essa visão porque não conseguimos
separar o indivíduo do todo? Pode ser, mas acho tudo pior. Considero
a tecnologia uma maravilha, mas ao mesmo tempo que trouxe mais
opções, ceifou algumas coisas mais importantes como a imaginação
infantil. Penso que o mundo aumentou a carga de trabalho do cidadão e
por isso a arte hoje é vista como algo que serve para distrair, nada
mais. Somos uma massa de bobos querendo ser entretidos, queremos
simplesmente pensar em outra coisa. Hoje há espaço para tudo e
todos, mas será que isso é bom sempre? Será que os atuais
enfadonhos artistas e pessoas realmente deveriam ter o seu espaço?
Comparemos a música negra. Os negros foram os alicerces do rock.
Tivemos Elvis como o branco que levou a essência da música negra
aos brancos, ao mundo. Isso “descriminalizou” monstros do blues e
depois Chuck Berry e mais além Michael Jackson. Que tipo de música
POPULAR os negros fazem hoje? Hip Hop. Ou seja, nada. E os brancos
não escapam. Esses dias vi o novo clipe do Enrique Iglesias com
Pitbull. Fiquei pasmo, pois a ruindade “pop” ainda consegue me
pasmar. É deprimente. E para os que se creem “sofisticados”,
temos chatices disfarçadas de descolados como Coldplay.
Além das
óbvias mudanças da sociedade também existe a grande revolução do
indivíduo. Ninguém se mantém a mesma pessoa. Eu abandonei todos os
“ismos” como já dizia Fito Páez. Nenhum ismo é independente de
pessoas e eu não acredito na maioria das pessoas. Sempre fui ateu
convicto, mas hoje questiono a existência de algo que poderia chamar
de Deus, mas que não tem qualquer semelhança com a bizarrice do
Deus que está aí de olho em todo mundo e cuidando de todo mundo que
as grandes religiões vendem no melhor estilo 1984 de Orwell. Sou mais
liberal para comportamentos, mas mais conservador para outras coisas.
A morte hoje é algo mais agudo para mim, sou também mais pessimista
(ou realista?). Morre David Bowie e tenho certeza de que ele é um
dos primeiros dos últimos a morrer. Analisando o que está por vir,
e parodiando “High Hopes” do Pink Floyd, não acho que a grama
será mais verde e a vida será mais brilhante. Vejo uma massificação
do pensamento vazio e da estupidez ao mesmo tempo que constantemente
me questiono se isso é tudo o que eu poderia fazer nessa minha fugaz
passagem por aqui.
Canso
quando jogo futebol 90 minutos sob um solaço do meio-dia; isso é
normal, até os profissionais cansam, mas ninguém me tira da cabeça
que, com dez anos menos, cansaria menos. Estou errado em pensar
assim, mas isso me aflige. Minha mulher, que conheci com 25 anos,
parece cada dia mais bonita, e isso é uma espécie de porta
entreaberta que deixa entrar uma luz de esperança. Fui ao xou dos
Rolling Stones, uma das coisas que deveria fazer antes de morrer.
Tinha pessoas tirando fotos de si mesmas durante todo o xou. Isso me
irritou. Nao deveria. Por que as pessoas hoje tiram fotos de si
mesmas se cada vez a população, na maioria dos lugares, somente
aumenta? Antes não se fazia isso porque as pessoas não
desperdiçariam uma foto de um filme com uma foto ruim. No entanto
eles poderiam tranquilamente fazer selfies com as câmeras de filme.
Por que não o faziam? Porque essas fotos são ruins. Por que hoje o
fazem? Porque essas fotos passaram a ser vistas como boas. Pioramos.
As grandes
corporações uniformizam tudo. Sempre fui fascinado pelas diferentes
culturas e sociedades, era um Claude Levi-Strauss precoce. Hoje todos
os lugares estao ficando iguais. A cinza, roqueira e futeboleira
Manchester, outrora feia e rabugenta, mas com atitude, hoje é
diferente, é cool, paz e amor. Em qualquer parte de minha amada
Londres são os mesmos negócios, as mesmas marcas. União Europeia,
união disso, união daquilo, a ideia é sermos todos iguais, todos
bobinhos, consumistas e parecidos, uns “trouxas” como diria meu
pai. Pessoas bem-intencionadas defendem isso, dizem que o mundo muda,
que deve ser assim...nao deve ser assim. O mundo é interessante por
suas diferenças, não quero um mundo em que Cracóvia, Londres e
Islamabad sejam iguais, o mundo vai, a passos longos, perdendo seu
encanto, seu charme e a vida, consequentemente, vai ficando mais
chata.
A solução
é, como diz um amigo, se fechar naqueles que valorizamos e tentar
driblar as modernices que nos causam desconforto. Em alguns dias
estou junto àqueles que sempre estiveram e que pouco mudaram para
recordar histórias (e cheiros) de um passado muito distante que cada
vez é mais árduo de lembrar. Antes, sob o calor senegalês de Porto
Alegre, não titubeava em tirar a camisa e tomar um banho de chuva de
verão; hoje penso que vou molhar a roupa, que vou molhar a casa ao
entrar e não o faço. O tempo vai nos tornando pessoas mais
complicadas e tristes.
domingo, 29 de maio de 2016
Temporada 2015-2016
Findada mais uma
Champions League após uma emocionante final, publico meu resumo da
temporada com o ranquim histórico atualizado, seleção
2015-2016 entre outros dados.
Ranquim
mundial com os 50 melhores:
- Real Madrid-ESP;
- Bayern Munich-ALE;
- Barcelona-ESP;
- AC Milan-ITA;
- Juventus-ITA;
- Peñarol-URU;
- Manchester U-ING;
- Boca Juniors-ARGEN;
- Ajax-HOL;
- Porto-POR;
- Nacional-URU;
- Inter Milan-ITA;
- Liverpool-ING;
- Independiente-ARGEN;
- River Plate-ARGEN;
- São Paulo-BRA;
- Benfica-POR;
- Olimpia-PAR;
- PSV-HOL;
- Santos-BRA;
- Celtic-ESC;
- Olympiakos-GRE;
- Estudiantes-ARGEN;
- Corinthians-BRA;
- Vélez Sarsfield-ARGEN;
- Dortmund-ALE;
- Flamengo-BRA;
- Atl Madrid-ESP;
- Internacional-BRA;
- Colo Colo-CHIL;
- Estrela Vermelha-SER;
- Palmeiras-BRA;
- Feyenoord-HOL;
- Rangers-ESC;
- Dinamo Kiev-UCR;
- SC Anderlecht-BEL;
- Grêmio-RS;
- Dinamo Dresden-ALE;
- Steua Bucarest-ROM;
- Arsenal-ING;
- Galatasaray-TUR;
- Chelsea-ING;
- Marseille-FRA;
- Cruzeiro-BRA;
- Cerro Porteño-PAR;
- San Lorenzo-ARGEN;
- Nacional-COL;
- Vasco-BRA;
- Fenerbahçe-TUR;
- Saint-Etienne-FRA.
O
melhor clube da CONCACAF é o Cruz Azul do México, na 138°
posição;
O
melhor africano é o Al-Ahly, do Egito na 193°
posição;
O
melhor asiático é o Al-Hilal da Arábia Saudita na 265°
posição;
E
o melhor da Oceania é o Auckland City da Nova Zelândia na 417°
posição.
São
734 clubes ranqueados de 89 países diferentes.
Seleção
da temporada – dessa vez será formada no modelo FIFA que escala um
goleiro, quatro defensores, três meio-campistas e três atacantes
independentemente de suas posições
exatas:
Handanovic
– Eslovênia/Inter Milan;
Hummels
– Alemanha/Dortmund;
Bonucci
– Itália/Juventus;
Piqué
– Espanha/Barcelona;
Godín
– Uruguai/Atl Madrid;
Busquets
– Espanha/Barcelona;
Modric
– Croácia/Real Madrid;
Mahrez
– Argélia/Leicester City;
Messi
– Argentina/Barcelona;
Suárez
– Uruguai/Barcelona;
Higuaín
– Argentina/Napoli.
Bola
de ouro: Suárez.
Ranquim
seleções:
- Brasil;
- Alemanha;
- Itália;
- Argentina;
- Espanha;
- França;
- Uruguai;
- Inglaterra;
- Holanda;
- Croácia;
- Rússia;
- Ucrânia;
- Uzbequistão*;
- Letônia*.
*
A explicação por estas
seleções estarem onde
estão é que, antes de
seus processos de independência, seus pontos são
da seleção da União
Soviética.
A
melhor seleção da
CONCACAF é a do México na 32°
posição;
A
melhor seleção asiática
é a Coreia do Sul na 49°
posição;
A
melhor africana é o Camarões
na 55° posição;
E
a melhor da Oceania é a Nova Zelândia na 85°
posição.
São
93 seleções de todos os
continentes ranqueadas.
Ranquim
de ligas (top 10):
- Espanha;
- Itália;
- Inglaterra;
- Argentina;
- Brasil;
- Alemanha;
- França;
- Portugal;
- Holanda;
- Uruguai.
A
melhor liga da CONCACAF é a do México na 35°
posição;
A
melhor asiática é a do Japão
na 42° posição;
A
melhor africana é a do Egito na 46°
posição;
E
a melhor da Oceania é a da Nova Zelândia na 76°
posição.
São
90 ligas de todos os continentes ranqueadas.
domingo, 1 de maio de 2016
O Fim dos Tempos
Nunca
vi tanta ignorância sendo defecada pelas mais diversas vias como nos
últimos meses. A ameaça de uma eternização
do PT no poder e o fim da coroa da direita trouxe ao palco das
discussões políticas
elementos do mais baixo calibre e, com o advento das redes sociais,
temos, a cada minuto, um novo xou de verborragia vazia e recheada de
fanatismo e ódio.
Esses
dias vi a seguinte discussão.
Uma pessoa anunciava a chegada do golpe; outros diziam que sim, era
um golpe já que nada, se seguimos a constituição,
algo de certo modo deixado de lado por muitos ultimamente, havia sido
comprovado contra a pessoa da atual mandatária. Uma outra pessoa
dizia: "como assim que não???
Vocês estão loucos???"
E os outros apenas repetiam o fato de que apenas as farsantes
pedaladas fiscais poderiam ser atribuídas à Dilma como crime
passível de impeachment. A outra pessoa não
sabia o que eram "pedaladas fiscais" bem como a maioria dos
"especialistas" de política do momento, mas batia o pé
dizendo que havia sido comprovada corrupção
no governo dos petralhas. Sim, isso ninguém, somente os vermelhinhos
mais fanáticos e saudosos da União Soviética, podem negar.
A
discussão mencionada
acima que, comparada à média, é bem educada, demonstra o momento
atual da política brasileira. Eu, sempre acreditando na inocência
de alguns, divido o grupo dos apoiadores do impeachment em três: uns
realmente desconhecem a constituição
e acham que se há comprovação
de corrupção em um
governo, a pessoa dona do maior cargo executivo deve cair, o que nao
é certo; outros sabem disso, mas não
se importam com bobagens menores como a carta-magna do país e acham
que o PT deve sair de qualquer forma, nem que se tenha que
transformar (e perdoar) o maior paladino da roubalheira brasileira em
herói; o terceiro grupo, esse mais complexo e talvez mais
dissimulado, diz que Dilma deve cair pelas pedaladas fiscais. Esse
grupo respeita as leis a princípio, mas faz vistas grossas ao
casuísmo, ou seja, todo mundo fez, todos os ex-presidentes fizeram e
só agora deverá ser julgado e condenado. É imoral. E, por
ideologia, o que eu respeito, execram os programas sociais do governo
que levaram Dilma a pegar dinheiro de bancos públicos e pagar mais
tarde. Seria melhor que Dilma não
cumprisse com essa agenda em nome de fechar o mês no azul e ignorar
a urgência de milhares de pessoas? Pois quem tem essa ideologia vê
um Estado como uma empresa e sim, deixemos que a plebe segure o
estômago em nome da sanidade financeira da “empresa” Estado.
A
turma que veste a camisa do sonegador de impostos Neymar, também
garoto propaganda de Aécio Neves, o mesmo que é acusado na
Lava-Jato (seguirá essa operação
sem Dilma no poder?), construiu uma pista de avião
na sua fazenda e tem menos de 10% das intenções
de voto em uma suposta candidatura em 2018, não
está nas ruas pelas tais pedaladas, só fanático de amarelo negaria
isso. Gostaria até que fizessem uma pesquisa perguntando pra turma
do champanhe, começando pela musa do impeachment, se pelo menos
sabem o que é pedalada fiscal. Pois essa turma não
está lá por isso, está por ideologia, o mesmo motivo que fez os
vermelhos irem às ruas pedir o afastamento de Collor e FHC.
A
direita jamais engoliu ver o PT no poder, pois este sentou-se à
mesma mesa da elite da elite, prometeu afagos, recebeu favores e
disse que o único que exigiria não
seria taxação de grandes
fortunas, aperto no cobro de impostos, algo que a turma do camarote
tampouco sabe a definição
ou nada disso: apenas queria dar algumas migalhas à plebe via
programas sociais, as tais "bolsas" e isso todo mundo de
amarelo sabe o que é e detesta.
Os
canários jamais viram com bons olhos pobre andando de avião
e usando os mesmos celulares que eles; jamais puderam dormir vendo
pobres tendo a primeira casa própria e indo para a universidade,
outrora paraíso de brancos aquinhoados. Jamais conceberam pagar
impostos que não seriam
usados para ajudar bancos parasitas em apuros, senão
que seriam usadas parcelas irrisórias desse bolo para dar as tais
migalhas aos mais necessitados. Vão
trabalhar, vagabundos! Vão
pra Cuba! Essa era a reação
raivosa de uma direita que odeia pobre e que acha que estes têm
EXATAMENTE as mesmas chances que eles de "vencer na vida".
Pois Lula fez isso, deu migalhas aos ratos sem incomodar muito aos
pavões perfumados da
elite brazuca.
O
problema, vide os Panama Papers e a operação
Zelotes, é que essas aves de rapina jamais estarão
satisfeitas em ter metade do PIB do país "somente"; eles
querem tudo. Chega de migalhas! Chega da Dilma tendo que ser
dissuadida por dois mandatos para privatizar empresas públicas
chamando de outros nomes para enganar a vermelhada. Queremos as duas
tetas! Queremos tudo, queremos até as glândulas mamárias e a plebe
que volte a tomar sopa de papelão
como nos bons tempos!
Pois
a elite empresarial se juntou aos seus representantes idôneos do
poder, Eduardo Cunha, Renan Calheiros, Michel Temer, O Traidor, entre
outros que, como característica comum, têm o fato de todos serem
acusados de pelo menos 171 crimes; também juntou-se à sempre
golpista mídia brasileira, badalaram as pedaladas que realmente
existiram, dessa vez não
para salvar bancos privados como nos tempos de FHC, senão
para pagar a conta das migalhas e, finalmente, o golpe estava armado,
também confiando na "capacidade" de nosso poder
legislativo. E o golpe está quase consumado, assim como em 1964 já
que não se há necessidade de
comprovar qualquer crime, basta que algo jurídicio seja “julgado”
por políticos que, por sua vez, são movidos por interesses e dão
seus votos de forma “imparcial” para o bem da nação. Aí me
pergunto. Se uma débil mental como a advogada autora do pedido de
impedimento um belo dia dizer que a Dilma matou alguém e que por
isso deve sofrer impeachment. Ela vai, se bem entendo, ter sua saída
decidida pelo legislativo, ou seja, por políticos. Se a maioria
disser que sim, ela é condenada. Há necessidade de provar o delito?
Não, senhores, o julgamento é político e comprovar o crime se
torna irrelevante.
Alguns
números são realmente
bem interessantes. Do universo de votantes do congresso, quase todos
estão envolvidos em pelo menos um grande escândalo como corrupção,
é claro, mas também crimes ambientais e até assassinato.
Analisando somente os grandes expoentes, Eduardo Cunha, sem
comentários, Michel Temer, sem comentários, Renan Calheiros, sem
comentários, o senhor do voto decisivo, Lava-Jato. A pessoa com a
menor acusação entre
todos é a Dilma, acusada de pedalar. Cai quem pedalou para dar
esmola aos pobres, entra Temer; o vice será Eduardo Cunha, o vampiro
que suga qualquer veia abastecida com sangue, água ou excremento que
saracotear em frente aos seus caninos, tudo, claro, em nome de Deus;
depois quem vem? Temer já oferece cargos a Aécio e companhia. Sim,
agora vai! Agora o país está nas mãos
certas e tem o que 2% de sua população
(número de quem apoia Michel Temer para presidente em uma possível
eleição, algo não muito popular entre peemedebistas) queria! Os
mais ingênuos perguntam pelos 54 milhões de votantes de Dilma, mas
bem, isso não interessa em um país de eleições indiretas.
E
esse tridente mágico nao tem a exlusividade de minha repulsa. As
imagens das pessoas que representam o povo brasileiro, os agora
heróis de nossa elite, são
a imagem refletida em um espelho enferrujado de nossa cara e, o
quadro da dor, ao ver a imagem, senti pena deste país. O Brasil, com
algumas parcas exceções
é representado por uma alcateia de lobos imundos. Ver suas caras
sebosas, misses desprovidas de qualquer resquício de beleza, e
escutar suas falas impregnadas de demagogia, oportunismo, vaidade,
RUINDADE, preconceitos e etc, me fez sentir uma tristeza que jamais a
política me tinha feito sentir. Coloca-se o pior de um povo lá em
cima num território sem leis. Ao escutá-los voltei a me questionar:
como essa turma de amarelo pode querer isso? Como podem ser tão
cegamente fanáticos? Como podem venerar uma corja de estupradores de
qualquer norma de conduta? Como não
se chocaram com os votos dedicados a familiares, torturadores, forças
maiores e etc?
Eduardo
Cunha pediu a benção de
Deus; Bolsonaro homenageou um torturador da ditadura, regime este que
fechou a "casa do povo" em seu reinado sanguinário e
cruel; uma tal de Raquel Muniz teceu palavras emocionantes em nome da
honra de seu marido...que, no outro dia foi preso por roubar verbas
de HOSPITAIS em Montes Claros, Minas Gerais. Será, caros amigos
amarelos e são muitos que
tenho, será que o ódio de vocês ou chamemos de visão
de mundo, em relação a
projetos sociais da esquerda justifica isso tudo? Vocês dormem bem
sabendo que estão lutando
por uma causa que é retirar do poder uma política que vocês não
gostam (nem eu) que foi escolhida pela maioria e botar lá Temer e
Cunha? Vocês, que idolatram o juiz Sérgio Moro, não
se importam que deputados que votaram a favor do impeachment já
falem em "perdoar" Cunha porque, sem ele, essa "vitória"
jamais haveria acontecido? Vocês têm um ódio tão cego assim?
Realmente acham que Temer e Cunha são
melhores que Dilma e...Temer? Já estão
confirmadas contas com valores que ultrapassam 50 milhões
de Cunha, gastos de três milhões
de dólares em viagens oficiais no cartão
de crédito, é citado por TODOS os delatores e vocês acham ele mais
idônio que a Dilma e seu apartamento na Tristeza e sua fidelidade a
seus amigos bandidos? A ÚNICA chance de eu dar razão
a vocês é no caso de Dilma ser mais esperta que TODOS juntos e ter
suas contas na Conchinchina e NINGUÉM saber, aí sim, caros amigos,
eu cedo e prefiro o Cunha e Temer...Temer sempre está, incrível.
Aliás,
falando na presença de Temer em qualquer cenário, vale lembrar que
o maior partido do Brasil, o PMDB de Temer, apesar de ser o maior
JAMAIS teve um presidente eleito e já vai pro terceiro. Incrível. É
como ganhar de 3x0 sem ter feito o primeiro gol. Sarney, Itamar e
agora Temer, este último líder do movimento de "indiretas já!"
parodiando o seu ex-companheiro de partido Ulisses Guimarães.
É incrível, mas o PMDB há muitas eleições
que nem se candidata, parece crer piamente que a melhor forma de
chegar no trono é via indiretas contrariando o foco de sua
célula-tronco, o MDB. Haja contradições!
E lembro que outrora alguém dizia, referindo-se às instituiçoes
políticas brasileiras que nao éramos o Paraguai, numa alusão
ao golpe a Fernando Lugo nesse país. Senhores, sim, somos o
Paraguai.
Mas
enfim, A população civil
adora dizer que políticos são
farinha do mesmo saco, mas não
olham para seus umbigos. Os comunistas negam até hoje os campos de
concentração de Stalin,
a falta de democracia em Cuba; do outro lado, criticamos a
bolsa-pobre de Dilma, mas não
nos importamos com as bolsas-ricos do FHC; aplaudimos a rapidez em
que o STF proibiu a posse de Lula como ministro, mas não
nos importamos com a espera eterna para julgarem o Cunha, o "vilão
favorito" da elite; queremos a cabeça dos petistas pelo
mensalão, mas não
nos importamos que a compra da emenda da reeleição
de FHC jamais foi julgada bem como o mensalão
do Aécio; e as privatizações
do FHC? Será que não
rolou propina pra alguém? Óbvio que não...em
resumo e cortando as diferenças menores, as duas discordâncias de
direita e esquerda no Brasil são
que a direita de FHC mandava engavetar qualquer pensamento de
investigação enquanto
que a esquerda, detestada pelos pleibóis partidários do judiciário,
não tem a mesma sorte; e,
para terminar, a direita dormia com a elite da elite na mesma cama
king size enquanto que a esquerda sempre mais liberal em termos de
comportamento preferia um menage-a-trois colocando a vasta ralé nos
pés da cama e isso incomoda.
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