Essa semana conheci o ser humano mais asqueroso do mundo.
Fui á Universidad de Medellín juntamente com o pai de um amigo. O senhor que me acompanhava é amigo de infância do ser humano mais asqueroso do mundo que por sua vez, e não me perguntem como, é diretor dessa instituição.
Quem me acompanhava era um senhor de bom coração. Deprimido, recém divorciado pela segunda vez, é daquelas pessoas que como um cão abandonado se entrega de corpo e alma ao primeiro que lhe estende a mão, que lhe ouve. Visivelmente judiado pelo segundo fracasso pessoal, soma-se a esse infortúnio as idas de seus dois filhos para a Austrália. Assim sendo, solidão e amargura são os principais acompanhantes desse bom homem.
O ser humano mais asqueroso do mundo é daquelas figuras em que o nojo vem á tona exatamente no momento exato em que se olha para ele. Índio gordo, com farta papada esturricada em um terno e gravata, tem aquela imagem de político nordestino, daqueles caras que tu bates o olho e sabe que não vale o que come.
Por baixo do terno uma camisa rosa, arma típica de homens velhos que querem transparecer e vender a imagem de que são jovens. Mas o pior de tudo era o seu perfume. Ao entrar na sala do dito cujo, me senti sufocado por esse perfume que cheirava como aqueles desodorantes baratos e bagaceiros que fazem campanha publicitária dizendo que, ao usar o produto, mulheres irão jogar-se aos pés de quem está usando.
Mas pior do que sua aparência de Paulo Maluf indígena é a sua pessoa, a sua nojenta personalidade.
Como os dois sujeitos eram amigos de infância, inevitável que colocassem os assuntos em dia antes de tudo. Como aqui tudo gira em torno dos relacionamentos amorosos, logo chegaram a esse tema. O pai do amigo com voz abatida narrava sua má experiência no segundo casamento recém findado enquanto que o sapo gordo vomitava palavras de apoio ao amigo. Dizia ele que o casamento era a pior coisa do mundo, que desde o seu divórcio sua vida está uma maravilha. Vociferava com patética autoridade, narrava suas experiências sexuais pós-casamento e dizia que nem louco voltava a se casar.
Do outro lado um homem desanimado, que não se mostrava muito convencido sobre o que escutava. No entanto, nada detinha o homem pseudofeliz de vida nova. Dizia ele que nada melhor que trabalhar numa universidade para poder comer guriazinhas novas, que não existia nada melhor que isso. O pai do amigo, outrora professor nessa universidade, já havia anteriormente manifestado desejo de voltar a lecionar, e essa intenção foi usada como estímulo para o homem mais asqueroso do mundo voltar a tentar animar o amigo de infância. Dizia ele que sim, ele deveria voltar a lecionar para ingressar no mundo de homem-gordo-infeliz-asqueroso-comedor-de-alunas-da-universidade, que essa era a melhor vida que ele poderia ter depois de dois insucessos em suas relações pessoais.
Onde estava eu nessa história? Mudo, eu apenas o analisava e escutava aquele suíno falar. Saímos da sala e fomos dar uma volta pelo campus. O leitão engravatado seguia listando seus logros, suas façanhas, volta e meia falava de algum parente que morava na Espanha ou no Estados Unidos, típicos destinos de hispânicos fracassados, mas logo voltava a olhar as guriazinhas com seu olhar de lascívia, como que tentando nos fazer crer que alguma delas algum dia aceitaria sequer sentir o aroma de sua água de colônia barata. Para parecer sofisticado, narrava suas férias em algum destino cafona como Miami ou Las Vegas e voltava a citar a irmã habitante de Houston que provavelmente deveria ser a empregada doméstica de algum membro da Ku Klux Klan.
Infelizmente não sou tão bom ao ponto de conseguir sentir pena de uma pessoa assim.
A cada palavra que salia de seu focinho, meu asco por ele aumentava ainda mais.
Mas se há algum sentimento que poderia ser sugerido em relação a ele, seria pena. É fruto de um novo tempo onde tudo está mal, tudo vai de mal a pior, cada geração é pior que a anterior, cada ser humano que nasce tende a ser pior que o outro. Cada vez se deixa de ser criança mais rápido e se é adolescente por mais tempo.
Valorizamos mais um homem de 50 anos que supostamente come guriazinhas em uma universidade do que um homem que mantém ou que gostaria de ter uma família.
Nossa caminhada terminou, me dirigi ao centro de idiomas da universidade e fui obrigado a dizer, envergonhado, que era indicado pelo homem mais asqueroso do mundo no momento de minha apresentação. Assim sendo, senti-me um dos homens mais asquerosos do mundo.
sábado, 26 de dezembro de 2009
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Um comentário:
que saudade do Ed aqui no BRasil, o cara mais rabugento do mundo.miss u RUSS!
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