Possuído pela loucura, li três obras de Paulo Coelho em uma semana.
A sensação após tal façanha é de imenso repúdio pela humanidade. Pela primeira vez na minha vida senti raiva do dinheiro alheio. É incrível como alguém conseguiu enriquecer escrevendo auto-ajudas de tão baixa qualidade disfarçadas de literatura “Cult”.
O pior é saber que os livros da bruxa velha, que admite ter experimentado duas vezes uma relação com outro homem, são traduzidos em todo o mundo e são um dos produtos brasileiros de maior reputação no exterior junto com futebol, Carnaval e prostitutas.
Já havia lido algumas auto-ajudas e inclusive já tinha lido Paulo Coelho. Li “O Alquimista” quando tinha uns 18 anos e, naturalmente, detestei. Pois agora reli “O Alquimista” e posso afirmar que a mais famosa das obras do mago é a pior de todas, pelo menos das que eu li.
A insistência na história da “lenda pessoal”, o constante uso da palavra “universo”, a aura religiosa e a presença de Deus sempre presente, a insistência com o “destino” e o fato de tornar complexos objetos ordinários como grãos de areia, são algumas das características que fazem de Paulo Coelho o meu autor mais detestável.
Obviamente, soma-se a isso o fato de ele ter sucesso apesar de ser tão patético.
O fato é que Paulo Coelho é um homem astuto, é um Edir Macedo das letras. Fez uso e aproveitou uma oportunidade, um nicho de mercado que é o das pessoas carentes, covardes, simplórias e sem senso crítico, que expendem a maioria de seus tempos vendo novelas e Big Brother. Assim como Edir Macedo, anteviu a oportunidade de explorar a religiosidade aliada à miséria e ao desespero do povo brasileiro; enquanto isso, Paulo Coelho encontrou na cafonice da classe média o seu terreno a ser semeado. E teve sucesso.
Paulo Coelho ajuda a preencher a lacuna da leitura na vida da classe média. Paulo Coelho consegue fazer com que as pessoas se presenteiem com livros em eventos como Natal, amigo-secreto e aniversário. Apesar de a leitura ser uma atividade cada vez mais fora de moda em tempos hipermodernos, ainda é visto como algo “Cult” entre a classe média. Ler Paulo Coelho ou Jô Soares deitada em uma esteira na plataforma de Atlântida dá um certo grau de superioridade dentro da fogueira das vaidades das dondocas. É o mesmo que dizer que gosta de ouvir, ou, pior ainda, ler Chico; jamais Chico Buarque, e sim, apenas, “Chico” que dá mais intimidade e passa a ideia de conhecimento da obra.
No mais, todos devemos apenas admirar o mago, alguém que consegue escrever um parágrafo inteiro sobre um grão de areia. Além do mais, é membro, assim como Sarney, da Academia Brasileira de Letras e, pasmem, perguntado sobre sua maior influência literária, o escritor diz, sem pensar duas vezes: Jorge Luis Borges.
Leiam o que eu leio, mas não leiam o que eu escrevo.
terça-feira, 28 de abril de 2009
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