quinta-feira, 7 de maio de 2009
Medelín VIII
Segue mais um relato de curiosidades aqui no meu diário do exílio.
Evidente que devo começar explicando o motivo de ter colocado essas fotos acima.
Pois descobri que esse tipo de cuecas é o mais popular na Colômbia. Jamais havia visto (e espero jamais ter essa oportunidade) um indiozinho daqui de cuecas, mas chegou a minhas mãos esse catálogo de uma marca de roupas íntimas masculinas daqui.
Fui obrigado a escanear e mandar. Imaginem o Higuita com uma dessas? O pibe Valderrama? Ou melhor, o RINCÓN? Que o demônio tenha piedade da Humanidade...
Como disse anteriormente, com o passar do tempo, vai-se tendo maior ideia da dimensão da violência nesse país. Passei em frente a sede da CEEE deles, ou seja, a empresa de energia elétrica e me impressionei. A princípio não sabia que classe de empresa era, e digo isso pois, sem exageros, havia segurança militar no terreno da empresa. Umas torres com homens vestindo uniformes camuflados de guerra e com metralhadoras nas mãos e até, acreditem se quiser, barricadas, trincheiras! Sim, sacos de terra e umas figuras escondidas e armadas ali atrás.
Obviamente que meu primeiro pensamento foi de que aquilo era um quartel general, mas ao dobrar a esquina constatei que não tinha aparência para ser isso. Enfim, descobri que era a empresa de energia elétrica. Vale ressaltar que há muitos atentados das guerrilhas contra empresas públicas desse gênero. Logo recém chegado aqui, uma cidade de médio porte ficou sem água por dias, pois colocaram bombas na empresa de águas e esgotos. Impressionante.
Ainda falando de violência, é incrível o medo que a população tem de pegar táxis.
Pegar na táxi na rua é visto como algo de extremo perigo. Hoje mesmo ouvi uma mulher perguntando a outra se esta tinha algum taxista conhecido pois necessitava o serviço. Toda vez que eu digo que peguei um táxi na rua, todos me recriminam.
Como todos os leitores assíduos sabem, os índios do sexo masculino aqui possuem muitas características femininas. Aqui também há um programa estilo Ana Maria Braga de manhã na Globo deles, mesmo esquema: convidados patéticos, artistas de novela, cantores hediondos, enfim, mesma coisa, só falta o papagaio. MAS, aqui, a Ana Maria Braga é um HOMEM. De entristecer.
Outra característica insuportável dos homens aqui é se lamentar sobre suas relações como faz uma mulher e o pior é que pegam qualquer um para tal encheção de saco. Não dá para agüentar.
Sobre os termos traduzidos do inglês para o espanhol, é muito engraçado que aqui eles, assim como fazem os portugueses, traduzem até os nomes próprios. Por exemplo: a falecida princesa de Gales é Lady Di, escrevem igual, mas pronunciam “di” mesmo, não “daí”. O mesmo vale para príncipe Carlos (Charles) entre outros, mas a melhor dos últimos tempos foi Adolfo Hitler, muito boa.
Mais temas políticos locais. Houve um grande escândalo no país que foi a prisão do dono da maior “pirâmide” do país. Para quem não sabe, isso são aquelas vigarices de pagar um valor x, daí indicar outras pessoas, ganhar comissão sobre a indicação, enfim, um golpe do vigário. Pois resulta que essa criatura que hoje está na cadeia é mais um ilustre doador da campanha de Uribe, o Imaculado. Assim como o narcotraficante preso no Estados Unidos há um mês atrás, o gênio das pirâmides é mais um fiel ao presidente de mais de 90% de aprovação e que busca reeleição eterna e cujos filhos, ouvi essa semana no rádio, conseguiram, por puro e absoluto esforço, construir uma fortuna do nada nesses anos de governo Uribe.
Uma coisa que me escandalizou desde a minha primeira visita ao país em dezembro de 2007 e que nunca citei: aqui, quando se servem as sobremesas, dá-se leite junto, ou seja, come-se o doce COM LEITE.
Agora uma análise de comportamento. É incrível a quantidade de relações pessoais fracassadas nesse país. Sem exagerar afirmo: TODAS as amigas da Marcela têm relacionamentos sofríveis. Bom, quem conhece os homens daqui entende bem esse quadro da dor. O que resulta disso é uma repetição de lamentações intermináveis. SEMPRE que há duas ou mais mulheres juntas, é só cochicho de lamentação. Não agüento mais escutar cochichos, dá vontade de mandá-las ao venerado inferno.
Outra coisa muito irritante daqui é a hipocondria generalizada. Acreditem que, ao cumprimentar alguém, é muito comum que se pergunte se a pessoa está “aliviada” que significa não estar doente. Lamentável. Hoje mesmo de manhã eu fui obrigado a dizer: não, eu sempre estou bem, nunca fico doente. Resposta: “a, que bueno, gracias a tu Dios”.
A geografia da cidade é tão acidentada, que nem o infalível Google Maps funciona.
Esses dias fui colocar um endereço para procurar e nada. Já tinha tentado antes e nada, sempre aparece a mensagem de que é impossível localizar o trajeto.
Algo interessante daqui é ver alguns modelos de carros importados velhos. Como a importação de carros no Brasil começou apenas no governo Collor, jamais havia visto Corollas, Mazdas, Hyundais e outros orientais velhos, modelos da década de 80 e tal.
São muito feios.
Nothing more to declare, lads.
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