Oitavas-de-final Libertadores 2009

Duas coisas me chamaram a atenção nessa primeira fase da Libertadores: a baixíssima qualidade dos jogos e a patética participação do futebol argentino, o de maior tradição na competição.

O nível técnico caiu muito desde o aumento do número de participantes. Sou um fiel defensor do antigo modelo, com apenas dois representantes de cada país, o campeão e o vice. E sem mexicanos infectados, diga-se de passagem. O México não faz parte da América do Sul e consequentemente da CONMEBOL, os clubes desse país disputam outra competição continental e ainda o fato de eles não poderem ir ao Japão em caso de título é mais um fator para eles não participarem. Ademais, o México é um país horroroso.

Sobre os argentinos, há um fator determinante que pode justificar em parte essa má performance. O fato de o calendário argentino ser adequado ao europeu faz com que os clubes que representam o país não sejam os melhores do momento. Explico. O campeão do campeonato argentino vigente, não disputará a Libertadores de 2010 e sim a de 2011, assim como que os que estão disputando a edição de 2009 não são os últimos vencedores e sim os que se saíram bem em 2007. Num país vendedor de jogadores, isso influi bastante, pois um time campeão pode ter, facilmente, meio time vendido à Europa, Oriente e México e chegar fraco para a disputa continental. Infelizmente não teremos o futuro campeão local, o Vélez, na próxima disputa. O time de Liniers é o melhor da América no momento, e não creio que conseguirá chegar com esse grupo até a Libertadores de 2011.

Esse ano o River conseguiu, em meio a uma crise sem precedentes, cair fora na primeira fase em um grupo que, além do poderoso Nacional, tinha San Martín e Nacional do Paraguai. O Lanús mostrou ser ainda um clube com mentalidade de time de bairro e caiu fora num grupo também sem grandes oponentes. Para completar o desastre, o San Lorenzo, também em meio a uma crise geral, caiu fora em um grupo que tampouco tinha adversários temíveis.

Antes de analisar os confrontos, segue uma lista de destaques: o eficiente lateral-esquerdo Armero do Palmeiras; o maior goleador do futebol mundial em 2008, o argentino Lucas Barrios, do Colo-Colo que jogou nada na decisão contra o Palmeiras; Fabbro, um meia argentino que joga no Guaraní do Paraguai que tem uma habilidade fora do comum e conseguiu se destacar mesmo em um time de campanha patética; Fernández, ala do Nacional, o melhor jogador da primeira fase; seu companheiro Lougueiro, atacante de sucesso no sul-americano sub 20; Braña, volante do Estudiantes, faz dois anos que destaco o potencial desse jogador; e Souza, do Grêmio, um dos melhores da primeira fase

Com apenas dois argentinos, seguem os confrontos das oitavas:

Grêmio – San Martín: o time gaúcho não deve ter dificuldades para passar à próxima fase. O time peruano mostrou pouco na primeira fase e fechou sua participação levando 0-3 do eliminado River;

Caracas – Deportivo Cuenca: confronto interessante entre o melhor clube da Venezuela nos últimos anos e o bom Cuenca. Aposto nos equatorianos que protagonizaram dois jogos duros contra o poderoso Boca Juniors;

São Paulo – Chivas: apesar de contar com um elenco bem mais fraco que nos últimos anos, os paulistas devem passar pelo Chivas que não terá a chance nem de jogar frente a sua imensa torcida, pois o jogo será em Bogotá devido à gripe do porco;

Cruzeiro – Universidad de Chile: aposto nos mineiros que, apesar de ter um time fraco, enfrentam um adversário também frágil;

Boca Juniors – Defensor: os argentinos devem passar sem muitos problemas. O Defensor, apesar de ter vendido caro as derrotas contra o poderoso São Paulo na primeira fase, é um time muito limitado e que ainda prioriza o campeonato local;

Libertad – Estudiantes: confronto complicadíssimo, os paraguaios tiveram uma excelente campanha na primeira fase, mas o time de La Plata vem num crescente enorme desde a saída de Astrada. Passam os platenses;

Nacional – San Luis: os uruguaios passam fácil. Foi o time que melhor jogou na primeira fase e ainda tem a vantagem de jogar uma partida em casa e outra em campo neutro;

Sport – Palmeiras: talvez o confronto mais equilibrado, aposto na vitória da camisa do Palmeiras apesar de o time ser fraco, talvez inferior ao seu adversário.