Estou lendo um livro do genial pensador francês Edgar Morin sobre a educação no futuro. O quase centenário filósofo destaca a importância do “ensinar a pensar” antes de tudo. Afirma o autor que antes de ensinarmos as tradicionais matérias, devem-se ensinar técnicas de entender o mundo onde vivemos, entender a espécie humana, a sociedade e a interação dos seres entre si e com a comunidade em que vivem. Sendo assim, não devemos tachar como certo ou errado atos ou culturas que não estejam de acordo com a nossa e sim entender as diferenças culturais que caracterizam pessoas e sociedades. Evidente que esse é um pobre e breve e resumo do grande trabalho de Edgar Morin.
A obra citada me fez pensar em um “manifesto” de uma polêmica personagem, Adolf Hitler. Reli “Minha Luta” recentemente e tive a mesma sensação que tive quando a li pela primeira vez há anos atrás: há muitas coisas interessantes.
Para analisar a obra de Adolf Hitler teríamos que seguir um pouco algumas das instruções de Morin. Há de se analisar as ideias de Hitler sem preconceitos.
A primeira coisa que chama a atenção na obra é a demente mania de perseguição que Hitler tem contra os judeus. A todo o momento Hitler trata de citá-los e os culpa de todos os problemas da Alemanha. No entanto, o que mais se destaca na obra é a proximidade que algumas ideias de sociedade que Hitler tem com conceitos de movimentos e de pensadores de esquerda, principalmente nos temas relacionados à distribuição de terras. Acreditem ou não, se o MST lesse o último capítulo de “Minha Luta” SEM SABER que fora escrito por Hitler, arrancariam as páginas e levariam para as suas manifestações, ademais, votariam no autor do texto.
Além do tema “distribuição de terras”, Hitler critica severamente as elites a quem ele se refere como “burgueses judeus”. Retiremos a palavra “judeus” e seguimos na mesma linha dos movimentos e pensadores de esquerda. No tema “terras”, Hitler bate forte e edita regras que defendem as pequenas propriedades e pequenos produtores; coloca o governo à disposição de pequenos produtores oferecendo de forma gratuita toda a assessoria necessária; pune os donos de terras que não produzem com a perda de suas propriedades, entre outros. Para justificar todas essas regras, Hitler diz ser importante manter-se um campo saudável, rico e produtivo e que mantém sua população trabalhando, não fazendo com que essas pessoas vão para a cidade em busca de trabalho porque não conseguem sobreviver nas zonas rurais alemãs.
Quem tiver mais interesse, ao final da obra há uma série de pontos específicos sobre a vida na zona rural da Alemanha, um mais interessante que o outro.
A obra de Hitler apesar de se perder em alguns momentos deveria ser lida. Acho interessante saber os motivos que o levaram a fazer o que ele fez. Pode-se notar a construção do Hitler que todos nós conhecemos ao longo do livro, suas frustrações, seus ódios, seus desafetos, sua visão de mundo, sociedade e política, enfim, uma leitura válida se somos capazes de deixar os preconceitos de lado, como eu que comecei citando um judeu para falar sobre Hitler.
terça-feira, 16 de junho de 2009
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