A convocação de Dunga surpreendeu apenas a quem não acompanha futebol ou não conhece o estilo Dunga.
Todos os vagabundos ficaram de fora como já era de se esperar, a exceção de Robinho, que, não sei como, ainda mantém uma boa relação com o ditador gaúcho.
O trauma da copa passada fez com que a CBF acabasse com o clima de oba-oba tradicional que sempre rodeou a Seleção Brasileira e, então, foi instaurado o clima militar com Dunga no comando.
Essa nova atitude representou o fim da era de uma seleção dominada por marqueteiros e mafiosos como Adriano, Ronaldinho, Ronaldo e companhia. Deixou-se de lado a questão do peso dos nomes e passou-se a valorizar mais a disciplina e o futebol mostrado nos clubes.
O resultado disso é a Seleção Brasileira com menos qualidade desde que eu comecei a acompanhar copas do mundo, ou seja, desde 1994.
Analisando cada uma dessas competições, podemos comparar a questão qualidade técnica. No grupo escolhido para o mundial da África do Sul há apenas três craques: Kaká, Luís Fabiano e Dani Alves.
O melhor de todos, Kaká, vem de uma decepcionante temporada. Kaká ainda não encontrou seu lugar no circo midiático do Real Madrid, passou muito tempo lesionado e, quando jogou, pouco rendeu. Muitas vezes ficou no banco, em outras foi substituído e hoje já é visto como moeda de troca no maior time da Espanha. Vem em baixa para a Copa. No entanto, por tratar-se de um atleta exemplar e de uma pessoa com uma cabeça boa, pode reverter o mau momento e desempenhar o que se espera dele na Copa: ser o dono do time.
Luís Fabiano, apesar de jogar num time pequeno, segue fazendo gols e vem sendo o melhor atacante da Seleção Brasileira nos últimos anos. Durante toda a Era Dunga, nenhum atacante foi melhor que o ex-São Paulo.
Para completar, Dani Alves, um lateral que pode ser usado na meia devido a ausência de talento disponível nesse setor. A temporada de Alves foi excelente, foi o melhor de sua posição no mundo e joga no melhor time do planeta. Juntamente a Messi, tabela, avança, define, faz de tudo e mais um pouco. Grande arma brasileira, mas que deve estar no banco de reservas pois Maicon é o titular de Dunga na posição.
Além desses três nomes, um deserto de qualidade. Há uma excelente defesa, a melhor defesa brasileira de todos os tempos, há Nilmar que é rápido e bom definidor, mas no mais, muito pobre. Jogadores inexpressivos em nível mundial como Gilberto Silva, Josué, Felipe Melo, eleito o pior jogador do último Campeonato Italiano, entre outros. Grafite, de excelente atuação na temporada passada, mas de irregular desempenho na atual temporada foi, talvez, a única surpresa.
Em relação aos goleiros, surpreende que Dunga tenha levado Doni, reserva na Roma.
Agora começo as comparações com grupos de Copas passadas:
1994: no grupo que levantou a taça no Estados Unidos havia pelo menos cinco craques: Raí, de péssima atuação no torneio, primeiro camisa 10 brasileiro em copas a sentar no banco de reservas, Romário, Müller, que era reserva, Ronaldo, que não jogou sequer um minuto e Bebeto;
1998: Zé Roberto, Rivaldo, um dos maiores jogadores da história da seleção brasileira, Leonardo, Edmundo, Bebeto e Ronaldo;
2002: Ronaldo, Rivaldo e Kaká;
2006: Kaká, Zé Roberto, Juninho Pernambucano e Adriano.
Creio que não há dúvidas de que, analisando qualidade técnica, esse é o pior grupo desde 1994. Ao mesmo tempo há uma defesa extremamente forte e um goleiro que é o atual melhor do mundo, Júlio César.
Acredito que a principal virtude do Brasil nessa copa é sua defesa e a camiseta. O Brasil não precisa ter qualidade para vencer, pois a confiança de seus jogadores é sempre um fator extremamente poderoso e essa é uma característica que falta a seleções com muita qualidade técnica como Argentina, Inglaterra, Holanda, França e, antes da última Euro, a Espanha que parece ser, agora, depois de vencer a Euro, uma seleção madura e vencedora.
Falando em camisa, juntamente ao Brasil entra Alemanha e Itália, seleções que, por seu caráter vencedor, sempre são favoritas.
Assim sendo, divido meus favoritos a levantar a taça em dois grupos: os que têm muita qualidade e os de camisa e espírito vencedor, ou seja, de um lado os qualificados Argentina, Inglaterra, Holanda e França. Entre esses, vejo Argentina e França como os grupos mais qualificados, mas ambos sofrem com as incertezas e demências de seus técnicos; do outro Brasil, Alemanha e Itália. Desses três, vejo mais chances no combinado alemão, pois, além do caráter vencedor, há bastante qualidade, apesar da defesa frágil.
Por ser a seleção que melhor joga, a mais entrosada e por contar com talentos como Xavi, Iniesta, Torres, Fabregas, Villa, entre outros, e de estar dando a impressão que finalmente superou sua covardia do passado, a Espanha é minha seleção favorita a levantar a copa do mundo pela primeira vez em sua história. Seu pior inimigo? Lesões no final da temporada de seus principais jogadores como Xavi, Iniesta e Torres.
quinta-feira, 13 de maio de 2010
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