Depois de escrever sobre a vibrante decisão do título argentino, serei obrigado a retornar a escrever sobre o campeonato local. Apesar de já terem decidido o título há mais de uma semana, mesmo assim até o domingo passado houve emoção no país mais futebolístico do planeta.
Para quem não sabe, na Argentina não há rebaixamento direto como no Brasil e em todos os países europeus; lá é usado o sistema de médias de pontos dos últimos campeonatos. A intenção da medida é preservar grandes clubes que podem ter um ano ruim e assim mesmo manterem-se na primeira divisão. O River acabou o campeonato
anterior em último e não foi rebaixado, por exemplo.
O sistema é o seguinte: os clubes que têm as duas piores médias são rebaixados e o antepenúltimo e 4º pior disputam o “Ascenso”.
Na segunda divisão a mesma coisa: os dois melhores sobem e o terceiro e quarto disputam o mesmo Ascenso contra dois times da primeira divisão.
Os dois times da primeira divisão jogam por dois resultados iguais e decidem em casa.
Esse ano caíram, de forma direta, San Martín e Gimnasia de Jujuy e subiram Chacarita e Atlético Tucumán. Na disputa do Ascenso, Gimnasia de La Plata x Rafaela e Rosario Central x Belgrano.
Nessa segunda disputa, o grande Rosario Central, time de Che Guevara e Fito Páez, ganhou a ida em Córdoba e, em um jogo terrivelmente nervoso e de baixa qualidade técnica, empatou em casa 1-1 garantindo sua permanência na primeira divisão. No entanto é o outro confronto que merece mais atenção.
O jogo de ida em Rafaela acabou 3-0 para o time da casa o que obrigava os platenses a ganhar no jogo de volta por 3-0 para garantir-se na divisão especial. Para piorar os ânimos, o arquiinimigo dos Piratas, o Estudiantes, está disputando nada mais nada menos que a final da Libertadores.
O jogo de volta foi realizado nesse domingo e foi inesquecível.
Era visível o nervosismo do time da casa no primeiro tempo; havia uma insistência de bolas altas, mas nada de jogadas trabalhadas. Houve mais chances para o visitante que complicou bastante nos contra-ataques.
A primeira parte terminava em um triste 0-0 e a pressão em cima do time de La Plata aumentava juntamente com a dificuldade de reversão do placar do primeiro jogo.
Metade do segundo tempo havia passado e nada, placar em zeros. Para piorar, o Gimnasia teve dois jogadores expulsos e jogava com apenas nove guerreiros desesperados em campo.
Eis que aos 27 minutos da etapa complementar, num erro da defesa adversária, sai o primeiro gol do Gimnasia. O grau de impossibilidade de reversão do marcador é tanto que muitos torcedores, tomados pelo nervosismo, mal comemoravam.
Diferentemente do esperado, o Gimnasia não conseguiu impor uma pressão esperada após o primeiro gol. Notava-se que os jogadores acreditavam, disputavam cada bola como se fosse a última, mas faltava clareza ao time local. Quem seguia criando chances devido ao desespero do time local era o Atlético, que teve pelo menos duas chances claríssimas para matar o jogo. No entanto, aos 44 minutos, bola alçada na área, gol do Gimnasia, 2-0, estádio em polvorosa, ambas torcidas perplexas, mãos na cabeça, jogadores do Gimnasia gritando uns com os outros, bola no centro. Outro ataque, dois minutos depois e o improvável acontece, 3-0, outro gol de cabeça, apoteose geral no estádio, homens de 30, 40, 50, 60, 70 anos chorando como crianças, torcida do Rafaela estática, sem esboçar qualquer reação, lágrimas por todos os lados, desde o banco de reservas do Gimnasia até os próprios jogadores em campo.
Para completar, ainda havia alguns minutos de jogo e o Rafaela chegou a ter uma falta próxima da área que levou perigo ao gol do Gimnasia.
Apito final. Quem pensava que a final do campeonato havia sido suficientemente emocionante, ignorou o fato de se tratar do Campeonato Argentino, onde emoção, paixão e fanatismo inigualável estão presente desde o primeiro jogo até a decisão do Ascenso.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
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