terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Dezembro Infernal

O mês de dezembro remete, inevitavelmente, ao Natal e ás festas de fim de ano. Goste-se ou não dessa época, inevitável associar o mês de dezembro a essas comemorações.

Em Medelín, para quem me acompanha acrescento a palavra “obviamente”, esse mês não é exatamente associado ás festas tradicionais de fim de ano, senão ao fim dos tempos.

Sim, dezembro aqui é uma pequena grande amostra do que seria o apocalipse. Não há necessidade de ir ao cinema suportar aquele cheiro nojento de pipoca para ver o filme 2012 e ter uma ideia de como seria o nosso fim. Venha á Medelín!

Medelín é uma cidade com excessiva violência urbana. O povo insanamente regionalista daqui sempre se defende dizendo que na época do Cartel de Medelín era pior. Bom, dizer isso é comprovar inteligência comparando-se com a Luciana Gimenez. Antes havia bombas diárias e corpos dilacerados pelas calçadas, ou seja, não é um parâmetro válido de comparação.

O fato é que Medelín, em um fim de semana, é terra de ninguém. O motivo? O povo daqui não sabe desfrutar algo sem entorpecer-se até o ponto da inconsciência e, para completar, o entorpecente usado é nada mais nada menos que cachaça, a bebida nacional.

Dezembro aqui é como um mês com 31 fins de semana. Não há aquela ideia de que Natal é uma festa familiar. Natal aqui é sinônimo de autodestruição, de sair para tomar cachaça até atingir inconsciência todos os dias. Dezembro é sinônimo, em poucas palavras, de inferno nessas terras de ninguém.

Para completar o quadro da dor, houve a final do campeonato colombiano entre um time da cidade, o Independiente e o Huila. Nem preciso salientar que futebol, também, é sinônimo de destruição. Não se aprecia o esporte, não se torce por um time, senão que futebol é (mais) um motivo para se destruir.

Juntou-se tudo, tudo em dezembro, final de campeonato e o – agora o considero maldito – Natal. O clima era, como já se podia esperar, de guerra.

O trânsito da cidade que naturalmente já é um caos fica simplesmente impossível. Há índios por todas as partes, um formigueiro e, para agravar ainda mais a situação, o povo é ainda mais selvagem atrás de um volante. O trânsito em Medelín apenas confirma duas ideias que sempre tive:

1. O avanço tecnológico, carros são um exemplo, não funciona quando usufruído por índios e/ou cidadãos inferiores;

2. Os espanhóis deveriam ter matado TODOS os índios ou nunca tê-los sacado das florestas. Homens brancos e índios nao podem conviver no mesmo habitat.

Para piorar ainda mais o maldito trânsito já caótico em situações normais, pior em dezembro, o estado fecha avenidas para que as pessoas possam olhar as malditas luzes de Natal que são colocadas todos os anos na orla do rio que cruza a cidade. Nem preciso dizer o resultado dessa inteligentíssima ação do setor público.

A trilha sonora tampouco poderia ser deixada de lado. Assim como o trânsito que já é caótico todo o ano, a música aqui é deprimente 365 dias ano. No entanto, não poderia faltar a música específica de Natal. Alguns já devem estar pensando: eu também detesto música de Natal. Não, não estou me referindo a jingle - Bells e coisas do gênero, lembrem-se que aqui o Natal não tem aquele espírito familiar chato e muitas vezes cafona que temos aí. A música natalina aqui é uma incitação á cachaça, as letras apenas convidam para o aumento da autodestruição, é, se é que se pode descrever um estilo musical, uma mescla dos dois piores ritmos do mundo, reggaeton e a música sertaneja deles que, vale ressaltar, consegue ser pior que a música sertaneja brasileira.

Mas o caos não se manifesta apenas no trânsito. Em um semáforo, por exemplo, vi dois homens discutindo com facas em punho.

Outra história incrível foi na minha ida (sim, mais uma) á casa de campo da Marcela.

Um trajeto de 80 km que demoramos cerca de três horas. Não há mais, e juro que não estou exagerando, de 100 metros sem que seja curva. Muita gente daqui mesmo fica enjoada do estômago nesse trajeto.

Pois na metade do caminho o trânsito para. Esperamos cerca de 15 minutos até que, no sentido contrário, passa um caminhão com um homem metido pela janela. Sim, o cara aparentemente saltou dentro do caminhão pela janela do passageiro, suas pernas saíam pela janela e ele ameaçava com um objeto metálico, que não consegui identificar, o motorista. Incrível, mais um momento que eu pensei: onde estou?

Depois de um tempo os carros começaram a se mover. Vimos uma moto no chão que provavelmente foi atropelada pelo caminhão o que causou o contra-ataque do motoqueiro. Incrível.

A nossa ceia natalina foi um churrasco estilo americano, de bifes com batatas, já que aqui não se tem a tradição de ceia de Natal, com peru e tal.

Pela tarde antes do churrasco fui ao estádio da cidade ver uns jogos de futebol do torneio local. Muito engraçado, todas as faltas o juiz expulsava os caras. Nas arquibancadas eu era o único homem caucasiano. Todos os interioranos bebiam fervorosamente mesmo sendo 14h e qualquer fêmea que ousava se levantar era assediada sem perdão pelos presentes.

No centrinho do povoado, também vários quadros da dor. As “discotecas” locais são dos ambientes mais deprimentes que já vi. Em plena tarde, 30 graus, solaço, se vê alguma porta de comércio mais escura. Olha-se para dentro e lá estão, os malditos camponeses bebendo. Numa delas tive que rir. Havia um casal dançando algum desses ritmos latinos nojentos que não diferencio, salsa, merengue, um deles. O cara pegando na cintura da guria, dançando...a guria com um gorro de Papai Noel na cabeça...tive que rir sozinho da desgraça para não chorar.

Bom, pelo menos tenho no meu currículo um Natal em Nova Iorque e três na Inglaterra.

sábado, 26 de dezembro de 2009

O Ser Humano Mais Asqueroso do Mundo

Essa semana conheci o ser humano mais asqueroso do mundo.

Fui á Universidad de Medellín juntamente com o pai de um amigo. O senhor que me acompanhava é amigo de infância do ser humano mais asqueroso do mundo que por sua vez, e não me perguntem como, é diretor dessa instituição.

Quem me acompanhava era um senhor de bom coração. Deprimido, recém divorciado pela segunda vez, é daquelas pessoas que como um cão abandonado se entrega de corpo e alma ao primeiro que lhe estende a mão, que lhe ouve. Visivelmente judiado pelo segundo fracasso pessoal, soma-se a esse infortúnio as idas de seus dois filhos para a Austrália. Assim sendo, solidão e amargura são os principais acompanhantes desse bom homem.

O ser humano mais asqueroso do mundo é daquelas figuras em que o nojo vem á tona exatamente no momento exato em que se olha para ele. Índio gordo, com farta papada esturricada em um terno e gravata, tem aquela imagem de político nordestino, daqueles caras que tu bates o olho e sabe que não vale o que come.

Por baixo do terno uma camisa rosa, arma típica de homens velhos que querem transparecer e vender a imagem de que são jovens. Mas o pior de tudo era o seu perfume. Ao entrar na sala do dito cujo, me senti sufocado por esse perfume que cheirava como aqueles desodorantes baratos e bagaceiros que fazem campanha publicitária dizendo que, ao usar o produto, mulheres irão jogar-se aos pés de quem está usando.

Mas pior do que sua aparência de Paulo Maluf indígena é a sua pessoa, a sua nojenta personalidade.

Como os dois sujeitos eram amigos de infância, inevitável que colocassem os assuntos em dia antes de tudo. Como aqui tudo gira em torno dos relacionamentos amorosos, logo chegaram a esse tema. O pai do amigo com voz abatida narrava sua má experiência no segundo casamento recém findado enquanto que o sapo gordo vomitava palavras de apoio ao amigo. Dizia ele que o casamento era a pior coisa do mundo, que desde o seu divórcio sua vida está uma maravilha. Vociferava com patética autoridade, narrava suas experiências sexuais pós-casamento e dizia que nem louco voltava a se casar.

Do outro lado um homem desanimado, que não se mostrava muito convencido sobre o que escutava. No entanto, nada detinha o homem pseudofeliz de vida nova. Dizia ele que nada melhor que trabalhar numa universidade para poder comer guriazinhas novas, que não existia nada melhor que isso. O pai do amigo, outrora professor nessa universidade, já havia anteriormente manifestado desejo de voltar a lecionar, e essa intenção foi usada como estímulo para o homem mais asqueroso do mundo voltar a tentar animar o amigo de infância. Dizia ele que sim, ele deveria voltar a lecionar para ingressar no mundo de homem-gordo-infeliz-asqueroso-comedor-de-alunas-da-universidade, que essa era a melhor vida que ele poderia ter depois de dois insucessos em suas relações pessoais.

Onde estava eu nessa história? Mudo, eu apenas o analisava e escutava aquele suíno falar. Saímos da sala e fomos dar uma volta pelo campus. O leitão engravatado seguia listando seus logros, suas façanhas, volta e meia falava de algum parente que morava na Espanha ou no Estados Unidos, típicos destinos de hispânicos fracassados, mas logo voltava a olhar as guriazinhas com seu olhar de lascívia, como que tentando nos fazer crer que alguma delas algum dia aceitaria sequer sentir o aroma de sua água de colônia barata. Para parecer sofisticado, narrava suas férias em algum destino cafona como Miami ou Las Vegas e voltava a citar a irmã habitante de Houston que provavelmente deveria ser a empregada doméstica de algum membro da Ku Klux Klan.

Infelizmente não sou tão bom ao ponto de conseguir sentir pena de uma pessoa assim.

A cada palavra que salia de seu focinho, meu asco por ele aumentava ainda mais.

Mas se há algum sentimento que poderia ser sugerido em relação a ele, seria pena. É fruto de um novo tempo onde tudo está mal, tudo vai de mal a pior, cada geração é pior que a anterior, cada ser humano que nasce tende a ser pior que o outro. Cada vez se deixa de ser criança mais rápido e se é adolescente por mais tempo.

Valorizamos mais um homem de 50 anos que supostamente come guriazinhas em uma universidade do que um homem que mantém ou que gostaria de ter uma família.

Nossa caminhada terminou, me dirigi ao centro de idiomas da universidade e fui obrigado a dizer, envergonhado, que era indicado pelo homem mais asqueroso do mundo no momento de minha apresentação. Assim sendo, senti-me um dos homens mais asquerosos do mundo.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Oitavas Champions League

Lyon vs Real Madrid

Depois de ganhar sete títulos franceses consecutivos, o Lyon perdeu sua hegemonia para o Bordeaux e parece estar fora dos trilhos e longe do atual líder do campeonato. Licha López segue sendo a principal arma, mas aposto nos espanhóis apesar de estarem mostrando o futebol que era esperado depois dos milhões de euros gastos em contratações.

AC Milan vs Manchester U

Apesar da inesperada recuperação do time de Leonardo e das boas atuações de jogadores importantes como Seedorf, Nesta e Pato, não acredito que os milaneses farão frente ao Manchester U apesar de que o time de Ferguson atravessa um momento complicado.

Porto vs Arsenal

Os portugueses vêm de derrota no clássico contra o Benfica e de uma temporada irregular enquanto que o time de Wenger atravessa um bom momento e se aproxima do líder Chelsea no campeonato inglês. Aposto no Arsenal, mas acredito que será muito acirrada a disputa.

Bayern Münich vs Fiorentina

Depois de quase cair na primeira fase, o maior clube do mundo conseguiu uma fantástica goleada contra a poderosa Juventus de visitante e também está em franca recuperação na Bundesliga. Do outro lado estará a Fiorentina que surpreendeu ao deixar o Liverpool fora, mas que está mal no Calcio e aposta suas fichas no excelente Gilardino. Não titubeio ao colocar todas minhas fichas nos bávaros.

Stuttgart vs Barcelona

Quando o tema é Barcelona, de Messi, Xavi, Henry, Iniesta e Ibra, sinto pena dos adversários.

Olympiakos vs Bordeaux

Um dos dois confrontos sem a participação de gigantes, veremos o Olympiakos, time grego de torcida apaixonada e que conta com alguns argentinos de talento como Galletti. Do outro lado vem o Bordeaux, atual campeão e atual líder do campeonato francês que vem muito bem e surpreendeu com uma campanha impecável na primeira fase que contou inclusive com vitória contra o Bayern na Alemanha. Aposto nos franceses.

Inter Milan vs Chelsea

Mais uma vez o rico elenco do time milanês fica de fora de uma final de Champions. Não fará frente ao Chelsea, melhor time do momento juntamente ao Barcelona. Aposto no impressionante momento que vivem jogadores como Essien, Lampard e principalmente o matador negro Drogba. No lado milanês também muito talento que pode surpreender-me como a dupla mortal Eto´o e Milito.

CSKA Moscou vs Sevilla

A equipe andaluz classificou-se com muita facilidade em um grupo razoavelmente fraco. Tem excelentes jogadores como Luís Fabiano e Kanouté e acredito que pode ser um time que irá incomodar os poderosos mais adiante. Passa pelo CSKA com certa facilidade, apesar que destaco o craque sérvio Krasic que jogou muita bola na primeira fase e pode surpreender.

Classificados:

Real Madrid, Manchester U, Arsenal, Bayern Münich, Barcelona, Bordeaux, Chelsea e Sevilla.

Eliminados:

Lyon, AC Milan, Porto, Fiorentina, Stuttgart, Olympiakos, Inter Milan e CSKA Moscou.

domingo, 20 de dezembro de 2009

O Fim

“Se a Humanidade acabar, não se perde nada”.

Essa frase é de Nélson Rodrigues, o famoso poeta ranzinza e, nesse momento de convenção em Copenhagen, é uma frase extremamente propícia.

O ser humano é, antes de tudo, um animal extremamente egoísta. Imagens e dados sobre as mudanças da temperatura no mundo e suas graves conseqüências alarmam muita gente.

No entanto, essas pessoas que se preocupam com essas informações estão preocupadas, antes de qualquer outra coisa, consigo mesmas.

A preocupação não é com a terra, com o planeta Terra, é com os nossos umbigos.

Imaginamos-nos flutuando em um monte de merda, atolados na merda, afogados pelo mar ou assados pelo calor do aquecimento global. É uma preocupação individualista e egoísta.

Se pensarmos de uma maneira não tão egocêntrica, analisando o fim dos tempos, o fim da raça humana não como a nossa própria morte, veremos que o fim da Humanidade seria o maior bem possível, o melhor presente a ser dado para a Terra.

Seria, através de uma tacada só, o fim de problemas vistos como impossíveis de serem resolvidos como fome, doenças, corrupção, exploração infantil, violência, racismo, guerras, cobiça, ignorância, analfabetismo, desigualdades, promiscuidade, maus hábitos, consumismo, desmatamento, poluição, estupros, novelas, Igreja, Paulo Coelho, música sertaneja, livros de auto-ajuda, cafonice, drogas, álcool, desperdícios, injustiças, televisão, prostituição, emissão de gases poluentes, ursos polares morrendo afogados, queimadas, buraco na camada de ozônio, efeito estufa, pragas, vírus, bactérias, aumento dos preços dos alimentos gripes animalescas, lixo etc.

Todas essas coisas acabariam conjuntamente a Humanidade. Em mais ou menos mil anos, segundo o documentário “A Terra Sem Humanos” do History Chanel, a maioria do legado deixado pela Humanidade estaria destruído e aniquilado pela natureza que, por sua vez, voltaria a dominar a Terra assim como fez após cada um dos períodos glaciares.

O mundo estaria livre para começar de novo. Mais uma chance seria dada. Teria a Terra mais uma oportunidade de funcionar, de dar certo.

A grande questão é que ninguém crê que esses problemas sejam mais importantes que as suas próprias e patéticas vidas. Assim sendo, ninguém deseja o fim do mundo. Vale à pena manter essa merda funcionando com todas suas injustiças, desigualdades, promiscuidade, drogas, álcool...

Pois eu acho que o fim seria melhor. Evidentemente é triste saber que não há uma seleção, todos e tudo findariam. Mas esse é o preço. Coisas boas se perderiam. A Charlize Theron morreria. O futebol acabaria. Houellebecq pararia de escrever.No entanto,toda revolução, toda mudança para melhor é feita em cima de sacrifícios e perdas. As imagens da superprodução 2012 são, talvez, agonizantes, terríveis, mas esse drama é um dos preços a serem pagos.

Infelizmente nada acabará assim em 2012. Infelizmente nada concreto sairá de Copenhagen. Não acredito em sacrifícios realizados por donos do poder. Talvez somente com o fim do petróleo algo possa ser feito, mas talvez será tarde.

Se fosse como a bobagem 2012, seria, ao menos, rápido. No entanto, pelo que vemos, será um fim em doses homeopáticas ou, para piorar, sem fim, simplesmente viveríamos em um mundo ainda pior.

Eu queria um 2012 sem Will Smith nem Bruce Willis para nos salvarem.

O mais curioso: os ratos sobreviveriam.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Primeiros Prognósticos Copa do Mundo 2010


O sorteio foi justo. O grupo da África do Sul que partiu como o mais fraco devido ao cabeça de chave foi reforçado pela França e Uruguai, dois campeões mundiais e equiparou-se em nível com os demais grupos pois a África do Sul é a cabeça de chave de fato, mas a França é a cabeça de chave em termos de qualidade. O México é o mais tradicional time da CONCACAF e o Uruguai é uma seleção com experiência em copas e bicampeão mundial. Em resumo, o grupo que partiu como mais fraco acabou sendo o mais complicado.

Muitos dizem que a fase de grupos não é importante e que estar em um grupo da morte não acarreta muitos problemas caso as grandes seleções venham a se classificar. Não concordo. Uma seleção poderosa que cai em um grupo da morte como a Argentina em 2006, passa de fase, mas chega com desgaste ás oitavas. O Brasil vai precisar jogar bola se quiser passar de fase desde o primeiro jogo e isso, em um torneio de um mês com acúmulo de jogos, com jogadores vindos de um final de temporada desgastante, é decisivo. Diferentemente de 2002, por exemplo, onde o Brasil jogou a meia velocidade na primeira fase, dessa vez, caso passe, chega judiado nas oitavas, pois terão que suar para se classificar.

Segue os meus prognósticos para todos os grupos e, entre parênteses, o nome do jogador de destaque.

Grupo A

África do Sul (Pienaar, Everton – Inglaterra)
México (Vela, Arsenal – Inglaterra)
Uruguai (Forlán, Atl Madrid - Espanha)
França (Ribery, Bayern Münich - Alemanha)

Posições finais: França, México, Uruguai e África do Sul.

Grupo B

Argentina (Messi, Barcelona - Espanha)
Nigéria (Martins, Wolfsburg - Alemanha)
Coreia do Sul (Park, Manchester U - Inglaterra)
Grécia (Senderos, Celtic - Escócia)

Posições finais: Argentina, Nigéria, Coreia do Sul e Grécia.

Grupo C

Inglaterra (Lampard, Chelsea – Inglaterra)
Estados Unidos (Donovan, Los Angeles Galaxy – Estados Unidos)
Argélia (Matmour, Borussia MG – Alemanha)
Eslovênia

Posições finais: Inglaterra, Argélia, Estados Unidos e Eslovênia.

Grupo D

Alemanha (Ballack, Chelsea – Inglaterra)
Austrália (Neil, West Ham U – Inglaterra)
Sérvia (Stankovic, Inter Milan - Itália)
Gana (Essien, Chelsea - Inglaterra)

Posições finais: Alemanha, Sérvia, Gana e Austrália.

Grupo E

Holanda (Van Persie, Arsenal - Inglaterra)
Dinamarca (Agger, Liverpool - Inglaterra)
Japão (Nakamura, Español – Espanha)
Camarões (Eto´o, Inter Milan - Itália)

Posições finais: Holanda, Camarões, Dinamarca e Japão.

Grupo F

Itália (Pirlo, AC Milan - Itália)
Paraguai (Cabañas, América - México)
Nova Zelândia
Eslováquia (Ramsik, Napoli - Itália)

Posições finais: Itália, Paraguai, Eslováquia, Nova Zelândia.

Grupo G

Brasil (Kaká, Real Madrid - Espanha)
Coreia do Norte
Costa do Marfim (Drogba, Chelsea - Inglaterra)
Portugal (Cristiano Ronaldo, Real Madrid - Espanha)

Posições finais: Costa do Marfim, Brasil, Portugal, Coreia do Norte.

Grupo H

Espanha (Xavi, Barcelona - Espanha)
Suíça (Senderos, AC Milan – Itália)
Honduras (Suazo, Inter Milan - Itália)
Chile (Valdivia, Hertha BSC - Alemanha)

Posições finais: Espanha, Chile, Suíça, Honduras.

OITAVAS-DE-FINAL

França x Nigéria
Inglaterra x Sérvia
Alemanha x Argélia
Argentina x México
Holanda x Paraguai
Costa do Marfim x Chile
Itália x Camarões
Espanha x Brasil

QUARTAS-DE-FINAL

Holanda x Costa do Marfim
França x Inglaterra
Argentina x Alemanha
Itália x Espanha

SEMIFINAIS

Inglaterra x Holanda
Argentina x Espanha

FINAL

Inglaterra x Espanha

CAMPEÃO

Espanha

Clubes com jogadores indicados como destaque de suas seleções:

Chelsea – 4
Inter Milan – 3
Arsenal, Barcelona, AC Milan e Real Madrid – 2
Everton, Atl Madrid, Bayern Münich, Wolfsburg, Manchester U, Celtic, Los Angeles Galaxy, Borussia MG, West Ham U, Liverpool, Español, América, Napoli e Hertha BSC – 1

Países onde mais jogadores destacados atuam:

Inglaterra – 10
Itália e Espanha – 6
Alemanha – 4
Escócia, Estados Unidos e México - 1

domingo, 29 de novembro de 2009

A mão que manipulava o catálogo


Essa semana vi algo deveras repugnante aqui. Dessa vez há nada ligado ao narcotráfico e sim é um fato que resume um pouco o nível de metrossexualidade dos “homens” daqui.

Estava eu em uma sala de espera, obviamente, esperando. Estava nessa sala já há uns 15 minutos o que é uma eternidade quando se está fazendo absolutamente nada. A única opção de leitura não era uma Caras de maio de 1867 com o Francisco Cuoco de sunga na beira da piscina de sua casa e sim um catálogo de vendas de roupas femininas. Para completar, o ambiente no qual eu esperava era um ambiente tipicamente colombiano: encerrado e sem ar condicionado.

Com um olhar perdido no curto horizonte, me deparo com algo extremamente brilhoso que ofuscou minha retina. Acreditem ou não, o brilho provinha de uma mão MASCULINA com unhas pintadas.

Não bastasse a mão de unhas perfeitamente pintadas, todas as suas unhas eram extremamente bem “feitas”! Digo isso para deixar bem claro que não se tratava de um emo ou de um roqueiro com unhas pretas. Não havia uma cutícula, uma pele extraviada fora do lugar, tudo era impecável, harmonioso. A mão desse homem de terno e gravata parecia a mão de uma matrona perfumada e de rosto empedernido. Via, na mão desse “homem”, a mão de alguma tia-avó já (felizmente) falecida.

Quem é leitor regular, sabe que essa repugnante característica de homens pintando unhas não é algo considerado bizarro aqui. Descrevi há algum tempo atrás a seguinte cena que irei contar novamente.

Na casa de uma amiga da Marcela, mulheres conversavam sobre uma determinada senhora que fazia as unhas delas. Disse a dona da casa:
“Quando ela (a manicure) vem aqui, ela faz as minhas unhas, a da minha irmã e do meu MARIDO”.

Sim, DO MEU MARIDO!

E ela disse isso sem constrangimento algum, nem fez uso da discrição já que estava em frente a um homem de verdade como eu. Simplesmente, com a maior naturalidade do mundo, como se esse marido tivesse tanto direito de ter suas unhas “feitas” quanto ela e sua irmã.

O fato era que eu não conseguia sacar meus olhos daquelas mãos que, para completar, para torná-las ainda mais femininas, manuseava com destreza um catálogo de roupas para mulheres.

A cada giro ou volteada que essas imaculadas mãos davam no catálogo de roupas femininas, novos raios de brilho espalhavam-se pelo recinto. Acho que nem piscava observando aquelas mãos.

Após alguns minutos, resolvi retirar-me derrotado do recinto. Onde o mundo iria acabar, perguntava-me.

Dias depois, um jovem homossexual de olhos pintados em seus contornos fitou-me na entrada de um condomínio residencial.

Mais perigoso que a mudança climática, é a mudança de comportamento nesse planeta doente.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Não Dá Mais



Já comentei sobre o terrível hábito colombiano de ir a “fincas” em seus tempos livres. Como Medelín fica muito longe do mar, a população opta por ir a casas de campo ao invés de deslocar-se até o longínquo litoral. O programa pode ser mais bem compreendido se considerarmos que quase ninguém mora em casas, a cidade tem pouco espaço e muita gente e sobra pouco espaço para casas, ou seja, todo mundo mora em apartamento e a ida a casa de campo é como desfrutar de algum tempo em uma casa e não socado em um apartamento minúsculo e quente.

Nas duas vezes que vim à Colômbia pude conferir esse hábito e agora, como cidadão local, sigo na mesma.

Nesse texto irei narrar duas experiências lamentáveis minhas de ida ao campo. Começo pelo menos terrível e concluo com a pior.

Há algumas semanas atrás, uma guria que trabalhava com a Marcela a convidou para ir a uma casa de campo com outras três ou quatro mulheres, no men allowed. O plano devia consistir em um encontro de mulheres vulgares bebendo cachaça e ouvindo música-lixo por um fim de semana inteiro, falando de homens e quão frustradas se encontram atualmente.

Antes de seguir a história, essa guria que fez o convite, Caren, é uma guria humilde, uns 30 anos, mãe solteira (o pai da criança morreu), estilo barraqueira, fala alta, em resumo, aquele tipo de mulher que briga com mulher, que sai no soco, inclusive, em algumas oportunidades, foi a vias de fato em seu antigo ambiente de trabalho. Suburbana.

Resulta que ela não mantém boas relações diplomáticas com seus pais. A mãe, desde que ela saiu de casa e foi morar com o namorado, foi embora de casa e foi morar com uma tia, onde gasta seu tempo cheirando cocaína com o sobrinho, que, antes da chegada da tia à casa, estava tentando reabilitar-se.

O pai, nunca sequer jamais tinha ouvido falar. Pois Caren resolveu reatar relações com o pai que mora em uma casa de campo no meio do nada e, sem nem esperar “conhecer” bem o seu “novo” pai, fez esse convite.

A Marcela disse que não iria a lugar algum sem mim, e, devido à devoção e o eterno agradecimento pela oportunidade de trabalho dela para com a Marcela, mudou os planos e sim, fomos os dois mais o namorado dela que primeiramente não iria.

Chegando lá pela noite, a imagem já esperada. Mulheres suburbanas embriagando-se e escutando música sertaneja. Contive a vontade de vomitar e me preparei para a janta, já que foi prometido um suposto “churrasco”. Comi dois bifes que mais pareciam uma sola de sapato e, para piorar o drama, não fazia muito tempo que havia retornado de Porto Alegre, ou seja, foi inevitável a comparação entre as carnes.

A Marcela e eu estávamos extremamente cansados e resolvemos nos recolher após a desagradável refeição. Caren muito amavelmente nos havia separado a melhor cama da casa, a cama do pai que supostamente não voltaria a casa para dormir, pois saiu demente, alcoolizado, após discutir com a filha. Evidentemente recusamos a amável oferta e a segunda opção era no chão, em cima de um par de edredons.

A noite era infernal, obviamente não conseguiria dormir devido ao desconforto e à música alta e detestável. Alternava o pensamento fixo no suicídio com a alternativa de matar a todos. Para completar, alguns faziam brincadeiras como entrar nos quartos e puxar os cobertores de quem estivesse (tentando) dormir. Que engraçado, ah, o humor colombiano... Um espetáculo de horror causado pela infernal característica da Marcela de não querer ferir ninguém, querer agradar a todos.

No meio da noite, chega à casa o pai. Se há de se buscar algo positivo nesse inferno, comemorei o fato de não ter aceitado o convite de dormir na cama do homem.

A chegada foi ruidosa e amedrontadora. Mais alcoolizado do que já estava antes de sair de casa, gritava impropérios, resmungava e discutia com o namorado da filha. Cambaleando, se atirou em um colchão que estava justamente no mesmo espaço em que eu e a Marcela estávamos. Vale à pena também destacar que o homem em questão tinha atritos com a filha porque, na visão dele, ela o abandonou quando ele foi para a...CADEIA.

Falava sozinho, gritava palavras de ordem e ameaçava de agressão o namorado da filha. Em um momento se levantou, pegou uma garrafa na cozinha e a atirou ao solo quebrando-a. Nem preciso dizer que a Marcela se encontrava apavorada nesse momento e arrependida pela merda que havia feito.

O homem voltou-se a deitar-se, mas não durou muito. Mais uma vez se levanta babando de raiva e vai em direção à cozinha com a intenção de matar o namorado da filha.

Nesse trajeto passa pelo nosso arremedo de cama e pisa na perna da Marcela. Digo que isso felizmente aconteceu, pois fez com que Jesus Cristo, perdão, fez com que a Marcela desistisse da empreitada e, às 2h, resolvesse ir embora.

Saímos corridos da casa em meio a pedidos de desculpas por parte de Caren e rumamos para Medelín.

Já em Medelín descobri o motivo dessa ida à cadeia do velho homem. Homicídio.
Meu Deus.

Duas semanas depois a Marcela apronta outra para mim.

À outra casa de campo!

Dessa vez iríamos à casa de um amigo do namorado de uma ex-colega de colégio. Essa guria em questão, para aqueles que me acompanham, é a sobrinha do presidente Uribe, cujo tio é um mega narcotraficante que vive no México que, segundo a sua própria IRMA, “é mais terrível que o Pablo Escobar”, palavras da I-R-M-A.

Enfim, para lá fomos. Uma bela casa, tudo parecia estar, dessa vez, dentro do aceitável, até a música não era sertaneja ou reggaeton, o que já deve ser comemorado como uma vitória nessas terras de gosto tão, vamos dizer assim, “peculiar”.

Estávamos os quatro sentados conversando em frente à piscina quando começo a desconfiar da profissão do namorado da amiga esse.

Sabem aquele papo típico de esquerdista defensor dos direitos de países pobres? Pois é. Se um europeu diz que todo colombiano é narco, sempre vai aparecer um e dizer que isso é preconceito, injustiça, racismo...

Eu não digo que todos são, mas MUITOS são, demais da conta.

O cara esse é e engenheiro agrônomo de plantação de cocaína nas cercanias de Bogotá.

Excelente.

Antes de seguir vale a pena destacar o fator “maria do pó” dessa ex-colega da Marcela, pois além de ser sobrinha de um narco, era casada com um cara cujo tio era traficante e agora de novo, com um engenheiro. O próximo quem será, um integrante da Camorra? Aliás, falando no tio narco, ele apareceu em Medelín e foi visitá-la na casa de sua mãe, irmã dele. Segundo ela, ele fez tantas plásticas no rosto que não o reconheceu, bem estilo do nosso colombiano adotado, o famoso Carlos Abadia.

E o papo era bom. Dizia o cara que eu me parecia muito com o sobrinho do Pablo Escobar, seu amigo e que está morto. Aliás, 90% das pessoas citadas pelo cara em suas conversas estavam mortos.

Depois começou a filosofar sobre uma possível “maldição” que atormentava os plantadores de heroína. Dizia ele que trabalhar com heroína condena o futuro, todos acabam em alguma tragédia.

Também filosofou sobre matar ou não matar determinada figura e por aí foi.
Nesse meio tempo eu apenas esperava homens entrando pela casa com metralhadoras em punho e acabando com a minha vida patética.

Meu Deus.

Outras duas semanas depois, outra “finca”. Às 22h passamos nada mais nada menos que pelo bairro mais violento de Medelín, ou seja, um dos mais violentos do mundo, mas, felizmente, depois desse aperto, nada passou.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A vida é uma novela

A Rede Globo é reconhecida por ser a maior emissora de televisão da América Latina.

Além desse reconhecimento, tem a fama de “fazer escola”, ou seja, servir de exemplo e parâmetro para outras emissoras do continente.

Dizem que a Televisa, segunda maior potência midiática do continente, é uma cópia fiel da gigante brasileira, no entanto, felizmente, jamais morei no México para poder conferir isso de perto.

No entanto, me considero apto a analisar a maior rede de televisão colombiana, a RCN.

Para quem tiver preguiça de ler tudo, resumo: é, basicamente, o mesmo lixo que é a Globo, mas com produções ainda piores devido a artistas que conseguem a façanha de serem ainda PIORES do que os brasileiros.

A semelhança que mais salta aos olhos é a grade de programação. É basicamente idêntica a da Globo. De manha, ao invés de Ana Maria Braga e seu papagaio, eles têm “Muy Buenos Días” que é um programa muito semelhante ao da socialaite brasileira, mas tem um pequeno e vexatório detalhe: é apresentado por um homem. Para quem não acompanha o Blog, vale lembrar que é impressionante a quantidade de características femininas que os homens daqui têm e esse fator acaba de certo modo justificando a escolha de um homem para ser a Ana Maria Braga colombiana. Os homens aqui gostam de fofocas, de novelas, reparam nas roupas e cortes de cabelos dos demais, entre outras características extremamente femininas.

Voltando ao programa, a velha fórmula vazia para mentes pobres recém postas a funcionar: artistas (de novelas) convidados, papo furado, superficialidades, fofocas de celebridades...nada mais adequado para o seu público alvo, donas de casa
colombianas com absolutamente nada na cabeça além de acompanhar novelas.

O vício por novelas faz com que os brasileiros sejam considerados anti-noveleiros de carteirinha. Somente na parte da manha, pasmem, há DUAS novelas, mas isso não é nem a ponta do iceberg. Além dessas duas doses matinais, há mais...O-I-T-O novelas que se espalham como vírus suínos pelos períodos da tarde e da noite. Oito! Querem saber os nomes para rirem um pouco? Lá vai:

1. La Usurpadora;
2. La Rosa de Guadalupe;
3. El Fantasma del Gran Hotel;
4. Las Detectivas Y El Victor;
5.El Capo;
6. Verano En Venecia;
7. En Nombre del Amor;
8. María Belén;
9. Café Con Aroma de Mujer;
10. Sortilegio.

Para completar, outras três somente de finais de semana.

As tramas das novelas colombianas, assim como as brasileiras, têm a profundidade de uma poça d água, que é o limite em que o público pode acompanhar sem se perder.

Basicamente é assim: histórias violentas envolvendo guerrilhas, narcotráfico e afins, traições, amores impossíveis, criaturas que descobrem apenas no final que são filhos do fulano e não do beltrano, pobres felizes e honestos, brigas de mulheres, ameaças de morte e choro, MUITO choro, todo o tempo, é uma choradeira infinita e, a cereja do bolo, tudo isso sob muita, mas MUITA maquiagem. Talvez essa seja a grande diferença das novelas da Globo quando comparadas as colombianas: menos drama, o brasileiro não consegue ser tão dramático e fatalista como os hispânicos e maquiagem adequada, menos cafona.

Outra coisa que não sei se serei capaz de me fazer entender, é a veneração de artistas após esses protagonizarem cenas de “exceção”, como por exemplo: brigas, desabafos com muito, mas MUITO choro, lições de moral entre outras. Após uma cena dessas, o país inteiro fica comentando: “que artista fantástica, como trabalha bem”.

PS: os homens também, eles não perdem um capítulo sequer.

Além das novelas, há, não poderia faltar, um reality show. O daqui é uma versão do programa global “No Limite” que, com toda certeza, deve ter sido copiado de algum enlatado americano. O fato é que o colombiano El Factor X é exatamente igual. Aqui na Colômbia é como na natureza: nada se cria, tudo se transforma. Ou se adapta.

O programa consiste de pessoas que estão em uma área selvagem e ficam realizando tarefas estúpidas em busca de pontos e de fama. Não vou perder mais tempo desdobrando um enredo que pouco oferece. Vale salientar que o apresentador não é um garotão jovem e sim um cinqüentão a la Pedro Bial, faz aquele estilo de “sou coroa, mas ainda estou na moda”, estilo George Clooney, Richard Gere ou Chico Buarque.
Lamentável.

Devido à imensa quantidade de novelas, há espaço somente para um telejornal. Mesma fórmula, apresentador negro para parecer moderno, mas é mais pobre. Muitas notícias locais, muitos factóides, difícil não pegar no sono vendo o telejornal aqui. Mais uma vez: feito sob medida para um público que não se interessa por nada além de seu jardim. Quem acompanha o Blog sabe que me refiro ao povo colombiano como o com menos conhecimentos gerais do mundo, sabem muito pouco além dos seus umbigos.

Nos sábados à noite, enquanto a Globo coloca seu patético programa de comédia, a RCN aposta em uma coisa inacreditável para um horário nobre. É um programa estilo Olimpíadas do Faustão, pessoas tentando passar em buracos na parede, todos caem na água...enfim, isso é o programa de sábado à noite na Colômbia, mais uma vez muito bem pensado quando se sabe que o povo já está em estado de ou a caminho da inconsciência alcoólica.

O “Globo Repórter” colombiano tampouco poderia ficar de fora. Aqui se chama Especiales Pirry (nome do apresentador patético), mas, diferentemente do programa global, não é sobre animais e/ou lugares inóspitos e sim sobre os temas preferidos da nação: drogas, prostituição, modelos, anemia, operações plásticas...não sai muito disso e tudo com aquele caráter de benfeitor popular que as emissoras de televisão sempre buscam ter em países subdesenvolvidos.

Vale destacar também uma campanha que constantemente aparece nos principais canais do país, que é a da “televisão livre”, sem censura. Não conheço o regulamento dos meios de comunicação na Colômbia como conheço o do Brasil, mas imagino que deve conter pontos semelhantes como horários adequados para a baixaria, limite de comerciais, parcela de programas educativos, enfim, tudo isso que ninguém cumpre.

Logo, fica fácil de entender o motivo dessa campanha disfarçada de interesse social pela livre expressão e pela democracia. Eu, como sou pouco afeito a democracias, principalmente quando o assunto é mídia, sou a favor das medidas tomadas pelo governo argentino de limitar o poder dos grandes grupos midiáticos do país.

Não posso deixar de comentar sobre a segunda potência televisiva colombiana, o Canal Caracol, tão ruim como a RCN. Em sua grade, DOZE novelas! DOZE! Isso mesmo! Ou seja, resumindo, entre as duas principais potências televisivas colombianas, chegamos ao número de 25 produções! Apenas incrível. E triste.

Vale também salientar que, não satisfeitos com as 25 produções, há dois canais na televisão fechada que transmitem apenas novelas, 48 horas por dia. Os nomes: RCN Novelas e Caracol Novelas.

A televisão é tão ruim que até coisas boas são destruídas. Quem consegue resistir a 12 minutos de propagandas em um episódio dos Simpsons que dura 22 minutos? Ou quem aguentará ver Lost sendo chamado de Desaparecidos e, obviamente, dublado? Sem contar que é transmitido de madrugada em dia de semana.

Cabe a mim resistir e contar até quanto for necessário em presença de uma cena comum aqui: homens discutindo sobre novelas ou sobre a vida “privada” de celebridades
locais.

É dose.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Por Una Cabeza

O drama argentino não parece ter fim. Cada vez é mais dramática a situação da selecao argentina. O clássico contra o Brasil pintava como o jogo mais importante dos últimos anos, depois da derrota esse título passou a ser associado ao confronto em Assunção e agora o jogo contra o Peru em outubro na Argentina ganha os ares de maior desafio da história do futebol argentino.

Antes do confronto contra o Brasil eu olhava a tabela e analisava da seguinte forma: são três jogos dificílimos: Brasil, Paraguai e Uruguai e um para cumprir tabela, Peru, já eliminado, em casa.

Após o jogo de ontem reconsidero.

Ontem foi a pior atuação da selecao argentina que eu já vi na minha vida. Conseguiram jogar muito, mas muito pior que contra o Brasil. Não foram capazes de criar sequer uma boa chance de gol e passam a terrível impressão de que é impossível que um gol aconteça. Jamais em minha vida havia visto uma selecao argentina atuar de maneira tão medíocre e passar 180 minutos sem uma chance clara de gol.

Começo com uma tradicional e rápida análise individual dos jogadores:

Romero: a única boa surpresa. Passou muita segurança, algo raro nesse momento em um time em crise existencial, e fez pelo menos uma excelente defesa em lance no primeiro tempo que acabou com bola na trave. Sem culpa no gol. 7

Zanetti: sua pior atuação na carreira. Errou em todas as oportunidades que teve contato com a bola, além de estar, como todos os seus companheiros, completamente perdido em campo. ZERO

Dominguez: mais uma atuação visivelmente prejudicada por um nervosismo aliado a uma falta de organização tática jamais vista em um selecionado argentino. ZERO

Heinze: outro que tampouco sabia o que fazer em campo. ZERO

Papa: foi escalado na lateral no lugar de Heinze com o intuito de ser uma opção mais ofensiva. De fato Papa tem características mais ofensivas, mas ontem produziu nada. Heinze conseguiu ser melhor que ele no jogo contra os brazucas. 2

Mascherano: a pior atuação de sua vida desde que se tornou jogador profissional. Muitos falam que Messi não rende como no Barcelona onde é o melhor do mundo, mas poucos lembram-se de citar que Mascherano é considero por todos os técnicos como o melhor jogador do mundo na sua posição. Ontem Mascherano foi patético. Perdido, errando a maioria dos passes, a única coisa de produtivo que fez foi ocasionar a expulsão de Verón após errar mais um passe na frente de sua área. ZERO

Gago: um dos poucos jogadores que pelo menos mostrou certa indignação, mostrou caráter. Além disso, muito pouco. Sucessivos passes errados, especialmente alguns em zonas de extremo perigo. 2

Verón: realmente é difícil de entender o motivo que o faz ser titular da selecao. Talvez seja uma tentativa de Maradona de ter um ex-companheiro seu em campo, salvo isso, não há explicação. Verón não desempenhou uma função nem ofensiva nem defensiva. Sua nulidade em campo era tão grande que sua expulsão pouco mudou a fracassada atuação argentina. Escalado no lugar de Maxi Rodríguez, mais um dos tantos crimes cometidos por Diego. Vale também comentar o quão absurda foi sua expulsão, jogada típica de jogador juvenil. ZERO

Dátolo: talvez o único jogador que pelo menos tentou alguma coisa no primeiro tempo, fez duas jogadas pelos flancos, jogadas essas inúteis em um time que tem dois atacantes de 1,60m na área, mas talvez por esse fato, por tentado algo, foi substituído no intervalo. 4

Messi: mais um jogador que ontem brindou o mundo com a pior atuação de sua vida. Mais uma vez escalado em uma posição que o obriga a fazer milagres, conseguiu nada durante os 90 minutos. Nem nas jogadas individuais, nada, irreconhecível. ZERO

Agüero: apenas um chute a gol que acabou nas costas de um defensor paraguaio, nada fez. A bola pouco chegou até ele, algumas vezes voltava até o meio de campo em busca de jogo, mas sem sucesso. Pior atuação de sua carreira profissional. ZERO

Nem preciso comentar que foram pelo menos quatro jogadores que tiveram a pior atuação de suas carreiras. Sendo assim, é impossível de se ter algum sucesso. Será pura coincidência que quatro jogadores da importância de Zanetti, Mascherano, Messi e Agüero tenham as piores atuações de suas vidas em um mesmo jogo, em um mesmo time?

Claro que não, há o dedo podre do grande Diego.

A falta de organização, ou melhor dito, a ausência de qualquer formato de jogo, faz com que o time argentino não saiba o que fazer com a bola. Isso foi visível ontem quando analisamos quantas vezes os jogadores argentinos entregaram bolas ou fizeram recuos perigosos. Era um atrás do outro, durante 90 minutos.

Outro fator que chamou atenção ontem foi a falta de demonstração de vontade aliada ao nervosismo. Há lances inaceitáveis como o lance do gol paraguaio. Cabañas, de magnífica atuação, gira entre três jogadores de marcação do meio de campo da Argentina, nenhum deles encosta no robusto atacante, ele dá o passe, recebe outra vez e dá a assistência para Valdez.

Houve outros tantos lances como esse, destacando o que resultou em bola na trave. A mesma receita do caos: erros de passo no meio de campo, falta de vigor na marcação somados a um péssimo posicionamento da defesa.

Mais erros. Outra vez a Argentina entrou em campo com dois segundos atacantes, Messi e Agüero no lugar de Tévez. Para piorar, a principal jogada ofensiva argentina parecia ser a bola...AÉREA. Não dá para aceitar. Há um lance que resume muito bem a diferença entre ter um nove de área. Dátolo passa por três marcadores pela esquerda e cruza. Agüero salta, não alcança e a bola chega às mãos do goleiro. Sei que o “se” não existe no futebol, mas SE estivesse em campo Milito, Licha López ou até mesmo o veterano Palermo, era gol!

Aliás, a ausência de um centroavante eu considero que é o maior erro de Maradona juntamente com a falta de manutenção de um time base, a falta de caráter do time, a zaga inexperiente e a falta de porte e de vigor dos jogadores.

A presença de um homem de área não trás apenas vantagens diretas como possibilidade de gols de cabeça. Há benefícios indiretos. O principal é a preocupação causada à defesa adversária e o conseqüente ganho de espaço. Explico. A presença do nove de ofício dentro da área todo o tempo faz com que os dois zagueiros adversários tenham que ficar lá, dentro da área cuidando do matador. Isso faz com que o miolo de zaga tenha que recuar e abre espaço para, nesse caso, Messi ou Agüero. Sem esse homem, a defesa não precisa ficar metida na área, se aproxima dos volantes e cria uma barreira praticamente intransponível para os atacantes de velocidade e habilidade como Messi e Agüero, por exemplo. Se o nove estivesse lá dentro fincado, Messi chegaria com, no máximo dois marcadores a sua frente e daí, conhecendo o rapaz, um gol pelo menos ele marcaria.

O time argentino ontem mostrava um desânimo absurdo e isso é gerado pela sensação de impossibilidade de jogar, impossibilidade essa causada pela desorganização argentina aliada à competência tática do Paraguai ou outrora do Brasil.

Outra conseqüência da falta de organização é quando analisamos as atuações dos homens ofensivos. Dátolo, Agüero, Messi e Lavezzi, todas as bolas que pegavam saíam correndo como peladeiros. Lavezzi foi pior ainda. Pegava rebotes de escanteios para o Paraguai e saía driblando, inclusive perdeu uma bola que quase deu origem ao segundo gol charrua.

Sobre Messi. Quem acompanha futebol europeu via melhores momentos ou gols do Fantástico acha que o Messi faz gol driblando o time adversário inteiro todos os dias. Não é assim. Essa é uma jogada que acontece DE VEZ EM QUANDO. Messi faz muitos gols, sim, mas a maioria desses se origina de jogadas em conjunto, jogadas de um TIME. Messi tabela, recebe na frente, dribla um ou dois e conclui com a direita ou a esquerda, isso é comum. O que se espera dele, driblar seis brasileiros, oito paraguaios, Júlio César, Villar e rolar para o fundo da rede, é EXCECAO, não regra.

Voltando aos jogos que faltam, sigo considerando o jogo contra o Uruguai dificílimo, mas mudei minha opinião com relação ao confronto com os peruanos. Será difícil também e todo e qualquer jogo para a Argentina nesse momento é difícil e beira o impossível. A Argentina fazer um gol é algo inesperado hoje em dia.

Finalizada a análise do jogo e do momento argentino, vale à pena compartir os comentários da imprensa argentina que acompanho diariamente. É incrível a semelhança das ideias dos jornalistas argentinos quando comparado ao que se dizia no Brasil na época das eliminatórias para a copa de 2002 onde o Brasil chegou a correr riscos de não se classificar.

Ideias chave: os jogadores “europeus” têm as suas vidas e suas cabeças lá, não dão mais o mesmo valor de jogar pela selecao.

Tem que montar uma selecao somente com jogadores do futebol argentino!

Falta indignação! Eles vêm aqui por cinco dias e depois passam dois meses na Europa e não se importam com o povo!

Por que eles não jogam a bola que jogam nos times deles na Europa quando jogam pela selecao?

Deja-vu?

Duas conclusões. Sempre considerei o futebol argentino melhor que o brasileiro, pois o primeiro, além da técnica apurada, comum às duas escolas, tinha firme defesa e organização tática, coisa que muitas vezes o Brasil não tinha. Hoje é o contrário. O Brasil tem a melhor defesa do mundo e é um time 100% tático, contudo, sem muita técnica.

Segunda e última conclusão. Muita gente exalta que se deveriam convocar mais jogadores do futebol local e Maradona vem fazendo isso mais do que qualquer um. Tudo bem que os campeonatos brasileiros e argentinos são muito legais, mas considero apenas viável a convocação de um jogador local quando este seja uma exceção, um craque. O motivo dessa minha opinião é que, por exemplo um zagueiro, Dominguez e Otamendi, não estão acostumados a enfrentar os melhores atacantes do mundo e por mais que talvez sejam tão bons ou melhores que os zagueiros que jogam fora, não estão acostumados a exigência do futebol internacional e qualquer selecao mediana tem melhor nível que clubes argentinos ou brasileiros, ou seja, a exigência de um jogo desse nível é muito maior.

Por fim, Riquelme. Aposto que vai haver uma séria conversa de reconciliação entre Diego e Román e voltará o “enganche”, será chamado no pior momento assim como Maradona foi chamado em 1993, para salvar a pátria e oxalá que o 10 do Boca possa cumprir com seu dever. Além da técnica, seria bom ter um líder dentro de campo. Dou a 10 e a faixa de capitão para ele.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

So Long, Caio

Na quarta-feira da semana passada morreu Luiz Carlos Carneiro, o vulgo Caio. Meu professor no segundo ano do segundo grau, marcou minha vida devido ao seu jeito maldito e irreverente de ser. Caio usava calças de linho, colete e All Star nos pés.

Usava óculos que disfarçavam os seus olhos carrancudos e tinha cabelos negros e oleosos que pendiam por sobre a sua testa.

Caio foi o maior professor que já tive e uma das pessoas mais intrigantes e sensacionais que já conheci. Desde o primeiro dia de aula me fascinava o seu rancor para com o mundo e sua língua mais do que afiada. Vociferava impropérios e xingamentos contra todos. Caio era um homem “maldito”; um historiador e um professor da vida.

Caio, por mais que estivéssemos perto do Vestibular, jamais nos ensinou História tradicional. Jamais mencionou grandes feitos ou grandes nomes do passado. Caio dizia que deveríamos aprender sobre a vida, pois caso não o fizéssemos, acabaríamos trabalhando como cobradores do ônibus Otto.

Ninguém melhor do que Caio para ensinar sobre a vida. Caio exalava contradições e ideais. Não tinha ídolos, era um verdadeiro iconoclasta.

Tínhamos dois períodos de aula com o Caio por semana, os dois primeiros da segunda-feira. Eu era sempre o primeiro a chegar, pois gostava de ouvir as primeiras palavras malditas do saudoso mestre. Caio sentava-se e começava a contar alguma história que tinha passado no ônibus.

Numa dessas segundas tão esperadas, Caio chega enfurecido e começa a xingar a todos os alunos. Nos chama de idiotas e de imbecis. Algum colega reclamou à direção de que Caio não dava aula. Inflamado, Caio disse mais uma vez que nós deveríamos aproveitar o colégio para aprender a viver e não sobre as idiotices de Vestibular que, segundo ele, já deveríamos ter aprendido e, se não, iríamos aprender sozinho lendo livros ou depois com outro professor, mas não com ele.

Caio virou-se, escreveu “Grécia e Roma” no quadro e começou a dar, injuriado e colérico, uma aula tradicional. A imagem era tão desesperante para mim como colocar o Maradona a jogar vôlei. Era uma lástima, um desperdício.

Felizmente o velho Caio era um idealista que não muda seus métodos e ideias. Ao falar sobre a tradição dos gregos de quebrarem pratos, disse que adoraria fazer isso, mas que, caso fizesse, iria apanhar da mulher.

Caio jamais voltou a dar aula convencional e sim voltou ao seu velho ideal de ensinar a viver. E ninguém jamais ousou em reclamar novamente.

Lembro quando Caio olhava através da janela e fitava uma classe de quinta série e resmungava para si mesmo: “tenho medo de crianças; não sei o que passa nas cabeças deles...”

Através da mesma janela Caio olhava a diretora do colégio, uma loira na casa dos 50 anos estilo matrona juntamente a outras coordenadores, todas também na casa dos 50 com seus cabelos laqueados e pintados de loiro e dizia: “vocês devem ter cuidado com essas velhas loiras; elas querem apenas acabar com as vidas de vocês”.

Uma vez Caio nos fez ler um livro escrito por um judeu sobrevivente ao Holocausto. A tarefa era escrever uma resenha sobre o livro. Li, escrevi e entreguei ao mestre.

Uma semana depois recebo o trabalho com uma nota 10 e com o seguinte comentário abaixo: “sei que não foste tu quem escreveste, mas o autor merece”.

Discuti por muito tempo com Caio na aula tratando de convencê-lo que o texto era meu, mas ele jamais acreditou e levou essa dúvida sobre quem teria escrito para o inferno junto com ele.

Caio era nostálgico. Vivia lembrando dos seus tempos na escola Venezuela na Vila Cruzeiro. Além disso tinha conceitos fantásticos: “um riquinho como vocês e um morto de fome, quando atropelados pelo Otto, viram a mesma merda, viram guisado”.

Caio era tão maldito que uma vez arrancou todos os tubos do seu corpo, abandonou seu leito no hospital e foi tomar uma cerveja no bar da esquina.

Caio chamava Rogério Mendelski, tio de um colega meu, de fascista, na frente dele e isso é nada quando comparado ao dia em que chamou o jornalista de “prostituta”.

Inesquecíveis também eram os acessos de ódio dele contra os donos de cursinhos, ex-colegas dele que hoje andavam de cabelo pintado e tinham motoristas que abriam a porta para eles...

Esse era o Caio, uma pessoa inigualável e incomparável. Um gênio.

domingo, 6 de setembro de 2009

Argentina

O fato que mais chamou a atenção no jogo de ontem foi que, MAIS UMA VEZ, em um jogo decisivo entre Argentina e Brasil, viu-se a consagração de um futebol tático, defensivo e traiçoeiro contra um futebol sem resultados que busca ser virtuoso, mas que não funciona.

O confronto de ontem em Rosário foi incrivelmente semelhante à final da Copa América de 2007. A Argentina com uma proposta extremamente ofensiva com uma defesa desprotegida contra um Brasil de futebol tacanho e covarde, que algumas vezes chega a ser constrangedor devido a atitude de time do pequeno do interior gaúcho jogando contra a dupla GRE-nal em Porto Alegre, mas extremamente eficiente.

Em 2007 a Argentina vinha fazendo uma Copa América brilhante, impecável, mostrando um futebol sensacional, ofensivo e fazendo muitos gols. Enfrentou na final um Brasil fechado e que assumiu sua inferioridade técnica e apostou nos contra-ataques e em sua defesa intransponível.

No primeiro contra-ataque, Júlio Baptista abriu o marcador e explicitou um dos principais problemas da selecao argentina: a falta de caráter. Após o gol, mesmo que ainda seguia dominando o jogo, a Argentina jamais ameaçou recuperar-se e acabou colapsando e perdendo por 0-3 mesmo sendo infinitamente superior tecnicamente.

Analisando o jogo de ontem, vale salientar que, após de ainda ser muito superior tecnicamente, a Argentina vem jogando extremamente mal e ontem, por mais incrível que possa parecer, até o gol do Brasil, vinha fazendo o seu melhor jogo. Sofreu o gol em uma bola parada pelo alto e ruiu, jamais conseguiu recuperar-se.

Um fato curioso e emblemático que vale a pena salientar: Crespo, que era o artilheiro argentino na Copa América, se lesionou nas quartas-de-final e esteve ausente até o fim da competição. Essa saída de Crespo foi o fim de uma era de uma Argentina que sempre teve um nove de ofício. Desde então, nunca mais a Argentina entrou em campo com um centroavante de área e ontem pudemos sentir como fazem falta.

Vimos ontem duas propostas de jogo completamente antagônicas: o futebol que visa o virtuosismo da Argentina contra o futebol eficiente de Dunga. A Argentina entrou em campo com uma formação suicidamente ofensiva enquanto que o Brasil entrou em campo com um ferrolho de gigantes e com a intenção de explorar os contra-ataques, tarefa do gênio Kaká. Mais uma vez, infelizmente para o bem do futebol, a proposta de Dunga se mostrou mais eficaz e, em duas bolas paradas (vale salientar que o segundo gol foi originado de uma falta que não foi) fez dois gols e acabou com qualquer chance de reação argentina.

Os erros de Maradona

Como já externei em outras oportunidades, considero o trabalho de Maradona extremamente decepcionante e cito os principais erros:

1. Falta de continuidade. Uma selecao reúne-se, em média, a cada dois meses. Não há, evidentemente, tempo para treinar. Qual é a solução lógica? Manter uma mesma base em todos os jogos assim como faz Dunga. Quem não sabe que o time de Dunga é Júlio César, Maicon, Lúcio, Juan, André Santos, Gilberto, Elano, Felipe Melo, Kaká, Robinho e Luís Fabiano? Agora alguém se arrisca a dizer o qual é o time titular de Maradona? Não creio, pois nem ele sabe, pior, não sabe nem qual é o esquema tático. Dátolo não havia sido jamais convocado; estreou e foi titular. Seba Dominguez a mesma coisa, entre outros.

2. Defesa. Não creio que todo grande time deva começar por um grande goleiro, mas sim acredito que todo time, no futebol de hoje, deve ter uma grande defesa para pensar em ganhar alguma coisa e a Argentina deve ter a pior defesa entre as grandes seleções do mundo. Não me refiro apenas a jogadores e sim a um sistema que expõe o sistema defensivo a todo o momento. É charmoso apostar nessa ideia argentina de futebol que sempre visa o ataque e aposta em jogadores habilidosos como Messi e Agüero, mas infelizmente a defesa é mais crucial do que isso e nada melhor para corroborar essa ideia do que analisar a defesa de Dunga, talvez a melhor do mundo na atualidade. Um ferrolho! Intransponível. Dunga jogou com dois zagueiros altos e com os laterais fazendo uma função de terceiro e quartos zagueiros. Talvez a característica mais peculiar do futebol brasileiro seja a atuação ofensiva de seus laterais, mas Dunga acabou com isso e plantou Maicon e Santos lá atrás. Além disso, destaco Júlio César, o melhor goleiro do mundo disparado na atualidade. O que fez Maradona? Colocou para jogar em um clássico de vida ou morte uma dupla de zaga verde. Seba Dominguez jamais havia jogado na selecao enquanto que Otamendi, uma das grandes revelações do Vélez campeão, jamais havia iniciado um jogo como titular e ambos tiveram uma atuação ruim. Será que não seria mais adequado escalar zagueiros de experiência internacional como Samuel ou Coloccini?

3. Estatura. Duvido que algum torcedor argentino como eu tinha alguma esperança de gol nos lances de bola parada. Era impossível! Nem os defensores argentinos eram altos, era simplesmente impossível de conseguir qualquer coisa por cima. Será que não é óbvio que, contra um time que joga retrancado como o Brasil, a escalação de um centroavante de ofício, forte e grande, era fundamental? E a Argentina tem, entre outros, Milito, artilheiro do campeonato italiano e López, artilheiro do campeonato português e francês. Era visível que não havia como penetrar em uma defesa tão fechada, com pelo menos seis defensores fixos atrás todo o tempo (Luisão, Lúcio, Maicon, Santos, Gilberto e Melo), por baixo não dava, tanto é que o gol argentino saiu de um chute da intermediária.

4. A escalação de Messi. Atrás, tendo que buscar a bola no meio de campo, Messi tinha que passar por três ou quatro jogadores e, quando chegava perto da área, já estava exausto. Considero a atuação de Messi ontem heróica, não aceito críticas que alegam que Messi não joga o que joga no Barcelona. A diferença é simples: no Barcelona há um homem de área, antes Eto´o e agora Ibra, tem Henry, Iniesta, Toure e principalmente Xavi sempre aproximando, ou seja, Messi, quando atropela dois ou três adversários, já está na cara do gol e sempre guarda! Na Argentina Messi joga com pressão, toda bola que pega, por não ter um time que funcione ao seu lado, tem a obrigação de definir sempre e isso é inviável.

5. A renúncia de Riquelme. É visível a falta de um jogador de criação e que jogue pelo centro no meio de campo. Desde a renúncia de Román, Maradona desistiu dessa vital posição, desse homem que facilita a vida de jogadores como Messi, Tévez e Agüero. Há inúmeros jogadores argentinos excelentes que poderiam fazer essa função, mas Maradona se mostra abalado pela saída de Riquelme e monta um meio de campo com dois volantes e dois meio-campistas que jogam abertos pelos flancos.

6. A falta de caráter. Uma selecao como a argentina não pode desesperar-se e desistir de um jogo por tomar o primeiro gol. Até o gol de Luisão, a Argentina jogava bem, dominava APESAR de não conseguir furar o ferrolho brasileiro. Tomou o gol em um lance bizarro em que o jogador adversário mais alto era o único que estava totalmente desmarcado e todos se desesperaram, exatamente como aconteceu na final de 2007.

Essa sucessão de erros de Maradona coloca a Argentina em uma situação mais do que dramática. Faltam três jogos, sendo que dois extremamente difíceis fora de casa, Paraguai e Uruguai. O Paraguai entrará em campo sabendo que falta apenas uma vitória para garantir sua vaga na copa. Para piorar, na última rodada o clássico do Rio da Prata pode ser uma batalha caso o Uruguai esteja ainda com chances de vaga. Completando, Peru em casa.

A Argentina vive momentos de pavor. Nenhum argentino anda dormindo tranqüilo, pois o risco é imenso, o risco de perdermos uma das melhores seleções do mundo e o melhor jogador do mundo.

Que saudades de um centroavante que faça gols, um Batistuta. Luís Fabiano pode ter aberto os olhos de Maradona, pois mostrou o quão importante é ter um atacante que não perca gols. Apostaria em Milito apesar da sonsa atuação ontem; E que saudades de um Simeone no meio, um homem que sempre mantinha uma faca na boca, que impunha um caráter, mas esse jogador, infelizmente, não há nesse momento.

Mas ainda há vida. Aposto em uma vitória agônica em Assunção o que considero que praticamente garante a vaga, pois depois o próximo jogo é Peru em casa. Tenho certeza que chegaremos de sangue doce em Montevidéu e aí torcerei por uma derrota caso os orientais necessitem três pontos para garantirem sua vaga.

Aguante Argentina!

So Long

Além de ter sido uma grande oportunidade para rever alguns familiares e amigos, a minha curta estadia em Porto Alegre gerou outro grande resultado. Desde o dia em que cheguei, 28 de julho, passei a ter uma ideia distinta da cidade.

Até a minha ida à Londres em abril de 2005, tinha grande simpatia por Porto Alegre. Após alguns dias na capital inglesa, passei a considerar Porto Alegre uma cidade exemplo do atraso do Terceiro Mundo. Como afirmou Edgar Morin “as grandes cidades do
Terceiro Mundo passaram diretamente da selvageria ao caos sem passar pelo esplendor”. O sistema americano copiado pelas grandes cidades terceiro-mundistas fez com que essas aglomerações humanas se tornassem desagradáveis, poluídas e dotadas de um crescimento desregrado. São cidades atormentadas pela violência urbana, com pouca ou nada de vida de rua e que segue a receita ianque de xópins aliados a carros, receita essa que aniquila a vida social de rua e padroniza tudo, rouba a alma.

A minha segunda experiência de vida no exterior, agora em Medelín na Colômbia é uma das responsáveis dessa “re-admiracão” pela capital dos gaúchos. É inevitável não comparar a qualidade de vida entre Medelín e Porto Alegre depois de voltar dessa curta experiência gaúcha tendo estado vivendo na Colômbia por mais de meio ano. O caos total e a imbecilizacão dominante aqui nesse rincão do mundo fazem com que Porto Alegre e sua população sejam valorizados por mim.

Já na chegada no aeroporto, o ar frio, a aparência europeia de sua caucasiana população servem como um agradável cartão de visitas. Logo segue o trânsito. Ria sozinho a cada pisca-pisca que via cintilar na minha frente. Coloca-se pisca-pisca para tudo, para trocar de pista, enfim, usa-se como deveria ser usado e isso me fez sentir bem. Sem contar o trânsito tranqüilo, a ausência de buzinas, a menor quantidade de motos, as avenidas longilíneas e bem sinalizadas, enfim, resumindo, o sentimento era parecido de quando cheguei à Londres.

Mas o melhor de tudo é poder conversar. Sinto falta de falar com pessoas que não estarão dispostas a apenas conversar sobre novelas, vidas de celebridades, histórias de bebedeiras deles mesmos ou sobre celulares. Já sinto falta de poder falar de livros e/ou filmes. Sinto falta do futebol de verdade, do frio, de mulheres sem plásticas, de carne boa, de doces incríveis, de cultura de mesa, de poder sair de casa e escutar um acústico do Pink Floyd, de estar livre do lixo musical indígena, de poder me reunir com uma ou mais pessoas e que não seja apenas com o intuito de atingir a inconsciência através do álcool. Faz falta as opções culturais de Porto Alegre, que se não são as de uma grande cidade europeia pelo menos existem, sinto também muita falta da zona sul, do Guaíba espelhado circundado por um céu cinzento e nublado. Sinto falta dos dias de inverno chuvoso, bem como sinto falta de olhar os parques ensolarados em dias de frio intenso.

Sinto falta do senso crítico, sinto falta de conviver com pessoas que sabem pelo menos onde fica a França, Itália e Inglaterra, sinto muita falta do humor, ah, o humor! A ironia! Poder comentar sobre algum fato que não tenha acontecido no perímetro urbano de Porto Alegre e mesmo assim as pessoas com as quais eu estou falando demonstram interesse e conhecimento. Sentia falta de poder ir a qualquer parte sem ter que ficar me preocupando com o que os outros vão comentar sobre como estou vestido.

Enfim, muito bom, saudades cada vez maiores dessa cidade feia por fora, mas ainda com alguma beleza especial por dentro. Aqui estou de volta sob o mesmo regime de calor de mais de 30 graus todos os dias do ano, comida que beira o asqueroso, conversando sobre como a fulaninha bateu o carro depois de encher a cara de cachaça em uma reunião de inauguração de apartamento ou sobre qual o melhor celular, ou então, o fundo do poço, vendo homens comentar sobre o capítulo passado da novela e isso que teve jogo da selecao colombiana...

E, para completar, para acabar com o humor de qualquer pessoa, a música de fundo, a pior e mais nojenta música do planeta...me entristece.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Adendo

Esqueci de mencionar no texto anterior que a irmã do cafetão é casada com um narcotraficante, ou seja, se eu começar a não responder os e-mails e não aparecer no MSN, já sabem, boquinha cheia de formigas...

Mas o que queria abordar aqui é a impressionante roubalheira que é o sistema aéreo aqui. Para terem uma ideia, se compramos um vôo São Paulo – Medelín – São Paulo, vale cerca de 500 dólares mais uns 100 dólares de taxas.

Já se compramos Medelín – São Paulo – Medelín, os mesmos 500 dólares mais 370 de taxas! Um absurdo.

A América Latrina realmente é um atraso. Estava vendo essa semana que um voo de Auckland para Los Angeles está custando os mesmos 800 dólares do meu voo de Medelín para São Paulo. Não dá para aceitar passivamente.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Vende-se

Em um aspecto viver na Colômbia é como retornar à infância. Aqui, não decido aonde vou. Meu direito de ir e vir é limitado. Devido ao fato de estar começando uma vida aos 26 anos, e também devido ao fato de ser uma pessoa avessa a novas relações pessoais, tenho uma vida social bastante limitada. Não decido aonde ir; apenas vou onde sou convocado.

Um ex-colega de faculdade da Marcela, homossexual, cocainômano e metrossexual, encontrou, em alguma investida sua em busca de homem em uma favela, uma família de crianças belíssimas. Três guriazinhas lindas e um guri. Todos com uma aparência atípica em uma terra de crianças feias. Olhos azuis, cabelos loiros, essas crianças realmente chamam a atenção.

Ter encontrado essas crianças em um antro de criminalidade, miséria e violência fez com quê o cidadão em questão visse a sua chance de ganhar dinheiro fácil. A Colômbia, e especialmente Medelín, possui um mercado de moda muito forte e, obviamente, a figura dos modelos é destacada. Vale salientar que a Colômbia não segue um padrão de beleza de modelos tradicional, ou seja, mulheres magras e caucasianas, e sim prezam por fêmeas fartas e curvilíneas.

Devido a sua metrossexualidade e conseqüente relação com o mundo da moda, o nosso amigo não perdeu mais do que um minuto até decidir “adotar” essas pobres crianças.

Levou-os em agências de modelos infantis, todos já desfilaram e realizaram trabalhos e agora, sob uma campanha de construir uma casa às crianças, realiza eventos para arrecadar fundos para isso. Sexta-feira passada estive presente sendo testemunha in locus da barbaridade que está sendo feita com essas indefesas crianças em um ato disfarçado de “ajuda humanitária” tão crível como a “ajuda humanitária” americana no Kweit durante a Guerra do Golfo.

Pagamos cerca de R$40,00 para entrar a uma discoteca. Evidentemente, não pude escolher e fui induzido a fazer parte desse ato obsceno. Na discoteca, para a minha surpresa, encontrei as crianças. Uma guriazinha, de cerca de cinco anos, estava na porta recebendo os convidados. Era obrigada a agir como uma diva e distribuir beijos a todas as pessoas que adentravam no recinto.

Saliento mais uma vez que se tratava de uma discoteca, com venda de bebida alcoólica e música mais do que alta, beirando o insuportável. E sim, as crianças circulavam livremente por lá. Em qualquer país que almeja a ser civilizado, crianças jamais seriam permitidas dentro de uma discoteca, mas na Colômbia tudo pode.

A festa se arrastava, música ruim e alta, calor insuportável até que, para a minha tristeza e decepção para com a Humanidade, uma mulher na faixa dos 30 anos de notória vida devassa, uma possível fracassada drogada, sobe a um pequeno palco e chama, em meio a incessantes microfonias, as crianças a subirem no palco, isso já perto da meia-noite. Para que vocês me entendam, a menor delas tem uns dois anos de idade e estava visivelmente assustada.

Todas sobem no palco e são obrigadas a dançar para “divertir” o público que exigia a recompensa pela ajuda que estavam dando com seus R$20,00 de ingresso. Todos sorriam.

Tiravam-se fotos. As pobres meninas dançavam timidamente, infantilmente. A que estava na porta recepcionando os crápulas, dizia em tom ameaçador à outra de cerca de quatro anos: “Baile! Baile! Tienes que bailar!”

Com exceção da Marcela e eu, todos sorriam, todos estavam achando o máximo comprovando que se trata de um povo com zero senso crítico, povo sujo e corrompido.

Entre goles de cachaça, sorriam para as pobres crianças que os divertiam aquela noite.

Ao fim da triste apresentação, sobe ao palco o canalha organizador com seu terno branco com capuz e sapatos também brancos e pontudos estilo Peter Pan e abraça o guri. E sorri.

Impossível não questionar a filantropia desse cidadão. Por que não ajudar crianças pobres E FEIAS que terão menos chances de sair da merda que essas pobres, MAS LINDAS? Com ou sem a ajuda desse sanguessuga, essas crianças inevitavelmente viriam a ter muito mais chances em uma sociedade que tanto valoriza a aparência quando comparadas aos seus vizinhos feios e com traços indígenas.

Não posso deixar de comentar que, nesse evento para ajudar e COM A PRESENCA de crianças, houve um xou musical hediondo de um travesti que depois chamou ao palco duas “amigas” sendo que uma era visivelmente infectada, deveria pesar cerca de 30 quilos. Nada mais propício de se ter em uma festa para e COM crianças.

Realmente é difícil ser detentor de valores. É difícil não conseguir desfrutar de um crime contra crianças; é difícil ver um abuso de menores e sentir-se ofendido, ultrajado. É, também, insuportável saber que patrocinei a cocaína de um canalha, um vigarista com pinta de cafetao barato de nariz operado.

É, para finalizar, duro ver uma criança de cinco anos de idade dançando reggaeton (ritmo criado em Porto Rico – preciso dizer algo mais? – que é uma espécie de versão latina do hip hop americano, ritmo favorito de vadias e de gângsters wannabes, público numeroso por aqui) em cima de uma mesa, depois da meia-noite em uma discoteca e, ainda por cima, contava com a parceria de um idiota asqueroso que lhe fazia companhia, o mesmo idiota que usava batom na igreja (essa é para leitores assíduos).

Eu, cada vez mais, desisto da Humanidade e temo em por filhos nesse mundo lixo. Princípios, exijo a volta dos princípios...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Final Libertadores 2009

A minha previsão se confirmou e o Estudiantes arrebatou o seu quarto título de Libertadores mesmo jogando fora de casa contra o campo de maior extensão do mundo e 65 mil pessoas.

Mesmo após o empate em La Plata, acreditava na ampla superioridade do time argentino sobre o comum time mineiro.

O que vimos dentro das quatro linhas na última quarta-feira foi um jogo de homens contra guriazinhas. O Estudiantes jamais perdeu o comando do jogo e Verón jamais
deixou a batuta cair de suas mãos.

Desde o início o Estudiantes apresentou melhor futebol, levou perigo em alguns momentos e dava a certeza aos seus torcedores que voltaria à La Plata com a taça. A defesa pincha estava consistente e segura como sempre, tanto que Wellington Paulista não tocou na bola, os meio-campistas muito ligados no jogo e seus dois grandes atacantes também muito bem na partida. Comandando tudo isso, Verón, de atuação impecável tanto defensiva como ofensivamente, um verdadeiro líder em campo.

A única chance do Cruzeiro em todo o jogo antes da pressão final foi o lance do gol.

Um chute despretensioso que iria parar nas mãos de Andújar no meio do gol, desvia em Desábato e mata o titular da selecao argentina.

Além disso, em nenhum momento o Cruzeiro levou perigo ao gol pincha.

É admirável a postura e o caráter do time argentino que não se abalou com o gol do Cruzeiro e continuou jogando com aquela certeza de sucesso. O gol veio rápido, e isso ajudou. Uma falha da fraquíssima defesa mineira (impossível ser campeão da América com uma defesa tão ruim) e daí apareceu o oportunismo da Gata Fernández.

Depois do gol o que se viu foi um verdadeiro domínio completo do Estudiantes. A torcida mineira que já estava calada desde o apito inicial do árbitro e que apenas abriu a boca durante o pequeno intervalo do gol cruzeirense até o empata argentino, abandonou de vez, numa demonstração de falta de confiança em seu time jamais vista.

Sou partidário de que torcida não ganha jogo, ainda mais quando o adversário é argentino, acostumados a jogar com torcida no cangote todos os fins de semanas, em estádios que são do tamanho da grande área do Mineirão, mas também defendo que a torcida pode prejudicar. A mesma teoria uso para técnicos de futebol. E quarta foi isso, senti que a torcida cruzeirense prejudicou o time com sua apatia. Não que o Cruzeiro fosse ganhar caso tivesse a torcida do Boca, a diferença de qualidade dos times era muito grande, mas ajudaria, daria esperanças, afinal, é futebol, tudo pode passar. Desde quarta coloco a torcida do Cruzeiro na mesma gaveta da torcida do São Paulo, sendo essas as duas piores do Brasil. Além disso, o que eram aquelas máscaras, perucas e afins? Tenho horror a isso.

O segundo gol saiu de outro defeito da defesa cruzeirense, a bola área. Infelizmente o Estudiantes não conta com atacantes altos para cabecear, mas, mesmo assim, o craque Boselli matou as raposas com uma bela cabeçada proveniente do primeiro escanteio bem cobrado pelo Pincha no jogo. Aliás, Boselli, oito gols na Libertadores, artilheiro, que jogadoraço, que copa Libertadores fez esse atacante cujo passe ainda pertence ao Boca.

Há de se destacar também a melhor arbitragem que já vi na minha vida. Nunca havia visto um jogo em que NENHUM erro fosse cometido. Não houve, acho, sequer uma reversão de lateral, uma falta mal marcada, nada, foi impecável. A característica do chileno Chandía, que infelizmente ficará de fora do mundial por 45 dias, é saudável para o futebol e quando digo “futebol” me refiro ao futebol masculino. O chileno entende do jogo, deixa o jogo correr, não marca faltas a todo o tempo, entende a virilidade do esporte. Quem sofre com isso são os pipoqueiros, como Wagner.

O único comentários negativo meu em relação à arbitragem foi quanto a Ramires. Esse neguinho deveria ter sido expulso. Bateu o jogo inteiro, muitas agressões sem bola, mas, infelizmente, a arbitragem não o flagrou.

Também faço pública a minha grande felicidade com o título de um clube gigante e sensacional como o Estudiantes de La Plata, que havia ganhado sua última Libertadores em 1970, com o velho Verón em campo e depois, para completar, bateram o Manchester Utd. Será que o Pincha bate o Barcelona? Difícil.

Para finalizar, fazia muito tempo que não ficava tão nervoso em um jogo de futebol, tendo em vista que o Grêmio esse ano na Libertadores ou teve confrontos muito fáceis ou teve nenhuma chance. Ok, contra o Caracas deu para sofrer bastante.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O Ascenso

Depois de escrever sobre a vibrante decisão do título argentino, serei obrigado a retornar a escrever sobre o campeonato local. Apesar de já terem decidido o título há mais de uma semana, mesmo assim até o domingo passado houve emoção no país mais futebolístico do planeta.

Para quem não sabe, na Argentina não há rebaixamento direto como no Brasil e em todos os países europeus; lá é usado o sistema de médias de pontos dos últimos campeonatos. A intenção da medida é preservar grandes clubes que podem ter um ano ruim e assim mesmo manterem-se na primeira divisão. O River acabou o campeonato
anterior em último e não foi rebaixado, por exemplo.

O sistema é o seguinte: os clubes que têm as duas piores médias são rebaixados e o antepenúltimo e 4º pior disputam o “Ascenso”.

Na segunda divisão a mesma coisa: os dois melhores sobem e o terceiro e quarto disputam o mesmo Ascenso contra dois times da primeira divisão.

Os dois times da primeira divisão jogam por dois resultados iguais e decidem em casa.

Esse ano caíram, de forma direta, San Martín e Gimnasia de Jujuy e subiram Chacarita e Atlético Tucumán. Na disputa do Ascenso, Gimnasia de La Plata x Rafaela e Rosario Central x Belgrano.

Nessa segunda disputa, o grande Rosario Central, time de Che Guevara e Fito Páez, ganhou a ida em Córdoba e, em um jogo terrivelmente nervoso e de baixa qualidade técnica, empatou em casa 1-1 garantindo sua permanência na primeira divisão. No entanto é o outro confronto que merece mais atenção.

O jogo de ida em Rafaela acabou 3-0 para o time da casa o que obrigava os platenses a ganhar no jogo de volta por 3-0 para garantir-se na divisão especial. Para piorar os ânimos, o arquiinimigo dos Piratas, o Estudiantes, está disputando nada mais nada menos que a final da Libertadores.

O jogo de volta foi realizado nesse domingo e foi inesquecível.

Era visível o nervosismo do time da casa no primeiro tempo; havia uma insistência de bolas altas, mas nada de jogadas trabalhadas. Houve mais chances para o visitante que complicou bastante nos contra-ataques.

A primeira parte terminava em um triste 0-0 e a pressão em cima do time de La Plata aumentava juntamente com a dificuldade de reversão do placar do primeiro jogo.

Metade do segundo tempo havia passado e nada, placar em zeros. Para piorar, o Gimnasia teve dois jogadores expulsos e jogava com apenas nove guerreiros desesperados em campo.

Eis que aos 27 minutos da etapa complementar, num erro da defesa adversária, sai o primeiro gol do Gimnasia. O grau de impossibilidade de reversão do marcador é tanto que muitos torcedores, tomados pelo nervosismo, mal comemoravam.

Diferentemente do esperado, o Gimnasia não conseguiu impor uma pressão esperada após o primeiro gol. Notava-se que os jogadores acreditavam, disputavam cada bola como se fosse a última, mas faltava clareza ao time local. Quem seguia criando chances devido ao desespero do time local era o Atlético, que teve pelo menos duas chances claríssimas para matar o jogo. No entanto, aos 44 minutos, bola alçada na área, gol do Gimnasia, 2-0, estádio em polvorosa, ambas torcidas perplexas, mãos na cabeça, jogadores do Gimnasia gritando uns com os outros, bola no centro. Outro ataque, dois minutos depois e o improvável acontece, 3-0, outro gol de cabeça, apoteose geral no estádio, homens de 30, 40, 50, 60, 70 anos chorando como crianças, torcida do Rafaela estática, sem esboçar qualquer reação, lágrimas por todos os lados, desde o banco de reservas do Gimnasia até os próprios jogadores em campo.

Para completar, ainda havia alguns minutos de jogo e o Rafaela chegou a ter uma falta próxima da área que levou perigo ao gol do Gimnasia.

Apito final. Quem pensava que a final do campeonato havia sido suficientemente emocionante, ignorou o fato de se tratar do Campeonato Argentino, onde emoção, paixão e fanatismo inigualável estão presente desde o primeiro jogo até a decisão do Ascenso.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Final Campeonato Argentino

Quem não viu a “final” do Campeonato Argentino perdeu uma das mais fantásticas decisões de campeonato da história ou, melhor dito, o jogo mais argentino de todos os tempos. Houve de tudo.

Coloquei “final” entre aspas pois não foi uma final de fato. O Campeonato Argentino é por pontos corridos; no entanto, chegaram na última rodada dois times com chances de título e os dois, por coincidência se enfrentavam. O Huracán, time de menor investimento entre os 20 participantes e que nunca ganhou o campeonato chegava, com um time de futebol vistoso e repleto de novos talentos como Defederico, Pastore e Bolatti, com dois pontos de vantagem.

Do outro lado o “europeu” Vélez Sarsfield, clube campeão do mundo e que fez grandes investimentos para o torneio, com destaque para as contratações de Seba Dominguez, ex-Corinthians e Larrivey que veio do Cagliari e que começou sua carreira no Huracán.

De um lado o melhor ataque, o Huracán e do outro a melhor defesa.

O drama começou quando a última rodada teve que esperar uma semana devido às eleições legislativas na Argentina. Durante essa semana de espera, a presença do público na final foi ameaçada devido à gripe suína. No entanto, domingo, às 16h30min hora local, começava, com 20 minutos de atraso, a grande decisão.

O primeiro fato inusitado foi uma tempestade de pedras gigantes que obrigou o árbitro a paralisar o confronto por cerca de 20 minutos. Pedras gigantes caíam do céu, algo que jamais vi em um jogo de futebol. Antes disso, o Huracán marcou um gol legítimo anulado por suposto impedimento. E aí começaram as polêmicas com a arbitragem, tempero fundamental para a dramaticidade tangueira de uma final argenta.

Também não podia faltar o pênalti. Desperdiçado. O Vélez teve a chance de abrir o marcador. Pênalti claro, sem discussões. O artilheiro do time Rodrigo López bate e o goleiro do Globo defende. Cada vez acrescia-se mais tensão ao espetáculo.

Apesar de ser uma final com tanta carga emocional e tão disputada, houve momentos de bom futebol. O Vélez neutralizou os craques do time adversário que não conseguiram desenvolver o seu tradicional futebol de toques, dribles e com muitos gols. Aos 38 minutos do segundo tempo, ou seja, pouco depois da metade do segundo tempo, sim, a segunda etapa teve CINQUENTA E NOVE minutos, bola na área do Huracán, Larrivey, ex-Huracán, entra de carrinho no GOLEIRO adversário, o juiz nada apita, o goleiro fica se retorcendo no chão, a bola sobra para Maxi Moralez e gol. O título acabava de passar de mãos. Na comemoração Maxi tirou a camisa e foi expulso, claro, não poderia faltar um expulso.

Com a confusão pelo gol supostamente irregular, foram lançadas pedras (de gelo?) pela torcida do Huracán. Jorrava sangue do supercílio de Seba Dominguez. Até um gandula teve que ser atendido pois também levou uma pedrada. Aliás, depois do gol, desapareceram as bolas. Não é que estavam demorando para devolvê-las, elas desapareceram, todas. O jogou ficou paralisado por vários minutos por falta de bola.

Daí focavam aqueles velhos demoníacos do Vélez e eles, sem nem ruborizar, diziam que
não sabiam, que não havia bolas.

Minutos depois o jogo voltou. O juiz levantou uma placa dizendo que se jogariam 8 minutos a partir daquele momento, ou seja, o jogo iria a 58. Evidentemente que o Huracán se atirou para cima em busca do gol do título e...num contra ataque, bola para a cria da casa, Larrivey, que havia começado no banco, ele recebe cara a cara com o goleiro e erra, chuta em cima do arqueiro do Globo. Imediatamente uma cena incrível. Todo o time do Huracán vai para cima do atacante do Vélez, muitos metem a mão na cara, outros empurram e o motivo: ele queria matar o clube que o projetou.

Sim, acreditem se quiser isso aconteceu. O pobre Larrivey não sabia o que fazer, estava apavorado com a raiva descomunal por parte dos jogadores adversários.

Eis que o jogo se acaba e a confusão não parou por aí. Os jogadores do Huracán foram todos chorando ao vestiário rapidamente, nada de discussões com o árbitro e muito disso porque sentiram medo. A invasão ao campo foi algo jamais visto. Havia mais gente dentro que fora. A polícia apontava mangueiras de bombeiro em direção aos torcedores que trepavam nas grades antes de saltar para o gramado. Todos os jogadores foram pelados pelos torcedores, todos ficaram apenas de cuecas em campo, uma digna demonstração da insanidade argentina pelo futebol, do quão desordeiro um argentino pode se tornar devido ao futebol. Na hora da taça, premiação e tudo mais, quase não era possível distinguir os jogadores no meio da multidão, só era possível quando víamos os que estavam de cuecas.

Para completar ainda mais a polêmica, o árbitro do jogo assumiu que errou em dois lances: no gol do Huracán anulado no primeiro tempo e por não ter marcado falta no goleiro no lance do gol decisivo.

Quem não viu, vale a pena ver a repetição quando passe. O jogo mostrou os motivos que o futebol é uma coisa tão impressionante, o esporte mais fantástico da Terra.

No entanto, esse esporte, quando jogado na Argentina...no hay nada ni parecido.

Minha selecao do campeonato (4-4-2)

Andújar (Estudiantes)

Araujo (Huracán)
Otamendi (Vélez)
Domínguez (Vélez)
Papa (Vélez)

Bolatti (Huracán)
Zucullini (Racing)
Pastore (Huracán)
Montenegro (Independiente)

Defederico (Huracán)
Sand (Lanús)

A Eliminação

Dessa vez não vou analisar a atuação individual de cada jogador Tricolor em campo e sim tentar entender os motivos dessa eliminação esdrúxula do Grêmio. Há necessidade de uma mudança de mentalidade.

Depois do gol de falta de Souza no Mineirão, a esperança de classificação do Grêmio ganhou força. O que estava impossível passou a ser algo que poderia ser atingido, não facilmente, mas tampouco seria uma epopéia fazê-lo.

O Grêmio já havia ganhado por dois gols de diferença em outros três confrontos em sua última participação na Libertadores em 2007: 2-0 no Defensor depois de ter perdido pelo mesmo placar no Uruguai; 2-0 no São Paulo após ter perdido de 0-1 na ida e 2-0 no Santos em partida de ida. Na final, após levar 3-0 do Boca, foi criada toda uma expectativa em cima da bobagem da “imortalidade”, ressaltou-se a raça do Grêmio, garra e sei lá mais o quê e deu em nada.

Antes da final contra o Boca lembrou-se muito da Batalha dos Aflitos, da incrível demonstração de hombridade dada no estádio pernambucano, mas um fator foi ignorado pela maioria: o Boca era muito melhor que o Grêmio e, obviamente, não tivemos a mínima chance de reversão do placar adverso da Bombonera.

O Boca não era o Náutico, assim como não era o Caxias, que ganhou de 3-0 do Grêmio na Serra e deixou a vaga escapar após tomar quatro do Grêmio no Olímpico pelo Ruralito. A direção do Grêmio, patética desde então, chegou ao cúmulo de dizer que o Boca era um “Caxias de grife” com o intuito de fazer a adversidade da final contra o maior clube argentino assemelhar-se a encontrada na decisão contra os caxienses. O pior que muita gente acreditou. A massa é burra.

O Boca passeou pelo Olímpico não porque o Grêmio não demonstrou raça, garra e tudo mais e sim porque tinha muito mais time, tinha um gênio, Riquelme, e outros excelentes jogadores como Palacio, Dátolo e companhia. O quê tinha o Grêmio: vontade.

A fantástica temporada do Barcelona que, além de ganhar tudo, mostrou um futebol brilhante com mais de 100 gols somente no Campeonato Espanhol, deixou bem claro que além de dar para ganhar jogando bom futebol, é muito provável que se ganhe QUANDO se joga bom futebol. Além do Barcelona, expoente máximo na atualidade de futebol bem jogado juntamente com a selecao espanhola, campeã europeia, outros times provaram o mesmo e não falo de elencos com estrelas milionárias como o dos catalães.

O Huracán, time que menos investiu entre os 20 times argentinos da primeira divisão, está encantando a todos, pois joga um futebol espetacular, vistoso e seu técnico Angel Cappa cobra isso dos jogadores, reclama quando o time ganha sem jogar bem.

Jogar bem, já logo aclaro, não é frescura, desrespeito ao adversário, e sim buscar o
gol, trocar passes, ter jogadores habilidosos, enfim, jogar futebol. Pois o Huracán pode ser campeão pela primeira vez em sua história. Chega à última rodada precisando de um empate contra o Vélez, o outro clube que cobiça o título. Mesmo que venha a perder, a campanha do menor dos clubes de Boedo será inesquecível.

O Wolfsburg, campeão alemão pela primeira vez em sua história em 2009, é outro exemplo. Um time que meteu 5 no Bayern, 5 no Stuttgart entre outras grandes goleadas. Era um time que jogava todos os jogos para ganhar e não se satisfazia com um mísero gol.

Também aclaro que não sou contra um time com garra e dedicação; sou é contra ao fato de depositar todas as esperanças em cima disso e/ou na força da torcida. O Uruguai em toda a sua história gloriosa sempre teve excelentes jogadores e muita vontade de ganhar. Quando passaram a valorizar unicamente a segunda característica, deixaram de ser uma potência mundial do esporte.

Ao mesmo tempo saliento que também há a necessidade de uma entrega dos jogadores além da técnica. A selecao argentina, por exemplo, tem muita técnica e zero de faca entre os dentes. Desde a saída de Simeone, não há um símbolo de garra e vontade dentro de campo e esse é o motivo principal da seca de vitórias que o selecionado de Maradona vive atualmente.

Voltando ao Grêmio, por que não tivemos chance alguma nesse confronto com o Cruzeiro? Porque faltou time, faltou técnica. O Cruzeiro acabou com as esperanças do Grêmio através de um lance de TÉCNICA de um jogador acima da média, Kléber, o melhor atacante em atuação na América e, no meu entender, jogador de selecao. Em uma fração de segundo, em um drible rápido em cima do defensor, o craque matou o jogo, deu a vaga ao seu clube, valeu o investimento.

Enquanto isso a direção do Grêmio conclamava a torcida e apostava na garra, esquecendo que, sem ter um meio de campo criativo, não se chaga a lugar algum. Sem laterais pelo menos razoáveis, é muito difícil de ganhar e o Grêmio perdeu por isso, pela falta de talento e de qualidade. Pode acontecer de um time inferior ganhar de um superior? Evidente; mas é muito mais provável que o melhor vença.

Por fim, hei de analisar a bizarra condução do espetáculo no Olímpico.

Começo com a hipocrisia dessas campanhas para arrecadar sócios. Tem que ser muito idiota para ser sócio. Se paga uma mensalidade, não se tem direito a nada e ainda há o grande risco de, na hora do filé, ficar de fora. Inúmeros torcedores com carteira de sócio em mãos ficaram de fora da decisão. Lamentável. Quanto a isso, a direção diz que tem que vender mais ingressos que o limite, pois muitos sócios não vão aos jogos, ou seja, eles contam com a não ida das pessoas que eles fazem campanhas para trazê-las ao estádio.

O ingresso é caro se comparamos com outros espetáculos como cinema ou teatro. No entanto, os “clientes” são tratados como animais. Além da total falta de conforto de chiqueiros como o Olímpico, os clientes sofrem com a brutalidade da polícia que até cavalos manda para cima dos clientes. Abusa-se da paixão dos torcedores por seus clubes. Se isso passasse na entrada de uma estreia de filme no cinema, com toda certeza os clientes jamais retornariam a essas salas.

O pior de tudo é que a solução é muito simples. Não são os europeus geniais por fazerem as coisas funcionarem, e sim os brasileiros burros e incompetentes que não conseguem solucionar problemas simples e que, para piorar, são os mesmos há um século.

Começando pela venda de ingressos: por que não se utiliza a tecnologia para acabar com cenas lamentáveis como gente dormindo em frente ao estádio ou brigas e confusões por ingressos? Basta limitar a venda de ingressos à Internet e ao telefone, nunca mais haverá problemas e/ou filas. E se os sócios não vão ao estádio, os lugares ficam vazios? Claro que não, qualquer clube de quinta categoria da Europa consegue manipular isso. Se o jogo é dia 5, os sócios têm até o dia primeiro para manifestar-se via Internet, se vão ou não ao estádio. Caso não o façam, os lugares desses serão colocados à venda imediatamente, tecnologicamente.

Não dá mais. Para completar o quadro da dor, entra a capacidade vândala do povo. Os que não conseguiam entrar quebravam tudo, carros estacionados, vidros do chiqueiro, enfim, tudo que viam ao seu redor e isso gera, obviamente, a reação violenta por parte da despreparada Brigada Militar com seus cavalos.

Futebol é um espetáculo que se mantém por seu ponto passional, ignorando questões como conforto, como banheiros limpos, como boas opções de alimentação dentro dos estádios, como segurança e etc. Os jogos são ruins, senta-se em um concreto frio, toma-se chuva na cabeça, usa-se banheiros podres, come-se lixo e tomam-se cavalos em cima. E querem sediar Copa do Mundo nos chiqueiros, vê seu eu posso.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Campeonato Europeu Sub 21 Suécia 2009

Excelente o time alemão vencedor pela primeira vez do Europeu Sub 21. Numa final em que aplicou 4-0 na Inglaterra, apresentou excelentes nomes. Destaco o meio campista camisa 10 Ozil, o melhor da competição, um jogador fantástico que tenho certeza terá um futuro brilhante. Veloz, extremamente ágil e habilidoso, forte chute, excelente visão de jogo, é um craque. O time alemão também conta com o lateral Beck, outro muito bom jogador e o centroavante Wagner, autor de dois belos gols na final, outra grande promessa.

O zagueiro Hummels também merece destaque, joga demais. No lado inglês eu destaco o atacante Milner. Estilo de jogo de Ryan Giggs, mas pela direito, muito habilidoso e vertical. Também há de se destacar o atacante Campbell, que infelizmente não pode jogar a final.

Vale lembrar que, no mesmo ano, a Alemanha foi a campeão europeia sub 17, 19 e agora no sub 21. Grande ano para o futebol bávaro.

Para finalizar, vale destacar também a beleza das policiais suecas...que coisa.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Cruzeiro 3-1 Grêmio

GRÊMIO

Marcelo Grohe: fez nenhuma defesa importante, mas não teve culpa nos gols. Poderia ter feito algo no lance do primeiro, mas não chegou a ser uma falha. 5

William Thiego: uma atuação de zagueiro improvisado de lateral. Bem defensivamente, mas nenhuma participação ofensiva. 5

Léo: não consigo gostar do Léo e acho que errou no posicionamento no lance do primeiro gol. 5

Réver: em alguns lances mostrou certa soberba ao tentar sair jogando ou dominar a bola na área e esperar não sei o quê. 5

Fábio Santos: é ruim tanto defensivamente quanto ofensivamente. 3

Adílson: muito bem como sempre. 8

Túlio: muitos passes errados e dificuldades na marcação a Kléber e Wagner. 4

Tcheco: até quando? ZERO

Souza: jogou muito em cima da linha lateral e quando, no final do jogo, buscou mais o meio de campo, apareceu. Fez um belo gol de falta que deu esperanças para o Tricolor. 6

Alex Mineiro: apesar de que Autuori parece gostar dele, não dá. Errou um de dentro da pequena área e depois, antes de ser sacado, foi irritantemente displicente. ZERO

Maxi López: perdeu um gol que não poderia ter perdido, fez outra boa jogada quando deixou seu patético companheiro de ataque livre e brigou muito na frente, sempre perturbando a defesa adversária. 6,5

CRUZEIRO

O Cruzeiro tem o melhor jogador do Brasil, Kléber, um verdadeiro inferno para qualquer defesa. Além dele, aposta muito na qualidade de Wagner, outro bom jogador e jogou bastante com seus laterais, especialmente Jonathan, que deu bastante trabalho à defesa gremista. No mais é um time médio, com uma defesa fraca e sempre dando espaços aos atacantes do Grêmio. Dá para reverter a vantagem no Olímpico com muita pressão e intimidação a essas bixas. Sobre o chorão Elicarlos, que vá para o inferno.

O JOGO

O Grêmio surpreendeu positivamente. Começou o jogo muito bem postado em campo e perdeu dois gols incríveis com Mineiro e Maxi. Sofreu um gol injusto, mas continuou melhor em campo. O gol a um minuto e meio do segundo tempo foi um golpe duro e abalou o time que depois sofreu o terceiro gol que decretava o fim da Libertadores para o Tricolor. O golaço de Souza e a choradeira do Cruzeiro reanimaram o Grêmio para a guerra da volta.
PS: juiz covarde. O Tcheco merecia ter sido expulso.