sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Copa 2014

Depois de 2010, uma Copa do Mundo volta a ser realizada em um país que tem uma seleção grande. Vale destacar que em 2006 a Alemanha não fez uso de sua posição de país-sede, e acho que vale a pena analisar as copas do mundo onde o país-sede era uma seleção grande. 1930 – Uruguai, campeão Uruguai; 1934 – Itália, campeão Itália; 1938 – França, campeão Itália; 1950 – Brasil, campeão Uruguai; 1966 – Inglaterra, campeão Inglaterra; 1974 – Alemanha Ocidental, campeão Alemanha Ocidental; 1978 – Argentina, campeão Argentina; 1982 – Espanha, campeão Itália; 1990 – Itália, campeão Alemanha; 1998 – França, campeão França; 2006 – Alemanha, campeão Itália. Sendo assim, de 11 copas do mundo sediadas por potências do futebol, em seis vezes o anfitrião ganhou. Acho que o fator local em uma copa do mundo é algo que faz uma grande diferença e ainda mais quando se trata de uma copa jogada na América do Sul, território tão distinto em vários fatores aos eventos realizados no continente europeu. Vejo a Alemanha como o melhor time disparado, apesar de que o Brasil, por estar em casa, leva a obrigação de favorito. Correndo atrás destaco a Argentina pelo poderio extraterrestre de Messi e por contar com um ataque brilhante; a Espanha, que pode acordar no momento em que sim é necessário jogar de olhos abertos e depois vem uma leva de seleções menores, que dificilmente irão ganhar, mas que aposto que podem oferecer bons espetáculos, e aí, nesse grupo coloco o jovem e talentoso time belga, e a Colômbia e o Chile da América do Sul. Completa o grupo dos destacados algumas outras seleções gigantes como Itália, Uruguai e Holanda. Vejo algumas outras potências como França, Inglaterra e Portugal em desvantagem, pois não vêm jogando bem, apesar de ter potencial e, quem sabe, podem surpreender como o fez a Itália em 2006 ou a própria Alemanha em 2002 quando chegou à final com a pior seleção alemã de todos os tempos e o próprio Brasil campeão em 2002. Abaixo, faço uma análise de todas as 11 seleções grandes que participarão do torneio, destacando também seus principais jogadores: Brasil: a atual seleção brasileira tem novamente, assim como o foi em 1994, 2002 e 2010, como seu maior trunfo a defesa. Dani Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo são os melhores em suas posições mundialmente falando. Esse é o maior diferencial da seleção em um momento de carência de qualidade de zagueiros pelo mundo afora. Os volantes, fatores fundamentais dos times de Scolari, também são de bom nível, mas o grande déficit do time é o meio de campo ofensivo e o ataque. Não há um companheiro para Neymar no ataque que tenha qualidade internacional e aposto que Kaká, se segue bem no AC Milan, terá que ser obrigatoriamente convocado. Com um técnico que não passa de um motivador e uma defesa forte, soma-se a isso o fator local, e o Brasil sempre é favorito. Vale pensar em um Campeonato Brasileiro onde os clubes grandes que têm estádio pra jogar, São Paulo, Santos, Flamengo, Corinthians, Palmeiras, Grêmio, Vasco ou Cruzeiro, joguem todos seus jogos em casa. É quase impossível que não sejam campeões. Principal (ais) destaque (s) individual (ais): Neymar. Alemanha: para mim, a melhor seleção do planeta na atualidade. Vejo dois problemas corrigidos no time germânico: se deram conta que não são imbatíveis e que têm que respeitar todos os adversários. Digo isso porque era nítida a arrogância e o egocentrismo das últimas seleções alemãs que pareciam ganhar os jogos antes de jogá-los, o mesmo comportamento dos holandeses, esses ainda pior, porque têm apenas uma Euro, nada mais; o segundo “problema corrigido” que é relacionado ao primeiro, é a juventude. A Alemanha é uma seleção extremamente jovem, mas era ainda mais em competições passadas, obviamente. Acho que a Alemanha, assim como a Espanha, são as únicas seleções que teriam chances de títulos escalando dois times, tamanha é a quantidade de talento individual. A Alemanha tem um grande técnico, no mínimo dois ou três jogadores por posição, a exceção da defesa. Dois grandes goleiros, jogadores em grande fase, basta ver que a final da última Champions foi entre dois clubes desse país e que todos os seus representantes na atual versão da Champions classificaram. A força ofensiva, a vitalidade, o preparo físico e a técnica de seus jogadores, tudo isso somado, é o meu favorito. Principais destaques individuais: Reus, Müller, Kroos, Özil e Schweinsteiger. Itália: teria que fazer uma pesquisa maior, mas acredito que a Itália, talvez nos anos 30, mas depois disso acho que não, nunca entrou como favorita a uma Copa do Mundo. E ganhou quatro além de perder uma final nos pênaltis. Uma seleção que sempre é montada desde a defesa até o ataque, que mais especula do que ataca, agora tem uma versão um pouco menos historicamente italiana. Prandelli é um técnico que também gosta de ser protagonista e ataca mais do que o normal para padrões italianos. Um ataque potente com El Shaarawy ou Rossi e Balotelli atormenta qualquer defesa. Para mim, falta um meio-campista ofensivo que aproxime mais os bons volantes defensivos como Montolivo, Marchisio e Pirlo com o ataque. A camisa azurra é o seu grande potencial. Principal (ais) destaque (s) individual (ais): Pirlo. Espanha: é, para mim, difícil afirmar sem titubear que a Espanha está em decadência. Sim, joga menos que antes, ou seja, há uma decadência, mas é difícil mensurá-la. Acho que, tratando-se de jogadores que ganharam tudo com seus clubes e seleção, é muito difícil manter a concentração em jogos qualificatórios fáceis ou amistosos torneios de segunda importância como Copa das Confederações. Acho que, quando chegue a hora de, novamente, jogar pra valer, o futebol espanhol volta a aparecer. A quantidade de craques do meio pra frente é impressionante: Isco, Xavi, Iniesta, Matta, Silva, Negredo, Pedro, Callejón, Navas, Cazorla, Torres, Fabregas, Xavi Alonso, Busquets...e por aí vai. Para mim, pesa a visível decadência e quando digo visível digo que é enorme de Xavi e a falta (impressionante) de gols. Acho que Del Bosque peca no preciosismo estético quando deveria dar mais opções de chegadas ao gol ao seu time. A defesa, a exceção de Ramos e Piqué, é duvidosa e nem o goleiro é uma certeza já que Casillas vem sem ritmo. Principal (ais) destaque (s) individual (ais): Iniesta, Fabregas, Isco. Argentina: quando se fala de Argentina, temos que começar por Messi. Se Messi continua arrastando lesões, as chances argentinas diminuem excessivamente. Com Messi em forma, a Argentina disputa o título. A grande diferença da Argentina de 2010 para a atual não é nem o Messi afirmado na seleção que não existia em 2010 e sim o fato de ter um técnico de verdade. Maradona era um motivador, mas não passava disso. Por ser um gênio, nunca precisou de tática para jogar. Sabella é um grande técnico e um grande estudioso do futebol. Meticuloso, analisa todos os fatores que podem ser decisivos. Conhece muito de futebol e sabe que, se conseguir uma defesa no mínimo aceitável que dê tranquilidade para ele manter o tridente ofensivo com Messi, Agüero e Higuaín que é o melhor do mundo, as chances aumentam e muito. Na cabeça de Sabella não vale a pena tirar um desses três e reforçar o meio-campo defensivo. Crê Sabella que sua arma mais letal é deixá-los juntos. O goleiro é um grande problema. Sabella é teimoso e insiste em goleiros que são reservas em seus times e de temporadas fracas como Romero, que é reserva aonde vai e Andújar. Deveria apostar em Orión e acho que, se os dois primeiros não mudam seus rumos nesses seis meses que faltam, Orión assume o comando. Principal (ais) destaque (s) individual (ais): Agüero, já que Messi não conta. França: em termos de elenco e história, a França poderia fazer um bom campeonato, não digo ser campeã, mas sim ir bem. Tem Ribèry em brilhante momento, uma defesa confusa, um meio de campo com muito talento com jogadores jovens como Nasri e Pogba e um Giroud que disputa posição com um Benzema que alterna brilhantismo com apatia e até certo desinteresse em alguns momentos. Acho que falta uma unidade ao elenco e muito isso devido à questão racial, mas, se se aposta no talento, a França é uma grande equipe. Principal (ais) destaque (s) individual (ais): Ribèry. Uruguai: a seleção do grande maestro Tabárez terminou o ano em uma curva ascendente. Depois da Copa América ganhada na Argentina, os charruas vinham em decadência, jogando mal e colocando em risco sua classificação à copa que veio na repescagem. No entanto, nos últimos jogos e até mesmo na Copa das Confederações onde mereceu uma melhor sorte na disputa contra os anfitriões, jogou bem, muito bem. Assim como na Itália, sua rival de grupo, falta um meia de ligação que foi Forlán, por exemplo, na copa passada, que hoje está enterrado. Assim como seus vizinhos argentinos, conta com um ataque fulminante com Cavani e Suárez que é, depois de Messi, o melhor atacante do planeta. Também não confio no goleiro, o acho fraquíssimo, iria de Sosa, goleiro do Vélez e a idade de Lugano é outra preocupação. Principal (ais) destaque (s) individual (ais): Suárez. Inglaterra: segundo a imprensa britânica e seus principais expoentes no mundo do futebol, a seleção inglesa não tem chances nesse mundial e deve sim se preparar para a Euro 2016 ou a Copa 2018, muitos até falam em Catar 2022! Eu acho um absurdo tremendo. Evidentemente que sou crítico do time atual e ponho toda a culpa no técnico, um dos poucos remanescentes do futebol inglês antigo, de balão pra área e etc. Hodgson consegue fazer que um time que conta com Wilshere, Milner, Welbeck, Townsend, Chamberlain, Walcott, Young, Rooney, Lampard, Sturridge, Sterling, Lennon entre outros, jogue feio, jogue mal, jogue na bola aérea. Já disse outras vezes: em termos de meio-campo ofensivo e ataque, a Inglaterra é a melhor seleção do mundo junto com Espanha e Argentina. Mas a realidade é que um time que joga mal e vai de cabeça baixa ao Brasil. Uma pena porque também conta com excelentes jogadores em outras posições como Lescott, Johnson, Cole e Walker. Principal (ais) destaque (s) individual (ais): Rooney. Holanda: como já comentei quando falava sobre os alemães, a Holanda, uma seleção com muito talento e poucas conquistas, deve se preocupar mais em baixar a cabeça e jogar do que entrar achando que o jogo está ganho. Um time muito novo do meio de campo para trás, mas com bons jogadores e um ataque fulminante com Robben, de excelente fase e Van Persie, por exemplo. A grande diferença da Holanda que perdeu a final na África do Sul está no banco. Louis Van Gaal chegou para talvez cobrar maior comprometimento defensivo de um time que historicamente prioriza o ataque deixando a defesa em segundo plano o que é complicado no futebol atual. Principal (ais) destaque (s) individual (ais): Robben. Rússia: a seleção russa é um time muito duro de ser batido. Não possui jogadores tão famosos e isso acontece porque seus melhores talentos não são suficientemente brilhantes para despertarem o interesse das potências do continente, mas são sim muito bons, alguns muito talentosos e que ficam no país devido ao dinheiro das máfias corporativas que lavam dinheiro nos clubes locais. Arshavin foi uma exceção, é um craque, segue sendo chamado, mas é reserva. Principal (ais) destaque (s) individual (ais):Zhirkov. Croácia: infelizmente o técnico atual Stimac não prioriza o característico futebol técnico tradicional entre as repúblicas da ex-Iugoslávia como o fazia Bilic. Mesmo assim, os croatas contam com excelentes jogadores como Modric e Mandzukic, por exemplo, jogadores titulares de Real Madrid e Bayern Münich, nada mais e nada menos. Somam-se outros bons jogadores e aposto que a Croácia pode fazer uma boa Copa do Mundo apesar de que, com uma postura mais afeita ao seu estilo de jogo tradicional, poderia ir melhor. Principal (ais) destaque (s) individual (ais): Modric. Para finalmente terminar, aqui apresento meus palpites para desde a primeira fase até a final e o consequente campeão: GRUPO A: Brasil Croácia México Camarões GRUPO B: Espanha Holanda Chile Austrália GRUPO C: Colômbia Costa do Marfim Grécia Japão GRUPO D: Uruguai Itália Inglaterra Costa Rica GRUPO E: França Equador Suíça Honduras GRUPO F: Argentina Nigéria Bósnia Irã GRUPO G: Alemanha Estados Unidos Gana Portugal GRUPO H: Bélgica Rússia Coreia do Sul Argélia OITAVAS-DE-FINAL: Brasil x Holanda Colômbia x Itália França x Nigéria Alemanha x Rússia Espanha x Croácia Uruguai x Costa do Marfim Argentina x Equador Bélgica x Estados Unidos QUARTAS-DE-FINAL: Brasil x Colômbia França x Alemanha Espanha x Uruguai Argentina x Estados Unidos SEMIFINAIS: Colômbia x Alemanha Espanha x Argentina FINAL: Alemanha x Argentina CAMPEÃO: Alemanha VICE: Argentina

sábado, 16 de novembro de 2013

As Manifestações

A falta de tempo e uma espera estratégica foram os motivos que me fizeram demorar tanto tempo para opinar sobre as intensas manifestações que tomaram as ruas do Brasil por um longo período de tempo. Analisando de forma oportunista, chego a uma conclusão pouco otimista enquanto aos resultados práticos de tanto furor. Há resultados positivos? Sim. O Rio Grande do Sul aprovou o passe livre para estudantes que, diga-se de passagem, foi o embrião de tudo que aconteceu subsequentemente e, para mim o ganho mais importante, aprovou-se o fim do voto secreto e parece que será estendido a todos os tipos de decisões. Isso é importante? Não sei, talvez não. Na teoria sim, mas na prática pode não ser. Saberemos quem são os criminosos que absolvem bandidos, mas, muito possivelmente, seguiremos elegendo esses criminosos assim como o fazemos com outras figuras sensacionais como Sarney e Collor. Ultimamente tenho estado obcecado com a insistência de que a direita e a esquerda existem e seguem demonstrando uma grande diferença de atos e forma de pensar. Durante as manifestações vimos todos esses grupos se manifestarem. A direita fez uso das manifestações de forma política e viu todo o alvoroço como uma única e última chance desesperada de derrotar o governo que os incomoda há mais de uma década. Abriu uma janela que parecia lacrada que é a chance de derrotar Dilma nas próximas eleições o que, sinceramente, acho que não ocorrerá. A extrema direita atrasada e raivosa brasileira se disfarçou de esquerda e foi para as ruas protestar coisa que, em outros tempos, seria tachada de ato de vandalismo ou de comunistas marginais. Mas a extrema esquerda também aproveitou e ressuscitou ideias já comprovadamente fracassadas como uma instauração de anarquismo, comunismo ou seja lá o que for, o que seria um retrocesso em uma democracia em fase de amadurecimento como a brasileira. Quem mais foi atingida por tudo isso foi a presidente Dilma que, na minha opinião, mesmo tendo suas mãos muitas vezes atadas, conseguiu reagir. Recriminou os atos de vandalismo assim como recriminou os exageros da polícia e sugeriu uma reforma política elaborada pelo povo, feita através de plebiscito popular. A proposta foi prontamente rechaçada pela direita fascista e retrógrada brasileira que, como não poderia ser diferente, defende que o povo é ignorante e não saberia escolher o que era o melhor para o país; ao mesmo tempo analisamos os motivos em que a maioria das pessoas estava nas ruas e chegamos à conclusão de que estes aí estavam porque já não confiam mais na representação política do país. Então, qual a saída? Deixar os rumos da reforma política nas mãos de políticos tachados de incompetentes ou deixar que o povo estude, se eduque e escolha o que quer? Acho a resposta lógica. Mas a direita raivosa não pensa, quer aproveitar o momento para derrubar Dilma e diz que dar voz ao povo sobre os rumos políticos do país é um erro, que sim devemos protestar contra os fracassos políticos, mas não muito, ou seja, no final das contas temos que baixar a cabeça e seguir esperando por um bom senso por parte dos políticos que teima em não aparecer. Em resumo, em meio a subgrupos como os dos homossexuais que sempre se metem em qualquer forma de protesto para exigir a criminalização da heterossexualidade ou sei lá o que, e de pseudocomunistas barbados que querem uma volta do que nunca existiu e nunca funcionou, e que aproveitam o momento para atirar pedras no Mc Donald´s estava essa posição bem marcada da direita oportunista: juntemo-nos ao povo, algo que repudiamos, para conseguir voltar ao já quase não recordado poder. Ai, como dói estar longe do poder... Em meio a tudo isso, analisando manifestações na Internet, notei o excessivo número de apelos da direita raivosa pela volta da ditadura, sim, a direita raivosa deixou a vergonha de lado e mais uma vez colocou as asinhas de fora e sugere o fim da democracia, pois essa visivelmente não funciona, vide a insatisfação popular. Ao mesmo tempo pergunto: será que essa era a ideia da maioria? Obviamente que não. Então, o que queria a maioria? Em primeiro lugar a maioria não defendia partidos políticos, pois seu grande rancor era justamente contra o sistema político, não especificamente com o governo atual ou com o anterior. A população simplesmente está cansada de serviços caros e ineficientes, corrupção que parece não acabar nunca não importando o governo que esteja no poder (apesar de que a ala da direita raivosa jura de pés juntos de que foi o PT quem inventou a corrupção) e o sistema político, o sistema político, esse é o grande ponto, o motivo de todos os problemas consequentes. Temos uma estrutura política cara e ineficiente; temos um sistema que dá base para a corrupção e a para a ineficiência, temos um sistema jurídico lento, ineficaz e amarrado a leis retrógradas e que devem ser modernizadas e adaptadas a nova realidade, esse é o problema, a maioria não estava nas ruas por ser contra os mensaleiros ou contra Dilma, era contra um status quo doentio e que parece ser para sempre. No entanto, nada é para sempre. Se o Império Romano um dia acabou, se a monarquia francesa um dia acabou, bem, o nosso sistema político não será o primeiro a ser imortal e o primeiro passo foi dado, apesar de ter sido mal interpretado pela maioria.

terça-feira, 4 de junho de 2013

A Direita, A Esquerda, Chávez E Companhia

Não tenho tido muito tempo para escrever e por isso demorei tanto para falar da morte de Hugo Chávez. Antes que seja acusado de atrasado, defendo a mim mesmo dizendo que a morte de Chávez e tudo que foi dito a respeito desse ícone tão polêmico da América Latina formarão argumentos que durarão muitas décadas mais. Não falo apenas da vida e morte de Chávez per se e sim, mais do que tudo, da velha discussão se ainda existem direita e esquerda. Chávez morreu para a alegria da direita sul-americana. Se eu uso o termo “direita” isso quer dizer que eu ainda acredito na divisão entre direita e esquerda e sim, eu acredito. Piamente. Antes que me mal interpretem, deixo claro que não acredito mais na instituição dos partidos políticos e obviamente não acredito que haja lógica nessas organizações e defendo minha opinião usando como exemplos os fisiológicos partidos políticos brasileiros e usando como exemplo máximo o abraço fraternal de Lula e Maluf, sem contar os anteriores abraços entre o ex-presidente e figuras como Sarney, Renan Calheiros, Michel Temer e etc. O PT, em uma busca frenética pelo poder e pela governabilidade, vendeu a alma ao diabo e fez alianças e amizades escusas que, por um lado lhe permitiu governar com certa tranquilidade e o fizeram bem, com mais de uma década de um bom governo, o melhor depois de Getúlio e Jango, eu diria. No entanto, manchou o seu nome, a sua marca, o seu ideal de partido imaculado e incorruptível. Para completar, não somente foram amigos do PT os envolvidos em escândalos de corrupção, mas inclusive caciques poderosos do partido que governa o país. Somam-se a isso as parcerias bizarras pelo Brasil afora que acabam passando a falsa ideia de que não há mais diferença de pensamento entre direita e esquerda. Há diferenças. Lula e Dilma podem deitar na mesma cama que Sarney ou com integrantes do novo-rico PSD, mas nunca pensarão da mesma forma. Dilma acredita em um Estado atuante e que exerça um papel determinante em relação a políticas sociais e inclusive elaborando regras para impedir a orgia do mercado financeiro; pelo outro lado, tem aqueles que dizem que programas sociais são coisas de “populistas” e que o governo não deveria intervir na economia somente em momentos de crises para salvar os bancos e grandes empresas. Há, então, pensamentos diferentes e que são amostras da existência da velha direita e esquerda. Vale também lembrar que a direita, ao mesmo tempo em que não tolera a interferência do Estado na economia/mercado financeiro, apoia a intervenção do Estado em aspectos comportamentais como a proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo e a proibição às drogas. Vaja contradição! Hugo Chávez é um excelente exemplo que deixa clara a existência dessas duas doutrinas. Os que o acusam de “ditador” e que comemoraram sua morte são os de direita; os que acham Chávez um semideus e o idolatram ignorando alguns atos antidemocráticos do ex-presidente venezuelano, são esquerda. Simples. Sou pessimista e realista e acho que ambos, esquerdistas e direitistas, são hipócritas. Os esquerdistas que idolatram um político que fechou meios de comunicação são os mesmos que acusam a ditadura militar brasileira de ter sido um bando de facínoras antidemocráticos que impediam o livre discurso; por outro lado, os direitistas que chamam Chávez de ditador apesar de que tenha ganhado em TODAS as eleições de forma democrática e limpa e isso é constatado por institutos internacionais como o presidido por Jimmy Carter, são os mesmos que não se importavam com as ditaduras de homens que NÃO foram eleitos de forma democrática como Pinochet no Chile e os próprios ditadores brasileiros e sul-americanos. Também estes últimos não se importaram que Fernando Henrique tivesse feito o seu “mensalão”, comprado o congresso e aprovado a lei que instituía a reeleição no Brasil, mas se enfurecem que Chávez tenha feito o mesmo. Onde está a lógica? Os esquerdistas não deveriam idolatrar Chávez, pois ele não era 100% democrático apesar de ter sido eleito dessa forma, e os direitistas não deveriam repugná-lo por ser um ditador, pois antes e em outros casos, não se importavam com a doutrina ditatorial e isso justifica o meu uso da palavra hipocrisia. Direita e esquerda existem e sim, são hipócritas. A direita delicia-se com as condenações dos mensaleiros do governo do PT, enquanto que a esquerda faz manifestações em defesa desses condenados; por outro lado a direita não parece incomodar-se com o não-julgamento do mensalão mineiro coordenado pelo presidenciável Aécio Neves que inclusive deveria ter sido julgado antes do mensalão petista porque ocorreu antes. Hipocrisia. Por que a esquerda não se importa que Chávez não tenha sido totalmente democrático? Porque a esquerda defende a ideia de programas sociais, algo que a direita acha um absurdo, pois acredita que o Estado deve ajudar grandes empresas e bancos quebrados e não sua população em situação mais vulnerável e acusa tais governantes de “populistas”, pois, segundo eles, ajudam os pobres para ganharem votos. Por que a direita se importa tanto com a falta de democracia de Chávez quando defendias as ditaduras sul-americanas? Porque Chávez correu do país os investidores internacionais e limitou o poder de grupos empresariais que estupravam a economia nacional não deixando quase nada do lucro do petróleo para a população comum enquanto que nas verdadeiras ditaduras sul-americanas incluindo a menina dos olhos da direita que foi a chilena de Pinochet, o mercado especulativo interno e internacional enchia os bolsos de dinheiro e podia fazer seus negócios sem serem importunados. Os primeiros dizem que a falta de democracia de Chávez é “diferente”, pois a oposição também jogava sujo; os segundos dizem que a “ditadura” de Chávez quebrou o sistema produtivo do país como se a Venezuela fosse um país exemplar antes de Chávez e não uma republiqueta no melhor estilo árabe onde meia-dúzia de famílias dominam o coração da economia que é a produção de petróleo e o resto morre de fome. Vale também comentar um pouco mais sobre as acusações de Chávez ser populista. Segundo a direita, Chávez, Lula, Correa e agora Dilma ajudam as camadas mais carentes e que nunca foram ajudadas de seus países, pois são a maioria e garantiriam as suas continuidades no poder. A primeira conclusão que chego é que, para um político ser bom, deve ajudar ninguém e ser “mau” para que não seja querido pelo seu povo e, consequentemente, não ser reeleito. Deve-se fazer um mau governo, isso é o correto, para ser odiado pelo seu povo e não ser reeleito. Isso é uma estupidez. A lógica máxima e o motivo da existência de um Estado é para fazer uma sociedade melhor e servir atendendo os interesses da maioria. Se algum líder faz isso, será reconhecido pelo seu povo e, muito possivelmente, fará que seu grupo político permaneça no poder. É lógica, não “populismo”. Chávez era um anjo? Não. Um demônio? Não. Chávez tinha coisas boas e coisas más. Desenvolveu programas sociais que permitiram a muita gente frequentar uma universidade o que antes de Chávez era artigo de luxo na Venezuela. Chávez tornou a Venezuela o país com a menor diferença social do continente. Chávez atentou contra a democracia? Claro que sim. Fechou meios de comunicação contrários e tornou a vida de críticos impossível. Merece ser demonizado? Não, fez mais para a maioria da população, apesar de que sucateou grande parte do sistema produtivo do país. Esse sistema de Chávez e Cuba devem ser vistos como ideais? Não, claro que não. O sistema capitalista descontrolado que causou taxas de emprego recorde na Europa chegando a mais de ¼ da população em alguns países como Espanha e Grécia deve ser visto como o melhor de todos? Evidente que não. Podemos analisar o mundo de uma maneira simplista em preto e branco onde temos um certo e um errado? Não, jamais. Existem meios termos que poderiam ser vistos como modelos a seguir? Sim, basta ver que os países com melhor qualidade de vida do mundo são os chamados “estados de bem-estar social” onde o governo cobra muitos impostos, dá serviços de qualidade, controla a economia e a diferença social é pequena. No entanto, pensar assim cansa, o mais fácil é por a camisa de um lado ou de outro e cegamente criticar o lado contrário e fazer vistas grossas para o seu lado. Assim caminhamos todos em direção a estupidez do pensamento preconceituoso.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

50 Tons de Cinza

No clássico de Edgar Allan Poe, a carta roubada que pertencia ao rei foi escondida em cima da lareira, na frente dos olhos de todos que a procuravam desesperadamente. Onde estava a carta? Em um lugar óbvio, na frente de todo mundo para quem quisesse ver. Por que “50 Tons de Cinza” faz tanto sucesso é o que muita gente com muito tempo livre e pessoas que querem entender a banalidade ou o sentido da vida se perguntam. A resposta está ali, em cima da lareira, na frente de todo mundo. Fui OBRIGADO a ler “50 Tons de Cinza”, o Harry Potter para mulheres adultas em sua grande maioria sexualmente frustradas. Digo que fui OBRIGADO porque, como antropólogo sem diploma no meu tempo livre e tempo ocupado, tive que ler o que milhões de mulheres de todo o mundo leem e se regozijam. Respondendo a pergunta, por que essa obra faz tanto sucesso? A resposta, repito, é mais clara do que água de poço: porque é ruim, mal escrito, banal, raso e, agora sim para tocar nas feridas das feministas bigodudas, porque mostra claramente que as mulheres, apesar de tantos sutiãs queimados e de toda essa onda de feminismo e igualdade de sexos, seguem atraídas enormemente pelo homem dominador e, não menos, são atraídas pelo poder. Antes de começar a comentar sobre a obra, me parece curioso que escritores ingleses têm roubado a cena ultimamente no mundo do entretenimento simplório literário. Os americanos são os produtores da grande maioria do lixo cultural eletrônico, mas, pelo menos ultimamente, não conseguem superar os ingleses em termos de lixo escrito, vide o sucesso de Rowland com seu bruxinho sem sal e agora a misteriosa inglesa de Grey (é brilhante a analogia da cor com o sobrenome do autor, algo digno de historinhas vampirescas). O epicentro da história de Grey e sua amante submissa e virgem é o erotismo. O livro vende e atrai milhões de mulheres, pois preenche um nicho de mercado que não havia sido jamais explorado com esse vigor. Rowland encheu seus bolsos fazendo livros para crianças e adolescentes e agora temos o mercado de donas de casa com desejos guardados e imensa vontade subliminar e contida de voltar aos tempos pré-maio de 1968. O erotismo de “50 Tons de Cinza” é de uma pobreza técnica e literária que fez com que eu me constrangesse enquanto lia. É pobre, a linguagem é vazia, infantil, medíocre. O excesso de diálogos que nada dizem, expressões como “tu és muita areia para o meu caminhãozinho” são de uma miséria textual banal. Todo esse público pobre de Grey explica seu fascínio ao dizer que nunca o erotismo havia sido tão bem posto em papel o que é de uma ignorância histórica revoltante. D.H. Lawrence, no início do século XX já escrevia obras recheadas de sexualidade e com um rigor estético louvável. Charles Bukowski, à sua forma, expressava toda a sua devassidão com um simplismo literário que atingia níveis de erotismo e vulgaridade altos, mas com riqueza literária, apesar da simplicidade de suas palavras. Até no desértico mundo literário brasileiro tem um personagem que foi genial quando expressava o sensualismo da mulher brasileira, das morenas das plantações de cacau baianas. Falo de Jorge Amado, um verdadeiro gênio da literatura erótica, com classe. O que prova o lamentável best-seller do momento? O que já havia anunciado anteriormente, comprova que o movimento feminista é coisa de machorra de bigode. As mulheres de fato, que trabalham, vestem terno, têm cachorros no lugar de filhos e que reclamam da falta de tempo mesmo tendo empregada e infindável quantidade de eletrodomésticos, sem contar que agora possuem a ajuda do homem até em tarefas domésticas, estas mulheres, desde as épocas das cavernas, procuram e almejam o macho dominador, o macho alfa, aquele que mija em volta da caverna para deixar bem claro que macho nenhum deve aproximar-se de sua fêmea, aquele que arrasta sua mulher pelos cabelos quando esta se comporta mal. Esse, segue sendo, apesar de toda a hipocrisia do feminismo, o homem desejado pela maioria das mulheres, pelo menos as femininas, um comportamento normal e ordinário no meio de qualquer comunidade de mamíferos. Outra comprovação que pode enfurecer o público feminino é que o conteúdo do livro e sua história de quinta categoria demonstram que estas mulheres, por mais que alguma, em meio a ataques de autoestima e orgulho falsos, negue, são atraídas ENORMEMENTE pelo poder. A estética masculina obviamente que atrai as mulheres, mas é um livro, nenhuma leitora sabe como é a aparência de Grey, se obcecam na personagem simplesmente pelos seus hábitos já citados de macho dominador e, mais do que tudo, pelo seu poder que é expressado através de suas extensões fálicas como seu carro de alta gama, seu helicóptero, sua mansão e etc. Isto atrai. Isto é o que a maioria das mulheres quer de um homem. Jamais pensei que seria capaz de ler tal obra, mas o meu dever de observador pessimista da sociedade atual é mais forte do que qualquer coisa. E, para completar, confesso que também li o livro em poucos dias como afirma a maioria das leitoras e o fiz porque a linguagem é tão pobre e escassa (consegue ser pior que Paulo Coelho!), que, enxugando a obra, deveríamos tê-la impressa em apenas 50 páginas o que já seria um desperdício de celulose.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Palpites Fase de Grupos Libertadores 2013

Grupo 1: Barcelona, Nacional, Boca Juniors, Toluca O Boca Juniors fez a melhor contratação entre todos os participantes da competição, Martínez, ex-Corinthians e deve ganhar o grupo. A segunda vaga será uma disputa acirrada, mas vou de Barcelona. Grupo 2: Sporting Cristal, Libertad, Palmeiras, Tigre Em um grupo parelho, fica a expectativa sobre como o Palmeiras irá encarar a Libertadores quando comece a série B. Apostaria no Libertad para ganhar o grupo e uma disputa entre Palmeiras e Tigre pelo segundo lugar. Vou de Palmeiras. Grupo 3: Arsenal, The Strongest, Atlético Mineiro, São Paulo Dificilmente os dois brasileiros deixarão escapar a vaga. Vou de São Paulo como campeão do grupo e Atlético vice Grupo 4: Vélez Sarsfield, Peñarol, Emelec, Iquique O Vélez conseguiu menos do que merecia nas suas últimas participações na Libertadores. Manteve a base, dessa vez não perdeu jogadores, pelo contrário, confirmou a permanência de Pratto e ainda fez uma contratação surpreendente, Fernando Gago. Ganha o grupo e aposto no Emelec para a segunda vaga. Grupo 5: Corinthians, San José, Millonarios, Tijuana O Corinthians é outro que manteve o seu grupo e é o melhor time do Brasil. Deve ganhar o grupo deixando a segunda vaga para o Millonarios, apesar de que o surpreendente Tijuana do turco Mohamed também pode incomodar. Grupo 6: Santa Fe, Cerro Porteño, Real Garcilaso, Tolima Aposto no Cerro para ganhar o grupo, mas em uma disputa acirrada contra Santa Fe e Tolima apostando nos bogotanos para conseguir a segunda vaga. Grupo 7: Deportivo Lara, Universidad de Chile, Newells Old Boys, Olimpia Aposto no Newells pela manutenção da base apesar do fraco desempenho na pré-temporada, mas tem um técnico experiente e bons jogadores e completo o grupo com a classificação da Universidad. Grupo 8: Fluminense, Huachipato, Caracas, Grêmio O Huachipato surpreendeu ao ganhar o último campeonato chileno, mas não acho que possa tirar a vaga de Fluminense e Grêmio nessa ordem.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Viva Costa Crociere!

Fazer um cruzeiro é a forma de turismo mais indicada para quem quer simplesmente descansar, fugir do inferno de viver e trabalhar em uma cidade. Essa foi a conclusão mais óbvia que cheguei após minha primeira experiência em um cruzeiro. Evidentemente que há inúmeros estilos de cruzeiros. O crescimento econômico brasileiro e o aumento da renda da classe média, associado aos preços mais acessíveis desta forma de turismo fizeram com que os cruzeiros se tornassem uma das preferências da nova classe média brasileira e também dos novos ricos. Os cruzeiros são a Miami de outrora. Com a intenção de conquistar novos mercados, as empresas deste setor diversificaram seus produtos e oferecem, principalmente ao público brasileiro que é um dos maiores consumidores deste setor, propostas que se adequam mais ao seu estilo: são propostas cafonas e que consideram a pobreza intelectual e de espírito deste nicho de mercado. Mesmo considerando que adorei o meu cruzeiro, jamais pagaria para fazer um em território brasileiro. A minha experiência foi distinta. Estava em um barco que passava longe da costa brasileira, saía do porto de Miami e era de bandeira italiana, com seu público conformado por uma maioria esmagadora de alemães e italianos, seguidos por franceses, americanos e argentinos. Havia brasileiros, mas em louvada minoria. Quando esse típico brasileiro de cruzeiro, paulista acima do peso esturricado em roupas de marcas que não fazem a mínima questão de esconder pelo menos um pouco os logotipos de suas grifes reconhecidas e endeusadas pelo público vazio nacional, acompanhados por crianças obesas e consumistas e regidos por mulheres ainda mais sem graça, enfim, quando esse típico brasileiro caricato está em minoria, sua presença é tolerável. Eles se sentem em tanta desvantagem que não aparecem e tornam a experiência em um cruzeiro “europeu” algo quase perfeito. Não vou falar das belezas naturais de praias caribenhas e muito menos da abundância e fartura de boa comida no barco. Nem da amabilidade impressionante de seus funcionários, especialmente filipinos, porque seria falar o que todo mundo já imagina. Farei uma rasa análise dos subgrupos que compunham essa micro sociedade em alto-mar e de como essa comunidade funciona. Antes de tudo, o público deste cruzeiro era um público de pessoas velhas, europeus velhos em sua grande maioria. Além dos velhos, casais com filhos. O resultado era uma paz total e ausência de qualquer tipo de alteração do fluxo das coisas. O motivo principal que fazem essas pessoas embarcarem em cruzeiros deste tipo é a intenção de fugir um pouco do frio que assola o hemisfério norte e gozar das belezas tropicais. Também, considerando principalmente os alemães, é um momento de sair um pouco da rigidez social de seu país e passar dez dias sem pensar em muita coisa. No entanto, para mim, o que mais me fez adorar essa experiência e querer repeti-la o mais rápido possível foi a experiência de viver em uma sociedade perfeita. Essa sensação é mais forte frente a sul-americanos atentos como eu do que frente aos europeus que, em sua grande maioria vivem em cidades europeias onde a comunidade funciona a perfeição com algumas exceções. Não obstante, para mim, foi como viver em um território alternativo imerso em uma sociedade perfeita. Por que chamo essa “comunidade” ou “sociedade” de perfeita? Um barco dessa envergadura é um território flutuante, mas é um território. “Vivem” neste território entre três mil e sete mil pessoas em média o que forma a população de muitas pequenas cidades europeias. Nessa sociedade tudo funciona. Não há malandragem, não há preocupação, se tem que preocupar com praticamente nada. Ninguém vai tentar tirar vantagem de alguém. As pessoas cruzam o olhar e sorriem. Já no segundo dia a psicose de jamais deixar um objeto abandonado em cima de uma cadeira se acaba. Não há que planejar nada, não há trânsito, estamos sempre a no máximo cinco minutos de nossos objetivos. O restaurante está sempre reservado para a mesma hora na mesma mesa. O próprio barco organiza passeios onde os hóspedes se preocupam com absolutamente nada. Tudo funciona a perfeição e cumprindo horários e as pessoas convivem em perfeita harmonia em uma espécie de comunismo internacional oceânico. Se preocupar com nada é o diferencial dos cruzeiros que sustentam a minha ideia apresentada inicialmente de que é a melhor forma de turismo quando a ideia é simplesmente relaxar. Não há preocupação com onde comer, em que hotel ficar, para quem pedir informações, simplesmente tudo está pronto e definido. Dito isto, vale a pena, antes de terminar, analisar rapidamente os subgrupos que compõem os cruzeiros Costa pelo Caribe. Já comentei da faixa etária e agora falo um pouco das nacionalidades. Os italianos davam a notória impressão de ser a maioria; no entanto, em uma palestra sobre a empresa e o nosso barco, descobri que não, que a maioria era de alemães. Os italianos, no entanto, são mais barulhentos e parecem ser 90% da população do barco. Apesar de que sua animação pode cansar a alguns de vez em quando, seu carisma é inegável. Os alemães, pelo seu lado, parecem que sabem que são uma raça superior e olham tudo “de cima”. Não participam muito das atividades, a exceção de suas crianças, mas admiram e observam com um esboço de sorriso no rosto. Eles gostam de ver, mas não gostam de participar no que parece ser um sentimento de que isto não é pra nós que somos superiores. Os franceses têm uma diferente forma de discrição. Eram em bom número, mas falam extremamente baixo, seu idioma que dá a impressão de que sempre estão tentando ser sensuais tem um tom que não chega aos ouvidos dos outros grupos, mas, diferentemente dos alemães, participam das atividades coletivas. Ambos, italianos e franceses, demonstram um amor incontido por seus países e assim manifestam a cada “confronto” racial. Os americanos não conseguem disfarçar um certo desconforto de estar em minoria. Acostumados a serem sempre os donos do mundo e a ditar as regras sociais ou pelo menos estarem presentes em todos os cantos do planeta, eles não se sentem muito confortáveis e reclamam em grande parte do tempo. São impacientes e acostumados a essa funcionalidade americana que é difícil de se ver refletida em outro rincão. Reclamam da comida e de qualquer coisa que não funciona exatamente como eles ESPERVAM que funcionasse. Sigo com os argentinos que são dotados de um carisma incomparável e único. Os jovens mantêm aquele ar superior típico dos argentinos e os velhos são simplesmente PERSONAGENS. A Argentina também salvou um pouco a pátria e surtiu o barco, pobre em beleza e juventude, com algumas mulheres. Os escandinavos simplesmente não se misturam com as raças inferiores já que até alemães são lixo para eles. Por fim, o brasileiro, felizmente em minoria, mas com os velhos problemas de sempre. Falam alto, insistem na breguice de carregar acessórios que demonstrem que são brasileiros como se isso fosse um sinal de superioridade, tentam a todo o momento passar uma ideia de sofisticação até que desistem quando se dão conta de que o público europeu se importa com nada e com ninguém e a eles pouco importa se os transeuntes estão fardando roupas de marca, roupas baratas ou estão nus. Não faltou a representante da mulher de meia idade brasileira que não aceita o fim de sua era e insiste em parecer gostosa o que acaba resultando na tradicional e acentuada vulgaridade clássica da mulher brasileira. E, claro, não pode faltar a tentativa de burlar o sistema dos brasileiros pseudo-malandros que, mesmo depois de quebrar a cara, com arrogância, forte volume e inglês medíocre protestam contra o seu fracasso. Sobre os destinos, passamos por Bahamas, Turks & Caicos, Jamaica, Ilhas Caimã, Honduras e México. Todas as praias são espetaculares, se tivesse que dizer alguma acho que a ilha de Turks é a mais bonita, mas a Jamaica e Honduras têm montanhas com florestas em frente ao mar o que fazem a paisagem ainda mais fenomenal. As praias virgens da ilha de Cozumel também são impressionantes. Como maior destaque, mergulhar e ver os corais e também destaco como inesquecível a praia das arraias.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Eduardo, O Iconoclasta Relutei bastante antes de começar a considerar Lionel Messi o maior jogador de todos os tempos. Antes de Messi, os que me conhecem mais sabem que sempre considerei Maradona como sendo o melhor de todos os tempos e difícil de ser alcançado. Messi me surpreende a cada jogo. É imparável, não tem altos e baixos, não se lesiona, parece ser uma máquina perfeita de jogar futebol. É evidente que o fato de ser um nerd da bola o ajuda. Messi é 100% focado no futebol, jamais chegou perto de se tornar uma celebridade. Sai de férias e volta antes por livre e espontânea vontade. Messi não me convence com suas declarações politicamente corretas desprezando os seus recordes pessoais. É fácil de notar que ele é um obcecado por seus recordes particulares também, mas de uma maneira saudável. Quando Cristiano Ronaldo ainda tinha esperanças de ser o maior do mundo, notava-se que essa era a sua razão de viver, enquanto que Messi consegue, por ser um monstro, um gênio da bola, conciliar as duas coisas com perfeição. Messi faz mais gols que qualquer um; Messi é o maior definidor que já vi. Ao mesmo tempo, Messi tem a visão de jogo e distribui passes de forma genial comparando-se aos especialistas dessa arte como Iniesta, Zidane e etc. Voltando ao foco total de Messi na sua profissão, vale salientar que não sabemos o que poderia ser Maradona caso fosse 20% tão profissional como é Messi. Ás vezes me pergunto o que seria Maradona se tivesse tido uma vida regrada e se não fosse um personagem tão extravagante e pitoresco o que, não nego, o faz um mito, algo que Messi nunca será e não tem interesse em o ser. No entanto, é difícil se basear no “se”. E se Ronaldo não tivesse tido tantas lesões? Jamais saberemos. Semelhanças entre os dois há muitas, mas a maior, além de terem o mesmo passaporte e de terem jogado no Barcelona, é o controle IMPRESSIONANTE da bola que jogador algum jamais teve. A distância da bola e do pé jamais excede os centímetros máximos para possibilitar que um adversário os roube a bola. Maradona batia faltas melhor, mas Messi, com sua gana e obstinação tradicional, está trabalhando nisso e já fez vários gols de falta nesse último ano. Messi ainda não ganhou uma Copa do Mundo o que é verdade; mas temos que salientar que jogou a última em um time que não tinha técnico e faz parte de uma das piores seleções argentinas de todos os tempos. Não justifica totalmente, mas complica sua vida. Muitos dizem que Maradona ganhava tudo sozinho no Napoli e isso é parcialmente verdade. Não jogava no maior time do mundo como Messi e sim num clube médio e, ainda assim, na liga mais difícil da Europa, foi duas vezes campeão com o modesto Napoli. No entanto, quem diz que Maradona ganhou a Copa de 86 sozinho se equivoca redondamente. Como afirmar isso de um elenco que contava com monstros do calibre de Bochini, Brown, Passarella, Burruchaga, Clausen, Cuciuffo, Valdano, Enrique, Pumpido, Trobbiani e Ruggeri? Além dos destaques individuais era uma seleção bem treinada, quase sem erros táticos, diferentemente do horror, da baderna argentina de 2010 (in) controlada por Diego. Era um timaço, mas, claro, Maradona era o fator diferencial. Messi é correto não ganhou uma Copa do Mundo, mas acho que, atualmente, a maior competição de todas é a Champions League e essa Messi deita e rola. Hoje qualquer grande clube europeu é melhor que qualquer seleção a exceção da Espanha e talvez da Alemanha se falamos da atualidade, mas os clubes europeus, por serem praticamente seleções internacionais, são superiores aos times nacionais. Um exemplo: o Barcelona é melhor que a Espanha, pois tem o diferencial de Messi. Alguns podem estranhar que ainda não mencionei Pelé e aí estará a justificação de meu título. Afirmo que, entre todos os grandes jogadores da história, o único que vi material insuficiente para ter opinião própria é Di Stefano. Os demais, através de vídeos, os conheço melhor do que a maioria das pessoas de hoje conhece de Messi e companhia. De Pelé já vi, mais ou menos, cem jogos. Pelé era sim um jogadoraço e sua principal diferença com relação aos demais era o seu estado físico sobrenatural. Ele atropelava defensores que não pareciam atletas profissionais e muitas vezes realmente não o eram considerando que mais ou menos 42% dos jogos disputados por Pelé em sua carreira foram amistosos e muitas vezes em lugares que, mesmo hoje, ainda possuem um futebol amador. Mas enfim, Pelé, mesmo jogando contra verdadeiros profissionais, tinha essa incrível vantagem física e uma capacidade definidora magnífica, ainda mais que podia marcar gols com qualquer uma de suas pernas. O que destaco é que essa impressão que Pelé obviamente me causa, não é a mesma que a que Messi ou Maradona me causam. Pelé era genial, mas não passava uma ideia de fazer algo que um humano não poderia fazer. Maradona e Messi ainda mais, dá a impressão de que o que ele faz é impossível e resultado de uma habilidade superior impossível de definir. Sem nem entrar na discussão de que Messi sempre joga entre e contra os melhores do mundo o que faz uma grande diferença se constatamos que Pelé jamais jogou fora do Brasil se não contamos a sua patética passagem pelo extinto Cosmos. Messi não ganhou uma Copa? Mas e Pelé? Jamais jogou uma Champions League, jamais jogou sequer em um time pequeno da Europa e por isso critico tanto Neymar que parece ser um craque de nível internacional, mas que não joga entre os melhores, é, vulgarmente comparando, ser o melhor jogador do mundo de basquete, mas nunca jogar na NBA. Não dá, simplesmente não dá. Outro argumento que sempre aparece: mas Pelé fez mais de mil gols. Ora, aí não podemos ser tão ingênuos. Como já disse antes, Pelé jogou 42% de amistosos em sua carreira e sabem quantos gols foram feitos em amistosos? 522, ou seja, 41%. Se retiramos os gols marcados por Pelé em amistosos, chegamos ao número de 522 que é ainda um grande número, mas é terrenal. E os gols de Messi? Vale salientar que esse recente recorde de ser o maior artilheiro em um ano ao ter feito 91 gols, não se contam os gols marcados em amistosos com o Barcelona, somente os gols oficiais. Messi fez outros 12 gols em amistosos que não foram contados. O jogo dos amigos do Messi contra os amigos de fulano, contam os gols? Obviamente que não; os gols dos amigos do Pelé contra os amantes da Xuxa contam os gols? Sim, caros amigos. Os gols de Pelé jogando pelo exército? Sim! Os gols de Pelé jogando um tempo com a camisa de um time e outro com a de outro? Sim! Guarda costeira brasileira contra exército uruguaio? Amistosos contra oponentes do cacife de Congo B e Haiti? Sim! E jogando por Seleção Paulista, Combinado Santos-Vasco, Sindicato dos Atletas e Seleção do Sudeste? Enfim, o número de gols do Pelé é tão verídico e crível quantos os 995 gols marcado por Túlio Maravilha. E ok, quando ele jogava pelo Cosmos, considerando que o futebol americano até hoje patina, imaginem naquela época em que se jogava em campos do verdadeiro futebol americano ou de baseball, era oficiais, sim, dá para aceitar, mas também foram 66 gols ganhados aí de lambuja. Outro ponto. Peguem a lista de jogos das copas que Pelé jogou e vejam os resultados. Tem 7x5, 6x3 e por aí vai. Hoje, todos os jogos da Copa são 0x0, 1x0 ou 2x1. O mesmo acontece em todos os outros lugares do mundo a exceção da Inglaterra. Então se fazem menos gols, se prioriza mais a parte defensiva e, mesmo assim, Messi não para de empilhar gols. Messi já marcou 288 gols e tem 25 anos! Messi e Maradona jamais fizeram um filme com Silvester Stalone, isso deve ser dito em pró do Rei, para não me chamarem de injusto. Para seguir com os gols de Pelé, segue a lista de competições em que Pelé marcou seus gols: Torrneio Rio-São Paulo – 49 Campeonatos Nacionais – 541 Copas Nacionais – 66 Copas Internacionais – 27 Seleção – 77 Amistosos – 522 Ok, nessa época Rio-São Paulo era importante, não existia campeonato realmente brasileiro até 1967, as tais “copas nacionais” eram duvidosas, mas enfim, era o que tinha. Eu sempre defino o Santos de Pelé como uma espécie de Globetrotters. Um grupo esportivo que jogava amistosos pelo mundo. Eu, como não gosto de amistoso , nem de torneios caça-níqueis ou de segunda importância, gostaria de fazer o cálculo de quem foi o maior artilheiro do futebol mundial historicamente contando apenas gols válidos por campeonatos nacionais, Libertadores ou Champions League e Mundial Interclubes, além, claro, de gols jogando por seleções, leia-se Copa América ou Euro e Copa do Mundo e também poderíamos acrescentar a Copa das Confederações, nada mais. Se contássemos assim, Pelé teria 34 gols em Campeonatos Brasileiros, 17 gols em Libertadores, 7 em Mundiais Interclubes, isso pelo Santos. Pelo Cosmos teria 31 gols pela liga nacional e nada mais. Podemos até deixar todos os gols pela seleção brasileira, incluindo os amistosos e o número de gols realmente importantes de Pelé seria 166. Analisemos Messi. Messi já marcou 319 gols em 431 jogos. Por tratar-se de um jogador moderno, não se contam gols em jogos beneficentes e nem em amistosos do Barcelona. Os únicos amistosos que eu mantive foram os com a seleção, pois também mantive os de Pelé. Desdobrando os números, desses 288 são com a camisa do Barcelona e 31 com a seleção argentina. São 195 gols pela Liga; 22 pela Copa do Rei; Incríveis 56 pela Champions League (Pelé nunca disputou um jogo de Champions League); 10 gols pela Supercopa da Espanha; 1 gol pela Supercopa Europeia; 4 em Mundiais Interclubes. Vou fazer exatamente o mesmo cálculo que fiz com Pelé que dará o número total de gols realmente importantes de Messi. Seriam, então, seus 31 gols com a seleção somados aos 195 gols de liga, mais 56 de Champions League e os 4 em Mundiais. Total? Incríveis 286. Claro que o primeiro contra-argumento pode ser que Pelé não jogou mais torneios brasileiros por que esses não existiam. Aí minha tréplica seria. Primeiro: por que jogar num país em que não existe sequer um torneio nacional? Deveria ter ido pra Europa. Ah, mas nessa época os jogadores não saíam tanto do país; verdade, mas os craques sim saíam, vide Evaristo de Macedo que, nos anos 50, jogou nada mais nada menos do que no Real Madrid e no Barcelona, sem contar outros vários. Segundo, ok, mantemos o número anterior com os gols nos torneios de meia tigela que existiam no país neste então, mas não ignoremos o fato de estes gols serem menos importantes. A minha conclusão, se há de ser sucinto é que não de pode considerar um jogador como o maior de todos os tempos tendo ele tido uma carreira tão insignificante em nível clubístico. Ok, Pelé ganhou duas copas do mundo (a de 66 não jogou), mas Messi ganhou três Champions League que são, como disse anteriormente, o torneio mais importante e qualificado do futebol mundial atualmente, sendo que foi artilheiro em duas delas e se encaminha para ser o maior artilheiro histórico desta competição prontamente. Pelé nunca foi campeão brasileiro enquanto que Messi já ganhou, aos 25 anos, cinco. Para mim, comparar Pelé com Messi é como comparar um globe-trotter com Michael Jordan. Para fechar, uma lista dos maiores artilheiros do futebol mundial, MAS considerando apenas gols em competições nacionais e na principal competição continental, ou seja, Libertadores, Champions League, Copa dos Campeões da CONCACAF, etc e Mundial Interclubes e lembrando que contabilizo os gols em jogos de seleções mesmo estes sendo amistosos, para dar uma ajuda ao Pelé coitado. Eusébio (Moçambique) – 622 Gerd Müller (Alemanha) – 507 Gunnar Nordahl (Suécia) – 490 Uwe Seeler (Alemanha) – 487 Jimmy McGrory (Escócia) – 416 Romário (Brasil) – 384 Di Stéfano (Argentina) - 364 Messi (Argentina) – 286 Pelé (Brasil) – 166 gols

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

El Fútbol

Dicen que el fútbol es una parodia de la vida, que podemos analizar muchos aspectos de la vida humana a través del deporte más lindo y popular del planeta y es verdad. Es difícil de entender lo que es el amor si nunca se ha sido hincha de un equipo; Nunca se va a entender lo que es la vergüenza si nunca has hecho un gol en contra; Nunca se va a saber lo que es placer en su totalidad si nunca has anotado un gol; Nunca se podrá entender la fuerza de los sentimientos heridos y negativos si nunca has anotado un gol de visitante; Nunca se podrá entender lo que es la humillación si nunca te metieron un caño en frente a la popular; Nunca vas a entender lo que es la injusticia si te echan por un penal que no cometiste; Nunca se va a entender la locura si nunca has ido a un clásico en Argentina; La perfección no existe si nunca has visto a Messi jugar; Nunca vas a saber lo que es el dolor si nunca te han pegado un bochazo en la zona más delicada; Nunca vas a entender lo que es la demencia si nunca te has tirado al piso para rechazar un ataque adversario en una cancha transformada en charco por más que el partido no valía nada; Nunca se va a comprender el arte si nunca has visto a Maradona jugar; Nunca vas a entender los misterios de la vida si nunca has jugado al fútbol.