sexta-feira, 26 de junho de 2009

Cruzeiro 3-1 Grêmio

GRÊMIO

Marcelo Grohe: fez nenhuma defesa importante, mas não teve culpa nos gols. Poderia ter feito algo no lance do primeiro, mas não chegou a ser uma falha. 5

William Thiego: uma atuação de zagueiro improvisado de lateral. Bem defensivamente, mas nenhuma participação ofensiva. 5

Léo: não consigo gostar do Léo e acho que errou no posicionamento no lance do primeiro gol. 5

Réver: em alguns lances mostrou certa soberba ao tentar sair jogando ou dominar a bola na área e esperar não sei o quê. 5

Fábio Santos: é ruim tanto defensivamente quanto ofensivamente. 3

Adílson: muito bem como sempre. 8

Túlio: muitos passes errados e dificuldades na marcação a Kléber e Wagner. 4

Tcheco: até quando? ZERO

Souza: jogou muito em cima da linha lateral e quando, no final do jogo, buscou mais o meio de campo, apareceu. Fez um belo gol de falta que deu esperanças para o Tricolor. 6

Alex Mineiro: apesar de que Autuori parece gostar dele, não dá. Errou um de dentro da pequena área e depois, antes de ser sacado, foi irritantemente displicente. ZERO

Maxi López: perdeu um gol que não poderia ter perdido, fez outra boa jogada quando deixou seu patético companheiro de ataque livre e brigou muito na frente, sempre perturbando a defesa adversária. 6,5

CRUZEIRO

O Cruzeiro tem o melhor jogador do Brasil, Kléber, um verdadeiro inferno para qualquer defesa. Além dele, aposta muito na qualidade de Wagner, outro bom jogador e jogou bastante com seus laterais, especialmente Jonathan, que deu bastante trabalho à defesa gremista. No mais é um time médio, com uma defesa fraca e sempre dando espaços aos atacantes do Grêmio. Dá para reverter a vantagem no Olímpico com muita pressão e intimidação a essas bixas. Sobre o chorão Elicarlos, que vá para o inferno.

O JOGO

O Grêmio surpreendeu positivamente. Começou o jogo muito bem postado em campo e perdeu dois gols incríveis com Mineiro e Maxi. Sofreu um gol injusto, mas continuou melhor em campo. O gol a um minuto e meio do segundo tempo foi um golpe duro e abalou o time que depois sofreu o terceiro gol que decretava o fim da Libertadores para o Tricolor. O golaço de Souza e a choradeira do Cruzeiro reanimaram o Grêmio para a guerra da volta.
PS: juiz covarde. O Tcheco merecia ter sido expulso.

terça-feira, 23 de junho de 2009

A culpa é do mordomo

Pior que as farras das cotas de passagens aéreas foram as desculpas dadas pelos seus “usuários”. Falando sobre o deputado Fábio Faria, que é tão obscuro como o seu partido, o PMN, mas que é conhecido por ser o namorado de Adriane Galisteu, Michel Temer disse que o fato de o deputado ter usado as passagens para levar “artistas” ao seu camarote do carnaval fora de época em Natal e de ter presenteado a sogra e a namorada com viagens ao Estados Unidos não caracterizavam algo passível de processo e sim de arquivamento, e foi o que ele fez, arquivou o processo. Segundo Temer, isso não passou de um “erro de procedimento” e que não teve intenção de “auferir lucro”.

A farra das passagens passou e obviamente que haverá punição para ninguém. Agora vivemos o capítulo dos “Segredos do Senado”. Os tais “atos secretos” que vinham sendo usados desde 1995 beneficiaram dezenas de senadores e foram utilizados para empregar familiares. Arrisco a dizer que não há nenhum ser humano com o sobrenome Sarney que não tenha gozado da teta do Estado.

Como cereja do bolo e fato que melhor resume essa “farra” do ex-integrante do governo militar considerado primeiro presidente civil do país após a ditadura militar, está o senhor “Secreta”, apelido dado e muito bem escolhido em tempos de “atos secretos” ao mordomo da filha de Sarney, Roseana, atual governadora do estado do Maranhão onde substituiu o governador cassado Jackson Lago.

No entanto, o mais incrível de tudo isso é a grande cara de pau. Questionada sobre a existência do Secreta, “servidor público” que ganha 12 mil reais mensais, Roseana sorri e exalta as grandes qualidades do funcionário público, diz o ter trazido do Maranhão por ser uma criatura fora de série. Ela ri. Ao mesmo tempo outro político que não lembro o nome diz, sem nem ruborizar, que empregou um filho de Sarney pois devia favores ao irmão maior desse.

O resumo dessa ópera é que entramos em uma nova era na política nacional, que é a era da cara de pau; já não se negam fatos pornográficos, se ri, se confirma, e o fazem protegidos pela mãe da impunidade que reina nesse país.

Para piorar ainda mais, o presidente Lula, que muitas vezes ressalto suas benfeitorias para com o país, mais uma vez é conivente com erros cometidos em frente aos seus olhos simplesmente para manter tudo em paz e não comprometer sua governabilidade. Lula defende o Sarney esteja onde estiver, diz que isso tudo não passa de intrigas da oposição que querem desestabilizar o governo, até parece a Yeda e seus 40 ladrões alcunhando as tentativas de CPI da corrupção do estado de “fatos passados”, “intrigas”, “casuísmos”, “injustiças”.
Infelizmente a população brasileira não tem a mesma força que teve a população britânica, por exemplo. O recente escândalo das despesas dos parlamentares britânicos despertou a ira da população e medidas drásticas foram tomadas, inclusive a permanência de Gordon Brown foi posta em dúvida e inúmeras figuras importantes do governo pediram demissão, como o presidente da Câmera dos Comuns, Michael Martin que foi obrigado a deixar o posto, o primeiro caso em 300 anos. No Brasil nada passa. Os acusados ironizam e ninguém nem cogita a hipótese de largar o osso devido ao sentimento de vergonha. Nada passa, e isso que no Reino Unido os escândalos, brasileiramente falando, não foram nada, no máximo cada parlamentar papou 15 mil libras em reembolsos, nada comparado aos nossos viajantes e aos nossos mordomos.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Semifinais Libertadores 2009

Grêmio – Cruzeiro

Creio que chegou ao fim o sonho do Tricolor de conquistar a Libertadores pela terceira vez em sua história. Não vejo muitas chances para o Grêmio que enfrentará o primeiro clube grande dentro da competição. O Cruzeiro teve uma excelente e inteligente atuação contra o São Paulo, fez parecer um jogo de profissionais contra amadores, correu nenhum risco e jogou bem enquanto que o Grêmio teve duas atuações deprimentes contra o Caracas onde demonstrou uma dificuldade enorme em fazer gols. Felizmente estamos falando de futebol, um esporte em que nem sempre o melhor ganha.

Estudiantes – Nacional

Grande confronto entre o time que melhor jogou na primeira fase, o Nacional, contra um time argentino que está vivendo um grande momento desde que Sabella assumiu como técnico. O Nacional aposta nos seus jovens talentos como Lougueiro e Fernández, o melhor jogador da primeira fase e em sua tradição em disputas de Libertadores. O ponto negativo do time uruguaio foi a covarde atuação contra o Palmeiras em casa, onde jogou de uma maneira extremamente defensiva o que quase lhe rendeu a derrota que não seria nada injusta. O Estudiantes por outro lado conta com uma boa mescla entre experiência e juventude com destaque para o volante Braña, o goleiro titular da seleção argentina Andújar e o atacante Boselli. Será um confronto acirradíssimo, mas aposto no time platense.

Medelín IX

Desde maio não escrevia sobre a vida em Medelín. Já começam a escassear as diferenças sociais ou culturais. O texto de hoje é dividido em duas partes: a primeira mostra um pouco da violência colombiana e a segunda segue a linha dos oito textos anteriores.

Sobre a violência, olhem essa notícia: nesse ano, a guerrilha já matou 104 CRIANCAS que são encontradas enterradas nas zonas rurais do país que, como já devem saber caso sejam leitores assíduos, são extremamente atrasadas e muitas partes são dominadas pelas guerrilhas.

Outro fato que me chocou foi o tal “falso positivo”. Os soldados do exército colombiano obtêm benefícios quando matam guerrilheiros, até aí nada de se surpreender em um país que simplesmente ignora tratados internacionais de direitos humanos. Mas o tal “falso positivo” é uma ação em que os soldados matam CIVIS em troca dos benefícios que, teoricamente, deveriam ser dados em caso de morte de guerrilheiros. Na falta de êxito na busca por vítimas guerrilheiras, matam-se civis. Incrível.

Chega de violência, vamos a comédia da vida colombiana.

Já comentei sobre a terrível pronúncia dos hispânicos para com a língua inglesa, ou, melhor dito, em qualquer idioma. Aqui, não se manda um fax, senão um “faz”. O “x” ao final das palavras vira “z”.

Outro hábito extremamente curioso e ignorante é descer lombas com o carro engatado na segunda marcha. Ninguém usa ponto-morto aqui, inclusive há placas de trânsito sugerindo descer lombas em segunda. Quando estou num táxi sinto uma dor na alma ao sentir que o motor do carro está prestes a explodir.

Outro sufoco que eu passo aqui é quanto aos lugares fechados. Há ar condicionado em nenhum lugar, mas muitos lugares, devido às típicas construções colombianas, não têm janelas, ou seja, é um campo de concentração. E o pior é que lugares que trabalham com saúde, como consultórios médicos e odontológicos, também possuem as mesmas desumanas condições. Esses dias fui com a Marcela ver umas roupas que uma cidadã aqui vende. Estávamos em um quarto de uns 3m por 3m com mais 5 pessoas dentro, sem janelas e, óbvio, sem ar condicionado ou ventilador. Para completar, alguém fechou a porta. Juro que vi a morte de perto, cheguei a sentir a mão da morte tocando meu ombro, senti o frio de sua foice. Comecei a suar frio que é uma das piores sensações do mundo e só não saí antes do cubículo para não causar a ira em alguém... E o pior de tudo: os indiozinhos nem reclamam, não sentem JAMAIS calor ou qualquer desconforto.

Outro fato incrível é a quantidade de acidentes de trânsito. Bom, nem tão incrível se considerarmos que há muitos carros, péssima sinalização, ninguém usa pisca-pisca e ninguém cumpre regras aqui, inclusive as de trânsito. O resultado é fantástico. Só hoje no trajeto de 10 minutos para o trabalho vi dois acidentes. Não passo um dia ser ver ao menos um. E todos os carros têm arranhões na lataria, ninguém se salva.

Para completar, uma constatação social. O povo aqui é evidentemente mais aberto que o povo gaúcho. Chamam-se de “meu amor”, “coração” a qualquer um, fala-se com qualquer um, todo mundo se comunica, todo mundo é amigo. No entanto, não há amizades verdadeiras, daquelas que são como família, aliás, nem com familiares há aquela total confiança que temos. Exemplifico.

Se um amigo vem visitar, arruma-se a casa, as mulheres se maquiam e sugerem aos homens colocar uma roupa melhor e não ficar com a surrada que veste em casa. Há sempre um ar de preocupação com possíveis críticas e fofocas que podem originar por uma simples visita.

Para sair então, a mesma coisa. Não existe levantar do sofá e ir no supermercado. Há que colocar uma roupa melhor pois um amigo pode ver e comentar com os demais e já vira algo penoso, uma fofoca.

Aqui para receber a mãe em casa, mesma coisa. Deve-se arrumar tudo, pois senão vai sair falando mal. Sinto falta de ter relações onde há 100% de confiança. Se a minha casa está um lixo, o amigo vem, constata sem titubear que a tua casa está um lixo e vai embora, mas não irá comentar o fato com outros.

Muito disso é o resultado da grande futilidade que rege a vida das elites aqui, não posso afirmar que nas classes populares funciona da mesma maneira. Mas, sou obrigado a confessar, sozinho, vou ao supermercado de bermuda e chinelo.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Relief II

Once upon the time I was an unrelenting bastard, I believed in dreams and in the future, happy children´s faces smiling at me.
Too many things have changed; Now I´ve got this dissent inside me. I don´t believe in anything besides the end.
The world is riddled of blood diamonds and suffering, agony and miserliness which are concerted to the scenes we´ve been seeing every day around the world.
They spur the war onto us and outline the world if it was a simple math problem
My blueprint doesn´t look for changes, it does look for the easiest way to stop the biggest problem
I´m against the sickening leverage which rules the Earth, this world made-up of the men who only thinks in amassing richness and suffering
Let´s broach the status-quo and make them bleed too
I´m from the opposite fringe which has given up on assessing, which has already spot the causers of the main issues
Let´s stop idling and let´s kill them all tandem in spite of we don´t want their blood running on our bodies
Ain´t no haven. Forget about it.

Mais Um Ataque



Sei que meus ataques à Igreja são freqüentes, mas não posso deixar passar mais esse momento de indignação de minha parte. Ontem, pela terceira vez em minha vida, fui a uma missa. Evidentemente, por obrigação social.

A minha primeira vez foi em uma missa de sétimo dia de um tio. Nessa, o padre ofereceu revistas para vender causando indignação às pessoas que lá estavam prestando suas condolências. Sem mais comentários.

A segunda foi a do meu casamento. Casei com uma católica (felizmente, não-praticante), ou seja, fui obrigado a ir a essa missa.

E a terceira foi ontem, velório do pai de um amigo da Marcela que jamais conheci e, provavelmente, jamais conhecerei, mas fui pelo meu cônjuge, obrigações cretinas e hipócritas sociais.

Antes de começar a despejar meu ódio, alguns fatos no mínimo cômicos, sim, a igreja e suas cerimônias muitas vezes me parecem cômicas. O morto foi cremado e chegou naqueles carros fúnebres gigantes que parecem limusines e a caixinha, do tamanho dessas caixas de anéis ou relógios, veio lá atrás do carro, perdida em uma fúnebre imensidão. Engraçado.

A chegada da caixinha à igreja também é deveras hilária, pois na frente estão duas mulheres, até bem interessantes eram, forçando uma cara de cu e vestidas como aeromoças e atrás alguém traz a caixa com as cinzas.

Enquanto o padre falava e repetia aquele monte de baboseiras, eu olhava para um cara na minha frente, um nerd com o sex appeal de James Dean elevado à potência -1.

Durante os 40 minutos de missa que mais pareceram quarenta séculos, ele passou uma espécie de batom nos lábios TRÊS vezes e, se não bastasse, após cada aplicação, ele se virava, mostrava a seu cônjuge como tinha ficado e esperava a aprovação dessa. Coitada.

Agora o ódio.

Por que, RAIOS, temos que sofrer tanto quando estamos na dita “casa do senhor”? Por que todo esse medo, esse temor, esse clima depressivo que somos COMPELIDOS a ter?

Eu cruzava as pernas, me criticavam; ria, me xingavam; abraçava, me recriminavam; um simples ósculo, me censuravam. E o pior: nem as crianças estavam livres dessa repugnante censura. Por quê? Ele nos vai punir? Seguimos com esse sentimento medieval de temer a Deus, de aparentar sofrimento perante Ele. Seria Deus um ser assim tão rancoroso? Como pode Ele ser assim tão bacana, “o cara” e tão rancoroso e vingativo ao mesmo tempo? Será que ainda mantém sua raiva para com a Humanidade porque matamos o seu único filho? Não terão sido 2009 anos suficientes para superar esse trauma? Não considera ele que NENHUM ser humano da atualidade estava vivo no ano zero? Bom, talvez a Hebe estivesse...

Antes de terminar já vou deixar meu manifesto por escrito de como quero que seja a minha “cerimônia” final. Cremem-me e me tirem no mar ou pela janela. Deu.

E a única conclusão que posso tirar de isso tudo é que é um imenso orgulho ser ateu.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Certo Ou Errado

Estou lendo um livro do genial pensador francês Edgar Morin sobre a educação no futuro. O quase centenário filósofo destaca a importância do “ensinar a pensar” antes de tudo. Afirma o autor que antes de ensinarmos as tradicionais matérias, devem-se ensinar técnicas de entender o mundo onde vivemos, entender a espécie humana, a sociedade e a interação dos seres entre si e com a comunidade em que vivem. Sendo assim, não devemos tachar como certo ou errado atos ou culturas que não estejam de acordo com a nossa e sim entender as diferenças culturais que caracterizam pessoas e sociedades. Evidente que esse é um pobre e breve e resumo do grande trabalho de Edgar Morin.

A obra citada me fez pensar em um “manifesto” de uma polêmica personagem, Adolf Hitler. Reli “Minha Luta” recentemente e tive a mesma sensação que tive quando a li pela primeira vez há anos atrás: há muitas coisas interessantes.

Para analisar a obra de Adolf Hitler teríamos que seguir um pouco algumas das instruções de Morin. Há de se analisar as ideias de Hitler sem preconceitos.

A primeira coisa que chama a atenção na obra é a demente mania de perseguição que Hitler tem contra os judeus. A todo o momento Hitler trata de citá-los e os culpa de todos os problemas da Alemanha. No entanto, o que mais se destaca na obra é a proximidade que algumas ideias de sociedade que Hitler tem com conceitos de movimentos e de pensadores de esquerda, principalmente nos temas relacionados à distribuição de terras. Acreditem ou não, se o MST lesse o último capítulo de “Minha Luta” SEM SABER que fora escrito por Hitler, arrancariam as páginas e levariam para as suas manifestações, ademais, votariam no autor do texto.

Além do tema “distribuição de terras”, Hitler critica severamente as elites a quem ele se refere como “burgueses judeus”. Retiremos a palavra “judeus” e seguimos na mesma linha dos movimentos e pensadores de esquerda. No tema “terras”, Hitler bate forte e edita regras que defendem as pequenas propriedades e pequenos produtores; coloca o governo à disposição de pequenos produtores oferecendo de forma gratuita toda a assessoria necessária; pune os donos de terras que não produzem com a perda de suas propriedades, entre outros. Para justificar todas essas regras, Hitler diz ser importante manter-se um campo saudável, rico e produtivo e que mantém sua população trabalhando, não fazendo com que essas pessoas vão para a cidade em busca de trabalho porque não conseguem sobreviver nas zonas rurais alemãs.

Quem tiver mais interesse, ao final da obra há uma série de pontos específicos sobre a vida na zona rural da Alemanha, um mais interessante que o outro.

A obra de Hitler apesar de se perder em alguns momentos deveria ser lida. Acho interessante saber os motivos que o levaram a fazer o que ele fez. Pode-se notar a construção do Hitler que todos nós conhecemos ao longo do livro, suas frustrações, seus ódios, seus desafetos, sua visão de mundo, sociedade e política, enfim, uma leitura válida se somos capazes de deixar os preconceitos de lado, como eu que comecei citando um judeu para falar sobre Hitler.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Relief

They´ve been looting since I was born and nothing has been done to halt that.
The Earth is a shameful foiled.
Everyone conveying the worst things they´ve got inside
Nobody even reel before doing the worst things they are capable to do
Nonetheless, I wage my particular struggle against the ones who don´t deserve to laugh at the end
I don´t accept any bounties from people or scores of men I don´t trust
They can be pervasive, but nothing has changed me, and nothing will do
I´ve got the stream to be against, whatsoever shows up in my way
I´m one of the few left from the good crop
And I respect the breadth of the Humanity though I always want to tap the discordance
Let´s maul the bad, the evil
And round up who really deserves to be alive
Put all the scamp and the filthy in a big kennel and let´s plunge into the lightness
I do want a veer in the way Humanity is going even if it is lagging
I´ve got enough patience

PPP´s

Fazia tempo que não ouvia falar nas Parcerias Público Privadas e hoje li que Yeda encontrou a saída para o problema dos presídios gaúchos através das ditas PPP´s.

Como não há dinheiro para a construção de novos presídios (e por que raios há tanto dinheiro para as exigências da FIFA?), a saída foi buscar ajuda na iniciativa privada e todos nós sabemos que a iniciativa privada sempre esta disposta a ajudar o Estado sem buscar qualquer espécie de benefício em troca. Essa relação é tão amorosa que, em períodos de crise do capitalismo, o Estado ajuda as grandes empresas, vide a fortuna que o governo americano doou para o capitalismo sem esperar nada em troca, por exemplo.

Evidente que, antes de Yeda sequer pensar em abrir uma licitação para tais obras (esqueçamos da Operação Solidária, a relação de Yeda com as empreiteiras e com os processos licitatórios é totalmente limpa, nada pornográfica), já há nomes de interessados. Que amor ao Estado que é tão maltratado em tempos de vacas gordas do capitalismo! Isso me comove, o poder de perdoar e de superar antigas rusgas e desafetos.

Pois bem. O projeto de uma prisão na área metropolitana de Porto Alegre deve custar cerca de 150 milhões de reais, valor que o governo estadual não tem e temos que entender. O DETRAN nos levou ao redor de 44 milhões de reais, os selos da assembleia outros três, mais gastos que teremos com a FIFA e também sabe-se lá quanto custou aos cofres do caixa 2 da Yeda para dar um fim a pedra no sapato chamada Marcelo Cavalcante. Enfim, não há dinheiro em caixa. Nem na um nem na dois até porque a dois teve que pagar casa de governadora e ainda por cima reformas.

Essa nova prisão teria capacidade de abrigar três mil internos e teriam um custo de dois mil reais por mês por preso ao Estado, bem mais que os R$700,00 que estes custam aos cofres públicos nas prisões estatais atualmente. Sim, a iniciativa ama o Estado, mas também nem tanto. Tudo é fugaz nos tempos hipermodernos. Ou seja, o Estado gastaria seis milhões por mês, 72 por ano. Ou seja, em dois anos os gastos do Estado com os presos já seria equivalente ao valor da inversão feita pela iniciativa privada. Excelente negócio.

Minha lógica pergunta: não seria melhor “negócio” para o Estado de Yeda construir por conta própria a sua prisão estatal que custa R$700,00 por mês por preso? Vou mais além: não seria melhor liberar os presos menos perigosos e pagar um salário de dois mil reais por mês a eles, salário que lhes garantiria uma vida digna?

Ou então, não querendo complicar ainda mais a vida já complicada da governadora, será que esse governo vê essas futuras licitações como uma nova fonte de renda para o seu debilitado caixa dois? Não esqueçamos que a governadora já afirmou mais de uma vez que buscará a reeleição, há de se fazer mais dinheiro para comprar a casa na praia ou uma na Califórnia para seu filho além de financiar sua nova campanha.

Enfim, deve ser mais uma loucura da minha cabeça, mais uma acusação “sem provas” como são todas as feitas contra o governo IDÔNEO de Yeda Crusius.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Ameaça

Não vi o suposto bom primeiro tempo da selecao argentina ontem, mas vi a horrorosa segunda etapa que não foi muito diferente das últimas atuações, especialmente contra a Colômbia.

Após a última rodada, a selecao argentina se encontra na quarta posição a dois pontos do quinto colocado que será obrigado a disputar uma vaga contra o quarto colocado da CONCACAF.

Antes de começar a desbordar sobre o futebol da selecao de Maradona, vale lembrar que o México está em apuros no hexagonal final da CONCACAF e as chances de que a equipe azteca acabe na quarta colocação são grandes. Uma disputa ida e volta sendo o primeiro jogo na altura, local onde a Argentina perdeu seus três jogos de eliminatórias, é, no mínimo, de causar pânico em qualquer selecao sul-americana que acabe nesse posto.

A Argentina se encontra em uma situação que se assemelha muito a do Brasil nas eliminatórias para a copa de 2002. Sempre namorando com a possibilidade de abandonar as posições que garantem vaga à copa, mas nunca sai. O Brasil não saiu e se classificou e creio que a Argentina também se classificará. No entanto, também posso afirmar que nunca a chance de a Argentina cair fora do Mundial esteve tão próxima.

Assim como o Brasil de 2002 que tinha craques como Rivaldo e Kaká, a Argentina tem os seus: Messi e Agüero. O que complica a situação argentina são os próximos confrontos: Brasil em casa e Paraguai e Uruguai fora de casa. Ok, tem Peru em casa também.

Todos os jogos da Argentina de visitante me dão a sensação de derrota certa. A atitude e a desorganização, especialmente defensiva do time, me dão a clara ideia de que a derrota é questão de tempo. A Argentina não consegue jogar fora. Outro ponto é importante de se ressaltar é a culpabilidade de Maradona. Já não penso duas vezes antes de colocar boa parte da culpa nas costas do pibe de oro. Aliás, desde a saída de Bielsa que a Argentina não consegue um técnico à altura do seu potencial.

Voltando a Diego, é inadmissível a falta de continuidade do time. Muitos técnicos reclamam (sem razão), especialmente no Brasil, da falta de tempo para treinar ignorando que a outra selecao, seja ela qual for, tampouco tem tempo para treinar. O que é lógico de se fazer? O que faz Dunga no Brasil, Capello na Inglaterra ou como fazia Bielsa na Argentina: manter o mesmo time.

Maradona muda o time a cada jogo e é visível que o time não se conhece, não se encontra. Além disso, há jogadores que têm a confiança de Diego como Jonás Gutierrez que não têm condições de jogar na selecao. Trata-se de um bom e eficiente jogador, mas não pode ser titular de uma selecao como a Argentina. Soma-se a isso a inexplicável ausência de Cambiasso, um dos melhores volantes do mundo que ainda não foi sequer convocado pelo técnico argentino. Ponto positivo: finalmente achou-se um goleiro, Andújar, baita goleiro do Estudiantes e que estava a horas merecendo essa oportunidade.

O meio de campo é outro grande defeito do time. Gago e Mascherano formam uma boa dupla de volantes, mas daí para frente nada funciona. Gutierrez não faz nada além de correr pela ponta direita enquanto que criando de fato no meio, ninguém! Desde a saída de Riquelme, Maradona não conseguiu corrigir o meio ofensivo do time. Verón não dá!

No ataque, soa muito bonito ver Agüero, Messi e Tévez, mas sem municiamento para eles não adianta. Além disso, Tévez joga na selecao por puro afeto com o técnico, pois não passa de um jogador valente e esforçado, mas que não tem condições de ser titular da selecao argentina. Por que não recuar o Messi como ele joga no Barcelona e deixar na frente Agüero com Milito?

Mas a defesa é o ponto mais preocupante do time. Uma desorganização completa, cada jogo uma formação diferente. Já tivemos Demichelis, Heinze, Otamendi, Papa, Zanetti, Angeleri, Cata Díaz, Samuel e outros justamente em uma posição onde o entrosamento é fator determinante.

Outro problema gravíssimo da selecao argentina e isso não é somente característica do período maradoniano é a falta de violência e de brios do time. Mais uma vez citando time de Dunga, o Brasil mata as jogadas a todo o tempo com faltas. Bate. A Argentina não faz faltas, deve ser o time mais fair play do mundo e soma-se a isso a falta de indignação. Desde a saída de Simeone da selecao não há um jogador com a característica de líder, que grite, que intimide árbitros e adversários e isso faz muita falta.

Espero que isso não passe de uma ameaça como foi com o Brasil em 2002, mas temo muito por esse time que não consegue acertar três passes seguidos e que não consegue se impor nem jogando em casa contra adversários inferiores como a Colômbia. O jogo contra o Brasil será vital e vale lembrar a atitude que o Dunga implantou no adversário de jogar nos contra-ataques quando joga de visitante, ou seja, a Argentina irá enfrentar um time que jogará esperando, atrás, mas que aplicará contra-ataques assim como fizeram na final da Copa América, com Kaká, Robinho e Luís Fabiano e não Rentería e Falcao Garcia. E com essa defesa desorganizada...drama à vista em Buenos Aires onde o público também poderá se tornar outro adversário. Eu colocaria o jogo para Rosario ou Tucumán onde haveria apoio incondicional a uma selecao que nunca joga nessas praças de torcidas tão fanáticas.

Meu time ideal seria:

Andújar (Estudiantes)

Zanetti (Inter Milan)
Demichelis (Bayern Münich)
Samuel (Inter Milan)
Heinze (Real Madrid)

Mascherano (Liverpool)
Cambiasso (Inter Milan)
Montenegro (Independiente)
Messi (Barcelona)

Agüero (Atl Madrid)
Higuaín (Real Madrid)

Reservas:
Assmann (Independiente)
Carrizo (Lazio)
Ibarra (Boca Juniors)
Otamendi (Vélez Sarsfield)
Cata Díaz (Getafe)
Gago (Real Madrid)
Braña (Estudiantes)
Maxi Rodríguez (Atl Madrid)
Pastore (Huracán)
Defederico (Huracán)
Milito (Inter Milan)

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Seleção Temporada 2008/2009

Segue a mina seleção da temporada 2008/2009:

1. Júlio César (Inter Milan – Brasil)

4. Maicon (Inter Milan – Brasil)
2. Vidic (Manchester Utd – Sérvia)
6. Carragher (Liverpool – Inglaterra)
3. Evra (Manchester Utd – França)

5. Mascherano (Liverpool – Argentina)
8. Xavi (Barcelona – Espanha)
10. Iniesta (Barcelona – Espanha)
11. Robben (Real Madrid – Holanda)

7. Messi (Barcelona – Argentina)
9. Ibrahimovic (Inter Milan – Suécia)

Melhor jogador: Messi.

Melhor time: Barcelona.

Menções honrosas: Eto´o (Barcelona – Camarões), Henry (Barcelona – França), Ribéry (Bayern Münich – França) , Terry (Chelsea – Inglaterra), Cambiasso (Inter Milan – Argentina), Abbiati (Milan – Itália), Rooney (Manchester Utd – Inglaterra), Fernando Torres (Liverpool – Espanha), Benayoun (Liverpool – Israel), Xabi Alonso (Liverpool – Espanha), Anelka (Chelsea – França) e Forlán (Atl Madrid – Uruguai).

Resumo da selecao:

2 brasileiros;
1 sérvio;
1 inglês;
1 francês;
2 argentinos;
2 espanhóis;
1 holandês;
1 sueco.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Eliminatórias Sul-Americanas

Um breve resumo dos jogos dessa rodada de fim de semana que passou. O grande destaque foi a goleada do Brasil contra o Uruguai e a péssima atuação argentina em casa, decepcionando seu público.

Uruguai 0-4 Brasil: desde a chegada de Dunga a seleção brasileira assumiu um estilo de jogo que jamais havia sido usado na história do futebol brasileiro que é o de jogar recuado e explorando sempre os contra-ataques. Queiram ou não, essa postura tacanha de time pequeno está dando resultados.

Quem viu o jogo sabe que o resultado não foi digno do que foi o confronto, mas é inegável que o Brasil atuou bem e de maneira inteligente e que fez bom uso do gol que recebeu de presente do goleiro charrua. Aliás, o segundo gol também deve ser creditado na conta do arqueiro oriental. O primeiro gol desestabilizou o time uruguaio que passou a atacar de forma desesperada e acabou sem conseguir sequer o gol de honra.

Vale destacar nesse jogo também os erros grosseiros da arbitragem. A expulsão de Luís Fabiano foi um exagero tendo em vista que, se não saltasse, chutaria a cara do goleiro e o pênalti em cima de Kaká também foi uma vergonha.

Destaco também a má atuacao de Kaká.

Argentina 1-0 Colômbia: mais uma atuação abaixo da crítica do selecionado de Maradona e eu pelo menos já começo a culpar o carismático Diego. Um ataque com Kun, Tévez e o maior jogador do mundo é algo excelente de se ver, mas quando olhamos o meio de campo começamos a entender porque não funciona. Gago e Mascherano são defensivos, aliás, este último foi o melhor em campo; e mais à frente há Jonás Gutiérrez e Verón que não dá mais, aliás, nunca deu. Sou um dos poucos a quem Verón, com sua lentidão e aparente falta de vontade, nunca convenceu. A Argentina depende de um jogador que atua como veterano desde que começou a carreira que o máximo que faz são lançamentos em profundidade que em pouco somam ao time. Falta técnica no meio, a Argentina sofre com a renúncia de Riquelme e Maradona não coloca outro jogador nessa posição. Eu iria de Montenegro que, apesar da péssima campanha do Independiente, está jogando demais e ainda por cima é o artilheiro do campeonato argentino e bate faltas como poucos.

A Colômbia jogou bem e merecia coisa melhor, culpa de seus atacantes.

Bolívia 0-1 Venezuela: não vi o jogo por motivos óbvios, mas a vitória da seleção do Chávez mostra duas coisas: dá para sobreviver à altura de La Paz e que a Venezuela está na briga pela quinta vaga.

Paraguai 0-2 Chile: com um time basicamente reserva, o Paraguai jogou sua pior partida nas eliminatórias e enfrentou um Chile muito azeitado que poderia ter ganho por diferença ainda maior. O Chile deu um passo grandioso rumo à Copa e tem um jogo em casa na quarta-feira que é vital; o Paraguai não deve se assustar, segue muito bem posicionado.

Peru 1-2 Equador: vitória vital para as pretensões equatorianas e totalmente lógica. O que chamou a atenção nesse jogo foi a presença de um jogador da terceira divisão local na seleção do Equador, deve ser o único no mundo nessa situação. Evidente que há casos de seleções menores que têm jogadores em ligas secundárias de países mais potentes, mas do mesmo país! É o primeiro caso que tenho conhecimento. O que acontece é que ele tem 18 anos e foi destaque no último sul-americano sub 20 e já foi inclusive vendido ao Villarreal.

Aushwitz

Ir à Aushwitz é um estilo único de turismo que eu nomeio de “turismo depressivo”. À época que eu fui os campos se viam ainda mais tristes. Totalmente brancos, neves por todos os lados.

Antes de começar a citar as aberrações que nos são apresentadas dentro dos galpões do campo de concentração, sou obrigado a falar sobre a maneira com que a estrutura é conservada e sobre a fauna, sim, a fauna.

O clima de Aushwitz é tão pesado que a fauna é composta exclusivamente por abutres, sim aquelas aves negras e macabras. Elas se localizam por todos os cantos do campo.

É interessante também notar que o lugar foi mantido em sua aparência original ao máximo, ou seja, se encontram ainda as placas em alemão espalhadas por todo o campo.

Para quem não sabe, o campo é composto por vários galpões. Em cada um deles, uma “atração” diferente. Em uma visita à Aushwitz, há de se contabilizar em quantos galpões cada visitante será capaz de encarar. Cada um é pior que o outro. Há um com apenas montanhas de cabelos em uma vitrine; outro com utensílios pessoais dos prisioneiros; outro com roupas e, o pior de todos: um que possui apenas roupas de crianças.

É bizarro e ao mesmo tempo impressionante a forma com que os nazistas utilizavam os campos de concentração. Além de serem usados para aniquilar as raças ditas inimigas e inferiores, os campos eram usados como uma fonte de materiais para alimentar a guerra. Os ossos dos mortos eram utilizados para a fabricação de armas; os cabelos para fazer colchões, travesseiros, cobertores e afins e por aí vai. Uma perfeita indústria da morte.

Uma amiga polonesa me disse que seu avô, habitante de uma cidade próxima à Aushwitz, sentia o cheiro podre de morte dependendo de como o vento estava. Além disso, disse que o mesmo avô escutava os gritos dos prisioneiros a cada vez que passava perto do campo e nada podia dizer, qualquer manifestação de repúdio era seguida de retaliações a pessoa que se manifestou de maneira contrária às técnicas utilizadas pelos nazistas bem como à sua família.

Quem estiver por perto deve fazer parada obrigatória em Aushwitz. Um museu real e detalhe: de graça. As organizações judias que sustentam o museu fazem questão de que todas as pessoas possam entrar e ver o que passou. Enfim, um turismo para quem tem estômago.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Nostalgia

Tirem o cavalinho da chuva os que pensam que escreverei sobre Porto Alegre. Ontem passei a tarde inteira lendo o Blog de um querido e saudoso amigo, Rodrigo, mais conhecido como Tim Tim. Ele ganhou esse apelido por ser fã da clássica personagem belga. Ou também pode ser chamado de Tom, outra personagem de sua admiração, o cantor/poeta maldito amigo de Bukowski, Tom Waits. Além disso, ele é paulista, mas dá para agüentar.

O Blog do meu querido Tom pode ser definido como um poço de nostalgia. E eu sou um nostálgico. Eterno. Nos meus últimos dias em Porto Alegre fazia nada mais além de “nostalgiar” com o meu irmão de cor Ângelo. Infância e Londres eram nossas pautas mais abordadas.

Pois eu fui embora, Ângelo ficou, todas as pessoas aqui são “novas” para mim e não há mais como nostalgiar, não há com quem, não há parceria. Poderia nostalgiar sobre Londres com a Marcela, mas não quero parecer descontente.

O fato é que esse Blog do Tom ele começou a escrever desde sua chegada à Londres, a nossa Londres onde, após dois ou três meses de minha chegada, nos conhecemos e fomos morar na mesma casa, dividir teto. O que posso dizer é que esse cara é demais, apesar de ser paulista.

Mas a nostalgia vai mais além da figura patética de meu amigo paulista e abrange a convivência nessa casa como um todo. Para quem gosta do seriado Friends, digo que pude viver o meu. Morar com amigos, não seis senão oito, mais Marcela e Demo Ângelo, lá apelidado de Saco de Lixo devido aos seus atos bárbaros e sua conduta repugnante.

Foram bons tempos que jamais voltarão, de casa bagunçada, sempre uma companhia para conversar, de Tom deitado no sofá de couro da sala vendo luta livre, imagem essa que sempre agredia minha retina todos os dias a cada chegada em casa depois do trabalho.

Aliás, vale destacar a felicidade desse cidadão quando nos via, lembrava um cão quando recebe seus donos em casa. Ele saía para trabalhar às 5h30min e chegava às 10h30min. Se deitava no sofá sozinho e esperava alguém chegar. Sua felicidade era tanta que, ao ouvir um ruído atrás da porta, se levantava do sofá e ia receber com um abraço a sua nova e ordinária companhia. Só faltava se mijar como um cachorro. Que rapaz!

Sinto falta de comer com ele perguntando o que eu estava comendo e pedindo um pedacinho: “animal, me dá um pedacinho?”. Quando eu dizia que não ele ficava magoado e saía vomitando intempéries contra a raça gaúcha. Que cara!

Sinto falta do Luís. Sempre chegava em casa com um ar depressivo, de saco cheio do trabalho (trabalhava 100 horas por semana) e reclamando que não tinha tempo para nada, que o Saco de Lixo roubou suas camisas alvas e perfeitamente passadas, enfim, mas bastavam cinco minutos com a gente, e quando digo “gente” o ladrão de suas camisas também, para ele se acalmar, abrir um sorriso cansado e começar a falar merda com a gente. Ou então, se ainda estivesse acordada, ou seja, quando o querido Luís chegava antes das 21h30min, a Marcela conseguia fazê-lo rir mais rápido que a gente.

Sinto falta da expectativa que havia na casa para a chegada do Luís com um fruto de sua rapinagem. Luís roubava inúmeros artigos do hotel e roubava de raiva por trabalhar tanto. Nunca esqueço das caixas de café e da alegria no rosto da Marcela, a principal consumidora do produto. Luís nem tomava café; trazia porque havia um sentimento de unidade familiar naquele nosso ninho que poucas famílias têm. Há de ser dito que a expectativa era grande também em relação às histórias de assédio sexual que Luís sofria no hotel de seu gerente homossexual.

Uma casa com 10 homens e uma mulher. Apenas com essa informação já se vê que era um recinto no mínimo curioso. E curioso todos estávamos para ouvir as histórias do Tio Eri quando chegava à casa. Jamais conheci alguém que tenha passado por tantos momentos estranhos em Londres como o capixaba Eri. Esse cara era tão genial que ele assumia que fingia que lia no metrô simplesmente porque todo mundo lia. Ele dizia, palavras dele: “pô, bicho, peguei um livro do Rodrigo, abro e finjo que leio; eu sou uma puta, faço o que todos fazem, sigo a moda”. Quem da casa não se lembra da história do Tio Eri esperando a morte chegar trancado em um frízer? O mais fantástico dessa história foi que o dito cujo, após aceitar a morte, se sentou e abriu uma cerveja, ele que nem gostava de cerveja, mas viu uma marca cara do produto e pensou que queria morrer ingerindo algo caro. Demais.

No Blog do Tom havia um texto dedicado exclusivamente a outro célebre habitante original da baia, Celito, o cara do pavio curto! Espero que ele não fique brabo, mas vou assumir em nome de todos integrantes que todos nós ficávamos nos segurando para não rir do imensurável mal humor com que o nosso Celito chegava à casa, o único que não conseguia era o Saco de Lixo que tinha ataques de riso após cada resposta indignada e furiosa do nosso Celito, grande cara que infelizmente partiu antes que todos e encerrou sua vida europeia com uma viagem fantástica. Quem não se mijou rindo da história do Celito descendo em outra estação porque a polícia estava de tocaia na nossa estação de Kilburn Park? Ou quem não se impressionou com a tensão e o suspense de quando atracaram o Celito na saída da estação e chegaram até a ligar para a central de informações para checar a situação legal (ilegal) do nosso Celito?

Tivemos apenas um novo integrante que não fazia parte da escalação inicial, o bom menino Maicon, Chico Bento, rapaz religioso do interior catarinense, chegou para ver a casa na semana do Natal de 2005 e pegou o único dia que a casa estava arrumada. Na hora aceitou entrar para o time. Felizmente ele não se indignou com a verdadeira situação da casa que voltou à sua normalidade de podridão após a noite feliz. Maicon muitas vezes sofria tendo que conviver com tantas pessoas de caráter tão diferente ao dele. Vê-lo conversando com o Ângelo era como ver o Demônio e Jesus Cristo trocando ideias. Pedia dicas para a Marcela, mudou seu estilo de guri do interior estilo Chico Bento por um modelo mais féxiom, mas seguia com sua bíblia e seu rosário ao lado de sua cama.

Lembro também das nossas duas grandes festas na casa, o Natal e o aniversário da nossa Branca de Neve. Impossível esquecer a cara do Tio Eri conferindo os preços e marcas dos presentes, muitas vezes ainda o ouço dizendo com seu sotaque carioca: “é Hugo Boix, Hugo Boix!” Sobreo aniversário da Marcela, inesquecível o nervosismo do Celito que não conseguiu guardar segredo sobre a festa-surpresa até o final e, dominado pelo nervosismo, quando viu a Marcela chegando bateu a porta na cara dela...quase morro de rir.

E esses dias estava pensando no nosso parque também, um incrível lugar repleto de atrações que descobrimos quase que ao final de nosso tempo em Kilburn, acho até que quem descobriu foi o Celito quando descia em estações anteriores à nossa. Lembro também das idas ao supermercado, o Tim Tim enchendo o saco olhando todos os preços e comprando “docinhos”. Lembro do Tim Tim furioso com o Ângelo, ficando de mal com ele por algumas horas pois este tinha roubado alguma roupa dele, mas que jamais conseguiu cumprir suas promessas de “gelo” ao Demo e sempre tinha o coração amolecido pelo inigualável caráter do nosso Saco de Lixo. O Tim Tim com seu esqueite, as discussões diárias e longas entre Tim Tim e Ângelo sobre quem tinha o pé mais bonito, Ângelo com seu pé disforme e torto e o outro com seu patético pé gordinho...o Luís arrumando a casa puto da vida porque ninguém ajudava e se segurando para manter a carapaça de raiva quando o Saco de Lixo, do alto de seu tremendo mal caratismo dizia que havia limpado o banheiro ou não sei aonde quando na verdade ele passou todo o dia atirado como um entulho no sofá da sala sem mover um dedo, apenas jogando Play.

E os bed buggies animais do demônio que começaram a atacar o quarto mais busy da casa e depois infestou cada centímetro cúbico, nos comendo vivo, deixando marcas bizarras por nossos corpos...ah, e os almoços de domingo! Tão aguardados! Íamos todos comprar os ingredientes no Sainsbury, o Ângelo sempre dizia que pagava depois, mas ninguém cobrava...e as nossas Digestives, não passávamos um dia sem devorar um pacotinho...

Nossas idas aos fins de semana à feira de Kilburn, o medo que o Tim Tim tinha da africana que vendia eletrônicos “you in my life again!”, todas as porcarias que comprávamos com o dinheiro da casa e nada funcionava, e seguíamos comprando. A nossa televisão gigante, ápice da casa que logo foi substituída pela velha e boa de 14 polegadas, impossível não rir do fracasso que era a cena: a televisão grande ao lado da pequena e a última funcionando, com nossa Sky inclusive.

E os convidados especiais? Quantas criaturas dormiram naqueles sofás! Joselito passou um mês, Sandrinho e Sandrinha Sunshine, australiana Catherin, argentino Santiago, irlandês demente Mark e British-German namoradinha da Izinha, únicos representantes de raça superior a pousar na nossa baia; Germán e sua trupe de colombianos sem-teto, Cami e seus bed buggies, enfim, foram inúmeras presenças.

Muitas saudades desse tempo e de todos.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Atenas

Diferentemente de Roma, sua cidade ocidental histórica rival, em Atenas toda a sua parte histórica da Idade Antiga se concentra em uma localidade, a região da Acrópole. Aos pés da Acrópole, há uma grande aglomeração de comerciantes onde se pode encontrar de tudo em matéria de suvenires. Nessa mesma região, abaixo também da Acrópole, podemos ver o cemitério antigo com suas tumbas ao alcance da vista de todos e o grande e imponente teatro ateniense.

Falando em coisas antigas, algo interessante na capital grega são alguns buracos que aparecem no meio da cidade em plena calçada onde se olha para baixo e, atrás de um vidro grosso, vê-se uma pedra ou qualquer objeto antigo. Falando com um grego no meu hotel, ele me disse que muitas construtoras na Grécia são obrigadas a cancelar suas obras, pois, durante o princípio das escavações do solo, encontram-se relíquias antigas e, por lei, a obra deve ser repensada ou, em alguns casos, cancelada.

Além dos pontos óbvios que todos sabem de Atenas, essa é uma cidade extremamente agradável de morar. Apesar de ser uma cidade muito grande, conserva inúmeros bairros com aspecto de cidade antiga, calmos e silenciosos, cheios de pequenos e bem decorados restaurantes.

Vale a pena também subir nos morros atenienses e sentir as ruelas e as inúmeras casas, em sua maioria brancas, que povoam essas partes da cidade.

Quem tiver bastante tempo, vale à pena conferir in lócus a paixão do grego pelo futebol e a grande rivalidade entre os dois maiores clubes do país, o Olympiakos e o Panathinaikos que protagonizam um dos clássicos mais intensos do futebol europeu.

Também há de se notar a modernidade do sistema de transporte de Atenas, com destaque para o seu novo metrô, construído para as olimpíadas de 2000 e o aeroporto que também foi remodelado.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Alemanha, Áustria, Suíça e Lichteinstein

Esse será o primeiro texto de uma série que abordará inúmeros destinos ao redor do mundo. Começo, então, com a Alemanha e seus vizinhos, em uma viagem que fiz em 2005 com outros três amigos.

Aterrizaríamos teoricamente em Stuttgart, mas, mais uma vez, fomos traídos pelas companhias aéreas de baixo custo da Europa e fomos parar em um povoado no meio do nada cujo aeroporto é o mais simples que já vi. O aeroporto de Hahn é uma espécie de rodoviária de aviões. No lugar de lojas de jóias caras e grifes, há estabelecimentos que mais parecem camelôs da Praça da Alfândega, vendendo camisas do Bob Marley, artesanatos e afins.

De Hahn fomos finalmente para Stuttgart que é uma cidade de uma qualidade de vida excelente. Rodeada por montanhas, muito verde, organização e limpeza típicos da Alemanha, aí passamos um dia e depois seguimos, com um carro que alugamos no aeroporto para uma pequena cidade universitária no centro do país onde iríamos encontrar um amigo que lá estudava. Detalhe: a universidade é uma das mais antigas do país tendo começado suas atividades no século XIV.

Passamos uma noite por lá dormindo no próprio complexo da universidade e, no outro dia bem cedo, saímos em direção ao sul para desbravar o estado da Bavária, o mais rico da Alemanha.

As cidades e vilarejos dessa região são simplesmente espetaculares e dão uma bela amostra da arquitetura típica germânica. Todas as cidades, por menores que sejam, contam com uma praça central e sempre com jardins espetaculares. Se paga para estacionar mesmo nas cidades sendo do tamanho de um bairro.

O povo é extremamente amável, a grande maioria fala inglês e são muito solícitos na hora de dar informações. Há muitos estabelecimentos estilo delicatessen onde se podem encontrar algumas maravilhas como iogurtes, queijos, salsichas e carnes típicos da região.

Para quem não sabe, a Oktoberfest se realiza na última semana de setembro, ou seja, não é em outubro. Nossa meta era chegar à Munique para assistir as celebrações.

Outra surpresa foi que o evento não é apenas uma ode à cerveja e sim uma
apresentação da cultura e da história da região. Há um desfile espetacular que abre as celebrações.

A Oktoberfest em si, pouco me chamou atenção. Uma avenida, galpões de cervejarias em ambos os lados, o povo circula pelo meio e, ao final, um pequeno parque de diversões. Muitos vendedores de pretzels e de pães de mel. Turistas em sua maioria da Grã-Bretanha, da Austrália e Nova Zelândia.

Falando em Munique, esta sim uma cidade grande, é outra maravilha alemã. O prédio da prefeitura com sua apresentação diária dos bonecos dançarinos que ficam em uma de suas cúpulas é uma obra brilhante. Fomos também ao famoso restaurante da HB onde comemos umas típicas almôndegas alemãs com batatas. Há banda ao vivo tocando música alemã e garçonetes com trajes típicos e com um número incrível de copos nas mãos.

Diz-se que era um dos lugares favoritos de Adolf Hitler.

Na cidade de Füssen visitamos o castelo do imperador Ludovico, um louco fanático por cisnes. Há cisnes por todas as partes, desde estátuas até as maçanetas das portas. O castelo foi construído no século XIX, ou seja, não é tão antigo quando falamos de Europa e é localizado no alto de uma montanha. O resultado é uma paisagem fenomenal que, inclusive, inspirou Walt Disney quando esse desenhou o castelo de Branca de Neve.

Mas além da Alemanha, o texto é também sobre os vizinhos Suíça, Áustria e Lichteinstein. Coloquei todos juntos no mesmo texto, pois são muito parecidos. Há uma fronteira entre Alemanha e Suíça que é apenas um portão que fica à beira de um lago. As pequenas cidades e povoados suíços são iguais aos alemães e austríacos, muitas vezes nem sabíamos em qual país estávamos, tínhamos que perguntar. Na Suíça destaco Zurique, uma das cidades mais sensacionais que já visitei, uma arquitetura espetacular, com muitas pontes antigas, cúpulas e flores por todas as partes. Na Áustria, Innsbruck, cidade que recentemente sediou os jogos olímpicos de inverno, é extremamente agradável, oferece inúmeras opções de esportes de inverno, é rodeada por lindas e verdes montanhas e tem um parque imenso com belos jardins e um tabuleiro de xadrez gigante.

Para finalizar, Lichteinstein. Conseguimos a façanha de visitar DUAS cidades desse minúsculo país. Além da capital Vaduz, fomos à outra pequena cidade. O país é um paraíso fiscal e essa característica atrai muitas pessoas com muito dinheiro de países vizinhos, principalmente alemães. Nas ruas apenas carros de luxo e poucas partes para se visitar.

Destaque final: as incríveis paisagens nas estradas, lagos de águas cristalinas, montanhas com neve eterna, vacas com sinos pendurados nos pescoços, casas na beira dos lagos com barcos à disposição, os bondes, as lindas gurias alemãs, o prazer de dirigir nas autobands germânicas, as Ferraris que, mesmo estando a 200km/h passam por ti e desaparecem em questão de 2 segundos, o Alianz Arena, a paixão pelo futebol...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

I AMsterdam

Infelizmente quando se menciona a capital holandesa, a primeira coisa que vem na cabeça da (ignóbil) maioria é droga. Já, desde o princípio, alerto que Amsterdam é muito mais do que isso.

A característica que mais chama a atenção é o aspecto de cidade pequena que ela tem mesmo sendo uma capital de grande população. No centro, há poucos carros e muitas bicicletas. O grande risco dos pedestres no centro da cidade é ser atropelado por bicicletas, pois leva tempo para se acostumar com a presença de tantas. Felizmente, todos os ciclistas tocam a sua sineta quando notam a presença de um turista desavisado e possível vítima de um atropelamento ciclístico. Eles não gritam, não xingam: apenas tocam sua sineta.

A maior reflexão que pude ter em Amsterdam foi a confirmação de que legalização de qualquer tipo de drogas, é algo que apenas traz problemas. Lugares para chamar a atenção de turistas não faltam, mas, infelizmente, depois que o sol se põe, no centro da cidade se vê apenas turistas em busca de drogas. Um desperdício. O centro de Amsterdam à noite é simplesmente desprezível. Sujeira e traficantes, sim, traficantes, pois, para quem não sabe, a única droga legalizada na Holanda é a maconha, as outras seguem ilegais e por isso há a presença de traficantes, em sua grande maioria negros das ex-colônias holandeses, a maioria do Congo. E, como todos sabemos, maconha não é nem a ponta do iceberg.

O nosso hotel, juro que foi coincidência, ficava perto da Red Zone e do famoso café Bulldogs.Sobre a famosa zona vermelha, isso realmente chama a atenção. Há mulheres para todos os gostos, mas é incrível a quantidade de mulheres lindas. A grande maioria proveniente do leste europeu, mas não falta a brasileira, óbvio. O preço mínimo das profissionais: entre 50 e 70 euros.

Assim sendo, posso afirmar que foi em Amsterdam o único lugar em que senti falta de segurança na Europa. Fora disso, é uma cidade espetacular, linda, agradável, repleta de canais, uma arquitetura particular, muitas lojas de antiguidades, de decorações de Natal e de flores e sementes, belas praças, com destaque para a que homenageia Rembrandt e bondes por todas as partes.

Saindo do centro histórico, há uma cidade extremamente moderna e com uma periferia organizada e agradável. Peguei um trem que me levou até o Ajax Arena. A região do estádio do maior clube do país é repleta de quadras de futebol, por todas as partes.

Há crianças jogando futebol em cada canto, inclusive bati uma bola com uma gurizada numa quadra a uns 5 minutos caminhando do estádio que, diga-se de passagem, é espetacular.

Dica final: alugue uma bicicleta e aproveite o dia em Amsterdam e não deixe de visitar a sua periferia e bairros mais longes do centro, vale muito a pena.