sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Israel e Seus Vizinhos

 Dogmas são verdades universais, algo que não se discute, que não é aberto a interpretações. Para que alguma ideia possa ser considerada um dogma e considerando a pluralidade e democracia que existe no mundo ocidental, este processo deveria ser bastante árduo e discutido. Diria que os dogmas deveriam ser apenas fatos científicos comprovados. A Terra é uma esfera. Gira sobre seu próprio eixo e ao redor do sol. Talvez há um exagero e um excesso de flexibilidade de minha parte, mas esta deveria ser a tônica de nossa sociedade hipermoderna. 

 
No entanto cada vez mais temos novos “dogmas” e uso as aspas, pois vivemos na era em que dogmas são decretos que somos, como membros de uma sociedade, obrigados a concordar em suas condições para ser considerado como tal, mesmo que muitos podem pensar que a ideia vendida como verdade universal está parcialmente ou totalmente errada, ou insana. 
 
Cada pessoa pode se identificar com o que quiser? Há incontáveis tipos de gêneros? Homens e mulheres são iguais e têm as mesmas capacidades assim como todas as raças existentes? Apenas alguns exemplos de dogmas que sobrevivem como tal devido à defesa acirrada de sua posição dogmática pela esquizofrenia coletiva massiva que nos domina. 
 
Parte dessa massa esquizofrênica, a cada novo conflito envolvendo israelenses e árabes no Oriente Médio, esbraveja que todos devemos nos unir à defesa do povo palestino e execrar os ricos, impiedosos, genocidas e facínoras defensores do estado e da existência de Israel. Manifestações nas ruas das principais cidades europeias rapidamente copiadas em centros urbanos sul-americanos e em rincões mais distantes ao redor do mundo, incluindo estádios de futebol. O dogma é que devemos abraçar a causa dos injustiçados palestinos e crucificar Israel assim como eles fizeram com Jesus Cristo segundo algumas versões. 
 
O grito de guerra-clichê que mais tem ecoado nestes eventos massivos de revoltados de plantão é “do rio ao mar”. Aos menos informados sobre os bate-bocas do oriente medieval, o rio em questão é o Jordão e o mar é o Mediterrâneo. Entre esses dois depósitos de águas doces e salgadas se encontra o contestado estado chamado Israel. 
 
Por que o mundo árabe se inflama tanto com a resposta israelense à barbárie terrorista causada pelo movimento do Hamas que a União Europeia não aprovou que seja considerada um ato terrorista execrável? Os mais iludidos e prontos a se ofender dirão que é um ato de empatia de diferentes povos do mundo islâmico. Mexeu com um país islâmico, mexeu com todas as 30-40 repúblicas dominadas pela mesma doutrina mundo afora. 
 
Aqui começam as contradições. Sempre as há, mesmo quando se trata de nossos dogmas modernos. Assim como não houve protestos de negros contra a violência de negros contra negros e considerando que a raça que mais mata negros no mundo é a raça negra, ocorre o mesmo fenômeno com os muçulmanos. Desde o começo da já ultrapassada guerra na Síria, muçulmanos já mataram cerca de 350 mil muçulmanos; outros 250 mil muçulmanos assassinados por muçulmanos na guerra do Iêmen, conflito esse que, a maioria dos protestantes de plantão nem sabe que existe, ou, pior, sabe, mas ignora e o faz para não trair sua seletiva inflamada indignação. 
 
É aceitável que um negro mate um negro assim como é ok que um árabe mate um árabe. O crime inaceitável, inafiançável e que justifica a jihad é quando um branco mata um negro ou quando um judeu mata um árabe mesmo que esses crimes citados sejam a minoria. 
 
Paremos de nos enternecer com a irmandade muçulmana termo que, aliás, é nome de um dos tantos grupos terroristas criados e exportados pelo mundo árabe que, além de petróleo, não é que o digamos um grande exportador de avanços à humanidade. Não há irmandade entre um povo em que irmãos têm o direito de matar irmãs que “desonram” a família. Diferentes sub grupos de árabes se odeiam entre si. Há sunitas e shias. Ambos muçulmanos. Mas se odeiam. Arábia Saudita e Irã são inimigos mortais. E, trazendo a discussão para o momento em que vivemos, o Egito e a Jordânia, países vizinhos da Palestina, não vão muito com a cara de tal território. E, durante essa semana, soube-se que o ataque terrorista no Irã não foi cometido nem pelos israelenses nem pelos americanos e sim pelo Estado Islâmico. Em meio aos protestos contra os facínoras de Israel, além do grito que menciona o rio e o mar, outra questão que inflama o rebanho é por que Israel não deixa que entrem ajudas humanitárias ou que saiam os que querem sair. Israel apenas não permite que entrem ao seu território e acho que tem pelo menos 1400 motivos para tal decisão. Ninguém questiona por que o Egito não abre as fronteiras a seus “irmãos”. Como sempre os únicos que abrem suas portas e recebem os irmãos com cartazes de bem-vinda e hotéis pagos pelo estado são os países da União Europeia. Os muçulmanos têm mais reservas à hora de abrir suas fronteiras a muçulmanos.  
 
O que une os diferentes povos que compõem o mundo muçulmano não é a empatia pelo povo palestino. O que os “une” é o sentimento mais presente e forte dentro de sociedades dominadas e manipuladas por uma religião que prega a aniquilação de qualquer ser que pense ou que faça algo diferente ao que dita o livro sagrado do Corão: ódio. O mundo islâmico é movido pelo ódio e pelo ressentimento. Ódio ao povo que é considerado o causador de todos os seus problemas, Israel. 
 
Será que Israel, um território minúsculo no meio do deserto cercado por vizinhos que os querem mortos e que talvez seja o único país do Oriente Médio que não tem reservas de petróleo, será que realmente a simples existência desse estado que tem menos de 100 anos de vida é responsável pelo rotundo, vergonhoso e imenso fracasso de 30-40 repúblicas islâmicas? Será que estes 9 milhões de israelenses têm tanto poder maquiavélico para serem responsáveis pela desgraça de uma população de 2 bilhões de muçulmanos espalhados por suas repúblicas quase sempre fracassadas, embora tenham a bênção do petróleo? Pouco provável. O ódio mortal contra Israel não é fruto apenas de uma doutrinação baseada em histórias estapafúrdias contadas por lunáticos que vendem o povo judeu como se fosse a família de Lúcifer. Também não podem os assentamentos ilegais de judeus serem considerados a gênese desse rancor. O motivo é um sentimento bem humano e que atinge todos os seres humanos do planeta com diferente intensidade desde crianças a anciãos: inveja. 
 
O povo judeu foi, durante toda a história que conhecemos, perseguido. Migrou de um lado para o outro e, antes da criação de seu estado, teve sua população massacrada e, os que sobreviveram, foram obrigados a empreender uma diáspora moderna, já que se tornaram, mais uma vez, uma nação sem estado, sem território. Passado o trauma da guerra, foram convidados a voltar para o seu território, minúsculo, do tamanho de Sergipe, sem petróleo, no meio do deserto. Pouco tempo depois se tornou um estado com desenvolvimento comparável ao das grandes potências industrializadas europeias. Mesmo representando 0,2% da população mundial, os judeus são responsáveis por 22% dos prêmios Nobel; dia a dia acrescentam e muito ao avanço da tecnologia nas mais variadas áreas da sociedade. Enquanto isso, seus vizinhos, dominados pelo rancor, insanidade e por dogmas medievais, seguem ruminando e olhando com ódio e inveja ao vizinho rico que o único pecado que cometeu foi guiar-se pela lógica, trabalhar e evoluir, sendo, pela necessidade causada pela vizinhança problemática, obrigados a estar sempre um passo a frente para cuidar de sua própria segurança. 
 
Robert Scruton defendia a ideia de que o belo, em alguns casos, era um dogma. Poder-se-ia discutir se algo é mais belo que outro baseado no gosto e bagagem cultural de cada indivíduo, no entanto, algumas coisas não poderiam ser discutidas: Beethoven era melhor que Anitta. Monet pintava melhor que qualquer representante de arte moderna e suas pinturas que se assemelham a trabalhos coletivos em jardins de infância. Variações culturais e diferenças religiosas podem ser discutidas e permitir diferentes opiniões. Mas há limites. A religião muçulmana é retrógrada, bélica, rancorosa, medieval. Sou ateu e considero que a religião católica causou mais mal que bem à humanidade. Livros foram queimados em nome de Deus, assim como povos foram massacrados a pedido do pai de Jesus Cristo, entre outras barbáries. Não obstante, os seguidores de tal doutrina que ainda a seguem, fazem vistas grossas para algumas regras que ainda seguem vigentes. Há casos isolados de lunáticos, mas inexistem nações regidas por regras religiosas. O mundo ocidental católico é laico. A bíblia segue condenando homossexuais, mas o mundo ocidental cada vez os aceita mais, os aceita mais do que qualquer outra sociedade do planeta. Gays vão à igreja. E daí? Não se condena metade de sua população, mulheres, a uma vida desgraçada. Vende-se também o purgatório, o céu e o inferno, mas os ocidentais parecem não se importar muito. Filhos antes de casar ainda são pecados, mas...e daí? O mundo ocidental soube levar, soube dançar conforme a música. Há contradições? Sim, mas...e daí? Vivemos melhor que a maioria e soubemos respeitar cada vez mais as diferenças e as diferentes formas de vida, de viver e crenças. Evoluímos como sociedade e tanto evoluímos que aceitamos, através de migrações massivas, hordas de muçulmanos que abandonam seus países fracassados e invadem esse mundo ocidental tão pecador e detestável. Vão em busca de uma vida melhor, embora, em sua maioria, sigam vivendo com essa síndrome de vira-lata e cheios de rancor. Ao invés de odiar o que o mundo ocidental-católico construiu, deveriam copiar apenas um de seus frutos, o Iluminismo. Aprendam o que nós aprendemos no século XVIII para algum dia chegar a viver no século XXI.