terça-feira, 30 de outubro de 2007

Feliz Cumple!

Feliz aniversário ao maior jogador de todos os tempos, Don Diego Maradona, Deus do futebol. El pibe de oro completa 47 anos de vida. E que vida...

A Copa Mágica

Lula e companhia foram à Suíça para testemunhar a decisão da FIFA sobre quem será o país-sede da Copa de 2014.

Há possibilidade de o Brasil ganhar é grande. Além de ser um dos um candidato, a delegação brasileira conta com a "mágica" presença do bruxo mais traduzido do mundo, Paulo Coelho que, assim como o futebol brasileiro, é um orgulho mundial.

Pelé incrivelmente está fora dessa boquinha. Sua assessoria de imprensa declarou que o ex-jogador temia ser involucrado com possíveis problemas e irregularidades que poderão vir com essa nova teta nacional.

Como sempre, Pelé foi extremamente esperto. Cada movimento, sorriso falso, frase demagógica ou escolha de gravata são friamente calculados.

Em substituição a Pelé, Paulo Coelho. Este último é o símbolo da nossa mídia e de nossa classe intelectual. Nada é tão idiotizante como esses nossos dois patrimônios. Paulo Coelho assim como Mônica Veloso, aproveitou a chance e possui conhecimento do terreno, sabe como o Brasil funciona. O primeiro apelou para o sobrenatural, algo de suma importância em um lugar onde o "natural" está por baixo; a segunda eu considero ainda mais genial. Mídia, fama, política e sexualidade, pilares da nossa sociedade espetacular, tudo junto e temos Mônica, a menina cheia de sonhos, comprando casa de 2 milhões de reais.

A partir de hoje temos mudanças no país. O homem mais importante do país é Ricardo Teixeira e o marqueteiro oficial é Paulo Coelho. O balcão de negócios já começou antes mesmo do anúncio oficial da FIFA. Aécio Neves quer que a sede da seleção brasileira seja o Mineirão. Serra quer a abertura em São Paulo, além do centro de imprensa.

Calcula-se, números oficiais, que serão gastos cerca de 20 bilhões de reais com a organização do evento. Evidentemente que será, no mínimo, 3 vezes maior esse rombo de orçamento. Pelo ralo e pelos bolsos escusos de organizadores muito dinheiro desaparece. Prioridades da população serão adiadas. Não esqueçam que teremos eleições em 2010 e 2014. Empreiteiras, interesses, marqueteiros, amantes, pensões, Playboy, muita coisa vem aí.

E a CPMF, imposto de importância vital para as contas nacionais? Será que a simples não organização do mundial já não ajudaria bastante esse "rombo" que o fim desse imposto causaria? Teixeira diz que ninguém deve se meter, é uma empreitada privada. Antes fosse. Aplaudiríamos de pé a iniciativa privada botando ordem nos aeroportos, construindo estádios, dando segurança, hospitais e etc. Isso não irá acontecer. Como toda iniciativa "privada", eles entram com as exigências e o estado paga pela infra-estrutura. E a passagem do Paulo Coelho, quem pagou?

O grande maestro de toda essa farra será, mais uma vez, a Rede Globo. Irão, mais uma vez, invocar o sentimento ultra-nacionalista-fascista do povo brasileiro que nos levará à insanidade, nos levará a colocar bandeirinhas do Brasil nos carros e janelas e apoiar, incondicionalmente a Copa do Paulo Coelho e da iniciativa privada. Logo, quem se manifestar contra a Copa no Brasil como fez o jornal britânico Financial Times será imediatamente denominado inimigo nacional, desde já conclamo o povo brasileiro a queimar bandeiras britâncias, inimigo da Nação e surrar qualquer inglês que se aproxime, assim como foi feito com os atletas que tiveram a audácia de ganhar dos brasileiros aqui na ilha dos macacos.

Voltando do almoço, descrevo a cena. Teixeira com Romário ao lado, Dunga ao fundo, Lula falando bobagem e a figura alquimística do Mago. Após os discursos furados do presidente, Romário o abraça emotivamente chorando.

No Brasil chora-se quando se perde e ganha. Por que tudo tem que acabar em choro por aqui? Eu rio. Com escárnio.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Infâmia

Ontem, dia 25 de outubro, completou-se uma década sem o maior jogador de todos os tempos. No dia 25 de outubro de 1997, Maradona, em um "superclasico" no Monumental de Núñez, deixava órfão o maior esporte da Terra, ou melhor, a Terra.

Maradona não foi apenas um jogador de futebol, o maior de todos; ele foi, também, uma personagem. Despediu-se do futebol com todos os elementos que caracterizaram sua vida, só faltou futebol.

Uma atuação triste de Don Diego, mas atitudes de fazer os seus ídolos rirem e se sentirem vivos. Diego abandonou o futebol ganhando do River de 2-1 na casa do adversário. Quando substituído, deu seu lugar e seu legado a Juan Román Riquelme, saiu fazendo gestos obscenos para a torcida adversária.

Anunciou, 4 dias depois, na véspera de seu aniversário de 37 anos, que este fora o seu último jogo como profissional. "A River se le cayó la bombacha" foi a frase do dia, mais uma para entrar na sua lista de ditos históricos. Segundo o periódico Olé, o anúncio de Maradona representaria o ano IDM, "el primer día del resto de nuestras vidas".

Depois disso muita polêmica veio. Ficou gordo a ponto de parecer que ia explodir, mais magro que quando era jogador, se separou de sua namorada de infância mãe de suas filhas, criticou João Paulo II, virou amigo de Fidel, morou em Cuba, imortalizou Che em seu braço, admitiu o vício da cocaína, alcoolismo, quase morreu, foi declarado morto, enfim, a vida de um astro como manda o figurino.

Mais além das polêmicas, vemos o gênio. O começo de sua carreira brilhante deixando Pato Fillol calado e estirado em sua pequena área depois de levar 4 gols de um tal "gordito pelotudo"; o maior gol da história das copas, o "roubo da carteira" dos ingleses naquele que foi o tento mais polêmico da história das copas; a condição de santidade em Nápoles com direito a altar na basílica, as desavenças, os gols incríveis, a magia, a técnica incomparável, atitudes, o espírito ganhador, as entradas violentas dos adversários, embaixadas com laranjas, copos, chuteiras, globo, bola de gude, grão de areia, garrafas de água, um capítulo da história do esporte mundial.

Maradona é a essência do futebol. Tem o "potrero" e fibra de um vencedor além da selvageria dos mais funestos. Encerro com uma frase extraída do Olé:

"Hoy, Diego sigue festejando sus goles en el showbol. Y vive en el slalom de Messi, en el potrero de Tevez, en la estocada precisa de Riquelme. Porque en definitiva él, Diego Armando Maradona, es el gen argentino. SOLO ASÍ ES SOPORTABLE ESTA DÉCADA INFAME".

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

An Ordinary/Unforgettable Day In London

Acordo cedo. Sempre. A cortina é branca, me diz de antemão qual o clima lá fora. Não confio em cortinas, mesmo assim a afasto e o dia está cinza. Entre 10 e 12 graus, creio eu.

Ao meu lado vestígios de minha amada. Seus pijamas de sapos...não me acostumo, tenho que rir. Se eu acordo cedo, ela acorda ainda mais. Sinto o cheiro de seu perfume, pouco, suficiente, e emaranho-me em peças de roupas que ela simplesmente deixa atiradas em cima da cama.

Ligo o rádio para ouvir as notícias matinais. Eles falam do clima, ficará entre 10 e 14 pela tarde. Acertei na mosca e hoje tem jogo em Loftus Road. C'mon QPR! Vou ou não vou? Fica na esquina de casa. O estou olhando pela janela tristemente vazio.

Lá embaixo antes de ir até a parada do ônibus que me levará até a estação de metrô, passo no indiano ao lado, no mercadinho. Tem tudo, inclusive recarga de Oyster Card. Venceu ontem o meu. Mais uma semana, ou melhor, menos uma.

Pego o 260. Mesmo que sejam menos de 5 minutos até o meu destino final, subo ao segundo andar onde posso ter uma vista exclusiva de meu bairro. Não é bonito, mas a massa multicultural de gente que o habita segue me incomodando.

A estação, como sempre, lotada. Uma linda irlandesa de olhos profundamente azuis e aparência lúdica fita o chão com seu mapinha nas brancas e magras mãos. O trajeto no tubo escuro é rápido. Desço em Marble Arch, em frente ao exuberante Hyde Park. Entro em um Pret na esquina da Oxford com a Grosvenor. Saúdo alguns conhecidos colegas e sigo em frente não sem reparar em um chinês pedindo informações com seu inglês inexistente. Não me acostumo. Ainda acho graça.

Hoje é domingo, não trabalho. Ficarei fazendo tempo nas lindas e vivas ruas de Londres até chegar a hora de ir buscar minha niña no trabalho. Vou comprar um CD. Paguei 3.99 libras. Pago em moedas que tinha no bolso.

Perto de Bond Street uma manifestação estilo britânica. Uma senhora com um megafone, um homem e uma menina de aparência triste manifestam-se a favor dos direitos dos animais. 6 policiais em volta mantendo a ordem.

Entro em um Tesco para conferir as promoções, nada compro. Entro em um Internet Café para reservar minhas passagens para a Polônia. 30 libras ida e a volta de graça.

Crianças lindas saltam felizes pelas ruas. No saguão da estação de Baker Street, um cara tocando guitarra com excelência.

Não me acostumo. Depois de tanto tempo sigo fitando a cidade maravilhado. Como tudo pode ser tão bonito?

Há manifestação em Tafagal Square contra Blair e sua guerra no Iraque. Tiro fotos do Big Ben sozinho e entro num ônibus em direção a Oxford de novo, esquina com a Poland Street. Está na hora dela sair.

Ela está sorridente como sempre e a primeira coisa que me diz é que ouviu dizer que amanhã neva e está muito feliz por isto. Seus olhos brilhavam.

Passamos por Queensway e avistamos a "casinha do parque". Quem raios é o priviliegiado que mora lá?

Antes de chegar lá o trânsito lento. Passeata de árabes mutilando-se em protesto contra a possibilidade de proibição do véu islâmico das meninas nas escolas britânicas. Tenho que rir da cara de impressionada dela. "Que miedo, Gordo". Logo ela já se destrai com a gritaria enloquecedora do "Speech Corner" sempre lembrando que se tu quiseres discursar contra a rainha, há de se subir num banquinho, jamais em território britânico.

Chegando à Shepherds Bush, movimentação de torcedores. Camisas do glorioso Queens Park Rangers por tudo. Avisto meu professor na rua, comprando some fish and chips.

Descemos em Notting Hill e damos uma passadinha por Portobello Market. Sempre lindo, interessante e agradável. Aroveito para ver os livros baratíssimos espalhados pelas livrarias da região, novos e usados.

Como uma paella e ela uma batata recheada seguida de sorvete. Na frente da estação o velho e bom jamaicano hoje tocando "Jamming". Sempre presente também o cômico entregador de "Metro". Chegamos em casa e cruzamos com Mrs Patricia Comerford chegando de seu passeio por Richmond.

Um chazinho de maçã turco comprado em Istambul, um banho eterno de banheira. Agora só falta conferir os melhores momentos da rodada da Premiership no "Match Of The Day", hoje o meu West Ham U ganhou, gol de Tévez, e mirá-la dormir escutando sua constante respiração.

Sim, sei que sou um brega saudosista. Amanhã de repente escrevo sobre as saudades dos banhos de chuva na infância e da perseguição aos tatus-bolas. Estão extintos?

Por quê?

Alguém sabe porque hoje, 24 de outubro, não é feriado enquanto que dia 7 de setembro o é?

Não consigo entender como uma derrota pode ser comemorada e uma vitória retumbante não.

Entendo nada mesmo.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Celebridades Sem Fama

De mutirão para juntar comida não-perecível e agasalhos todo mundo já está cansado. O inverno se foi, com calor ninguém sente fome ou frio.

Dou comida e dinheiro para me auto-ajudar. Comecei com drogas leves, Paulo Coelho, hoje preciso de autos-ajudas mais potentes. Dôo para benefício próprio, descarga de consciência, me sinto bem em saber que sou bonzinho e fraterno.

Quero começar um novo projeto em Porto Alegre. Quero ser assistente social na Padre Chagas. Quero dar fama a quem não tem, mas precisa dela. Todo mundo tem direito a comer e não morrer congelado, mas todas as celebridades pelo menos deveriam ter direito à fama.

Todo mundo que tiver uma câmera, pós-modernamente digital, e um bom coração e preocupação ao próximo, além do amor inerente e cafona do brasileiro pelas celebridades, por favor, à Padre Chagas!

Muitas fotos e cliques. Tem que ser de noite. Flashes. Muitos e potentes. Paparazis solidários poderia ser o título da campanha. Na coluna da Marta Medeiros e no Tele-Domingo com certeza estaríamos.

As celebridades porto-alegrenses vão à Padre Chagas. Comer um sanduíche de rabanete no Listo! E para isso, vão com suas melhores roupas e saltos altos. Flashes para cima deles!

Eles são tão dissimulados que tenho certeza que iriam fazer cara de descontentamento, colocarão as bolsas Louis Vitton na frente de nossas câmeras solidárias. Alguns tentariam nos agredir.

Nós, paparazis, estamos mal na foto. Estamos sendo acusados de ter matado a "Princesa do povo". Assim sendo, temos que melhorar nossa imagem perante o público.

Já que estamos atuando na Padre Chagas, ajudaremos, fazendo uso de nosso poder midiático e de nossas participações no Tele-Domingo e Jornal do Almoço para reivindicar.

A Padre Chagas precisa de uma Daslu! Não é possível que ainda não tenha uma! Pensei que depois de 16 anos de PT isso iria acontecer, ainda mais agora com a Yeda comandando o Estado.

Tapetes vermelhos já! Uma agência especializada em pacotes turísticos para Miami! Mais restaurantes de sushi!

E quem foi Padre Chagas? Quem sabe mudar o nome para Rua Torre Eiffel? Ou Rua Empire States, algo mais cafona, mais brega, mais Padre Chagas!

Dura existência. Gostaria de ter nascido uma alface.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Uvas Passas Do Demônio

Aceitem a velhice! Não me venham com orgias de bisturí, vocês não têm mais jeito. A época de brilhar, a época em que os holofotes poderiam estar procurando por ti já se foi.

Não conseguiram? Ótimo, eu sonho é chegar à velhice sem holofotes esquentando meu crânio. São frustradas por não tê-los atraído? Ora, desistam, tratem de ser felizes assim mesmo, aceitando o fato de sermos ordinários, mortais, números, não-celebridades.

Vocês velhas e repuxadas ficam piores. Naturalidade. Envelheçam com naturalidade e não serão motivos de choro em creches infantis quando passem em frente, seus netos e sobrinhos não terão temor e ojeriza ao rosto de vocês.

Param de comer carne, começam a comer tudo "light", contar calorias, se tranformam em alérgicas a tudo...meu Deus, aproximem-se da morte com dignidade! Lactose? Desde quando!?

Sei do problema. Assim como vocês hoje em dia e sempre adiam a dieta para começar segunda-feira, vocês adiavam o momento de deixar de ser uma pessoa medíocre, adiavam a obrigação de ser alguém interessante, adiavam a hora de realmente fazer algo.

Admito que seria um ser humano extremamente frustrado se chegasse à velhice ser ter feito algo, sem ter realizado algo, ser ter amado alguém ou ser amado. E não me refiro à "booking fotográfico", testes na RBS ou ter ido ver a Xuxa; tampouco refiro-me a entregar-se para qualquer homem. Ao contrário.

Mas o jogo já parece perdido. Espero que tenham uma velhice menos deprimente que a vida adulta e jovem de vocês.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

A Barata

Todos os dias acordo as 6h40min e chego em casa, em média, as 23h20min. Ontem, já mais para a 1h do que para as 0h, fui ao banheiro pela última vez antes de entregar-me à minha cama.

Saindo do banheiro, já apagando as luzes, vi uma barata. Robusta e lépida como todas as demais, uma ordinária.

Parei por uns segundos, o cansaço dono do meu corpo, olhei para baixo, ela estática me fitando e, imagino, já planejamento a maneira que iria escapar da maldade humana. Nada fiz. Passei por ela ignorando-a. Se ela se sentiu mal, feia ou acima do peso, não sei. Apaguei a luz e fui dormir.

Hoje de manhã a primeira coisa que pensei foi a minha última ação do dia anterior. Era 6h40min de novo. Amanheci e pensei: gostaria de ter nascido uma barata.

Tenho aula até as 22h45min, matéria insuportável, 8 créditos, professores desqualificados, desânimo total. Não tinha a vontade de ver a vida de uma maneira diferente, não era isso, apenas gostaria de ter nada para fazer hoje.

Admito que as baratas vivem eternamente com a tensão de poder ser esmagadas a qualquer momento. São conscientes da ira que geram na raça humana. Por outro lado, os humanos não são muito diferentes. Muitos buscam, até pagam, para ter a sensação de medo, perigo. Além disso, o nosso dia a dia não oferece todas as condições de segurança almejadas, enfim, não somos muito diferentes das baratas com relação aos pontos negativos.

Já se analisamos os pontos positivos, sou obrigado a dizer que só os alcanço a ver nos fins de semana. De segunda a sexta é só desgosto: horários, responsabilidades, encheção de saco. E as baratas? Não têm horários; muito menos responsabilidades. Comem quando sentem fome, dormem quando sentem sono, são ágeis, resistentes à radiação atômica, personagem central de obra clássica, enfim, enquanto eu me obrigava a ir dormir devido ao cansaço e à obrigatoriedade de despertar de novo, algumas horas depois, ela estava lá, passeando por um banheiro, muito provavelmente em busca de um grande amor ou apenas de um parceiro sexual também com insônia e lascívia.

Jamais esquecerei o olhar daquela barata burlando de minhas olheiras e desespero; se a vejo de novo, não hesitarei em matá-la, somente por vingança, sentimento bem de ser humano.

Finalizo louvando as crianças e o dia delas que está chegando. Melhor fase da vida. O período onde somos tão felizes quanto as baratas.