domingo, 31 de julho de 2011

Chega

Minha vida mudou em alguns segundos. Saio de meu local de trabalho e avisto um homem com seus 28 anos com um desses cachorros minúsculos que mais parecem roedores na coleira, acho que era um pincher, desses que ignoram sua estatura ridícula crendo ser rotweillers e ao mesmo tempo utilizando um patinete desmotorizado como seu meio de transporte. Até esse instante suportei a dita sociedade convencional. Deu. Depois dessa, não quero mais. Usando uma expressão do inglês que expressa bem o meu sentimento, “I´ve had enough”.

Hoje vivo numa casa branca de madeira no Texas. Desisti de compartilhar uma vida ao lado de uma mulher, pois a vida que estou vivendo e que terei até os meus últimos dias (e espero que não falte muito) não é possível de se compartilhar, a não ser que a mulher em questão saia das páginas de alguma obra de Charles Bukowski. Comparto essa residência módica com meu irmão em igual situação de descrença na Humanidade e, principalmente, na sociedade convencional. Passo a maior parte do tempo sentado em minha cadeira de rodas fitando os campos de milho, acompanhado por meu eterno e depressivo amigo e por duas garrafas de uísque barato que são o aditivo que tornam os últimos dias de nossas existências menos insuportáveis. Ao fundo soa “Mary had a little Lamb” de Steve Ray Vaughan e a cada meia hora o calor perto do insuportável para a raça humana é interrompido por uma rajada de bafo que faz com que meu cabelo de índia velha no melhor estilo Roberto Carlos se mova e arranhe minha pele amarrotada. Outro verbo que conjugo é blasfemar. Blasfemamos todos os dias.

Insultamos os infantes de cor negra que gritam em demasia quando correm atrás de animais repugnantes como galinhas e porcos. Blasfemamos contra as cada vez menos frequentes passeatas de membros da Ku Klux Klan que insistem em se disfarçar de saleiros para expressar suas ideias. Concentro-me em um galho de árvore que insiste em apegar-se a vida e não desiste de parasitar a árvore ao qual pertence. Não mais, fazemos nada mais.

Evidentemente que não foi um eterno adolescente dono de um pincher e usuário de patinete que me fez desistir. Uma série de acontecimentos foi acumulando-se até que minha resistência transbordou. Vi de tudo; injuriei-me com quase tudo. Vi homens de sunga. Vi homens de sunga tomando banho de sol. Vi homens fazendo aulas de danças em academias. Acompanhei o domínio gradativo do mundo por feministas e homossexuais.

Acompanhei a degradação da raça homem em todos os sentidos. Sofri com o aumento do ciclo de vida da adolescência, pior classe de ser humano, que atualmente é dos seis aos 40 anos e que ainda pode ameaçar em voltar com o divórcio. A diminuição da melhor época da vida, a infância, e o aumento da pior, a adolescência, são agravados se considerarmos que os homens estão mais afeminados e as mulheres mais masculinizadas.

Essa sociedade tão consumidora de entretenimento colocou o homossexualismo em voga. No entanto, o fenômeno do feminismo é mais longevo. A incompetência masculina não sentiu os sinais que foram dados desde os anos 60 e hoje o homem é um animal secundário. Começaram com o direito a votar, permissão para dirigir, a trabalhar, a roubar cargos públicos e hoje são presidentes de repúblicas. O resultado: desemprego e fim da única instituição saudável da terra, a família.

Emos, rebeldes sem causa, música sertaneja, aquecimento global, passeatas guei, sucesso de livros de auto-ajuda, consumo de entorpecentes, homens usando coletes e bolsas da Louis Vitton, sungas brancas na plataforma de Atlântida enquanto jogam frescobol, calças Capri, excesso de vampiros na televisão, excesso de novos ricos paulistas viajando para Dubai com seus filhos asquerosamente obesos, excesso de mulheres divorciadas competindo famintamente com suas filhas no mercado do sexo e da futilidade, homens escrevendo como guriazinhas adolescentes na Internet: “obrigadoooooo”, “oiiiiiii”, “vamos certooooo”, tudo isso e mais um pouco e menos outro pouco (ou bastante) foram somando até o dia em que vi um cidadão, repito, da minha idade, com um pincher ou seja lá o que for em cima de um patinete. O pior? Guiava o seu cão em cima de seu patinete sem nem ruborizar-se, achando que é normal e sim, é normal em uma sociedade em que homens fazem bronzeamento artificial.

Crise. A sociedade está em crise. Multiplicam-se os cabeleireiros de cachorros ao mesmo ritmo em que se multiplicam o número de acessórios e o número de estabelecimentos que comercializam brinquedos eróticos. Crise. A incompatibilidade social é tão grande que o ser humano está partindo para os animais em uma espécie de ataque esquizofrênico zoofílico. Atualmente ama-se um cachorro. Ninguém quer ter filhos, mas todos amam seus cachorros. Cachorro não é o melhor amigo do homem; cachorro não tem sentimentos; cachorros amam ninguém; cachorros são animais, como ratos, moscas, lesmas ou estrelas do mar, em resumo, não são gente! Mas a crise é tão grande que os amamos, damos beijos de língua, os vestimos de Barbie e os levamos no coração.

Fantasias de bombeiros e de enfermeira para despertar a lascívia de parceiros sexuais? Quando, pelo amor do terrível Satanás, uma mulher não é suficiente para atrair um homem? O contrário ainda entendo, pois deve ser realmente complicado sentir-se atraída por um homem considerando a quantidade de imperfeições e vicissitudes físicas dessa espécie, mas ainda assim, será que uma fantasia de encanador faz com que todas essas falhas sejam transformadas em atributos afrodisíacos? Bons tempos em que uma mulher, e não um personagem eram motivos suficientes para levar um homem à loucura.

Poderia ter substituído meu espectro desgastado e meu órgão sexual deficiente por uma Harley Davidson ou um carro conversível e tornar-me mais um patético homem de meia idade divorciado em busca de mulheres com metade de suas idades em um comportamento deveras deprimente: ir a discotecas com o cabelo cuidadosamente penteado para disfarçar a falta deste, camisa pólo da Ralph Lauren para dentro das calças beges e copo de uísque na mão, mas não, simplesmente desisti.

Abraços calorosos do Texas, de minha parte e de Ângelo Moura Tergolina, um malfeitor, um maldito, um desgraçado como eu, um verdadeiro e admirável anti.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Copa América 2011

Devido à minha falta de tempo, novamente me atrasei para com a publicação de meus palpites para a Copa América, competição mais antiga entre seleções do mundo. Até o momento vi apenas dois jogos, a decepcionante e confusa estreia argentina e o insosso empate do Brasil com a seleção mais fraca do continente.

Antes de expor meus palpites, uma pequena análise desses dois jogos.

A Argentina parece que está longe de tirar proveito de suas incessantes levas de brilhantes gerações de jogadores. É, disparado, o melhor elenco da competição, mas ainda é um sistema que não funciona. A ideia dos três atacantes é interessante, mas ficou notório que falta o elo de ligação entre os três volantes (que sabem jogar) com o ataque. Em alguns momentos do jogo se via Messi, Tévez e Lavezzi em seu campo de defesa indo buscar a bola que jamais chegou o que é inaceitável. Por mais qualidade que tenham esses jogadores, é quase impossível que possam fazer algo partindo de seu próprio campo de defesa.

Os três volantes são muito qualificados. Tanto Macherano quanto Cambiasso e principalmente Banega sabem jogar, mas têm limites. Não entendo a não escalação de Pastore, de fantástica temporada no futebol italiano que poderia funcionar como essa conexão entre os três volantes qualificados com os dois atacantes brilhantes e com Messi, o melhor do mundo.

No jogo de estreia também há de se ponderar sobre o nervosismo. O público argentino está cansado de ter sempre os melhores elencos, mas ao mesmo tempo sempre conviver com o fracasso, alguns retumbantes como a eliminação contra a Alemanha na última copa. Há a obrigação de conquistar o título e estreia é pressão extra. Considero que, apesar de muito mais qualificada, a seleção colombiana será tarefa menos difícil para os argentinos que acho que não encontrarão um adversário tão retrancado e sim um time com jogadores de ataque qualificados que irão querer jogar.

O esquema de toque de bola semelhante ao do Barcelona vinha sendo bem aplicado e pode ser visto em prática em alguns amistosos, especialmente contra Espanha e Estados Unidos. No entanto, o que vimos na estreia foi um jogo de individualidades que mais pareciam peladeiros tentando ganhar o jogo sozinho. Sinto falta também de uma referência de área como poderia ser Higuaín. Para terminar, na estreia, considero que Messi e Banega foram os únicos que tiveram boas atuações. Messi é prejudicado por um time que na prática não existe e Banega, apesar da atitude bizarra no lance do gol boliviano, teve uma grande partida.

Sobre o Brasil serei mais sucinto. Enfrentou o mais fraco de todos, mas que, diferentemente dos bolivianos, não entrou tão atrás, ou seja, deu espaços e, mesmo assim, o Brasil não conseguiu marcar sequer um gol o que é condenável.

O primeiro tempo foi bom, domínio total dando a impressão de que o gol era questão de tempo. No entanto, faltam jogadores do cacife de um Kaká, Ronaldo, Luís Fabiano, Rivaldo que decidem, que fazem gols, que dão medo. Robinho faz gol em ninguém enquanto que Pato é um jogador facilmente anulável e Neymar ainda sente a diferença de ritmo de jogos internacionais e acaba sucumbindo à marcação. No meio de campo dois volantes que fazem nada mais do que o básico e um meia, Ganso, que não é nem sombra de um Kaká.

Agora os palpites para cada grupo:

Grupo A:

Argentina
Colômbia
Bolívia
Costa Rica

Grupo B:

Paraguai
Brasil
Equador
Venezuela

Grupo C:

Uruguai
Chile
Peru
México

domingo, 3 de julho de 2011

Cidades do Futebol

Sempre baseado no melhor ranquim de clubes do mundo, ou seja, o meu, resolvi ir um pouco mais além e analisar quais são as cidades mais futeboleiras do mundo.

Evidentemente que, na prática, sem análise de dados e sim por experiência própria in locus, as cidades mais doentes por futebol são as argentinas e uruguaias onde se vive o futebol durante 100% do tempo e onde há as torcidas mais fanáticas. Dou uma certa vantagem aos argentinos, pois há o fator de existir muitos e fanáticos torcedores de times insignificantes enquanto que no vizinho Uruguai o país se divide basicamente entre os dois gigantes Peñarol e Nacional.

No entanto, a minha ideia foi levar isso aos números e ver quais são as cidades mais vitoriosas no futebol e com mais representatividade. Obviamente utilizei o fator população de cada cidade para ter uma proporção mais justa. Por exemplo: Londres tem um clube grande que é o Arsenal, mas é uma cidade de população que quase atinge os oito milhões, ou seja, é um fracasso. Ao mesmo tempo uma cidade como Porto tem uma população de menos de 300 mil habitantes e um clube campeoníssimo como o Porto o que a torna em um caso de mais sucesso do que o de Londres.

Simplesmente dividindo a população de cada cidade pelo número de pontos conquistados pelos seus clubes em meu ranquim, eis aqui as mais vitoriosas:

1. Avellaneda, Argentina: Independiente e Racing;
2. Monaco, França: Monaco;
3. Porto, Portugal: Porto e Boavista;
4. Eindhoven, Holanda: PSV;
5. La Plata, Argentina: Estudiantes;
6. Manchester, Inglaterra: Manchester U e Manchester City;
7. Liverpool, Inglaterra: Liverpool e Everton;
8. Milão, Itália: AC Milan e Inter Milan;
9. Montevidéu, Uruguai: Peñarol e Nacional;
10. Assunção, Paraguai: Olimpia, Cerro Porteño, Libertad, Guaraní e Nacional.

Trazendo para a realidade brasileira, as cinco cidades melhor pontuadas são:

1. Santos, São Paulo: Santos;
2. Porto Alegre, Rio Grande do Sul: Internacional e Grêmio;
3. Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo;
4. São Paulo, São Paulo: São Paulo, Palmeiras e Corinthians;
5. Belo Horizonte, Minas Gerais: Cruzeiro e Atlético Mineiro.

Santos, a melhor cidade brasileira, aparece em 16ª no ranquim geral enquanto que Porto Alegre é a 34ª.

Se ignorarmos o fator proporcionalidade, as cidades com mais pontos no ranquim são as seguintes:

1. Buenos Aires, Argentina: Boca Juniors, Independiente, River Plate, Vélez Sarsfield, San Lorenzo, Argentinos Juniors, Ferro Carril, Lanús e Banfield;
2. Montevidéu, Uruguai: Peñarol, Nacional, Defensor, Danubio, Central Español, Progresso e Bella Vista;
3. Milão, Itália: AC Milan e Inter Milan;
4. Madri, Espanha: Real Madrid e Atl Madrid;
5. Munique, Alemanha: Bayern Münich;
6. São Paulo, Brasil: São Paulo, Palmeiras e Corinthians;
7. Turin, Itália: Juventus e Torino;
8. Manchester, Inglaterra: Manchester U e Manchester City;
9. Avellaneda, Argentina: Independiente e Racing;
10. Liverpool, Inglaterra: Liverpool e Everton.

Considerando apenas o número de clubes ranqueados, as cinco cidades com mais representantes são:

1. Buenos Aires, Argentina: 9;
2. Montevidéu, Uruguai: 7;
3. Santiago, Chile: 6;
4. Assunção, Paraguai: 5;
5. Rio de Janeiro, Brasil e Praga, República Tcheca: 4.

Agora usando o fator proporcionalidade, as cidades com mais clubes ranqueados por habitantes são:

1. Avellaneda, Argentina;
2. Monaco, França;
3. Trnava, Eslováquia;
4. Jena, Alemanha;
5. Assunção, Paraguai.

Agora analisando apenas clubes grandes, as cidades com mais representantes são:

1. Buenos Aires, Argentina e São Paulo, Brasil: 3;
2. Montevidéu, Uruguai, Glasgow, Escócia, Belgrado, Sérvia, Milão, Itália, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Brasil, Madri, Espanha e Cidade do México, México: 2.

Por fim, cidades com mais clubes grandes com fator proporcionalidade:

1. Avellaneda, Argentina;
2. Brugge, Bélgica;
3. Saint-Etienne, França;
4. La Plata, Argentina;
5. Eindhoven, Holanda.