segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Ritmos Latinos

Sempre citei a música colombiana como a pior que já aturei na minha vida, mas jamais expliquei com mais clareza os ritmos locais nem tampouco dei amostras youtubianas sobre em quê consiste tal horror.

São basicamente quatro os ritmos que formam o famoso “quarteto do mal” que não é um grupo maquiavélico encabeçado por Coreia do Norte e Irã e sim os quatro mais detestáveis ritmos jamais propagados na face terráquea.
Começo com o pagode latino que é um som dramático cantado por mulatos extra féxions normalmente trajando ternos modernos brancos, óculos escuros e algumas correntes prateadas. Cantam única e exclusivamente sobre decepções amorosas e possuem um dos fatores mais irritantes que é o de negro grande com voz sôfrega e fina. Esses vocês podem conferir vendo o primeiro vídeo. Sou obrigado a alertar que os artistas em questão, apesar de serem vangloriados na Colômbia não são colombianos; são de um dos territórios mais odiosos do planeta, Porto Rico. Para terem uma ideia do nível cultural do quinquagésimo primeiro estado, o melhor artista do país, na minha opinião, é Rick Martin. Depois do homossexual ex-Menudo, outra praga da humanidade, mas ainda assim infinitamente melhor a qualquer artista atual desse país, temos os pseudo-gângsters latinos do reggaeton e essas figurinhas aí que vocês acabam de ter o desprazer de conhecer. Que o diabo salve esse país.

Resolvi de última hora adicionar um segundo vídeo da mesma banda que se chama “Perdedor”. Repare nos detalhes que fazem do personagem principal do clipe um autêntico PERDEDOR. A vaga no estacionamento destinada ao PERDEDOR é demais.

http://www.youtube.com/watch?v=elGZbcpGzdU
http://www.youtube.com/watch?v=KaVnA88oNTg

No segundo vídeo o segundo ritmo mais detestável, o popular vallenato que é a versão caribenha do sertanejo brasileiro. O ritmo de grande sucesso na Colômbia é mais um fator que faz de Medelín um território conterrâneo e irmão ao interior de São Paulo. Todos gordinhos apertados em roupas repletas de brilhos e lantejoulas, bebedores compulsivos de cachaça e apaixonados por Miami e Las Vegas com seus cassinos e que tem como maior e mais atual sonho de consumo conhecer Dubai, a nova capital da ostentação cafona e da breguice. Tema das músicas: decepções amorosas. De novo.

Confiram um vallenato no segundo vídeo.

http://www.youtube.com/watch?v=XseUeHObg04

O terceiro pior ritmo do planeta Terra é o ritmo chicano que é uma mescla de elementos bizarros e patéticos. São mariachis mexicanos que cantam também apenas músicas onde se lamentam por traições sofridas mostrando um pouco esse espírito pouco másculo do homem do norte do continente de perdoar mulher que trai. O grande ícone do estilo é um tal de Vicente Fernandez, um octogenário mexicano que faz xous infinitos e que é o único artista que atrai multidões em Medelín. É uma música deprimente e que catalisa a doença alcoólica da população que consome litros de cachaça enquanto choram e esperneiam com as letras bregas do maldito personagem da terra do Chaves.

Resolvi outra vez adicionar um segundo vídeo para deleite de meus leitores-ouvintes.

http://www.youtube.com/watch?v=RO9chbL3m7E
http://www.youtube.com/watch?v=TmUjYeJehsM

O quarto pior é uma das tantas versões latinas de algo ianque. O reggaeton não tem nada de reggae; é uma versão latina do hip hop americano. Tudo igual: carros esportivos caros, prostitutas nuas, muitas correntes de ouro e pose de bandido. A diferença é que não são negros e sim malditos boricuas de Porto Rico. A mesma ode ao dinheiro e o culto à profissão de cafetão e tudo isso com uma das batidas mais pobres da música mundial. Dado interessante: Medelín é a cidade que mais escuta reggaeton no planeta, mais até do que na capital de Porto Rico. Belo título.

No vídeo reparem a temática pelos direitos dos ratos latinos que parasitam e infestam o Estados Unidos da América. Reggaeton também é música-protesto...

http://www.youtube.com/watch?v=whBcmlaSLJM&feature=related

O pior de tudo é que TODO mundo gosta disso, todo mundo ouve isso, gente supostamente normal ouve isso e ainda o fazem (à exceção de quando saracoteiam ao ritmo do reggaeton) com ambas as mãos próximas ao coração e com cara de dor como se esse lixo saísse de dentro como uma emoção mal tratada. Não desça pra Terra, Jesus!

Faz pouco tempo em que um beatle esteve em Porto Alegre e há rumores de visitas stonianas e diabólicas, nada melhor do que escrever sobre o outro lado da moeda para
que possamos valorizar a imortalidade desses demônios do verdadeiro rock and roll.
O fim do mundo FELIZMENTE está próximo e todos estamos em uma highway to hell. Minha dica: pisem fundo no acelerador antes que tenhamos que ver o mundo dominado por homossexuais e latinos.

Para limparem os ouvidos e possuírem-se com a necessária dose diária de rock and roll, Highway To Hell ao vivo desde uma cidade demente repleta de cidadãos dementes que é uma das coisas que faltam por essas bandas cafeteiras aqui.

Direto do Monumental de Núñez, Buenos Aires...

http://www.youtube.com/watch?v=B6W8SIgg5xM

sábado, 29 de janeiro de 2011

Até Vocês, Homens Velhos?

Fui cortar o meu cabelo um dia e, entrando no recinto me deparei com uma cena das mais deprimentes que já vi na minha vida: um homem velho, aparentemente com mais de 60 anos, “fazendo” as unhas do pé. Ok que hoje há essa classe de pseudo homem como Emos, metrossexuais e etc que crêem ser normal um homem cuidar de suas unhas, mas um homem velho! Um homem que deveria se comportar como um fauno estava lá sentadinho oferecendo suas cascudas patas a uma manicure que lhe manuseava com um alicate feminino. Não dá mais. Por mais que já tenha aceitado que aqui muitos ”homens” “fazem” as unhas, não posso aceitar que também o façam nos membros inferiores. Essa gente deveria ser, por punição, castrada pelo governo. Pensava no meu avô, um homem de fato que arrancava suas unhas e menosprezava o sangue que corria por sobre sua pele de jacaré sem nervos ou qualquer sensibilidade.

Na minha academia outra decepção para com os homens velhos. Para minha surpresa um homem idoso realizava exercícios para, pasmem, os GLÚTEOS! Pensei no suicídio, mas fui obrigado a, mais uma vez, aceitar. Na mesma academia presenciei uma conversa no mínimo pornográfica. Dois instrutores que deveriam ser montanhas de músculos atrofiados acéfalos declamavam sobre determinada novela, sim, novela. Um deles, em um momento de excitação maior chegou a declarar que não perdia sequer um capítulo de tal produção. É dose. Sou do tempo em que homem liga a televisão somente para ver futebol ao vivo, repetição de jogo, os gols do mesmo jogo ou mesa-redonda repleta de dementes discutindo sobre o maldito jogo. Novela, perdão aos moderninhos, é coisa de mulher dona de casa e sempre o será.

Ainda falando da modernidade afeminada dos homens locais, um dia fui obrigado a ouvir o seguinte comentário proveniente de uma boca localizada há alguns centímetros acima de um pênis: “precisava de uma manicure esses dias”. Assim que o autor da frase declamou essa declaração bombástica, pensei se tratar de mais uma piadinha colombiana sem graça alguma, mas felizmente não sorri falsamente, pois se tratava de uma afirmação repleta de seriedade e veracidade. Ele realmente necessitava de uma manicure. Para completar o xou de horror, o cidadão começou a descrever as características complicadas de suas unhas como se isso fosse um papo normal. Onde iremos parar?

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O Caso Ronaldinho

Muitas pessoas já me comentaram e pediram minha opinião sobre o novo caso Ronaldinho. Expressei-a em muitos grupos de discussões, e-mails, telefone, mas seguem me pedindo uma espécie de “formalização” de minha opinião. Não ia perder mais tempo de minha vida escrevendo sobre um jogador fantasia que jamais me atraiu e/ou me enganou, mas atenderei aos pedidos de algumas pessoas que insistem em se interessar por minhas opiniões.

A relação Ronaldinho – Grêmio pode ser dividida em três etapas: o surgimento dele no Olímpico e a rápida transformação em ídolo, a saída conturbada e repleta de acusações de traição e outras bobagens do gênero típicas de torcedores de futebol e o seu último e derradeiro (?) capítulo, essa volta ao Brasil e não ao Rio Grande do Sul. Partindo dessa estrutura de pensamento, farei minha humilde análise.

Jamais Ronaldinho me agradou como jogador. Nem nos seus tempos de Grêmio? Nem nos tempos de Barcelona? Exato. Jamais me agradou.

Vivemos em uma era chamada por muitos de pós-modernidade, por outras correntes de hipermodernidade, mas que, não importando a nomenclatura, é uma era do espetáculo, vivemos em uma sociedade do espetáculo como bem salientou o gênio suicida francês Guy Debord. O mundo atual depende de entretenimento e consequentemente de suas celebridades que são os avatares dessa máquina de diversão e espetáculo constantes que consumimos a cada segundo.

A imagem tem muito mais valor do que as palavras. No caso de Ronaldinho, lances “espetaculares” são muito mais importantes do que a objetividade, a produção, gols, passes para gol. Ronaldinho era, em sua época de Barcelona, uma celebridade “espetacular” do futebol, um dos campos de entretenimento mais importantes da sociedade mundial. Ronaldinho tinha como slogans “alegria”, “jogo bonito”, era uma espécie de gimmick da Nike e de seus demais patrocinadores.

Até eu volta e meia caio nas armadilhas das marcas. Paguei oito dólares por um café da Starbucks no aeroporto de Lima quando poderia conseguir o mesmo produto pela metade do preço. Gosto da Starbucks e do que representa a marca. No entanto, abri os olhos, não caio mais nessa.

Ronaldinho colocou todo mundo no bolso com sua plasticidade, sorrisos, jogadas improdutivas, mas belas e divertidas. No entanto, eu não engolia. Assim como defendo que qualquer xis vale mais à pena do que qualquer pão com um quilo de maionese e carne de rato do Mc Donald´s e custa um terço do preço. Não ângulo a fascinação criada pelo Mc Donald´s, compro e consumo produtos, não marcas.

No início desse milênio o jovem talento espetacular do futebol sul-americano recebia propostas pomposas do futebol europeu com boatos que afirmavam que essas quantias chegavam a exorbitantes 80 milhões de dólares. No mesmo período o ministro Pelé inventou uma lei para benefício próprio e prejudicial ao país que liberava os atletas para irem-se dos clubes sem ter que pagar nada. Era a nova lei do passe.

O incompetente presidente do Grêmio à época, talvez apostando que seria mais uma lei que não “pegaria” não quis vender o jogador. A lei entrou em vigor e Ronaldinho se foi de graça, deixando o clube que o projetou e que tirou sua família da pobreza sem
um tostão.

A reação da torcida gremista foi de ódio total contra quem teoricamente “traiu” os interesses do clube e jamais Ronaldinho foi perdoado.

Mais uma vez eu vou contra a opinião reinante e afirmo que toda essa reação odiosa da torcida foi hipócrita.

Qualquer ser humano normal preferiria ir-se com 80 milhões no bolso do que com “míseros” 10%. Não foram 80 milhões? Não interessa o valor, qualquer ser humano optaria por 100% de um valor altíssimo do que ser “honesto” e sair com apenas 10%. Ronaldinho não foi desonesto; apenas seguiu a (nova) lei de Pelé, o mesmo que hoje o acusa de mercenário por não ter ido jogar no Grêmio.

Depois de seus anos dourados de Barcelona Ronaldinho acabou no AC Milan, clube que vem tendo a filosofia humanística de apostar em jogadores decadentes e problemáticos como Ronaldo, Robinho e, claro, Ronaldinho. O AC Milan fez seu papel de centro de reabilitação e abriu as portas para o ex-barcelonista. Depois de muitos anos, desde os tempos de Paris SG, Ronaldinho foi jogador de futebol por cima de sua faceta de celebridade do entretenimento dentro de campo. O seu rendimento foi questionado pela maioria, muitas vezes experimentou o dissabor do banco de reservas, chegou a disputar o ingrato título de pior jogador do Calcio que por sorte não o conquistou pela nobre presença de Adriano no futebol italiano e acabou sua trajetória rossoneri de maneira melancólica, sendo reserva absoluto.

Mais uma vez contrario a tudo e a todos e afirmo que sua participação no AC Milan foi a melhor de sua carreira. Evidentemente que na última temporada o jogador não tinha as mínimas condições, mas nas duas temporadas anteriores teve boas participações e até merecia ter ido à África do Sul. Já sem os holofotes em cima e sem físico para grandes malabarismos, Ronaldinho se transformou, depois de velho, em jogador de futebol e finalmente conseguiu aproveitar sua abundante técnica.
Infelizmente o fez demasiado tarde quando seu corpo já não agüenta mais os maus tratos recebidos.

E Ronaldinho decidiu voltar ao Brasil. De cara a torcida gremista mostrou o seu “fisiologismo” de princípios e abriu as pernas e os corações para a volta do filho da casa. Todo o ódio foi deixado de lado e só o que se ouvia eram votos de amor ao ex-traidor que vinha retratar-se em solo gaúcho.

As negociações eram dadas como avançadas, a concorrência era menosprezada e tudo isso porque Ronaldinho é gremista, queria voltar, amava o clube. Eu, assim que começaram os boatos de que Ronaldinho queria voltar ao Brasil, antes de sequer o nome do Grêmio ser mencionado, disse: o Flamengo é a cara dele, que vá ao time da Gávea.

A minha premonição era correta. Ronaldinho, apesar de todo o esforço da diretoria atual do Grêmio optou pelo Flamengo pelo simples motivo de que o Grêmio não quis o contrato com salário fixo de mais de um milhão de reais por mês como queria Assis e sim um esquema de salários progressivos, talvez pelo temor de um fracasso total do atleta no Olímpico. Ronaldinho optou pelo Flamengo por dinheiro.

O futebol está cada vez mais profissional e é difícil de encontrar casos, pelo menos no futebol brasileiro, de atletas identificados com seus clubes. Há exemplos pelo mundo afora como Gerrard, Riquelme, entre outros, mas é algo raro e não pode ser criticado. O futebol é profissional bem como são os atletas que jogam por dinheiro, jogam porque é uma profissão.

No entanto há enormes diferenças entre o caso de Ronaldinho saindo do Grêmio e indo
para a Europa de graça do que com esse retorno fracassado de 2010. Naquela época Ronaldinho era ninguém e não poderia abrir mão de uma fortuna jamais vista por suposto amor ao clube; hoje, Ronaldinho é um homem milionário e sim poderia, ou melhor dizendo, caso fosse realmente torcedor do Grêmio com vontade de conseguir o perdão de sua própria torcida, abrir mão de “pequenas” diferenças econômicas e ir pro Olímpico. Ronaldinho não o fez pelo simples motivo de que não é um torcedor do Grêmio e jamais o foi. O criticaria caso ele fosse torcedor e assim mesmo optasse pelo Flamengo por alguns mil reais a mais, mas não o posso fazer considerando que não é torcedor do Grêmio, que não há vínculos maiores com o Tricolor. Analisando dessa forma, Ronaldinho foi profissional e optou pela empresa que mais aportes financeiros lhe proporcionaria.

O resultado dessa novela foi extremamente positivo. O Grêmio livrou-se da ameaça de ter um grupo que terminou a temporada de excelente maneira, sem problemas (aparentes) internos e ainda por cima não terá a pressão de pagar um contrato mais caro que todos os demais contratos de todos os outros jogadores do grupo. O ponto negativo foi o atraso em relação a outras contratações muito mais urgentes e a vergonhosa cena das caixas de som sendo retiradas melancolicamente do gramado do Olímpico, cena digna de administração Obino. Ficou a lição e a minha voraz crítica à torcida gremista que não demonstrou dignidade e aceitou a quem supostamente a traiu de maneira “imperdoável”.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Libertadores 2011

Como em todas as edições analisarei cada um dos 12 clubes grandes que irão participar de mais uma Copa Libertadores da América. Após essa análise, seguem os palpites para os confrontos dessa primeira fase da maior competição do continente.

Estudiantes: o atual campeão argentino é um dos meus favoritos para levantar a taça esse ano depois de ter sido o melhor time da edição passada quando foi eliminado pelo Inter num jogo incrível onde dominou durante 90 minutos. Manteve-se a base do time campeão argentino e uma grande contratação foi feita: Barrientos. Uma base que vem jogando junto há várias temporadas, um técnico que segue no comando do time há mais de dois anos são as principais virtudes do Pincha.

Vélez Sarsfield: outro argentino que foi injustamente eliminado na edição passada, o Vélez vem sendo uma das duas maiores forças do futebol argentino nos últimos anos e disputou até a última rodada o título do torneio passado contra o Estudiantes. Mais um clube que aposta na manutenção da base vitoriosa que perdeu apenas o volante Somoza que será naturalmente substituído por Ramazotti apesar de que a diretoria fala na contratação de Bolatti. O Vélez tem tudo para disputar mais esse título.

Independiente: apesar da consagração no final da temporada com o título da Copa Sul-americana que lhe garantiu participação na edição 2011 da Libertadores, é difícil de esquecer a última colocação no campeonato local. O time tem muitas carências e, até o momento, apesar de se falar em nomes de peso como Denis e Milito, ex-ídolos do clube, a única incorporação de importância maior foi a de Defederico. Por outro lado está a mística do maior campeão dessa competição e a manutenção de uma base apenas mediana.

Internacional: parece que para essa temporada não virão grandes nomes a um dos clubes que mais tem gastado dinheiro nos últimos anos. O atual campeão dessa vez sofre assédio de outros clubes do país vizinho sobre seus ídolos Guiñazú e D´Alessandro e até o momento, apesar de rumores de grandes nomes, ninguém foi contratado de fato. É necessário destacar que nenhum jogador importante deixou o clube e há uma aposta forte em uma base que se consagrou campeã continental no ano passado.

Santos: depois de um semestre onde foi difícil de analisar o verdadeiro potencial do time devido ao patético comportamento dos times brasileiros de abandonar o Campeonato Brasileiro por ter vaga na Libertadores garantida via Copa do Brasil, é impossível não destacar o trabalho da diretoria santista que com muito esforço e investimentos conseguiu manter seus jovens talentos que serão sua arma principal nessa competição. Ganso, Neymar e companhia deverão dar muito trabalho a qualquer adversário do continente.

Corinthians: o único clube grande brasileiro que ainda não venceu a Libertadores mais uma vez entra na disputa com o seu sonho inalterado. Aposta em dinossauros da bola como Ronaldo e Roberto Carlos e perdeu seu treinador para a seleção brasileira o que sempre dificulta o início de qualquer trabalho importante. Não vejo grande potencial nos gaviões e considero que até sua disputa da primeira fase pode lhe trazer desagradáveis surpresas.

Grêmio: o Tricolor foi o time que terminou a temporada jogando o melhor futebol do Brasil apesar da ausência de estrelas. Depois da chegada de Renato e do fim da religiosidade dentro do clube, um sistema de jogo extremamente eficiente e prático foi imposto e o Grêmio acabou atropelando todos os adversários que cruzaram seu caminho. Há grande qualidade no meio com Douglas e um centroavante que faz muitos gols como Jonas. O principal reforço do time foi a não contratação de Ronaldinho e a manutenção de todos os titulares. Há problemas na defesa, com destaque para a carência que parece ser eterna, a lateral esquerda.

Colo-Colo: depois de um decepcionante desfecho do campeonato chileno, muitos jogadores foram mandados embora e poucas incorporações foram feitas. O técnico argentino Cagna aguentou a pressão e foi mantido no cargo e a incorporação de maior nome realizada até o momento foi a do zagueiro também argentino Alayes, ex-Estudiantes e Newells.

LDU: uma das forças emergentes do continente vem mais uma vez embalada e com esperança de repetir a façanha de 2008 quando bateu o Fluminense na final e consagrou-se como o primeiro clube do país a levantar a taça mais importante e desejada do continente. Em matéria de nomes, o clube equatoriano perdeu Salgueiro, atacante uruguaio que volta ao futebol argentino (San Lorenzo), mas outros bons nomes permanecem, com destaque para o atacante também argentino Barcos e outros nomes de peso dentro do clube como Guagua, De la Cruz, Ambrosi, Urrutia, Salas, Reasco e Luna, entre outros. Uma contratação que não gerou muito furor foi a do veterano Equi González, histórico jogador do Rosario Central onde foi comandado pelo vitorioso técnico Bauza que segue no clube.

América: o gigante mexicano, um dos clubes mais ricos da América, volta à disputa da Libertadores. Alguns jogadores conhecidos estarão vestindo a camisa amarela na competição como o volante brasileiro Rosinei, ex-Corinthians. Os meus outros dois destaques ficariam por conta dos argentinos Montenegro e Vuoso, artilheiro do time. Resta esperar para ver se irão levar a competição à sério e usar força máxima diferentemente do que fizeram em sua última participação que, apesar de jogar com os reservas, eliminaram o Flamengo.

Peñarol: o fato mais marcante dessa edição 2011 da Libertadores é a volta do maior clube do continente ao certame depois de muitos anos. Os carboneros tiveram um excelente primeiro semestre em 2010 onde ganharam mais de 10 jogos seguidos no arranque do Campeonato Uruguaio, mas decaíram e muito no segundo período do ano. Falando em nomes, Santiago Solari, impressionante contratação do ano passado deixou o clube bem como o então maior nome do elenco Arévalo. No elenco atual o veterano Pacheco é o jogador mais importante e capitão. Outros destaques são o goleiro Carini que volta ao futebol desse país depois de muitas temporadas no
exterior e o rodado atacante Estoyanoff.

Nacional: o outro gigante uruguaio vem mais uma vez com força para a Libertadores. A grande baixa do elenco tricolor foi o lateral argentino Peralta que rescindiu seu contrato. Marcelo Gallardo que foi no ano passado talvez a maior contratação do Nacional nas últimas décadas não conseguiu jogar ainda devido a uma lesão e é esperança para essa temporada. Outro nome importante é o do zagueiro experiente Lembo, capitão do time.

Palpites para a primeira fase da Libertadores 2011:

Corinthians x Tolima: páreo duro, mas vou de Corinthians no sufoco;

Alianza Lima x Jaguares: aposto no maior poder econômico dos mexicanos;

Cerro Porteño x Deportivo Petare: sou obrigado a ir de Cerro já que nunca havia escutado falar sobre esse clube venezuelano;

Bolívar x Unión Española: vou com os chilenos que tem um bom time, com destaque para o narigudo Estevez, ex-San Lorenzo e Botafogo e que já chegou a disputar uma final contra o poderoso São Paulo de Telê, Raí e companhia;

Independiente x Deportivo Quito: apesar do título agônico da Copa Sul-Americana eu aposto no time equatoriano que, além de um bom time, tem a vantagem da altura;

Liverpool x Grêmio: fui a um jogo do Liverpool em minha última visita à capital uruguaia, é um time organizado e que pode colocar suas esperanças na questão início de temporada. No entanto, aposto no Grêmio como franco favorito.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Os Oitos Anos de Lula

Não poderia deixar de relatar minhas impressões após oito anos de governo Lula. O ex-metalúrgico, que foi obrigado a adotar uma ideologia “paz e amor” para alcançar o poder e que consequentemente cedeu a pressões e fez alianças diabólicas para lograr a governabilidade, terminou seus oito anos de mandato com 87% de aprovação popular, um recorde nacional.

Minha primeira afirmação sobre o fim da era Lula é que este foi o governo de maior sucesso da história nacional desde Getúlio Vargas. O gaúcho de São Borja enfrentou enormes desafios como uma grande guerra, foi obrigado a bater bola com Hitler e mesmo assim foi o governo que humanizou a vida do trabalhador brasileiro. Lula não enfrentou uma grande guerra, mas foi vítima de uma imprensa conservadora desesperada que usou todas as armas possíveis para denegri-lo e também deu de frente com a maior crise econômica mundial desde 1929.

Se a grande conquista de Getúlio foi a criação das leis trabalhistas, Lula tem como seu maior mérito nesses oito anos o ataque à miséria absoluta através de políticas sociais primeiro-mundistas e o tão esperado crescimento econômico socialmente beneficiador de grande parte da população e não apenas da minoria de sempre que, diga-se de passagem, também gozou do sucesso econômico do governo de Luís Inácio.

Lula melhorou e muito o sistema de educação nacional, principalmente as universidades federais, ajudou a erradicar a fome nas áreas mais deploráveis do país, tirou a nação de sua situação de mendicância histórica ajoelhada à mercê de órgãos internacionais sanguessugas, provou que ainda existem diferenças entre direita e esquerda contrariando ao que defendem os direitistas e colocou o Brasil em uma posição de importância no cenário político e econômico mundial. No entanto conseguiu decepcionar em um ponto antes considerado pilar da ideologia petista: a corrupção.

A extrema direita raivosa que não consegue aceitar que o governo Lula surpreendeu a todos e foi um sucesso, afirma sem nem ruborizar que o governo petista foi o “mais corrupto da história”. A afirmação é tão esdrúxula que nem merece maiores comentários, mas sim houve corrupção e deve ser condenada sempre. O Brasil segue sendo um país em que ladrão de colarinho branco, leia-se políticos e grandes defraudadores poderosos, não vão para a cadeia. Lula aceitou no seio de seu governo verdadeiros criminosos históricos desse país com destaque para o pior de todos, o gângster mor José Sarney. Além desses inimigos que dormiram na mesma cama de Lula, é imperdoável o esquema do “mensalão II” e digo “II” pois essa é uma prática inventada e consagrada pelo PSDB, outrora demonizada pelos petistas que, passados alguns anos, usaram de mesmo artifício nocivo e pornográfico para qualquer nação que deseja ser civilizada. Lula fez vistas grossas para o mensalão, o máximo que fez foi afastar do circo político alguns caciques do partido outrora intocáveis como Zé Dirceu, Genoíno e Palotti. A outra mancha de Lula é seu filho que segue sendo pivô através de sua empresa que pleiteia (e leva) “patrocínios” importantes de grandes corporações como Oi entre outras. Para completar, uma crítica a algo não realizado, as reformas políticas e tributárias. Lula tinha a faca o queijo, o congresso e o senado entre seus nove dedos e não o fez, deixou como herança podre para sua sucessora.

No âmbito internacional Lula também teve problemas. Ao mesmo tempo em que a postura de amigo de todos foi fundamental na abertura de novos mercados, importantíssimos especialmente quando da crise mais brutal no Estados Unidos e Europa, pega mal ter como amigos figurinhas não muito confiáveis como Hugo Chávez, Ahmadinejad e alguns ditadores sanguinários africanos. Lula vendeu a alma ao diabo em busca de benefícios ao país e conseguiu. Esses fins justificam os meios usados?

Deixando as críticas para trás, merece destaque especial o programa mais brilhante do governo Lula. Brilhante, mas simples; não tinha sido feito antes por pura falta de vontade política de governos anteriores. O Bolsa-Família, termo que provoca ânsia de vômito entre os direitistas mais raivosos é um programa modelo, moderno e que mostra o quão humano um governo pode ser.

Não há brasileiro que não volte encantado de viagens a países europeus. Todos voltam comentando sobre o quão maravilhosa é a participação do governo na ajuda aos seus nacionais. Os governos europeus pagam salários para os desempregados, dão ajuda moradia para casais recém casados, dão ajuda para quem tem filhos, pagam para os jovens estudarem, dão auxílio até para quem tem cachorro em alguns países do norte do continente, tudo isso é maravilhoso e mostra o incrível desenvolvimento desses gloriosos europeus.

O Lula dá comida para famintos e a reação é oposta. “Eu não quero pagar impostos para dar salário para vagabundo comer”. “Dar dinheiro para quem necessita é errado, tem é que dar emprego!”. “Se dermos dinheiro para essa gente, eles jamais vão querer trabalhar!”

Essas são algumas das ideias fascistas usadas pela direita conservadora brasileira, os mesmos cidadãos de classe média que voltam encantados da Europa são os que têm ojeriza às ajudas de Lula para os mais pobres. Na Europa ajuda-se um casal de classe média quando tem um filho, mas aqui não podemos ajudar gente que passa fome. Contraditório? Totalmente.

É evidente que a solução de prover ajuda aos mais necessitados é paliativa e não resolve problema algum. Para tirar camadas da miséria é necessário emprego. O governo Lula foi o governo que mais empregos criou na história brasileira. Calcula-se que cerca de 30 milhões de brasileiros foram retirados da miséria e acompanhamos o “inchaço” da classe média. No entanto, ainda assim teremos fome e miséria que DEVE ser combatida até porque a herança recebida por Lula era maldita. É curioso que os mesmos críticos fascistas do Bolsa-Família não se alteraram em nada quando governos estrangeiros ofereceram ajudas bilionárias para bancos. Qual a lógica? Somos a favor de ajuda a europeus de classe média que têm filhos e ajuda a bancos com ativos trilionários e que seguem pagando bônus absurdos para seus executivos incompetentes, mas ao mesmo tempo somos contra dar comida para faminto? Isso é pensamento de gente ruim.

Fome não pode ser remediada. Emprego deve ser algo disponível a todos, mas até que um desempregado consiga emprego ele segue tendo as mesmas necessidades. O governo brasileiro não tem as condições europeias de pagar salários vitalícios a desempregados, mas pode, pelo menos, dar comida aos famintos. Após quatro horas sem ingerir alimentos um ser humano normal está com fome. É difícil encontrar emprego para milhões de brasileiros em menos de quatro horas.

8,7% de todos os famintos do mundo estão na América Latina, um continente em que os poderosos jamais cederam teta alguma aos mais pobres. Nesse continente temos dois exemplos de países que, por não cederem sequer uma tetinha aos mais necessitados, acabaram perdendo a vaca inteira, são eles a Bolívia de Evo Morales e a Venezuela de Chávez. Não será melhor a ideia de Lula de ceder uma teta aos famintos e não perder a vaca? O quê é melhor, usar impostos para alimentar crianças com fome ou isentar de impostos multinacionais?

Outro resultado desses últimos oito anos políticos brasileiros é o fisiologismo extremado dos partidos. Gabeira, um ex-militante de esquerda, apoiou José Serra que tinha como vice um facínora à moda antiga, o monstruoso Índio da Costa, que mais parecia um ultra-direitista republicano americano com suas teses ultrapassadas sobre aborto e afins. Outras alianças políticas bizarras se espalham pelo país e a consequência disso tudo é um enfraquecimento dos poderes dos partidos políticos e o aumento do meu clamor pessoal pela reforma política de um sistema eleitoral que é simplesmente bizarro e que está sendo vítima de gangues políticas como os partidos cristãos e o uso de celebridades, incluindo analfabetos, boleiros, cantores e big brothers and sisters para atrair enormes quantidades de votos burros e juntamente eleger corjas de bandidos que se beneficiam das regras estapafúrdias de nosso atual sistema.

Nesse cenário, de perda de identidade partidária e enfraquecimento de ideologias, Lula termina seu governo e elege, com o seu carisma e sucesso, sua sucessora, Dilma Roussef, ex-militante de esquerda que, mais uma vez, gerou a reação raivosa e demente da direita radical brasileira que, assim como fizeram com Lula, começaram fortes campanhas denunciando Dilma como uma ameaça ao mundo, como uma Hugo Chávez brasileira de saias. No entanto, dessa vez o apelo desesperado da direita raivosa pouco efeito fez contra os logros inquestionáveis do governo de Luiz Inácio, nem tivemos Regina Duarte e aliados externando seu “medo” de uma possível eleição de um facínora que outrora foi Lula e hoje seria Dilma.

Dilma por sua vez herda um país em franco crescimento, com uma economia estável e voltada ao desenvolvimento desde as camadas mais baixas da população. Dilma cederá tanto quanto Lula? É Dilma uma esquerdista mais inflexível do que o Lula de barba grisalha? Tem Dilma sangue de Lula de barba preta? Todas essas perguntas serão respondidas logo. Eu aposto num governo muito parecido ao de Lula que tem tudo para ser o conseglieri de Dilma que terá na sua cama o vampiro-mordomo Michel Temer para contrabalançar a possível maior tendência de Roussef à esquerda que pode resultar em ações positivas como o maior rigor no combate a corrupção.

Como todo cidadão de bem que não faz parte de grupo algum de direita raivosa, vingativa, amarga, decadente e sanguinária, desejo a maior sorte para Dilma e sua equipe e tenho certeza que mais um grande governo virá pela frente. Meus pedidos para 2011? Rigor xiita contra a corrupção, morte à família Sarney Corleone, fuzilamento já (!) e reforma política urgente para que nosso sistema não seja privado de colaboradores brilhantes como Luciana Genro.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

So Long

Porto Alegre ficou para trás mais uma vez. Fui-me embora novamente sem data para voltar. Essa estadia mais longa na terra natal deixou algumas percepções que não sei bem quais são. Assumindo que a felicidade é uma ilusão e que a vida é efêmera e vulgar, não posso ser muito exigente quando da análise de mais uma visita aos mesmos de sempre nos mesmos lugares.

Quando falo de Porto Alegre falo de meus familiares e amigos. Decepções sempre estão presentes, mas cada vez menos devido a pouca exigência causada pelos motivos explanados no primeiro parágrafo. Não se pode esperar muito e exigir muito de ninguém.

Chegar à casa de minha vó é sempre bom. Feijão com caldo grosso e doces não são os únicos motivos. É bom revê-la, bem como é bom voltar a praticar velhos hábitos que podem ser repugnantes em outros recintos que lá são corriqueiros e banais. A vida pacata de Ipanema também é um fator marcante em todas as voltas para a casa. O calçadão, os moradores ilustres, os personagens, todos são elementos que fundamentam a identidade do bairro.

Ainda falando nesse espaço administrado formidavelmente pela minha vó, a presença de meu irmão é simplesmente encantadora. Em uma época em que muitas vezes sinto que estou morto em vida quando analiso a humanidade e seus súditos, meu irmão é uma figura que resplandece no meio do vazio que assola a todos. Simples, querido por todos, é um grande vencedor e uma das poucas coisas que me causa orgulho. O meu irmão, como diria Obama em relação ao Lula, é o cara. Pessoa livre de qualquer arremedo de egoísmo e sempre disposto a ajudar aos seus entes queridos.

Meus amigos também seguem lá e me fazem sentir como se nunca tivesse deixado a vizinhança adjetivada de “tentadora” pelo meu querido amigo Diego. É sim uma vizinhança tentadora. Eu poderia ficar 100 anos de solidão sem dar o ar de minha desgraça que seria recebido da mesma maneira: sem qualquer empolgação, como se eu estivesse ido ao banheiro e voltado depois de dois anos. É bom ver que todos seguem iguais nos mesmos lugares. Depois de velho qualquer tipo de mudança no cotidiano é daninha. Um herói foi embora do bairro e deixou saudades; felizmente não há fim de semana em que não tenhamos sua boçal e leonina presença. O vizinho à vizinhança retorna, como já dizia o outro.

Meus irmãos não-biológicos também seguem causando-me uma dor profunda a cada momento em que deixo a terrinha. São eles parte fundamental na formulação desse espectro de Porto Alegre. Porto Alegre não é a mesma sem a presença deles, é como ter ido a qualquer terra desprovida de tango e rock and roll.

Eles sabem que estou falando de eles e nesse momento sinto falta de suas doenças, paranóias, complexos e amizade. É difícil encontrá-los. Em diferentes cidades e desconfortáveis aeroportos vejo faces, busco personagens, mas seria necessário mais mil anos para amar alguém como amo meus irmãos.

Os vi mais dementes e problemáticos que sempre, mas sempre lá, imutáveis e ininfluenciáveis. Seus ares depressivos e pessimistas casam perfeitamente com meu pensar e geram boas e tristes gargalhadas.

Já longe mais uma vez tudo se vê mais cinza e aquele guri mais uma vez se esconde, se afasta de tudo e de todos. Até a próxima, caras pessoas.