domingo, 22 de julho de 2012

O Cúmulo da Estupidez

Demorei a me manifestar devido à falta de tempo, mas não poderia deixar de comentar sobre o auge da estupidez midiática e coletiva que, nesse momento, domina o Brasil. O fenômeno UFC, o mais novo produto enlatado que domina as massas no país da economia progressiva, mas que não consegue conjugar o verbo progredir quando o tema é cultura, é o tema do momento, tanto na mídia, quanto na boca do povo, principalmente das classes mais aquinhoadas e, como não poderia deixar de ser, domina incrivelmente os tópicos de discussões e de manifestações de pensamento nas redes sociais. Muitos pensadores que admiro bastante destacam a supervalorização da mídia que é feita pelos críticos dessa. Dizem alguns deles que a mídia não exerce tanto poder assim como os que a incriminam dizem que sim exerce. Eu analiso as duas correntes através de exemplos práticos e existentes. O Big Brother, se analisado friamente, é um dos maiores lixos culturais que o ser humano já produziu em toda a história milenar da raça humana. É mais um enlatado proveniente do país do entretenimento raso, barato e vazio, o Estados Unidos. O Brasil como sempre recebeu de braços abertos a importação de lixo cultural e a Globo transformou esse lixo num prato exótico e irresistível. Será que a Globo realmente transformou esse lixo em um prato delicioso ou, foi mais além, e convenceu o povo de que consumir lixo é bom? Ou será que a Globo sabe que seu público, agora deixando a analogia com a comida de lado, simplesmente gosta de consumir algo em que não tenha que pensar e que simplesmente, devido ao sucesso da exploração da vida privada de pseudo celebridades se acostumou a usufruir acompanhar pelo buraco de uma abstrata fechadura o que outras pessoas fazem, famosas ou não? Uma mescla de tudo isso. O medíocre desfruta a mediocridade, desfruta do simplório e do fácil, do prazer banal e estúpido de ver sem pensar, de receber sem emitir. Ver pessoas, uma mais estúpida do que a outra, engalfinhando-se encerrados dentro de uma casa é sinal de estupidez demencial e é isso que o povo gosta. Pensar dói, cansa; o melhor é receber de perninhas e de cérebro abertos a estupidez. O ex-jornalista Pedro Bial que é uma versão tupiniquim de George Clooney ou Antonio Banderas, ou seja, o homem de meia idade de olhos sedutores que quer criar uma personagem de homem maduro, inteligente e cool chama os participantes de “heróis” e todo mundo compra, todo mundo acredita. Isso é o fenômeno Big Brother. Nunca pensei que algo superaria essa merda repleta de perfume disfarçada de análise antropológica, mas o UFC é, pelo menos até o momento, o fundo do poço. Diferentemente da casa das prostitutas, dos acéfalos, dos sertanejos e dos homossexuais esquizofrênicos, o UFC não maquia, não tenta ser brilhante, não tenta ser filosófico, não tenta transformar idiota em personalidade cultural; o UFC é lixo sem disfarce, lixo e brutalidade que são oferecidos porque há demanda, há sede de agressividade, há sede de ausência de palavras, a falta de vontade de pensar, há, simplesmente, vontade de regredir na história e ver gladiadores do século XXI em um ringue, um tentando, através de socos, pontapés, joelhadas e tudo mais, matar um outro ser da mesma espécie, algo que poucos animais na face da Terra fazem e, com certeza, os que fazem não se auto-proclamam inteligentes e muito menos pagam valores astronômicos para presenciar tal “espetáculo”. “A Humanidade sempre necessitou a violência”. Sempre há os caetanos velosos que é um termo que eu uso para esses metidos a intelectuais que, velhos e cansados de pensar, hoje em dia preferem jogar golfe, comer sushi, participar de programas onde podem ter seus egos gigantescos saciados, receberem aplausos e vender seus novos projetos muitas vezes patrocinados pela Lei de Incentivo à Cultura. Pois esses senhores de sensos críticos jubilados dizem isso, tentando, através de frases de cunho filosófico barato, justificar o injustificável. A Humanidade sempre urgiu por violência, isso é verdade, mas, queira ou não, evoluímos em alguns aspectos. Já não degolamos homens em praças públicas isso claro falando de sociedades ocidentais; a forca e a guilhotina já não existem mais; até as touradas, coração da cultura ibérica, já estão sendo proibidas em algumas regiões espanholas porque se notou que são brutais para uma sociedade “pacífica” do século XXI. Mas sim voltamos com os gladiadores. O produto é tão bom e a sede de violência da sociedade brasileira é tamanha que a Globo comprou os direitos e colocou o canalha do Galvão Bueno para “narrar” as batalhas sanguinárias. Jovens se reúnem em horários pouco convencionais para ver os novos heróis nacionais estrangularem inimigos da nação, essa foi a tônica do último capítulo do UFC. O Brasil sempre apostou em heróis nacionais que eu combatia. Tivemos Senna, um pleibói que era ícone de um esporte individual de ricos que foi enfiado goela abaixo como o nosso símbolo, o nosso herói, o nosso representante. Tentamos em alguns esportes pouco convencionais em momentos de ausências de ídolos boleiros. Guga foi um deles, outro exemplo de guri rico em esporte individual que deveria ser o nosso ídolo. A Globo chegou ao ponto de tentar transformar Barrichello em ídolo! Popó, Neymar, Kaká, entre outros, são parte dessa indústria que agora parece ter um novo âncora: o tal do Anderson Silva. Senna deveria ser nosso herói e exemplo a seguir porque ganhava corridas de carros pelo mundo e sabia esconder bem sua vida privada homossexual; Guga deveria ser nosso ídolo porque, por um breve período, ganhava mais jogos de tênis, esporte em que a maioria da nação nem sabe as regras, do que perdia e era gente boa; outros deveriam ser nossos exemplos porque faziam muitos gols, mas agora o nosso expoente máximo é uma pessoa que quase mata mais pessoas em cima de um ringue, sim, não sabe nem falar, mas é o nosso ídolo, o nosso soldado, aquele que ameaça e que quebra a cara de quem fez qualquer comentário ofensivo à Nação, em uma perfeita amostra do que não é uma democracia; mas o quê importa, o que importa é que quebramos a cara da maior potência mundial. O que mais me chamou a atenção foram as manifestações nas redes sociais. Era uníssono o discurso de que o juiz da briga deveria ter dado mais tempo para que o brasileiro pudesse ter surrado ainda mais o falastrão norte-americano. Muitas mulheres, que foi o que mais chamou a atenção que, teoricamente, possuem aquele natural senso de proteção e de afeto de fêmea, também manifestaram seu ódio e sua sede de ver ainda mais sangue escorrendo pela tela para regozijo do maior e mais falso ufanista de todos os tempos, o exemplo do Brasil fracassado, Galvão Bueno. O quê mais esperar? Será que a organização do UFC já cogita a hipótese de entregar machados aos brigões? Ou talvez colocar feras raivosas em cima do ringue para dar mais emoção? Imaginem o Brasil contra tigres africanos, imperdível! Fica aqui o grito desesperado e desistente, além de quase solitário, de alguém que acha que esporte é entretenimento e não uma amostra do pior que existe entre os piores e mais cruéis entre todos os seres vivos desse planeta: o ser humano (?).

sábado, 7 de julho de 2012

Libertadores 2012

Após uma das piores decisões de Libertadores que já vi e quando digo isso me refiro à parte técnica do jogo, o Corinthians rompeu a sina e finalmente se sagrou campeão. Era o único grande clube do país que ainda não havia conquistado a maior competição do continente e nem a uma final havia chegado. O mais recente fracasso dos gambás havia sido a derrota na primeira fase da Libertadores para o Tolima em um time montado a peso de ouro que contava com o obeso e agora beirando o patético Ronaldo na dianteira. Foram amassados em ambos os confrontos com os colombianos. Tite teve uma nova chance e, dessa vez, aproveitou com um time extremamente aplicado tecnicamente que jamais se joga ao ataque, que especula em todos os confrontos. Surpreendeu-me, desde as oitavas de final contra o Vasco, a aplicação tática de TODOS os jogadores bem como o excelente preparo físico, arma principal na decisão contra o veterano time do Boca. É impressionante o quão atentos ao jogo todos os jogadores se mantêm durante os 90 minutos. Não há erros “não-forçados” e isso também é muito causado pela cautela com que o time joga. O goleiro que saiu de graça como é de costume no Grêmio foi muito bem, principalmente nos confrontos contra o Emelec e Vasco, mas a dupla de zaga e os dois volantes são as principais peças desse esquema montado pelo insuportável Tite. Soma-se a isso a categoria superior de um jogadoraço, Emerson Sheik, um típico cancheiro que, sozinho na frente, fez e aconteceu. No mais, um time apenas comum, mas de aplicação tática invejável. Do outro lado um oponente que joga muito parecido, um time cauteloso que também espera seus adversários para dar o bote. O único jogador de velocidade é Mouche que pouco apareceu no jogo em São Paulo. A semelhança dos dois times também se ilustra na quase nula ofensividade dos laterais que se transformam, muitas vezes, em terceiros e quartos zagueiros. No primeiro tempo o Boca teve mais posse de bola, mas deu nenhum chute a gol. O gol rápido aos 10 minutos do segundo tempo desestabilizou um time visivelmente cansado e que se abateu de maneira exagerada com o fortuito gol de Sheik em um grande vacilo da defesa. Riquelme, que havia anunciado ao meio-dia que não mais seguiria no clube de seus amores, estava visivelmente pensando em outra coisa e, é clichê eu sei, ele é o termômetro do time. Se Riquelme não joga bem, o time dificilmente funciona. Falando em Riquelme, para os que não acompanham o Boca, Román teve a sua melhor temporada desde 2007. Muitos jornalistas argentinos diziam que estava no mesmo nível do ano em que ganhou a Libertadores no Olímpico dando um chocolate no Grêmio. Eu acho que é exagero, mas sim, Román estava impossível essa temporada, mas, na final, não brilhou, foi errático e pouco participativo. Também destaco a falta de estudo de Falcioni que não deve ter alertado aos seus jogadores sobre os perigos das bolas paradas, arma principal do Corinthians. Foi excessivo o número de faltas perto da área e, em TODAS, a bola era alçada para a área xeneize. No lance do primeiro gol Schiavi fez uma falta totalmente desnecessária, a bola saiu da área e daí Riquelme fez OUTRA falta boba e que, daí sim, originou o gol paulista. Inadmissível, sem conta que o Corinthians tem dois excelentes cobradores, Alex, de voz insuportável e Chicão. Destaco, enfim, a concentração, o preparo físico e a aplicação tática do time de Tite, claro, somando-se a participação diferenciada de Sheik contra um Boca que parecia desconcentrado e apático, algo incomum na história do maior clube argentino que, teve em um Riquelme perdido, seu ponto

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Euro 2012

Há de se esperar que essa geraçao espanhola chegue ao seu final para que alguém tenha alguma chance de ganhar qualquer competiçao em que a agora furiosa fúria está presente. Ok, que o Brasil foi atropelado pela França na final de 1998, que a Argentina foi pisoteada pela Alemanha na Copa 2010, mas eu jamais havia visto uma superioridade tao grande num confronto entre seleçoes em uma competiçao de alto nível, claro, envolvendo duas seleçoes de porte. A Itália jogou demais durante toda a competiçao e até poderia ter ganhado da Espanha na primeira fase, mas a final foi constrangedora e os italianos, em suas caras víamos o semblante da total impotência de quem enfrentava um time de outro planeta. É assombroso, nao me canso de impressionar com o nível técnico de cidadaos como Iniesta e Xavi que, passam os anos, e nao diminuem um ponto sequer seus espetaculares níveis. Soma-se a isso novos nomes como Javi Alba que entrou e foi o melhor em sua posiçao na competiçao, justamente na única posiçao em que a Espanha tinha dúvidas. E a defesa? Poucos conseguem virar os olhos e olhar para trás, mas a defesa espanhola, em seis jogos, sofreu apenas um mísero gol, o gol de Di Natale na primeira fase. Depois disso, nada e passaram poucos apuros e isso sem se meter atrás, isso jogando bola e mantendo a posse dessa. Sobre a Itália, vale salientar que, se a Itália se propoe a atacar, sempre estará entre as melhores seleçoes do mundo, pois tem o melhor sistema defensivo e um goleiro fantástico, mas, muitas vezes, faltava a ofensividade e por falta de jogadores nao foi. Nunca esqueço que o técnico italiano na copa de 98 dizia que Del Piero, Totti e Baggio nao podiam jogar juntos. Mas Iniesta, Xavi, Fabregas, Torres, Alonso, Busquets, esses sempre podem e jogam e jogam demais juntos, que time, meu Demônio! Justa vitória de uma seleçao que atinge, a cada jogo, a perfeiçao. Corto um pouco e passo para a minha seleçao da Euro no esquema 4-4-2: Casillas (Espanha) Johnson (Inglaterra) Sergio Ramos (Espanha) Hummels (Alemanha) Javi Alba (Espanha) Pirlo (Itália) Xabi Alonso (Espanha) Pilar (República Tcheca) Iniesta (Espanha) Cristiano Ronaldo (Portugal) Balotelli (Itália) Melhor jogador: Pirlo (Itália) Vale também destacar o que sempre destaco ao final de cada Euro: é muito melhor do que a Copa do Mundo, soma Argentina e Brasil e ponto final. O excesso de times das copas faz com que tenhamos que aguentar jogos insuportáveis na primeira fase e um excesso de cautela e vale salientar que, nesse ano, duas seleçoes apenas medianas garantiram vaga sem disputar por serem organizadores, Polônia e Ucrânia. Infelizmente, a partir da próxima ediçao, serao 24 seleçoes. Uma pena. Agora algumas estatísticas: Foram 25 os países que cederam jogadores para a Euro 2012, sendo que, desses 25, 10 nao disputaram a competiçao. O que mais cedeu e que nao disputou a Euro foi a Turquia com 9 jogadores que atuam no futebol desse país nos gramados poloneses e ucranianos. Desses 25, 2 nao sao europeus: Estados Unidos e Arábia Saudita. O país que mais cedeu jogadores foi, como sempre, a Inglaterra, com 79 seguido por Alemanha com 46 e Espanha com 33. Falando de clubes, dos 135 clubes que cederam jogadores, o Bayern Münich foi o que teve mais jogadores convocados, 12, seguido por Real Madrid com 11 e Dynamo Kiev com 10. Esses números ajudam um pouco a explicar o sucesso da Premier League e também acusa algo que defendo sempre, a qualidade da Bundesliga, torneio menosprezado por muitos, mas de excelente qualidade técnica. Outra curiosidade é que apenas a seleçao inglesa possui todos os seus jogadores atuando dentro do país. Falando apenas dos grandes clubes europeus, os únicos que nao cederam jogadores para a competiçao foram: Estrela Vermelha (Sérvia), Dynamo Dresden (Alemanha), Steua Bucarest (Romênia), Rangers (Escócia), Sparta Praga (República Tcheca), Partizan Belgrado (Sérvia) e Saint-Etienne (França). Entre os participantes, os que menos jogadores têm atuando em seus territórios sao Suécia com 3 e Croácia com 5. A maioria dos clubes que tiveram mais jogadores convocados foram campeoes em seus países: Real Madrid (Espanha), Juventus (Itália), Zenit (Rússia), Viktoria Plzen (República Tcheca), Olympiakos (Grécia), Dinamo Zagreb (Croácia), Porto (Portugal), Copenhagen (Dinamarca), Helsingborg (Suécia). Na Alemanha, Inglaterra, Ucrânia, Holanda, França e Polônia, essa lógica nao foi cumprida. Nesses países os clubes com mais jogadores convocados foram respectivamente: Bayern Münich, Liverpool e Chelsea, Dynamo Kiev, PSV, Evian e Paris SG e Lech Poznan.

domingo, 1 de julho de 2012

Semifinais Euro 2012

Antes de começar a analisar os confrontos das semifinais da melhor competiçao entre clubes do mundo, vale a pena tecer rápidos comentários sobre as quartas. O maior confronto de todos, entre Inglaterra e Itália foi o jogo de menos emoçao e qualidade técnica onde o melhor de tudo foi a cobrança genial do melhor jogador da competiçao até o momento, Andrea Pirolo. Que classe. No jogo entre lusos e tchecos, uma clara vantagem portuguesa que teve, novamente, em Cristiano Ronaldo, sua principal arma. Os espanhóis mais uma vez nao conseguiram transformar em números a sua ampla vantagem técnica, dessa vez contra os franceses. Vitória magra, mas consistente que teve na atuaçao abaixo da média de Iniesta e Xavi seu maior problema. A Alemanha passou por cima da Grécia de forma impiedosa. Conseguiram se complicar no início, os gregos chegaram até a empatar, mas isso foi causado pelo excesso de chances desperdiçadas pelos germânicos que entraram em campo com uma formaçao surpreendente sem Müller, Gómez e Podolski. Que jogadore incrível é Lahm, nao apenas pelo gol e também destaco Hummels, o zagueiro que ainda nao cometeu falta alguma na competiçao, lembrando o feito de Gamarra na copa de 98. Para as semifinais, aposto em uma vitória espanhola em cima dos portugueses e em um jogo duríssimo entre as duas maiores seleçoes europeias, mas ainda sim com vantagem para os alemaes que sao mais time.