quarta-feira, 30 de junho de 2010

Prognósticos Quartas-de-final

Depois de ter acertado 14 dos 16 classificados às oitavas-de-final e sem esquecer que esses dois traidores foram Itália e França, agora, seguindo com meu brilhante desempenho de Nostradamus acertei sete dos oito classificados. Fui traído apenas pelo erro defensivo norte-americano que permitiu o segundo gol ganês.

Seguem, então, meus prognósticos paras as quartas-de-final:

Uruguai x Gana: já havia sido negativo com o destino do último dos africanos contra os Estados Unidos e agora volto a ser, ainda mais considerando a lesão do seu principal atacante. O ponto positivo é a volta de Muntari, reconciliado com o treinador. No entanto, depois da bela vitória da Celeste em plena chuva e com direito a golaço no final, vou de Uruguai rumo às semifinais.

Holanda x Brasil: partido dificílimo de prognosticar, pois não sei como a Holanda irá encarar a partida. Se encararem com a soberba de sempre e partirem como loucos para cima, deixarão espaços e o Brasil, com Kaká e Luís Fabiano, não perdoará.

A defesa holandesa, apesar de não ter grandes nomes, vem sendo segura tendo em vista que sofreu apenas dois gols, ambos de pênalti. No entanto, ainda não enfrentaram um adversário que os atacasse.

O Brasil não é um time que ataca, mas que sai no contra-ataque com grande eficiência. O seu maior ponto negativo é a perda de Ramires, que muito possivelmente, depois da excelente atuação contra o Chile, seria o dono da posição. Ramires deu ainda mais velocidade a essa arma letal do time brasileiro.

Em caso de que a Holanda desça de seu pedestal e encare o jogo como uma decisão de igual para igual e não ceda tantos espaços, será outro jogo. Se a Holanda entra com uma formação e uma mentalidade mais terrena, tem mais futebol do que o Brasil e muito mais qualidade no ataque bem como opções de variações ofensivas.

No entanto, acredito na demência egocêntrica holandesa, e, consequentemente, na classificação do Brasil.

Argentina x Alemanha: se a justiça existisse bem como Deus, a Argentina seria a campeã do mundo por Maradona que é, sem sombra de dúvidas, o grande nome dessa Copa do Mundo. O maior jogador de todos os tempos que chegou a flertar com uma morte prematura e trágica, deu a volta por cima e hoje está comandando a seleção de seu país.

Mas nada disso existe e aposto na classificação alemã, que é um time mais correto taticamente além de ter um grande potencial em suas individualidades.

Creio que a grande vantagem alemã será em uma possível vitória na região do meio de campo. Muitos dizem que o ponto fraco da seleção de Diego é a defesa, mas eu penso que o maior problema é um meio de campo extremamente aberto e que cede muitos espaços e que consequentemente sobrecarrega sua defesa.

A Argentina tem jogado com cinco jogadores ofensivos do meio para frente com somente Mascherano sendo um jogador de defesa. Por mais que o volante do Liverpool seja o maior ladrão de bolas do mundo e um “motorzinho”, fica sobrecarregado.
Contra o México, que está longe de ter a qualidade dos alemães, já se viu esse domínio completo do adversário em posse de bola no meio. Caso Maradona siga com essa postura, vejo demasiados espaços para as inúmeras opções ofensivas germânicas.

O que pode dar uma vantagem para a Argentina é uma possível maior liberdade para Messi. No entanto, para que Messi possa estar em sua posição, ele necessita de meio campistas que joguem em suas costas, algo que faltou contra o México.

Volta Verón? Se jogar Verón, Messi tem mais espaços. Eu formaria um meio de campo com dois volantes iguais, Mascherano e Bolatti e iria com Pastore. Na frente manteria o triângulo ofensivo. Uma possível variação seria sacar Tévez, adiantar Messi e fechar mais com Verón como um terceiro homem de meio de campo.

Do outro lado estará um adversário que atropelou sem piedade a Inglaterra, um time que também joga muito aberto, com apenas um volante marcador o que também pode originar espaços generosos para os argentinos. Enfim, um jogo de xadrez.

Paraguai x Espanha: quando finalmente o Paraguai tem excelentes opções para o seu ataque, essas parecem não funcionar e o time guarani segue sem marcar gols. No entanto, a defesa sólida ainda é característica do time paraguaio.

Ter chegado às quartas-de-final da Copa representou a melhor campanha da história do Paraguai em copas do mundo, mas creio que chegou ao fim.

A Espanha parece ter se acertado com o passar dos jogos, jogou bem contra Portugal já sem a ameaça da eliminação e vai com tudo em busca de seu primeiro título.

A grande dúvida no time espanhol é se Torres seguirá como titular ou deixará o time. Os jogos passam e o centroavante do Liverpool não consegue encontrar o ritmo necessário para encarar uma Copa do Mundo.

O ponto forte espanhol é o meio de campo com Xavi, Alonso, Busquets e Iniesta. É um meio de campo que trabalha muito a bola e produz inúmeras chances de gol, especialmente aproveitadas por Villa. Ao mesmo tempo, parecem sempre buscar a jogada perfeita e isso acaba sendo improdutivo.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Fúria embalando

Paraguai 0(5)x(3)0 Japão: não vi.

Espanha 1x0 Portugal: jogo extremamente interessante. Pela primeira vez vimos a Espanha jogar sem a preocupação que teve na primeira fase desde o primeiro jogo. A formatação tática de Portugal foi muito semelhante a do Brasil.

Fechados atrás, jamais avançaram os volantes que sempre estiveram juntos à defesa fechando a entrada da área. Quando recuperava a bola, arriscava os contra-ataques que, em alguns momentos, levavam perigo ao arco de Casillas. O que faltou sempre para os lusos foi a qualidade para definir que o Brasil tem e Portugal não teve hoje devido à patética atuação de Cristiano Ronaldo que passou todo o jogo com as mãos na cintura no campo de ataque e o não uso de centroavante.

O mérito da Espanha foi ter a paciência que é característica na seleção brasileira, por exemplo. Dominaram o jogo, aniquilaram os contra-ataques portugueses e esperaram o momento correto para dar o bote e matar o jogo depois de uma jogada típica do time espanhol, de toques geniais de cidadãos ilustres como Xavi e Iniesta que hoje não esteve muito ativo.

Mais uma vez Torres decepcionou e, de novo, acabou substituído. Sérgio Ramos esteve mais uma vez jogando como um ponteiro. O meio de campo espanhol com Xavi, Alonso e Iniesta esteve em apuros hoje devido à forte marcação de meia cancha dos portugueses, mas o maior destaque, além do gol, foi Villa. Fez no mínimio três grandes jogadas, todas elas pararam nas mãos do melhor jogador de Portugal em campo, o goleiro Eduardo.

Enfim, um jogo que testou a maturidade e as variações de jogo do time da Espanha.

Melhor em campo: Villa (Espanha).

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Lúcio, Juan E Os Contra-Ataques

Holanda 2x1 Eslováquia: antes de começar a análise, aviso que perdi os primeiros 25 minutos do segundo tempo onde ouvi dizer que teve um pênalti em favor da Eslováquia não marcado.

A Eslováquia é uma grata surpresa nessa Copa. Apesar de ser um estreante, é um time extremamente bem organizado, mas que ataca, que busca a vitória. Depois da péssima impressão que me deixaram com o jogo contra o Paraguai, jogaram muito bem contra os italianos e hoje também.

O jogo começou difícil para a Holanda com a Eslováquia dominando território e criando algumas boas chances. O time holandês como sempre, jogava arrogantemente, parecia não acreditar que precisaria suar a camiseta hoje.

O time balcânico dominava, mas apareceu o talento superior de Robben. Depois de mais um excelente passe de Sneijder, Robben dominou, driblou para dentro e acertou um chute no contrapé do goleiro. Golaço.

A partir daí a Holanda começou a caminhar em campo. Administrou o jogo até quase a metade do segundo tempo até que Kuyt recebeu um passo longo, driblou o goleiro e tocou para Sneijder marcar o seu.

A Eslováquia ameaçou reagir, mas sem criar oportunidades claras de gol. Entrou o endiabrado Elia para movimentar um pouco o jogo, mas logo o técnico holandês começou a substituir seus principais jogadores. No último lance do jogo a Holanda sofreu seu segundo gol na competição e de novo de pênalti. Num erro da defesa, o goleiro foi driblado e se viu obrigado a derrubar o atacante eslovaco.

Pago para ver a Holanda em um enfrentamento contra uma seleção de ponta que será o Brasil.

Melhor em campo: Sneijder (Holanda).

Brasil 3x0 Chile: nada pôde ter sido mais saudável para o time de Dunga do que a lesão de Felipe Melo. A entrada de Ramires deu outra movimentação ao time brasileiro. O Chile bem que começou bem, dominou amplamente os primeiros cinco minutos, mas sem jamais levar perigo ao gol de Júlio César. A partir daí, o Brasil tomou a iniciativa, conseguiu três escanteios seguidos e comandou o jogo por uns 10 minutos.

Depois disso, equilíbrio, sem chances de gol para ambos os times. Numa bola parada, a principal arma do time de Dunga, belo gol de Juan, um dos melhores zagueiros da Copa.

A partir desse gol, o Chile se jogou para o ataque e fez exatamente o que o Brasil queria. Cada contra-ataque brasileiro era terror. O segundo gol foi proveniente de uma bola perdida no ataque chileno, um balão da zaga brasileira e uma péssima marcação que deixou nada mais nada menos do que Kaká livre. Com apenas um toque deixou Luís Fabiano na cara do gol e daí não deu outra, Brasil 2x0.

O Chile seguia atacando, mas sempre mal quando chegava perto da área, tanto é que não tiveram chances de gol, não chutaram ao gol brasileiro.
O terceiro gol veio também assim, contra-ataque pegando os chilenos mal posicionados e gol de Robinho, que teve atuação apagadíssima.

O Brasil é dono da melhor dupla de zagueiros da Copa e da melhor defesa como um todo. Lúcio e Juan são espetaculares. Hoje Gilberto Silva desempenhou um excelente papel ao completar a defesa. Maicon não precisou sair tanto bem como Bastos, pois o meio de campo estava mais produtivo, mais criativo com Dani Alves e Ramires, um dos melhores em campo.

Assim sendo, a defesa brasileira deu a impressão de que se poderiam jogar mais 120 minutos e nunca iriam sofrer gols dos chilenos. E os contra-ataques, juntamente com a bola parada, são, no time brasileiro, mortais.

Por que o jogo contra a Coreia foi o mais complicado até agora? Porque a Coreia foi o único time que não queria atacar. Se o Brasil não é atacado, não abrem espaços e não há contra-ataques e daí o time sofre com a falta de talento no meio de campo onde apenas havia Kaká e ainda por cima lesionado.

O quê esperar do jogo contra a Holanda? Se a Holanda sair como sempre para cima, perde o jogo. Para ganhar desse time do Brasil não se pode ir para cima com tudo, sempre há de se manter uma defesa bem posicionada para combater os rápidos contra-ataques puxados por Kaká e, hoje, por Ramires.

Melhor em campo: Juan (Brasil).

domingo, 27 de junho de 2010

Alemáquina

Uruguai 2x1 Coreia do Sul: não vi. Que golaço marcado por Suarez! Dá-lhe Celeste!

Gana 2x1 Estados Unidos: não vi.

Alemanha 4x1 Inglaterra: um verdadeiro massacre imposto pelos alemães. A Alemanha jogou com a mesma contundência e efetividade com que jogaram na estreia contra a Austrália, passou por cima dos ingleses de maneira semelhante a como foi o jogo da Copa passada contra a Suécia.
Incrível a ironia do destino, a bola de Lampard que entrou um metro e o juiz não deu gol. Impossível não pensar na polêmica final de 1966. No entanto, apesar do grosseiro erro da arbitragem, a Alemanha foi infinitamente superior durante todo o jogo. Defesa bem postada, boa marcação em Rooney, Lahm participativo, excelente trabalho de Khedira, Podolski voltando a jogar bem, Özil sempre perigoso e Klose, o matador, o homem que abriu a goleada com um gol de centroavante. Mas o maior destaque foi Müller, de brilhante atuação. Além dos dois gols foi o homem que cadenciou o meio de campo, que organizava os contra-ataques. Também brilhante o trabalho de Schweinsteiger em sua melhor partida nessa Copa do Mundo.

Do lado inglês um time completamente aniquilado pelo volume de jogo eletrizante dos germânicos. Rooney muito isolado e a total ausência dos dois volantes Lampard e Gerrard. Com Johnson obrigado a ficar mais atrás devido ao volume ofensivo alemão, faltou alternativa de jogadas aos ingleses. Defoe esteve também isolado, somente Barry conseguiu criar alguma coisa na meia cancha britânica. Milner esteve impreciso durante todo o jogo e acabou substituído por Joe Cole que pouco participou. Pobre a atuação inglesa nesse jogo e no Mundial inteiro.

Melhor em campo: Müller (Alemanha).

Argentina 3x1 México: a primeira coisa que deve ser dita a respeito desse confronto é que o placar não diz o que foi o jogo. Em sua pior atuação na Copa, a Argentina foi dominada durante quase todo o jogo. No entanto, contou com a sorte. O primeiro gol foi em absurda posição ilegal de Tévez; o segundo, um presente de Osório, o pior em campo apesar de que vale destacar a tranquilidade e frieza de Higuaín na definição, sem jamais se precipitar.

Essa imprecisão defensiva mexicana prejudicou muito o time, mas, mesmo assim, o México seguiu dono do jogo contra um rival que jamais se impôs ou encontrou sem espaço no campo. Incrível o desperdício que foi o não aproveitamento de Messi no jogo. Messi não jogou, esteve recuado em demasia, sempre pegava na bola em seu próprio campo de defesa, faltou parceria de Verón ou Pastore. Maxi não é o homem indicado para fazer com que Messi tenha espaço. O terceiro gol que selou o destino do jogo também foi fruto de uma jogada fortuita e também méritos para o talento individual do elenco de Maradona.

Para enfrentar a Alemanha, há de se melhorar e muito. Maradona também caiu no erro de novamente demorar muito para mexer no time. Teve seu meio de campo dominado durante todo o jogo e demorou muito para colocar Verón e Pastore que entrou quando
faltavam apenas quatro minutos.

Do lado mexicano faltou a definição, faltou expressar em gols a sua superioridade em volume de jogo. Também merece destaque a imprecisão e insegurança de sua defesa. O destaque positivo foi o golaço de Hernandez e a excelente atuação de Salcido, o melhor em campo.

Análise individual:

Romero: pela primeira vez foi testado e foi seguro. Falhou ao estar adiantado em chute de longa distância que deu no poste. 7

Otamendi: fez o seu trabalho com correção mesmo tendo enfrentado um lateral extremamente ofensivo como Salcido. 6

Demichelis: sua melhor atuação, quase não cometeu falhas. Jogou mais resguardado como no Bayern Münich e foi muito bem. 7

Burdisso: assim como Demichelis, foi extremamente importante na manutenção do resultado. 7

Heinze: quase como um terceiro zagueiro, o Gringo foi peça importante no esquema defensivo argentino. 6

Mascherano: pareceu um pouco injuriado com a total derrota de seu time em seu setor. Sofreu muito vendo o México ganhar terreno. 6

Maxi Rodríguez: dominado completamente pelo volume de jogo mexicano. Não teve participação alguma no setor ofensivo e se viu em apuros durante quase todo o jogo. 5

Di María: é um jogador de uma técnica impressionante, mas, pelo menos quando joga pela seleção, ainda parece um peladeiro. Falta-lhe encontrar-se em campo. Esteve sumido durante todo o jogo, atuação semelhante ao jogo de estreia contra a Nigéria. Deveria ter sido substituído. ZERO

Messi: quase fez o seu gol no final depois de bela e característica jogada individual, mas fez seu pior jogo na Copa. Muito recuado e isolado, se viu em uma posição que seu jogo não aparece. Quase não tocou na bola. Só começou a participar mais quando entrou Verón. Deu o passe para o primeiro gol. 5

Tévez: o melhor argentino em campo. Como sempre mostrou uma dedicação comovente. Joga de zagueiro, lateral, volante, não tem bola perdida. Em um lance de insistência, fez um dos gols mais lindos da Copa. Também foi quem abriu o marcador em gol claramente irregular. 8,5

Higuaín: fez um belo gol onde mostrou estar atento, ser oportunista e ter técnica e frieza na conclusão. Perdeu um gol de cabeça que não se pode perder. No mais, algumas bolas perdidas longe da área. É o artilheiro da Copa. 7

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Oitavas-de-final

Depois de uma primeira fase de baixo nível técnico e de poucos gols, todos esperamos que, a partir das oitavas, a coisa melhore.

Creio que a FIFA deveria considerar a hipótese de reduzir o número de participantes.

Um fato positivo da primeira fase foi o retorno para casa cedo dos times que praticam o anti-futebol. Grécia e Suíça, para o bem do futebol, retornam aos seus países.

Os fatos mais marcantes dessa primeira fase foram as eliminações do último campeão e do vice, Itália e França respectivamente.
O primeiro foi eliminado por uma questão de má escolha dos selecionados; já os franceses foram eliminados por uma série de fatores.

Confirmou-se o que eu predizia sobre os times africanos. Só passaria Gana.

Chamou a atenção o sucesso dos sul-americanos. Todos se classificaram.

Não há um grande destaque individual até o momento nem tampouco uma seleção que tenha jogado muito acima da média.

Esperava mais da Holanda, mas acredito que o futebol aparecerá a partir de agora em jogos decisivos.

Grande atuação do Uruguai, um ex-gigante que fazia falta aos mundiais.

Os orientais surpreenderam. Japão e Coreia do Sul, mesmo estando fora do seu continente e sem ajudas da arbitragem, classificaram.

Inglaterra foi a maior decepção da primeira fase considerando a expectativa que criou.

Apesar de terem classificado, confesso que esperava mais do Paraguai.

Seguem os meus prognósticos, lembrando que acertei 14 dos 16 classificados. Fui traído pelos papelões de França e Itália.

Uruguai x Coreia do Sul: aposto na força do futebol charrua e nas boas apresentações que tiveram na primeira fase. Forlán foi o maior destaque, mas há outras boas individualidades como Suarez. A defesa também está forte. Os coreanos pecam ainda muito na parte técnica e são de baixa estatura.

Estados Unidos x Gana: agora é o momento de ir embora o único africano classificado. Os Estados Unidos foram um dos times mais ofensivos em uma copa sem gols. Sempre buscaram a vitória. Tem em Donovan sua principal figura. Gana é taticamente um bom time, mas falta a qualidade técnica para definir um jogo.

Alemanha x Inglaterra: pelo que mostraram na primeira fase, a Alemanha é favorita. No entanto, a Inglaterra é uma seleção com mais rodagem e que melhorou muito em seu último jogo. Falta apenas uma maior rapidez no meio de campo. Do lado alemão, é importantíssimo o nível de Özil para as pretensões germânicas. Será duro, mas vou de Alemanha pela camiseta.

Argentina x México: não vejo muitas chances para os mexicanos. O ataque da Argentina vem em excelente momento e o México é uma seleção que historicamente cede espaços aos adversários. Além disso, os jogadores não demonstram muita confiança no decisivo confronto. A velocidade de jovens atacantes como Hernandez e Dos Santos pode levar perigo à defesa argenta que virá reforçada por Otamendi no lugar de Gutiérrez. Dá Argentina.

Holanda x Eslováquia: os holandeses encararam a primeira fase como algo amistoso para acertar o time para a verdadeira Copa do Mundo. Acredito que o funcionamento ideal do time irá aparecer. A volta de Robben também é decisiva. Do outro lado, uma seleção que deixou uma bela impressão depois do jogo contra a Itália, mas também demonstrou no mesmo enfrentamento ser vulnerável e inexperiente. Vou de Holanda.

Brasil x Chile: devido à tradicional covardia chilena, aposto na camisa do Brasil para passar de fase. Pelo lado do futebol, o Chile, apesar de não ter jogadores brilhantes, tem mais variações e opções ofensivas como Suazo (caso se recupere de lesão a tempo) e Sánchez. Terão problemas também devido às suspensões de alguns jogadores importantes. Espero que Bielsa consiga reverter as dificuldades e ganhar o jogo, mas apostaria no Brasil.

Paraguai x Japão: jogo extremamente complicado. Os japoneses jogaram muito bem na primeira fase, especialmente contra a Dinamarca. Têm em Honda seu principal jogador. São rápidos e bons nos arremates de fora da área. Do outro lado, por mais que seja o Paraguai mais ofensivo das últimas décadas, faltou poder de ataque, tanto que não marcaram sequer um gol na Nova Zelândia. Vou de Paraguai pela maior experiência.

Espanha x Portugal: já sem a pressão de cair fora e decepcionar, acredito que os espanhóis irão passar com certa facilidade por Portugal que não está conseguindo aproveitar seu principal valor, Ronaldo.

Pobreza Brasileira E Brilho Catalão

Portugal 0x0 Brasil: em um jogo em que o Brasil entrou em campo já classificado e com Portugal praticamente nas oitavas, não houve muitas surpresas.

Puderam-se sentir mais uma vez a pobreza técnica do time sul-americano e também a pouca coragem do time lusitano.

O Brasil sem o cérebro do time, Kaká e sem seu jogador mais habilidoso, Robinho, mostrou ser um dos times mais incapazes entre as potências da Copa. Luís Fabiano não conseguiu jogar tendo em vista que o meio de campo brasileiro era conformado por Gilberto Silva, Melo, Alves e Baptista que são jogadores incapazes de criar.

Assim sendo, a única válvula de escape, a única alternativa dos amarelinhos era Maicon. Felizmente para o Brasil o técnico português demorou uma hora para dar-se conta. Quando Queiroz abriu os olhos e colocou Danny ou Ronaldo nas costas de Maicon, o Brasil sucumbiu e foi completamente dominado durante quase todo o segundo tempo.

Falando em Cristiano Ronaldo, no primeiro tempo parecia que o craque do Real Madrid estava começando uma espécie de “carreira solo”. Necessita utilizar mais sua técnica avançada em prol do time.

Maicon é tudo que o Brasil tem, mas não é muito. É um jogador que tem rapidez e explosão, mas não é difícil de ser aniquilado tendo em vista que não tem muitas variações de jogadas. Eu colocaria Cristiano Ronaldo o jogo inteiro pela esquerda fazendo com que Maicon não pudesse sair tanto e colocaria um lateral esquerdo mais forte na marcação como Ferreira no lugar do frágil Coentrão. Assim, Maicon estaria acabado e consequentemente o Brasil iria junto.

A pobreza e falta de variantes no time brasileiro é tão notória que a única jogada, ademais de Maicon, é os chutes de longa distância. E, com essa bola de supermercado e com chutadores do calibre de Silva e Melo, difícil que essa jogada resulte em algo positivo.

O estilo de jogo do Brasil é tão mesquinho, que é notório que as sucessivas faltas técnicas no meio de campo são ordens do treinador. Felizmente para Dunga, o juiz foi conivente.

A defesa brasileira se mostrou sólida mais uma vez, mas há de se considerar que a covardia portuguesa ajudou para isso. É raro ver uma seleção que ataque o Brasil e que o “desrespeite”. Os Estados Unidos fizeram isso e meteram 2x0 na saída do jogo pela Copa das Confederações, mas depois, devido à sua inexperiência, cederam. O time que não respeitar tanto o Brasil, ganha com certa tranquilidade.

Também Portugal jogou sem centroavante. Ronaldo jogou pelo meio recuado e tornou fácil a tarefa de Juan e Lúcio, o melhor em campo.

O gol que errou Meireles também foi impressionante. Inaceitável que um jogador de uma Copa do Mundo não use a perna ruim nem para definir dentro da pequena área.

Como sempre, a ajudinha da arbitragem que deu impedimento inexistente em um lance em que Danny ia com bola tudo em direção ao arco de Júlio César que estava jogando de bombacha hoje.

Resumindo, o Brasil, sem Kaká ou com Kaká capenga como nos últimos jogos, depende única e exclusivamente das saídas de Maicon e de genialidades de Robinho ou Luís Fabiano. Pela esquerda, como dizia na época do colégio, com Michel Bastos, a
natureza marca.

No banco de reservas brasileiros, um deserto, não há opções para Dunga, deve ter inveja de Don Diego que pode mudar um jogo com figurinhas como Milito, Agüero, Pastore e companhia. Dunga tem Ramires e Josué.

Melhor em campo: Lúcio (Brasil).

Costa do Marfim 3x0 Coreia do Norte: não vi. Que bela jogada de Drogba no lance que originou o segundo gol marfilenho.

Espanha 2x1 Chile: sem sombra de dúvidas a Espanha é o melhor time da primeira fase e segue sendo minha favorita a ganhar a Copa.

Começou o jogo com um Chile extremamente bem armado, marcando a saída de bola e, principalmente, povoando o meio de campo, espaço mais rico do time ibérico. A

Espanha não conseguia sair e começava a bater o nervosismo.

No entanto os espanhóis têm variações, algo que o Brasil, por exemplo, não tem. Se o meio de campo estava apertado, começaram os passes longos para tentar pegar a defesa chilena mal posicionada. Numa dessas bolas longas, Torres apareceu, dividiu com o goleiro e Villa marcou um golaço no rebote.

Iniesta esteve em campo e faz, sempre, a diferença. É o jogador mais parecido em estilo de jogo à Zidane. Se junta à Xavi e à Busquets e faz a bola girar até encontrar espaços.

Esse meio de campo espanhol é o mesmo do Barcelona, aliás, a Espanha, se analisarmos com cuidado, é um Barcelona sem seus estrangeiros e com Casillas, o melhor goleiro espanhol das últimas décadas no lugar de Valdés.

Sai Dani Alves, entra Ramos; sai Abidal, entra Capdevilla; sai Touré entra Xabi Alonso; sai Messi e Ibra e entram Torres e Villa que já, na próxima temporada, será jogador do time catalão.

Esse entrosamento é fundamental no funcionamento desse esquema de jogo de toques que é brilhante.

Antes de terminar com a Espanha destaco os pontos negativos do time: Torres, que segue sem ritmo e acabou substituído no início do segundo tempo hoje. Vale destacar que sofreu um pênalti não marcado pelo árbitro mexicano. No mais, soberba e arrogância. O jogo estava 2x1 e eles jogavam como se já estivesse decidido, pois confiam demasiado em seu domínio de jogo. A posse de bola deve ter chegado aos 85% hoje.

No lado chileno, iniciaram bem o jogo e o segundo tempo, mas com o passar do tempo e dos toques, foram completamente dominados. Bateram muito, perderam a cabeça seguidamente e mereciam ter tido mais jogadores expulsos. Vidal, por exemplo, cometeu 70 faltas e saiu só com amarelo. Sánchez é o grande nome.

Melhor em campo: Xabi Alonso (Espanha).

Suíça 0x0 Honduras: graças a Deus não vi.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Ciao!

Eslováquia 3x2 Itália: no jogo que foi disparado o mais emocionante da Copa até o momento vimos o segundo grande fracasso do Mundial, a eliminação da atual campeã. Pela primeira vez na história o campeão e o vice são eliminados na primeira fase.

Incrível a pobreza do primeiro tempo italiano. Surpreendeu-me a entrada de três atacantes desde o início, Di Natale, Pepe e Iaquinta. No entanto, um maior número de atacantes não é sinônimo de maior poder ofensivo. Se não há um meio de campo que leve a bola até o ataque, não adianta, e esse foi o maior problema italiano.

No meio de campo havia somente volantes de contenção: Gattuso, que não sei o que estava fazendo na África, De Rossi e Montolivo. O mais técnico dos três, De Rossi, era o que jogava mais recuado. Assim sendo, a jogada da Itália era uma patética tentativa de ligação direta da defesa e, em alguns momentos, muito devido à leveza da bola, até do goleiro ao ataque. Considerando que os três atacantes escalados são homens de área, era impossível sair um gol.

Do outro lado uma Eslováquia muito bem posicionada em campo, destaques para Stoch, Hamsik, Kucka, Skrtel e Vittek, o centroavante e melhor em campo. Marcaram com facilidade a pobreza criativa do adversário, dominaram o meio de campo e criaram boas chances de gol.

Na volta ao segundo tempo a Itália tinha a obrigação de buscar o empate. O quê fez Lippi: colocou mais atacantes. Entrou Quagliarella, um homem que jamais deveria ter sentado no banco de suplentes. Sua entrada deu maior mobilidade ao ataque italiano.

Mais tarde entrou Pirlo, ainda recuperando-se de lesão, mas que é o homem que a Itália necessitava para fazer a conexão do meio com os atacantes.

Não foi suficiente. A Itália viu-se obrigada a lançar-se desesperadamente ao ataque e abriu espaços para os gols eslovacos. Chegou perto do empate com o gol anulado de

Quagliarella e com outros bons arremates, mas não adiantou, foi eliminada.

Que golaço de Quagliarella, ainda mais na situação extremamente nervosa do jogo.

O que fica é a busca de soluções para esse fracasso. Primeiro, a convocação foi extremamente infeliz. Lippi não levou atacantes que joguem fora da área, como Miccoli e Cassano. Tampouco deu chances a novos talentos como Giovinco e Balotelli, por exemplo. Aliás, já passou da hora de a UEFA ou FIFA aprovar a limitação de estrangeiros levantada por Platini. O excesso de estrangeiros no futebol europeu faz com que esses novos talentos demorem mais para ter seu espaço e isso acaba prejudicando as seleções nacionais europeias.

Agora analisando o elenco que estava na Copa, não entendo o motivo pela não utilização de jogadores de mobilidade no meio de campo como Camoranesi e Marchisio bem como de Pazzini. Se analisarmos a seleção italiana campeão de 2006 nota-se que o meio era criativo, com Ambrosini, Camoranesi Totti e Pirlo. O time de 2010 não tem criatividade no meio e tampouco atacantes que costeiem a área e assim fica difícil.

Enfim, uma pena a eliminação da squadra azzurra.

Melhor em campo: Vittek (Eslováquia).

Paraguai 0x0 Nova Zelândia: não vi.

Holanda 2x1 Camarões: quem aguentou ver a última Copa das Nações Africanas já sabia que os times africanos, apesar de estarem jogando em seu continente, teriam vida curta na competição. Apostei que somente Gana passaria de fase e se deu. Como é ruim o time de Camarões! Tem absolutamente nenhuma qualidade.
Desorganizado, zero de técnica, sem vontade, enfim, é um tremendo desastre.

Hoje a Holanda simplesmente cumpriu tabela. Os jogadores caminhavam em campo e sabiam que não necessitavam muita força para ganhar o jogo. Alguns foram poupados, mas a maioria se “auto-poupou”.

A Holanda é a única seleção que conta, em seu meio de campo, com dois homens de ligação, artigo raro nessa Copa. Sneijder e Van der Vaart conformam uma excelente dupla que faz com que seus inúmeros excelentes atacantes (Kuyt, Van Persie, Elía, Afellay, Huntelaar, Robben) sempre recebam a bola.

Sneijder foi o melhor em campo. Fantástico o seu passe que originou o segundo gol holandês.

Van Persie jogou apenas um tempo e mostrou sua qualidade e poder de definição ao marcar o primeiro gol.

A defesa esteve mais uma vez muito bem, a Holanda não havia tomado gol ainda na Copa é só tomou porque Van der Vaart deu de presente um pênalti ao time africano.

Melhor em campo: Sneijder (Holanda).

Japão 3x1 Dinamarca: não vi.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Alemães e ingleses, presente!

Inglaterra 1x0 Eslovênia: finalmente apareceu um pouco do futebol que se espera de uma seleção como a Inglaterra. A partida não foi excelente, mas, pelo menos, o time inglês conseguiu mostrar alguma coisa. Houve uma evolução de atitude, parece que os jogadores tiveram que chegar até o limite para encarar a primeira fase com mais vontade e seriedade. O primeiro tempo foi bom, a Inglaterra dominou completamente o jogo, mas faltou criatividade pelo meio.

A entrada de Defoe no lugar de Heskey deu mais mobilidade ao ataque e brindou o time com a presença de um homem ágil de área que, em um rápido movimento, aparece para definir. E foi assim que Defoe marcou o gol da vitória, em uma jogada de antecipação ao defensor.

O ponto mais negativo segue sendo Lampard que não consegue aparecer para o jogo. Ashley Cole jogou uma boa partida bem como Johnson, o melhor inglês na Copa do Mundo até o momento. Milner reapareceu pela ponta direita no lugar de Lennon e, apesar de não ter a velocidade do jogador do Tottenham, foi bem, deu o passe para o gol e criou pelo menos mais umas duas ou três boas jogadas.

Rooney segue apagado. Teve uma grande chance em boa jogada individual, mas a trave disse não ao primeiro gol do Bulldog. Outro ponto positivo é o veterano goleiro
James que parece que deu mais segurança à defesa britânica.

Para mim falta algo ao time, falta um homem de habilidade e rapidez que abra espaços pelo meio, algo que Gerrard e Lampard não fazem. Iria de Joe Cole que entrou, mas pouco participou. Uma lástima que Capello tenha cortado Dawson do elenco.

Triste a eliminação dos eslovenos por ter sido no último giro do relógio e em outro jogo. No entanto, os Estados Unidos mereciam a classificação considerando que foram assaltados no jogo contra a Eslovênia com a anulação de um gol legítimo. Além disso, é um time que sempre busca o ataque.

Melhor em campo: Milner (Inglaterra).

Estados Unidos 1x0 Argélia: não vi.

Alemanha 1x0 Gana: outra má jornada dos germânicos. Desorganizada, a seleção alemã não conseguia criar chances de gol e tampouco conseguiam manter uma solidez defensiva. Essa desorganização na última linha fez com que Gana, que jogava apenas explorando os contra-ataques, estivesse sempre ameaçando o arco defendido por Neuer.

Özil, o melhor jogador alemão na Copa não esteve inspirado hoje, parecia cansado. Perdeu um gol que não se pode perder em torneios curtos e traiçoeiros como Copa do Mundo, mas felizmente fez um golaço. Creio também que o time de Loew sentiu a pressão da última rodada. Lahm, omisso, quase não aportou ao ataque. Cacau se movimenta muito, mas produz pouco. Podolski completamente escondido, quase não foi visto. Khedira apagado. O resultado de todos esses fracassos individuais foi um jogo nervoso até o gol australiano no outro jogo final do grupo.

Loew tem que acertar muitas coisas e voltar a colocar o time nos eixos, pois potencial tem bastante.

Gana, no entanto, é, disparado, o melhor time do continente africano. Bem organizado, sólida defesa, bom toque de bola, lhes falta um definidor. Conseguiram criar pelo menos quatro chances para converter, mas faltou esse homem definidor.

Melhor em campo: pelo gol, Özil (Alemanha).

Austrália 2x1 Sérvia: não vi.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Classificação Argenta

Uruguai 1x0 México: a primeira grande alegria nessa Copa do Mundo é a brilhante classificação charrua às oitavas-de-final. Depois de três grandes atuações, com destaque para o massacre contra os donos da casa, a Celeste passa da primeira fase pela primeira vez desde 1970. E, pelo que vejo, já está garantida nas quartas considerando que o adversário será ou Nigéria ou Coreia do Sul ou Grécia e sou mais Uruguai.

No jogo de hoje domínio completo dos uruguaios no primeiro tempo. A única chance mexicana foi no chute de longe de Guardado que explodiu no travessão. O Maestro Tabárez encontrou a fórmula correta de atuação do Uruguai ao recuar Forlán e utilizá-lo com a ponta de um triângulo invertido ofensivo, deixando Suarez como centroavante e Cavani como segundo atacante. O grande problema uruguaio durante as Eliminatórias foi justamente a falta de criatividade do seu meio de campo e agora, com Forlán recuado, parece solucionado.

No segundo tempo o Uruguai diminuiu o ritmo e o México saiu mais em busca do empate, mas sem nunca levar muito perigo ao gol de Muslera que fez nenhuma intervenção difícil durante os 90 minutos.

Destaque também à solidez da defesa sul-americana com Lugano, Victorino e Fucile
extremamente bem entrosados. Vale destaque também o espírito de gladiador de Pérez, com sangue por tudo quanto é lado, correndo como um louco e gritando sem parar, que jogador!

Do lado azteca destaco o bom primeiro tempo de Guardado que acabou substituído não sei por que e a entrada de Barrado que não entendo como é reserva desse time. Dos Santos apagado.

Outra incógnita é sobre o quê está fazendo na Copa Blanco aos seus 37 anos além de prejudicar a ascensão da revelação Hernandez.

Melhor em campo: Suarez (Uruguai).

África do Sul 2x1 França: não vi. LAMENTÁVEL a atuação dos franceses. Culpo, acima do técnico, a federação francesa de futebol que deixou isso acontecer, deixou essa situação insustentável chegar até a Copa do Mundo parecendo ignorar que Copa do Mundo só ocorre a cada quatro anos. Espero que Blanc arrume a casa e aproveite esses grandes jogadores que tem.

Argentina 2x0 Grécia: o jogo de hoje com time praticamente reserva serviu muito para considerar algumas possíveis variações no time argentino. A Argentina já estava classificada. Era impossível perder por diferença importante de gols para esse time mesquinho e asqueroso da Grécia. Jamais em minha vida vi um time tão covarde. Até no Campeonato Gaúcho, depois de sair perdendo, os times do interior buscam o gol mesmo quando estejam jogando contra Grêmio ou Inter em Porto Alegre. A Grécia estava consciente de que precisava ganhar e jamais buscou o gol. Sofreu o gol de Martín Demichelis (dois gols de “Martins” hoje) e mesmo assim seguiu encolhida atrás. LAMENTÁVEL.

O que a Grécia ofereceu foi uma oportunidade de ver como o time encara adversários encerrados. Creio que, a partir das oitavas, dificilmente haverá adversários jogando assim, mas igual valeu o teste.

A defesa mostrou inseguridade em alguns momentos, mas há de se entender que é impossível não relaxar-se contra um adversário que joga apenas com um atacante isolado.

O que mais valeu do jogo foi a atuação de Clemente Rodríguez, excelente opção pelos dois lados do campo e Pastore, que deveria ter entrado antes no jogo. Aliás, Diego tem que fazer modificações mais rapidamente, não pode esperar tanto, foi a mesma coisa contra a Coreia do Sul quando a Argentina não voltou para segundo tempo e Maradona apenas mexeu no time aos 70 minutos.

Seguem as avaliações individuais:

Romero: goleiro alto. Para 15 anos. Nas poucas vezes que a bola chega ele é perfeito, duro, forte. 7

Otamendi: grande atuação, é uma pena que tenha uma estatura tão baixa. É forte, duro, tem técnica, sério, ganha todas as disputas individuais. Se saltasse como Cannavaro seria candidato a ser um dos melhores. 7

Burdisso: o mais recuado do time, nas suas poucas intervenções sempre contra o guerreiro solitário Samaras, foi bem. 6

Demichelis: apesar do gol e de algumas boas intervenções no primeiro tempo, falhou de novo e quase complicou, felizmente a Grécia tinha apenas um atacante e Burdisso estava bem na cobertura. Para mim, deveria sair do time titular. 5,5

Clemente Rodríguez: deu uma excelente opção pelo lado esquerdo. Jogou quase todo o tempo no campo de ataque e até arriscou chute de fora da área. 7,5

Bolatti: exerceu com correção a função de Mascherano, não arriscou muito, guardou mais a posição. Bem. 7

Verón: o melhor em campo. Apesar de minha implicância, sou obrigado a reconhecer quando La Bruja joga bem. Apesar de seus tradicionais passes errados, foi o melhor, o dono do time, jogou por todos os lados, correu quase oito quilômetros, deu lançamentos, passes curtos, chamou Messi para o jogo, enfim, o melhor. 8,5

Maxi Rodríguez: cumpriu com categoria sua função, não chegou muito à frente, pois estava guardando mais posição para Verón se aproximar do ataque. Bom chute de fora da área. 6

Messi: sua partida mais difícil pela seleção, sentiu a ausência de Tévez, jogador que lhe liberava um pouco de tantos defensores. Esteve impreciso nas jogadas individuais e sentiu a marcação de quatro jogadores constantes. A entrada de Pastore e Di María o colocaram de volta ao jogo, encontrou espaços, tinha gente por perto e quase meteu um golaço. Mais uma vez a trave postergou o gol do maior do mundo. Sua dominada em cima da linha lateral no primeiro tempo foi o lance mais técnico da Copa do Mundo até o momento. 6,5

Agüero: também sentiu o excesso de marcação de uma Grécia que renunciou ao futebol. Teve algumas boas jogadas individuais, quase fez um golaço no primeiro tempo depois de entrar em velocidade na área, mas não foi brilhante. 6

Milito: o que mais sofreu com a marcação helênica. Sua principal participação foi adiar por alguns centésimos o gol de Demichelis. Não achou o seu lugar. 2

Pastore: entrou e mudou o jogo. Fez jogar Messi com sua entrada pelo meio, pelo seu toque de habilidade. Para mim é titular, pois é um jogador diferente dentro do plantel argentino, é um jogador que traz a bola pelo meio à frente de Verón e abre espaços. 8

Palermo: um personagem. Eu SABIA que ele ia fazer o gol. Demais. 10

Coreia do Sul 2x2 Nigéria: não vi.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Resultado Final das Eleições Colombianas

Hoje se realizou o segundo turno das eleições colombianas que elegeram o novo presidente do país. Ganhou, com um resultado esmagador, o candidato do governo, Juan Manuel Santos que será uma espécie de braço biônico do atual presidente Álvaro Uribe.

Com mais de 60% dos votos, Santos é a escolha pela continuidade do projeto que vem sendo feito há oito anos por Uribe. E o projeto é simples: perpetuar-se no poder, nada mais, nada menos.

Através da análise de algumas pesquisas realizadas no país podemos ter uma ideia de como essa vitória foi construída e, principalmente, onde. Mockus contou apenas com o apoio de estudantes e da elite cultural do país, em resumo, da comunidade científica colombiana que anseia por alguma mudança na doente estrutura de um país onde 46% de sua população vivem abaixo da linha de pobreza, número esse que pouco foi alterado nos últimos dois mandatos presidenciais.

O resto da população que é dominada pela ignorância, foi de Santos. Se analisarmos somente os números dos votos do interior do país, Santos teria quase 90% dos votos.
O interior ignorante e extremamente atrasado colombiano elegeu Santos.

Em algumas oportunidades visitei cidades do interior do estado onde moro, Antioquia.
É impressionante a sensação que passa de como se estivéssemos viajando no tempo. É uma estagnação que dá uma extremada angústia. Vêem-se nos rostos de seus cidadãos a ignorância, o atraso, a falta de perspectivas e o domínio do alcoolismo. Fui por terra de Medelín até as redondezas de Manizales em uma viagem catastrófica e interminável de cerca de sete horas. Em todo o caminho, mesmo sendo esse o trajeto situado entre duas das mais importantes cidades do país, se vê absolutamente nada.

Não há uma fábrica, uma indústria, enfim, nada. Entra-se nos chamados “pueblos” e o que se vê é nada. Pequenos comércios, empregos informais, um verdadeiro atraso. O meu sonho de um dia morar no interior do Rio Grande do Sul em cidades ricas, industrializadas e prósperas como Bento Gonçalves, Gramado ou qualquer pequena cidade da serra gaúcha se acabou. Na Colômbia morar no interior é conviver com a tristeza do abandono.

Pois aí que está o eleitorado de Uribe e companhia. Nesse antro de não-saber, há a total manipulação da população através dos meios de comunicação sensacionalistas e oportunistas do país que não se cansam de mostrar imagens emocionantes de conquistas do governo que salvou das mãos das FARC sequestrados políticos. O choro dos parentes, as imagens impactantes como homens acorrentados subindo a helicópteros militares, tudo isso ajuda a construir a imagem de governo salvador. O último episódio desses xous midiáticos foi a liberação de quatro soldados sequestrados pelas FARC há 12 anos. Por pura coincidência essa operação se realizou uma semana antes das eleições.

Enfim, dá mais votos matar guerrilheiro do que educar o povo, é mais midiático. No entanto sou adepto da teoria de Pitágoras: "eduquem os guris e e não será preciso castigar os homens".

Vale à pena salientar também que muitos desses pueblos são ou foram dominados pelas guerrilhas e o governo de Uribe utiliza as ditas “guerrilhas de esquerda” (as de direita são suas aliadas) e Hugo Chávez como uma espécie de bicho-papão do povo.

Assim como pais ameaçam crianças dizendo que se não obedecerem, o bicho-papão aparecerá, Uribe e companhia fazem a mesma coisa: se deixarem outro ganhar, os bandidos tomarão conta e esses bandidos são as FARC e Chávez.

As FARC são o maior argumento político de Uribe. Não há nada mais conveniente que a existência desse inimigo. Melhor que as FARC somente o bobo da corte Chávez, outra ferramenta do continuísmo colombiano.

As FARC e Chávez são o que era a “ameaça comunista” na América do Sul na época das ditaduras. Assassinos ditadores em países como Argentina, Uruguai, Chile e Brasil utilizam essa suposta ameaça para justificar seus atos totalitários e criminosos. Os Estados Unidos também tiveram seu bicho-papão, aliás, na política americana SEMPRE há um. Também argumentando sobre uma suposta ameaça comunista eles justificaram guerras como a da Coreia e a do Vietnã. Utilizando os comunistas implantaram o lucrativo Plano Marshall. Hoje não é o comunismo senão o islã, o Talibã, Saddam Hussein, Ahmadinejad e afins. Citando esses compadres, o governo americano faz e acontece, desrespeita direitos humanos e ignora soberanias nacionais.

Falando em Estados Unidos, esse é o principal aliado de Uribe e turma. A política externa do governo Uribe se resume em uma linha: ficar de quatro para os Estados Unidos e ignorar o resto do mundo. Uribe acredita que, dormindo com o mais rico pode ignorar o resto. Está enganado. O mais rico também entra em crise, ou melhor, causa uma. Por que o Brasil não sentiu a crise? Política externa. Acordo com mercados emergentes, amigo de um, amigo de outro, abraça o Ahmadinejad, almoça com os judeus, joga golfe com Obama, visita as estepes russas com Putin e Medvedev, come chicken curry na Índia, fala de futebol e do Corinthians com o Hu Jintao, enfim, Lula joga para todos os lados, é amigo de todos e o país ganha com isso.

Na Colômbia são fieis! Estados Unidos e seus bilhões de dólares para combater o narcotráfico e deu. A Colômbia esquece que os Estados Unidos jamais foram amigos de alguém além da família real saudita e dos judeus com suas indenizações bilionárias em bancos americanos. Se o povo colombiano está bem ou mal, não importa. Eles querem apenas resultados, menos cocaína nas narinas de seus atores de Hollywood, roqueiros e adolescentes depressivos. O governo colombiano acha que é amado. Assina um tratado de livre comércio com o poderoso vizinho do norte e quebra praticamente toda a sua agricultura familiar, pequenos e médios produtores. O pouco que se produzia no empobrecido campo colombiano se acaba. Ou esses pobres trabalhadores migram para a produção do produto de maior sucesso no exterior da Colômbia, a cocaína, ou entram no nefasto êxodo rural e entopem as cidades de lavadores de para-brisas e de malabaristas de sinaleiras, isso sem contar no aumento da criminalidade urbana.

Mas não se poderia dizer não a um chamado do patrocinador do norte. Perder os bilhões de dólares do Plano Colômbia não pode. O puxa-saquismo é tão grande que a Colômbia foi o único país sul-americano a reconhecer o governo ilegal e golpista de Honduras. O fizeram porque a América mandou. Chegaram ao cúmulo de extraditar Shakira e suas maravilhosas cadeiras rebolando waka waka para Miami! Basta!

Terminando o (curto) tema da política externa colombiana, vale lembrar algumas participações de Santos durante o mandato de Uribe, o caubói. Santos comandou a invasão de um país vizinho, o Equador, para supostamente matar um líder das FARC.

Assim como seu patrão do norte, o governo colombiano parece ignorar temas como soberanias territoriais. Também durante o trabalho de Santos, houve o escândalo das pessoas mortas em troca de dinheiro, algo que já expliquei em texto anterior, os chamados “falsos positivos”. O sanguinário Santos oferece dinheiro a quem caçar inimigos do estado. O que muitos fazem? Matam inocentes e dizem que eram inimigos para lucrar alguns pesitos.

E o Mockus? Antanas (!) Mockus é aquele professor inesquecível da universidade devido ao seu passado transloucado e sua inteligência que o faz parecer em alguns momentos um demente. Mockus deve ter se enlouquecido durante os anos 70, tem pinta de ativista do Greenpeace e parece não se importar em mudar. Em um país em que se põem problemas para receber crianças de casais não-casados em escolas, jamais irá ganhar um cara que tem essa filosofia. Mockus é formado em filosofia. Pensa 45 segundos antes de responder uma pergunta transcendental como “tudo bem?”. É daqueles caras que pode responder “depende” para uma pergunta dessa classe e o povo colombiano não aceita isso, não está acostumado a ver um intelectual no comando, preferem os rudes, os homens de chapéus de caubói, os homens do Velho Oeste, os combatentes. O colombiano médio ignora a retórica, quer sempre a prática. Irritam-se com sabedoria. Querem coisas simples, querem suas novelas com roteiros sempre idênticos, não querem pensar, se cansam em ouvir alguém que fala sem dedo em riste.

Mockus deveria fazer um estágio com o Lula que demorou duas décadas para se tornar um cara “aceitável”, “elegível”. Jamais o Brasil elegeria um cara que não falava, rosnava. Já o Lulinha Paz e Amor é legal, ou, como diz o Obama, é o cara. Mockus parece que não acreditava em seu sucesso, não se preparou devidamente, parece ter trabalhado sem uma equipe de organização de campanha, não tem carisma, não tem discurso que todo mundo quer ouvir, não faz piadas nas horas certas, pensa muito nas horas erradas, não conhece o povo colombiano, é demasiado complexo para seus seguidores e pouco profissional na prática da politicagem o que, pelo menos para mim, é bom sinal, mas não torna viável uma vitória eleitoral. A massa sul-americana é preguiçosa, quer um líder, um messias, um salvador, alguém que a dome, que pense por ela que goze por ela.

Mockus poderia ser o cara, talvez seja o cara, alguém que tenha algum interesse em mudar o que parece imutável, mas o povo colombiano não está preparado para ele. Por aqui, ainda são tempos de balas, cocaína, miséria e resgates cinematográficos. Quem será o ministro de defesa colombiano agora? Vou de John Rambo.

A Volta da Fúria

Portugal 7x0 Coreia do Norte: não vi, mas finalmente gols, gols, gols!

Chile 1x0 Suíça: jogo crucial em um grupo extremamente disputado. Dessa vez a equipe suíça não jogou com os onze jogadores metidos em sua área, mas tampouco foi a Argentina de Maradona, longe disso. As duas linhas de quatro estavam lá, mas havia pelo menos mais vontade de ganhar, algo que jamais existiu na estreia contra os favoritos espanhóis.

Do lado chileno uma ânsia muito grande de decidir o jogo e chegar com mais tranquilidade à última rodada. Sánchez, o jogador mais habilidoso do time andino estava pouco produtivo, enquanto que Suazo ainda mostra resquícios de sua lesão, tanto que não voltou para o segundo tempo.

Mas o grande aditivo que teve o time sul-americano foi a injusta expulsão de Behrami que deixou a Suíça com 10 homens em campo desde os 30 minutos de jogo e os obrigou a jogar ainda mais atrás, renunciando ao ataque. Aliás, que juiz bem desesperado esse, dava cartão até quando os jogadores pensavam em fazer uma falta.

O segundo grande erro da arbitragem decidiu o jogo em favor dos comandados por Bielsa, que parecia estar sofrendo um AVC em alguns momentos. Em posição irregular saiu a jogada do gol da vitória. Houve um terceiro grave erro da arbitragem que compensou o gol em posição irregular que foi o impedimento marcado no final quando um atacante chileno ia sozinho em direção ao arco rival.

A melhor parte do jogo foi o final, os últimos 10 minutos quando a partida ofereceu um vaivém interessante, com o Chile tentando matar o jogo e conseguir algum saldo e com a Suíça desesperada atrás do empate. O time de Bielsa perdeu pelo menos duas boas oportunidades, numa delas mais uma vez se destacou o goleiro suíço.

Incrível foi a chance perdida pelo atacante Derdiyok depois de linda jogada do ataque no final do jogo.

Para terminar, não dá para entender como Bielsa mantém Valdivia no banco. Entrou e arrumou o meio de campo além de ter dado passe que originou o gol.

Seguindo com o espaço para os absurdos dos comentaristas da televisão colombiana, começo com essa: a Suíça joga assim na retranca devido ao fenômeno Mourinho. Ora, a Suíça não levava um gol desde 1994, há quase 600 minutos, recorde mundial na história das copas. Conseguiram a façanha de serem eliminados da Copa em sua última participação sem levar gols.

Para completar, problemas matemáticos por parte dos profissionais. Disseram que, com a vitória, o Chile está praticamente classificado. Eles simplesmente não fazem o esforço de pensar. O Chile tem seis pontos; a Suíça tem três e ficará com seis ao derrotar Honduras na última rodada e a Espanha ganhará hoje de Honduras, irá a três pontos e, se ganha do Chile na última rodada, fica com seis, ou seja, todos empatados. A decisão iria para o saldo de gols e o Chile tem apenas dois, pois conseguiu duas vitórias pela mínima diferença. Bastaria a Espanha ganhar de 2x0 de

Honduras hoje para já estar em vantagem pelo menos no saldo.

Melhor em campo: Von Bergens (Suíça).

Espanha 2x0 Honduras: qualquer admirador de futebol, independentemente do território em que nasceu, deveria torcer pela Espanha. No meu entender é a melhor seleção de futebol que já vi jogar. Apesar de injusta derrota na estreia, considerei a atuação espanhola excelente, com pecados nas conclusões.

Hoje, no começo do jogo, apareceu o que eu temia, um grande nervosismo por parte dos jogadores espanhóis. Alguns gols perdidos e enfim o golaço de Villa que, considerando que o gol de Luís Fabiano foi irregular, é o mais lindo da Copa até o momento. Villa, aliás, foi o melhor em campo, mesmo tendo diminuído seu nível no segundo tempo. Autor dos dois gols e de outras tantas belas jogadas. Ponto negativo: perdeu um pênalti.

O gol de Villa fez com que a Espanha voltasse com seu futebol maravilhoso de toques intensos, sem parar. No entanto, o baixo rendimento de Torres impediu que saíssem mais gols na primeira etapa. Torres necessita entrar em forma. Com Torres em forma e com a volta de Iniesta, reserva de luxo hoje, a Espanha é, disparado, o maior candidato. Não obstante, deve corrigir alguns pontos.

Navas jogou desde o princípio. Rapidez e habilidade são suas marcas registradas.
Deve melhorar na conclusão das jogadas para se tornar um jogador de primeiro nível. É muito jovem, tem tempo para isso.

No entanto os maiores pecados da seleção ibérica hoje foram: preciosismo exagerado, soberba, excesso de confiança e muito amor ao futebol. Já explico.

Preciosismo porque todas as jogadas tinham que ser brilhantes, com 30 toques. Rondavam a área de Honduras com até cinco jogadores e ninguém chutava, todos tocavam e tocavam sem finalização, parece que buscando um gran finale que não é necessário, ainda mais considerando que será o saldo de gols que irá definir o grupo. Pela produção de hoje, era para ter sido uma goleada como a de Portugal no primeiro jogo do dia.

Soberba. A Espanha encarou o jogo, principalmente o segundo tempo, como um treinamento regenerativo. Desprezaram o desprezível (?) time hondurenho e isso não pode acontecer numa Copa do Mundo. Em qualquer momento, por mais fraco que seja o time centro-americano, em uma desatenção podem complicar a classificação espanhola com um gol inesperado. A Suíça fez isso.

O excesso de confiança aparecia quando seus jogadores iam com certa moleza em disputas em áreas perigosas do campo, como na meia cancha e na defesa.

E, por fim, o amor exagerado ao seu jogo, aos seus toques, à sua qualidade. É entendível, mas deve ser trabalhado pela comissão técnica. Infelizmente há um resultado a ser alcançado e para isso há de se fazer gols, encontrar resultados. No entanto é inegável que é admirável o amor ao talento que os jogadores ibéricos têm.

Como gremista agradeço aos céus que nem sempre o melhor tecnicamente ganha, porque nunca fomos os melhores, não teríamos ganhado do Palmeiras em 96, por exemplo. Como admirador de futebol, confesso que me doeria ver essa Espanha eliminada por um burocrático Brasil num suposto confronto de oitavas.

Resumindo minha ideia sobre o time espanhol, eles jogam muito, mas muito parecido ao Barcelona. A pequena grande diferença é que, em situações assim, quando enfrentam adversários mais fracos, o Barça goleia, empilha gols juntamente com seus intermináveis toques. Messi sai de campo com quatro gols e não em branco como saiu Torres. Essa é a diferença.

Sobre Honduras, um horror. O elenco de Honduras tem seis jogadores que atuam em ligas importantes europeias como Inglaterra, Itália e Bélgica. Poderiam, caso houvesse mais organização tática, arrumar um time mais competitivo. O técnico vem da péssima escola colombiana, isso influi e o resultado é um time com nada, uma defesa desorganizada, um meio de campo inexistente e organização zero em contra-ataques. Serão eliminados sem converter sequer um gol.

Melhor em campo: Villa (Espanha).

domingo, 20 de junho de 2010

Impotência Africana

Paraguai 2x0 Eslováquia: o time sul-americano apenas cumpriu tabela no primeiro jogo do dia de hoje. Do outro lado um time muito pobre e sem pretensões dentro da competição. O gol relativamente cedo feito por Vera depois de um excelente passe de Barrios deu a tranquilidade necessária para que o time de Tata Martino apenas administrasse o jogo e jamais sofresse qualquer ameaça de seu adversário.

Hamsik, o principal atacante do time europeu, quase não participou do jogo. Do lado paraguaio, surpreende a escalação de três atacantes em um selecionado conhecido por sua forte defesa. Pois Tata começou o jogo com Valdez, Barrios e Santa Cruz. Poderiam ter feito mais, o problema é que, no futebol atual, entre quase todas as seleções, faltam jogadores de meio de campo que cadenciem o jogo, como Kaká, por exemplo.

No entanto, o principal que era essa vitória que encaminha a classificação guarani foi alcançado, e creio que o Paraguai irá dar trabalho nas fases subsequentes.

Fatos curiosos da transmissão patética da televisão colombiana: o narrador e os comentaristas jamais aparecem e hoje a melhor de todas as pérolas escutadas até esse momento. Quando Santa Cruz foi substituído, o comentarista largou essa: agora o
Paraguai irá jogar num 4-4-2 ou num 4-4-1 (?).

Para completar, disse que a Eslováquia em sua estreia empatou no final do jogo
contra a Nova Zelândia. Até uma mulher sabe que foi ao contrário. Ninguém o corrigiu. O pior é que esse jogo foi semana passada, não foi uma estatística da Copa de 1930. Lamentável.

Outra boa ontem foi a estatística sobre a participação de Uruguai e África do Sul na Copa de 2006. Detalhe: ambas as seleções não disputaram essa Copa.

Melhor em campo: Vera (Paraguai).

Itália 1x1 Nova Zelândia: não vi.

Brasil 3x1 Costa do Marfim: por mais que o Brasil tenha ganhado e feito três gols em uma Copa que gol é artigo de luxo, não consigo mudar minha opinião. O time brasileiro é muito pobre, uma pobreza que algumas vezes assusta como no primeiro tempo do jogo de hoje.

O jogo começou com ampla supremacia africana. A posse de bola era totalmente da Costa do Marfim, o Brasil praticamente não tocava na bola. O que faltou para os africanos abrirem o marcador foi técnica. Nos últimos 35 metros do campo, por mais que tenhas posse de bola, chega o momento de aparecer qualidade, e isso a Costa do Marfim não tem. Kalou esteve como de costume, frágil e escondido. Drogba, que é o jogador que pode fazer a diferença está abatido por seu braço quebrado e joga isolado no meio da melhor defesa da Copa. Sem esse toque de qualidade nos últimos metros do campo, fica difícil de chegar ao gol.

Esse toque de qualidade poderia ter sido dado por Gervinho, que foi o melhor jogador dos Elefantes na estreia na Copa. No entanto, com a volta de Drogba, Eriksson o mandou para o banco. Quando entrou, já com o time em grande desvantagem, mostrou que é o mais técnico do time. Não dá para entender.

Pois essa qualidade que faltava na definição, o Brasil tem. Mesmo sendo um time que produz quase nada, que depende exclusivamente de um arrebato de Robinho ou de uma genialidade de um combalido Kaká, há Luís Fabiano, um centroavante espetacular que é difícil de entender como segue jogando em um clube pequeno.

Luís Fabiano marcou dois golaços. O primeiro, na única jogada de Kaká no jogo, suficiente para deixar o centroavante ex-São Paulo na cara do gol. O que seguiu foi uma definição de alto nível, um foguete, semelhante ao gol de Donovan contra a Eslovênia.

O segundo contou com a enorme ajuda da arbitragem que fez vistas grossas para os dois toques de mão do atacante. Ajudas da arbitragem ao Brasil em copas do mundo não é novidade, mas dessa vez o mais curioso foi que o juiz deixou bem claro que percebeu o toque, mas preferiu não marcar. Vá entender.

Pois isso era o que faltava à Costa do Marfim, o jogador diferente que pode resolver, ganhar um jogo numa jogada e o Brasil tem dois, Luís Fabiano e Kaká. Os africanos têm apenas Drogba, de braço quebrado e isolado entre os formidáveis Juan e Lúcio. Complicado.

Falando em Lúcio, que jogador! Não há como tirar o título de melhor em campo do atacante do Sevilla, mas Lúcio foi o segundo melhor homem em campo. Incrível a experiência de Lúcio ao marcar Drogba por trás forçando o cotovelo do atacante do Chelsea.

Não havia comentado sobre a bola da Copa, motivo de tantas declarações e polêmicas, mas, depois de tantos jogos, é curioso que tenha saído nenhum gol de chute de longa distância. O único foi o da Eslovênia contra os Estados Unidos, mas esse foi um disparo colocado e não um chute potente. Aí tem, boa coisa essa Jabulani não é. Boa mesmo é a Shakira dançando waka waka.

A lesão de Elano (em língua espanhola seu nome soa interessante, “El Ano”, ou seja, “O Ânus”) pode ter um resultado positivo, pois entra Dani Alves que, para mim, depois de Kaká e Luís Fabiano, é o jogador mais qualificado do elenco tecnicamente falando.

Sobre a perda de Kaká nessa injusta expulsão, não é grande coisa tendo em vista que perderá somente o último jogo da primeira fase que não valerá muita coisa para o Brasil. Como foi injusta, não há risco de punição maior por parte da FIFA.

O quê aconteceu com o Robinho? Não o vi durante todo o segundo tempo. Apareceu somente quando o Brasil começou um patético e desnecessário cai-cai no fim do jogo.
Detalhe da patética transmissão colombiana: disse um dos profissionais que Demel, lateral de Costa do Marfim, joga no futebol alemão, no Manchester City.

Melhor em campo: Luís Fabiano (Brasil).

sábado, 19 de junho de 2010

Fracassos Africano

Dinamarca 2x1 Camarões: o dia de hoje definiu o primeiro time classificado, a Holanda. Consequentemente há também o primeiro eliminado que é a seleção de Camarões.

Em um bom jogo, o time africano saiu na frente depois de uma falha grotesca da defesa dinamarquesa que, aliás, é a pior defesa entre todas as seleções participantes. É ingênua, parece desligada em alguns momentos, só quem se salva é o grande zagueiro do Arsenal Agger.

No lado africano destaque para a boa atuação de Emana que sempre levou perigo à defesa europeia. Além dele, pouco se viu no desorganizado e sem imaginação time camaronês.

No lado da Dinamarca grande destaque para Rommedahl autor do passe para o gol de Bendtner e do gol da vitória. Recebeu poucas vezes a bola, mas, nas três ou quatro em que recebeu, fez bonito.

Não creio que o time dinamarquês vá longe na competição. Faltam muitas coisas. É um time de péssima e desorganizada defesa, mas que possui boas peças no ataque, como os rodados Rommedahl e Tomasson, e o jovem Bendtner. Falta um meio de campo que faça esse bom trio jogar mais, participar mais. Gronkjær e Jorgensen são bons jogadores, mas o segundo teve uma péssima partida e o primeiro pouca participação.

Sobre a patética participação africana no Mundial da África, algo que eu já previa, afirmo: o futebol africano, ao invés de evoluir, decaiu. Nos anos 80 e 90 tivemos bons times africanos, com destaque para o Camarões de 86 e 90 e a Nigéria de 94.
Depois disso, total decadência. Apenas Senegal conseguiu mostrar algo em 1998.

Com a ideia de evoluir taticamente, eles perderam sua única qualidade que era o talento e a decadência podemos notar nessa Copa.

Dançar, tocar corneta e rir não adianta.

Melhor em campo: Rommedahl (Dinamarca).

Holanda 1x0 Japão: não vi.

Gana 1x1 Austrália: não vi.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Incrível

Sérvia 1x0 Alemanha: grande decepção a atuação alemã hoje e grata surpresa o time da ex-Iugoslávia. Nada do que havia funcionado na estreia alemã funcionou hoje, começando por Özil de apagada atuação. A Alemanha saiu perdendo e sentiu a falta de experiência considerando que é um time com idade média de 24 anos.

Klose, o mais experiente, conseguiu receber dois cartões amarelos no primeiro tempo e acabou expulso antes do relógio marcar 40 minutos de bola rolando. O técnico alemão não conseguiu corrigir a falta de um homem de área e a Alemanha seguiu dependendo dos chutes de fora da área de um impreciso Podolski que, para completar sua má jornada, errou ainda um pênalti. Aliás, incrível o que sucede na defesa sérvia. Em dois jogos, dois pênaltis cometidos de maneira idêntica e bizarra.

A atuação sérvia foi impecável. Em um time que não deve haver jogador com menos de 1,85m e com uma potência física impressionante, conseguiram montar um perfeito sistema defensivo que, quando atacado, mantinha duas linhas de quatro jogadores, uma na intermediária e outra na área, apertava a saída de bola germânica e sempre ameaçou nos contra-ataques, jamais desistindo de buscar o segundo gol.

Sempre ressalto a qualidade do futebol dos países que conformavam a ex-Iugoslávia. Se o país ainda existisse em sua integridade territorial, a seleção seria, para mim, sempre favorita em mundiais e Eurocopas. Seria uma seleção com Stankovic, Dzeko, Hleb, Vidic, Ivanovic, Markic, Vucinic, Jovetic, Krasic, enfim, uma baita seleção.

Na Alemanha faltou uma coisa que talvez somente a Argentina tenha: peças de reposição, alternativas de ataque que sejam tão boas ou melhores que os titulares. Cacau não existe, Mario Gomez jamais convenceu jogando pela seleção e não consigo entender por que Loew não dá chances à Kieβling ou Trochowski.

Enfim, agora, considerando que, à exceção da Austrália, todos integrantes do grupo têm três pontos, está tudo em aberto.

Melhor em campo: Kolarov (Sérvia).

Eslovênia 2x2 Estados Unidos: não foi transmitido.
Inglaterra 0x0 Argélia: a Inglaterra é a maior decepção da Copa do Mundo. Difícil explicar tamanha falta de futebol no time britânico. Busco explicações, talvez a extenuante temporada do futebol inglês que conta com duas copas, mas mesmo assim não dá para aceitar tamanha passividade, lentidão, meu Deus, é o time mais lento do mundo, parece futebol dos anos 70. Rooney é a maior decepção individual da Copa do Mundo. Aceitável o argumento de que não chega muito a bola, mas é incrível sua passividade, não domina bolas fáceis, não se encontra com os companheiros. A dupla dinâmica Gerrard – Lampard é outro fiasco. Ambos lentos, pouco participativos, apagados. Lennon é uma decepção pessoal, pois apostava no sucesso do rapidíssimo jogador do Tottenham. O único que se salva é Johnson.

Eu mudaria o time buscando maior agilidade. Colocaria Joe Cole e Wright-Phillips desde o começo no decisivo encontro com a Eslovênia e apostaria em Defoe no lugar do patético Heskey.

Caso não haja uma forte mudança de atitude no combinado inglês, vão cair fora na primeira fase.

Melhor em campo: Boudebouz (Argélia).

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Erro Decisivo

Argentina 4x1 Coreia do Sul: podemos dividir o jogo em duas exatas partes: primeiro e segundo tempo. O erro absurdo de pura soberbia de Demichelis no final do primeiro tempo acabou com a confiança conquistada pelo time ao longo dos primeiros 45 minutos. O time estava jogando bem, compacto, não sentiu o peso de estar com cinco jogadores ofensivos e dominava o jogo. O erro de Demichelis foi erro da arrogância, de pensar que o jogo estava terminado. É uma falha que não se pode cometer em uma Copa do Mundo.

A Argentina vinha jogando com muita verticalidade, tinha Di Maria de volta à ativa tendo em vista que não tocou a bola na estreia. Além de Di Maria, Tévez teve excelente atuação quando encontrava bastantes espaços devido à marcação de três homens constantes em Messi. Maxi cumpriu sua função, se sacrificou ao não sair muito ao ataque como sempre fez e Higuaín encontrou paz com o gol marcado, o segundo da Argentina.

A volta para o segundo tempo foi caótica comprovando o que sempre disse: o pior adversário da Argentina nesse Mundial e SEMPRE, é o emocional. Um time que está disputando uma competição de extremada exigência tem que saber como se comportar em adversidades. Contra oponentes de mais qualidade podem começar um jogo perdendo e, com a atitude que vimos hoje e com essa mesma atitude que vemos desde 1994, não dá.

Maradona tem que tentar mudar isso, deixar seus jogadores mais tranquilos perante um momento negativo.

Messi mais uma vez foi decisivo. Esteve apagado em alguns momentos muito devido à forte marcação sul-coreana, mas foi o homem que decidiu o jogo, definiu, e isso é o que se espera dos fenômenos, mesmo quando seus trabalhos não são em forma de gols.

Fez toda a jogada do terceiro gol – incrível a falta de sorte/pontaria de Messi nessa competição – e depois, em uma jogada de excelência com Agüero, deu um passe genial que originou o quarto gol.

No entanto, o meu maior destaque de hoje foi Mascherano. Que jogador! Poucos têm a capacidade de ver o seu trabalho, mas basta colocar um pouco de atenção. 500 desarmes por jogo, comanda o meio de campo, não erra passes, é perfeito, foi perfeito hoje.

Análise individual:

Romero: sua única intervenção difícil foi quando teve que sair da área meio que de carrinho. No mais, pelo alto, sempre impecável. Como disse Maradona, a seleção argentina tem goleiro para 15 anos. 6

Gutiérrez: foi muito melhor do que na estreia, não sofreu tanto pois Maradona colocou Maxi junto a ele para não o deixar tão vulnerável. Arriscou algumas jogadas na frente, mas sem sucesso. Não entendo, ainda, como Zanetti não está. 5

Demichelis: na única vez em que foi protagonista, entregou um gol que desmoronou o funcionamento do time. ZERO

Burdisso: muito bem, seguro, algo que falta ao seu companheiro de zaga. Para completar, foi responsável pelo desvio de cabeça que deixou Higuaín livre para marcar o segundo gol. É titular do meu time junto com Samuel. 6,5

Heinze: quase fez outro gol de cabeça em cobrança de escanteio, não subiu quase ao ataque e teve alguns problemas de posicionamento defensivo, principalmente em um lance que a Coreia do Sul quase empatou. 5

Mascherano: o melhor, impecável. Desarmes, poucas faltas, sem erros de passe, passes longos, perfeito. 9

Maxi Rodríguez: foi obrigado a exercer uma função mais defensiva devido à ausência de Verón e o fez bem. Não teve muitas chances de fazer uso de seu potente chute, pois quase não chegou à frente. Correto. 6

Di Maria: início de jogo excelente, linda janelinha no marcador, algumas boas jogadas pelo flanco, mas, como todo o time, sucumbiu no segundo tempo e merecia ter saído. 5,5

Messi: os gênios, até em jogos que encontram muitas dificuldades, sempre aparecem. Foi decisivo mais uma vez, participou dos dois gols no segundo tempo. Está faltando o gol dele. 8

Tévez: muita movimentação e dedicação como sempre. Incrível a fome de bola de Tévez, não há bola perdida. Também lhe falta o gol. 7

Higuaín: fez o que um centroavante tem que fazer: gols. Um muito fácil e duas belas cabeceadas. Ganhou confiança depois da apagada atuação na estreia. 8

Agüero: entrou e incendiou o jogo. Participação direta no gol, velocidade e habilidade. 8

Grécia 2x1 Nigéria: não foi transmitido.

México 2x0 França: incrível a atuação francesa. Correm o risco de caírem fora na primeira fase sem ter anotado sequer um gol de novo! Totalmente sem esquema, sem jogadas, o técnico é tão incompetente que não consegue aproveitar nem um talento como Ribéry que joga completamente isolado quase no meio de campo, parece Messi durante as Eliminatórias, perdido. Falta tudo, é, para mim, o pior time da Copa entre todos e merece cair fora na primeira fase. Do outro lado, muito interessante a entrada de Barrera, botou fogo no jogo. Rafa Marques também foi impecável, maestro do time. Boas jogadas também pelo flanco esquerdo com o bom lateral Salcido. Dos Santos não esteve tão participante como na estreia, mas ainda assim teve bom desempenho. Destaque para o gol – em impedimento – de Hernández, jovem talento recentemente contratado pelo Manchester U e eleito melhor em campo pela FIFA.

Fica a tristeza de ver um elenco tão rico ser tão mal aproveitado. Alguém sabe por que Abidal, o excelente lateral-esquerdo do Barcelona jogou de novo improvisado de zagueiro? Por que não teve chance de jogar Henry, um atacante experiente e acostumado à pressão? Sem comentários a atuação do técnico astrólogo francês. Monto um time Lloris, Sagna, Gallas, Mexes e Evra; Diarra, Diaby, Nasri (nem levou ao Mundial) e Malouda; Ribéry e Anelka. Bem treinado, é favorito sempre.

Melhor em campo: Barrera (México).

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Injustiça

Suíca 1x0 Espanha: jamais havia visto um time atuar de maneira tão defensiva em uma Copa do Mundo. Para quem achou que a Coreia do Norte atuou de maneira defensiva contra o Brasil digo que esses foram um time africano dos anos 70 comparado ao que a Suíça foi hoje.

Não eram duas linhas de quatro nem oito defensores. Eram 10. E, em alguns momentos, eram 10 jogadores na área e o atacante autor do gol estava posicionado na meia-lua da área.

Minha primeira afirmação sobre o jogo é rechaçar os primeiros comentários sobre o jogo que dizem que a Espanha sentiu a pressão, que não tem camisa, que não foi eficiente, entre outros. A Espanha foi, juntamente com a Alemanha, a única seleção favorita que não sentiu pressão, que jogou de forma natural como vem fazendo nos últimos anos. O tradicional toque de bola, variações de jogadas, opções pelas pontas, pelo meio, Xavi e Iniesta como sempre conectados, Sergio Ramos bem pela direita, enfim, no meu entender, a Espanha funcionou como sempre funciona e mostrou que é o melhor time disparado. No entanto, havia um grande problema: o maquiavélico trabalho de Ottmar Hitzfeld.

A imprensa urubu que está sempre esperando a caída de um grande para criticar não considera o trabalho feito pela defesa suíça. Era intransponível.

Ok, podem dizer que qualquer defesa deve ser aberta por bom futebol, sim, estou de acordo, mas é futebol, são apenas 90 minutos e, em algumas ocasiões, não adianta, a bola não entra.

Se jogassem 10 jogos, a Espanha ganharia os outros nove.

Nem vou comentar sobre o gol de Fernandes que foi feito em impedimento e através de falta em Piqué, mas essa foi a primeira chegada do time helvético. A Espanha deve ter tido mais de 60% de posse de bola, tentou de todas as maneiras, mas faltou sorte e, claro, alguma competência nas conclusões. Torres entrou, teve duas chances, mas mostrou estar ainda abatido pela falta de ritmo causado por sua recente lesão.

O que deve ser bem feito por Del Bosque é o trabalho psicológico e deixar claro dentro do grupo sua condição de superioridade técnica e não deixar que eles caiam no erro de acreditar nessa maldição da Espanha nas copas que invariavelmente chega como favorito e decepciona.

Vale destacar o excelente papel de Navas que entrou no segundo tempo e o brilhante comando do fantástico Xavi, o melhor volante do mundo.

No meu entender, grande atuação espanhola e estão no caminho certo. Vão ganhar do Chile que, apesar de ser um bom time, não jogará na defensiva pois essa não é a característica de Bielsa. Contra Honduras, goleada. Para que esses dois resultados ocorram, basta o bom trabalho emocional por parte do corpo técnico.
Para terminar, não se deve comparar a situação espanhola com a França de 2002, que vinha jogando com excelência e morreu na primeira fase. O time francês jogou nada e mereceu a eliminação, diferentemente da Espanha que jogou bem e seguirá jogando bem.

Melhor em campo: Xavi (Espanha).

Uruguai 3x0 África do Sul: não foi transmitido. Parabéns aos charruas, rumo às oitavas. Grande Forlán!

Chile 1x0 Honduras: tampouco foi televisionado, mas parabéns ao grande trabalho de Bielsa, com ele a Argentina seria o principal favorito ao título junto com Espanha. O resultado foi pouco se consideramos a boa produção do time chileno.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Tristeza

Portugal 0x0 Costa do Marfim: que jogo bem ruim. Acho que conseguiu bater Inglaterra x Estados Unidos e receber o título de pior jogo até o momento. Portugal começou melhor, mas, assim como vem acontecendo em quase todos os jogos da competição, não teve competência de criar chances de gol. Apenas um lance de excelência técnica que foi o chute de Cristiano Ronaldo na trave após linda manobra.

No mais, pouquíssimo. A Costa do Marfim foi melhor, teve mais vontade e verticalidade. Ganhou no físico e na velocidade do time português. A boa notícia para os africanos foi o ingresso de Drogba ao gramado, mas teve pouco contato com a bola. Na única em que recebeu em boa posição, deveria ter chutado para o gol e não buscado o cruzamento. Interessante a participação de Gervinho. Se tivesse mais companhia pelo setor esquerdo, poderia ter produzido mais.

Melhor em campo: Gervinho (Costa do Marfim).

Brasil 2x1 Coreia do Norte: anda difícil ver bom futebol nessa Copa do Mundo, ver chances de gols, variações ofensivas. O Brasil mostrou um futebol extremamente pobre. É a pior seleção brasileira da história em copas do mundo. Não tem variações, entrou em campo contra o time mais inexpressivo de todos os 32 participantes com três volantes. É evidente que há de se valorizar a camisa do Brasil que sempre o fará candidato a título, mas o time é demasiadamente inexpressivo. Conseguiu ser amarrado pela Coreia do Norte em vários momentos do jogo. Talvez alguns pensem: pressão da estreia, nos próximos jogos as estrelas vão brilhar. Não há estrelas. Há um Kaká capenga e isolado que, caso seja bem marcado, decreta o fim de qualquer criatividade em um time tosco, cego. A única faísca de bom futebol é Robinho que sempre pode aprontar alguma jogada individual ou dar um belo passe como hoje. Luís Fabiano tem muita qualidade, mas, isolado, sem a bola chegar, pouco pode fazer. Há de se ressaltar que o Brasil foi salvo por um gol estranho e que, até esse gol espírita de Maicon, não tinha encontrado espaços e ainda tinha sofrido em alguns ataques do adversário através de seu centroavante chorão.

Pobre, muito pobre. Não há opções de meio de campo no banco. Eu apostaria em Dani Alves na meia no lugar de algum dos dois volantes péssimos, Melo ou Silva. Talvez com alguma técnica no meio, Luís Fabiano receberia alguma bola e Kaká encontrasse parceria.

Como vem acontecendo desde 2002, o melhor do Brasil foi a sua dupla de zagueiros, especialmente Juan. Lúcio, caso o Brasil não fosse tão covarde, deveria ter sido adiantado como uma espécie de primeiro volante e poderia ter saído algum desses dois horrorosos citados anteriormente.

Melhor em campo: Robinho (Brasil).

Nova Zelandia 1x1 Eslováquia: felizmente nao foi transmitido.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Bergamota Mecânica

Holanda 2x0 Dinamarca: considero o time laranja um dos favoritos a vencer a Copa do Mundo. No entanto, no jogo de hoje contra a Dinamarca não vimos quase nada de bom. Uma estreia muito nervosa, percalços no início do jogo quando os escandinavos tiveram duas boas chances, uma com Bendtner de cabeça e depois num chute cruzado de Enevoldsen. Van Persie não esteve muito inspirado, perdeu um gol e ainda deveria ter sido expulso.

O ponto positivo da seleção holandesa foi suas peças de reposição. As entradas de Elia e de Afellay deram velocidade e audácia ao time holandês que acabou com uma boa e merecida vitória.

Do outro lado uma Dinamarca que em nada lembra as típicas seleções montadas por esse pequeno e fantástico país. Pouco toque de bola, transição lenta da defesa para o ataque e ausência de criatividade no meio. Para completar, terrível o erro de seu zagueiro que concedeu a abertura do placar antes de um minuto de jogo do segundo tempo. Vale destacar as boas investidas de Rommedahl pela esquerda.

No entanto, mesmo com a apagada atuação, sigo acreditando na potencialidade do time holandês especialmente quando tivermos a volta de seu principal jogador, Robben.
Melhor em campo: Van der Wiel (Holanda).

Itália 1x1 Paraguai: um muito interessante jogo com duas seleções que possuem características semelhantes, de não ceder vantagens jamais. A Itália controlou o jogo nos primeiros 20 minutos, creio que surpreendeu o adversário com uma não usual ofensividade, mas que depois acabou baixando o rendimento e dando mais controle de bola ao time paraguaio. Faltou no lado guarani mais participação do craque argentino naturalizado Lucas Barrios que quase não tocou na bola. Do lado italiano, faltou maior poder de definição na penúltima bola e mais opções de jogadas para seus dois centroavantes, Iaquinta e Gilardino que ficaram muito isolados. No entanto, foi surpreendente o comportamento ofensivo dos italianos conhecidos pelo catenaccio.
Melhor em campo: De Rossi (Itália).

Japão 1x0 Camarões: vetado pelo capitalismo. Incrível a incompetência africana. Nos meus prognósticos disse que somente Gana classificaria e creio que é o que vai acontecer. O outro único africano que vejo com alguma chance é a África do Sul e não tão devido ao seu futebol senão ao que não foi mostrado pelas outras seleções do grupo.

domingo, 13 de junho de 2010

“Temos que humilhar nossos adversários”.

Alemanha 4x0 Austrália: se a estreia argentina foi o melhor jogo da Copa até agora, a estreia alemã nos mostrou o melhor time. Uma exuberante atuação germânica, uma demonstração de poder ofensivo que intimida os adversários. A Alemanha merecia ter ganhado por, pelo menos, oito gols de vantagem. Há opções ofensivas por onde se olhe. Pela esquerda entra Podolski, autor do primeiro gol, um golaço considerando toda a jogada que começou com o passe genial de Özil. Pela direita aparece o sempre hábil Lahm junto com Özil, o melhor em campo. Aliás, falando em Özil, incrível a tranquilidade de um jogador tão jovem numa estreia. Passes para gol, passes longos, visão de jogo, pensamento rápido, um verdadeiro craque. Pelo meio aparece Klose mais na frente e, flutuando entre todos, Müller, autor de um belíssimo gol. A Alemanha deve ser, juntamente a Holanda e Espanha, o time mais ofensivo da Copa. A maior prova dessa ofensividade é a posição em que jogou Schweinsteiger. Normalmente atua como um meia-atacante no Bayern Münich e hoje foi o segundo volante. No meio de campo apenas um volante de marcação, Khedira, que muitas vezes aparecia como centroavante, lembra muito a função ofensiva de Piqué no Barcelona. A defesa foi pouco exigida, difícil de analisar. No entanto destaco Friedrich que, devido ao pouco trabalho lá atrás, desempenhou uma função de líbero e o fez com qualidade, com bom passe. Batstuber, uma aposta de Loew, foi simplista na maioria das jogadas, quase não subiu ao ataque, mas, quando o fez, deu belo passe em profundidade para Özil que depois cruzou para o quarto gol. O técnico alemão cumpriu a promessa. Mesmo após estar ganhando por dois gols de diferença, promoveu as entradas de mais dois atacantes, Cacau e Gomez. Candidatíssimo.

Do lado Aussie, muito pouco a dizer. Completamente dominado, quase não jogaram. Se há de se destacar alguém, destaco Emerton ou então as duas belas australianas que estavam no estádio e foram captadas pelas câmeras antes de a bola rolar.

Melhor em campo: Özil (Alemanha).

Gana 1x0 Sérvia: Directv não permitiu a transmissão.

Eslovênia 1x0 Argélia: tampouco permitido pelos salafrários.

sábado, 12 de junho de 2010

Estreia Argentina E Outros Jogos

Ganhar na estreia é o único objetivo de qualquer seleção que tenha ambições na Copa do Mundo. Se o desempenho foi bom ou ruim não importa, pelo menos no primeiro jogo.

Depois é óbvio, há de se jogar bem para ser campeão.

E o time de Diego ganhou no que foi o melhor jogo da Copa até agora. Um jogo muito aberto, com muitas oportunidades de gols e boas jogadas além de bons desempenhos individuais.

Antes da análise individual, vale destacar o carisma do Don entrando no gramado antes do jogo e esbanjando simpatia por cerca de 40 minutos, sendo ovacionado por todos. Depois surpreendendo a todos ao aparecer fardando terno. Não é a dele. Não é Maradona. Enfim, mulheres, sejam elas esposas, namoradas ou, no caso de Diego, filhas, sempre manipulando os homens.

A análise individual:

Romero: o dono da posição. Com a chegada de Chiquito se acabaram os problemas no arco argentino sem um dono confiável desde Fillol. Em dois lances estava exageradamente adiantado, mas é alto, seguro, o goleiro tem que ter essas duas qualidades. 7

Gutiérrez: deslocado para uma posição mais defensiva, mostrou dificuldades justamente na marcação, sendo envolvido em um par de lances. Ao final, com a entrada de Burdisso, esteve mais tranquilo. 4,5

Demichelis: não consigo confiar em Demichelis, mas hoje esteve bem, seguro. 6

Samuel: quase entrega um gol ao perder uma bola fácil na intermediária e também quase marcou um gol de cabeça. Assim como seu companheiro de defesa, esteve bem. 6

Heinze: além do belo gol de cabeça, anulou as jogadas nigerianas pelo seu setor. 7,5

Mascherano: não é à toa que é o homem de confiança de Diego. Excelente nos desarmes, não errou passes e ainda arriscou um chute de fora da área. 8,5

Veron: errando muitos passes como sempre, alguns extremamente perigosos, incrível como sua posição não é de Cambiasso. No entanto, cobrou bem o escanteio que originou o gol do Gringo. 4,5

Di Maria: não tocou na bola durante todo o primeiro tempo, muito isolado sobre a linha lateral do setor esquerdo. No segundo tempo participou um pouco mais, mas ainda assim foi inexpressivo. Talento mal aproveitado. 3

Messi: o melhor em campo. Todas as bolas que pegou na esquerda originaram jogadas de perigo. Faltou a conclusão perfeita característica e também há de se considerar a grande atuação do goleiro da Nigéria. Mereceu ter feito pelo menos um gol. 8,5

Tévez: boa movimentação, belo passe de gol para Higuaín que desperdiçou, faltou apenas acreditar mais nas jogadas individuais. 7

Higuaín: teve três chances claras para marcar e não aproveitou. Copa do Mundo é um torneio curto sem chance para erros. Milito está no banco e, caso não jogue bem novamente contra a Coreia do Sul, corre risco de sair. 3

Conclusão: apesar da pressão da estreia e da já natural pressão que os próprios jogadores argentinos têm por não ganhar a Copa desde 86, a atuação foi boa, poderiam ter feito mais gols, mas também houve erros defensivos, principalmente de posicionamento. O ponto mais positivo foi a posição de Messi, finalmente confortável jogando onde joga no Barcelona. Talento há de sobra, falta é trabalho psicológico. Por isso digo: se Maradona conseguir ser uma espécie de Guardiola que mais do que um técnico é um psicólogo, a Argentina tem muitas chances de levar a Copa para o País Futebol depois de 24 anos, mesmo período em que o Brasil ficou sem a taça.

Outros jogos:

África do Sul 1x1 México: um bom jogo de abertura com um México dominador no início de jogo que pareciam ser eles os donos da casa, com destacada atuação de Giovanni dos Santos. Do lado local, pouquíssimo, muito nervosismo, um time trancado que, após achar o gol, se soltou e ganhou confiança.
Melhor em campo: Dos Santos (México).

Uruguai 0x0 França: um jogo que não foi tão ruim como dizem. Os charruas tiveram uma boa chance em jogada individual de Forlán, mas que no segundo tempo foram dominados pelos franceses com mais preparo físico e qualidade técnica. Principal trunfo uruguaio: excelente marcação em Ribéry. Ponto negativo: a precoce expulsão do jovem talento Lodeiro.
Melhor em campo: Evra (França).

Inglaterra 1x1 Estados Unidos: o pior jogo até agora, uma Inglaterra decepcionante, sem meio de campo, Rooney isolado e com sua dupla de “playmakers”, Gerrard e Lampard, em uma noite pouco inspirada. Único ponto positivo foi a defesa, muito a la italiana fazendo-se notar o trabalho de Cappelo. Falta maior produção do meio campo e mais bolas para Rooney. Boa atuação de Johnson. No lado americano, atuação também fraca e Donovan apagado. Fiasco da Copa até agora: a falha de Green no gol de empate ianque.
Melhor em campo: Johnson (Inglaterra).

Coreia do Sul 2x0 Grécia: não foi transmitido devido ao capitalismo selvagem.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Cisnes Selvagens

Um dos países que mais tem atraído a atenção da população em geral atualmente é a China. Seu incrível crescimento econômico, suas transformações, sua cultura, sua história, sua imensa população, seus conflitos étnicos, enfim, muitos são os fatores que fazem a China ser um dos países mais comentados nos dias de hoje e visto por muitos especialistas econômicos como a futura maior economia do mundo.

Para entender como esse país chegou até esse momento é difícil devido à longa história chinesa. No entanto, o livro “Cisnes Selvagens” da escritora chinesa radicada na Inglaterra Jung Chang nos apresenta uma história pessoal, não somente a da escritora senão a de seus pais, avós e outros familiares, mas também resume toda a história mais recente desse imenso país cheio de contradições. Basicamente o livro mostra como era o país sob o domínio do Kuomintang, a revolução comunista e como as coisas andaram até os anos 80. Uma obra simplesmente fantástica.

A autora nasceu quando o país já estava nas mãos do Partido Comunista. No entanto, há uma fantástica compilação de memórias de familiares e uma excelente pesquisa que contextualiza o leitor de maneira formidável com a época pré-revolução.

A população chinesa vivia em intensa miséria e ignorância durante o governo do Kuomintang. Após a revolução, há uma grande euforia devido às melhoras que chegaram até o sofrido povo. Alimentação, moradia e combate a corrupção foram talvez as três principais vertentes do início da revolução juntamente ao intenso sentimento de patriotismo e culto aos líderes.

Esse sentimento de euforia com as novas benesses da nova doutrina não demoraram muito em serem questionados por sua população, principalmente entre pessoas com mais instrução e conhecimento do mundo exterior. Vale lembrar que era proibido qualquer contato com o mundo estrangeiro.

Apesar da tentativa do Partido Comunista Chinês (PCC) em prover igualdade de vantagens a toda a sua população, o povo era alertado das dificuldades que seriam enfrentadas no início dessa nova grande mudança. O partido usava o artifício de vender uma ideia mentirosa sobre as condições sociais vividas no ocidente, especialmente em países como Estados Unidos e Inglaterra. Em suas campanhas massivas de manipulação de sua população, o PCC sempre destacava o sofrimento enfrentado por pobres crianças ocidentais que não tinham o que comer nem o que vestir diferentemente das crianças chinesas que já começavam a gozar dos câmbios trazidos pela grande revolução.

Outros métodos interessantes que merecem destaque utilizados pelo PCC para manipular o povo chinês era mantê-los na ignorância. O partido valorizava a vida dos camponeses e dizia que esse era o estilo de vida modelo a ser seguido. Pouco estudo, a grande maioria dos cidadãos do campo era analfabeta e dedicação total à causa comunista.

Livros eram queimados a exemplo do que era feito pela Igreja Católica na época da Inquisição. Universidades eram controladas. O governo via a educação como uma ameaça à conquista de seu objetivo.

Mas nem tudo era negativo. Em um país que era mazelado pelas chagas da corrupção, o PCC dava um excelente exemplo de conduta ao princípio. O pai da autora, um dos idealizadores da revolução e então funcionário do partido, dava exemplos inacreditáveis de conduta. Mesmo com sua esposa grávida ele não deixava que ela usufruísse de benefícios dados aos funcionários do partido como utilizar transportes. A mãe da autora deveria então caminhar como qualquer outro cidadão chinês, mesmo quando se tratava de situações extremamente adversas como temperaturas abaixo de zero ou acima de 40 graus e por distâncias que excediam os 50 quilômetros.

A ideia de combate a corrupção era tão grande e tão respeitada dentro do partido que funcionários, quando queriam escrever uma carta pessoal ou nota a alguém, sacavam sua própria caneta e seu próprio pedaço de papel com o intuito de não utilizar materiais do Estado.

Como já havia comentado na introdução do texto, esse começo de sonhos não durou muito. O líder Mao utilizava a ideia do conflito interno para manter o país sempre sob tensão. Organizava campanhas de investigações na busca de ditos “defensores do capitalismo” e “anti-revolucionários” que faziam com que vizinhos se tornassem inimigos. Existia uma caça às bruxas constante. Em departamentos do Estado, os funcionários tinham cotas com números de colegas que deveriam ser presos por serem anti-revolucionários. Por mais que houvesse nenhum dito “anti-revolucionário” em determinada repartição, essas pessoas se sentiam pressionadas a cumprir com suas metas e acabavam denunciando pessoas inocentes escolhidas através de simples preferências pessoais. Caso não cumprissem com suas metas, eram, então, acusados de serem defensores do capitalismo.

O Estado constantemente tentava aniquilar os sentimentos de sua sociedade. Atos como chorar ou mostrar qualquer tipo de sentimento eram vistos como atos burgueses. As crianças eram tiradas de suas casas a idades precoces e mandadas a escolas do Estado justamente para não criar laços afetivos com seus genitores. Inúmeros monumentos e obras de arte foram destruídos. Cores também eram elementos burgueses. As roupas deveriam ser militares em tons acinzentados. Até as flores eram arrancadas por serem vistas como objetos de ostentação de uma beleza burguesa.

Mao e o Partido Comunista não permitiam que a sociedade se acalmasse. Sempre havia novas campanhas baseadas no ódio que afloravam o pior do ser humano, colocando a população em constante conflito.

No meu entender o livro tem como principal objetivo por parte da autora denunciar a farsa do comunismo chinês, mostrar que o sonho comunista era uma grande mentira. A autora não esconde seu rancor contra cidadãos ocidentais com pensamentos esquerdistas que, à época, vangloriavam o governo de Mao sem jamais ter chegado perto da China. É interessante notar quando, ao início dos anos 80, começa a ser permitido a visita de turistas ocidentais ao país. A autora já em sua adolescência sentia grande ódio dos turistas que comentavam sobre o quão maravilhoso era a vida em um país que dava iguais condições a todos sem darem-se conta do sofrimento e da repressão sofridos pelos chineses.

Trazendo para o lado da vida pessoal da autora contada no livro, é fascinante a história dessas três gerações de heroínas: a autora, sua mãe e a avó. A sucessão de dramas, barreiras, conflitos e dificuldades enfrentadas, com uma bravura impressionante por essas três mulheres é algo que faz pensar que isso não é possível, que não é verdade.

Enfim, trata-se de uma obra que oferece ao leitor uma biografia brilhante que está conectada, devido aos cargos importantes exercidos pelos pais da autora, ao governo comunista chinês desde suas origens até os últimos momentos da vida de seu líder psicopata, Mao Tse Tung.