sábado, 21 de novembro de 2015

Cruzadas, Barbárie E Hipocrisia

Eu sou contra o terrorismo. Sou contra as guerras. Também sou contra a violêcia, contra maus tratos a humanos e animais, contra beber e dirigir, contra tortura, exploracao sexual, enfim, sou contra tudo que qualquer pessoa normal seria, mesmo sendo de uma espécie tao deplorável como a humana. No entanto, também sou contra a hipocrisia que é talvez a doutrina majoritária em nossa sociedade dita tao globalizada. Todo mundo “chorou” virtualmente as mortes de 12 jornalistas em Paris e agora todos “choramos” as mortes de dezenas de pessoas na mesma bela cidade, mas ao mesmo tempo ignoramos as mortes diárias em países devastados por conflitos causados por nós, ou seja, nós, os brancos ocidentais defensores do tal “mundo livre”. Matamos, torturamos, bombardeamos hospitais e escolas, tudo isso em nome de uma tal enfadonha “liberdade”. Liberdade para quem? A única liberdade que pode literalmente lucrar com nossas cruzadas em nome da liberdade é a poderosa liberdade econômica.

Os ataques ao metrô de Madrid, ao de Lodres, ao Charles Hebdo, à maratona de Boston, às torres gêmeas, a Paris, entre outros, nada sao além de respostas de um adversário infinitamente mais fraco. O oeste há bastante tempo vem cometendo atentados terroristas de estado que somente nao sao chamados usando esta nomenclatura, pois sao cometidos por nós e por seres organizados e sim respaldados por um estado, diferentemente desse tal “estado” islâmico que nao é um estado e sim o que os próprios dementes dizem, uma série de “califados” que têm, como objetivo final, ser um estado e derrotar o ocidente.

Nós invadimos o Iraque várias vezes, o Afeganistao outras tantas vezes, a Líbia, a Síria, politicamente “invadimos” o Egito e, para tais invasoes, cometemos atrocidades que custaram muito mais vidas que as que foram desperdiçadas em nosso terrirório. Nao vi gente pintando sua foto do Facebook com a bandeira da Síria depois de termos bombardeado um hospital do grupo Médicos Sem Fronteiras. Também nao vi fotos pintadas com as cores palestinas após nossos ataques a escolas desse território. Morte de pobre definitivamente nao comove. Morte de barbudo entao, muito menos.

Esse terrorismo de estado paga um preço. Os “war pigs” como bem definiu a banda Black Sabbath em um de seus clássicos, nao pagam o preço, pois vivem em uma realidade que se esconde de nossa vida mundana. Quem paga o preço sao os cidadaos comuns de nossa terra livre, gente inocente que nao têm nada a ver com as decisoes autoritárias e crueis de seus governantes que, em sua maioria, lucram com estes ataques.

O mundo gira em torno do capital. Nao há alternativa ao capitalismo, que, para os menos atentos, significa o capital no centro do universo, nao os homens. Vende-se a mentira de que os irlandeses lutavam com os ingleses por discordâncias religiosas, que os árabes brigam com os judeus por religiao e o mesmo acontecia nas colônias europeias na África, todos se matando no que seria causado por diferenças de credo. Doce ilusao de ingênuos. As pessoas se matam e as guerras acontecem por puros e rasos interesses econômicos. Nao há Terra sem guerra porque a guerra faz o 1% da populaçao que nos controla encher seus bolsos podres de dinheiro e para isso usam nosso sistema político e democrático. Dao migalhas de seus lucros pornográficos manchados de sangue de inocentes, mulheres e crianças à classe política e abarrotam bancos escusos em ilhotas caribenhas de dinheiro, vide os 300 bilhoes de dólares declarados em solo das Bermudas, na semana passada, por mega multinacionais de 60 países. A elite capitalista ávida por acumular o que está no centro de nosso universo, esconde rapinamente seus pedaços de ouro onde ninguém os pode ver e se esconde atrás da máscara do “meritocentrismo” e do livre mercado para justificar seus atos. Na Euopa, por exemplo, foram mais além e criaram a tal “Uniao Europeia” que nada mais é do que um passo adiante para controlar todo este massivo mercado através de canetaços evitando a fadiga de convencer país por país a adotar as suas metodologias e esse novo bloco já começou a cobrar suas vidas banais, vide a Grécia. A classe média burra se escandaliza com esmolas dadas pelo estado aos seus cidadaos menos “meritórios” que nao mandarao essas gorjetas para as Bermudas e sim as deixarao no próprio estado de novo, mas nao se importa com os ratos-vampiros que escondem seus lucros. E, considerando que a indústria da guerra é das mais lucrativas, necessitamos bombardear terras longínquas onde terminamos armando psicopatas ignorantes que depois incomodarao a nossa plebe.

Rambo é um dos filmes mais idiotas de todos os tempos, mas, em um de seus filmes, vemos os americanos apoiando os afegaos para que estes chutem os traseiros gelados dos soviéticos que estao em seu país em plena Guerra Fria. Aqueles árabes simpáticos que ajudavam Rambo sao o que depois se transformaram nos famosos talibas, hoje ofuscados pelo EI, mas ainda assim um de nossos inimigos, armados com nossas armas, vendidas por empresas de magnatas que patrocinaram campanhas políticas como a de marionetes estúpidas como o cla Bush.

Nao há forma de um grupo rudimentar e bárbaro como estes bombardear através de modernos caças o espaço aéreo ocidental e muito menos invadir estes rincoes usando meios tradicionais do ocidente. Qual a única soluçao? O terrorismo. O terrorismo que nos assola e nos assombra, é a banal resposta ao nosso terrorismo de estado, nada mais, simples assim.

Fanatismo religioso, ausência de perspectivas de futuro, ignorância extrema, ódio enraizado na medula de cada um, entre outros fatores, encoraja psicopatas a fazer exatamente o que fazemos nós através de pobres soldados barbeados e de uniforme fashion: matar, metralhar, abater avioes, estádios, meios de transporte, etc.

Será que os grandes líderes mundiais nao se dao conta disso, será que sou só eu? Claro que nao. Todos sabem, mas o nosso bizarro status-quo de guerra constante, medo e devastacao humana e ambiental, é justificado por bancos recheados de lingotes de ouro e de diamantes de sangue e vivemos no CAPITALISMO, nao no antropocentrismo, ou seja, estamos no caminho correto. Mantém-se o estado de guerra eterno e, assim, mantém-se os 1% felizes. Consequências? Guerras e uma grotesca invasao de bárbaros em terras europeias justificada por uma mentira chamada “refugiados”. Quem sofre com esta invasao animalesca de bárbaros primitivos? A pobre e babaca classe média europeia que insiste em pegar seus cartazes e ir a estacoes dar boas-vindas a quem, em sua maioria, querer apenas se aproveitar de tudo que lá foi construído. A Europa é convencida pela elite representada pela direita de que devemos ajudar os refugiados, leia-se, mao de obra barata e mais consumidores e ao mesmo tempo é iludida pela lunática esquerda do velho continente que ainda acredita que há santos e demônios em nosso pobre planeta.

Toda esta balbúrdia deixa o mundo em um estado de caos generalizado e, o pior, o deixa embriagado em um sentimento de dúvida e desolaçao que nao se sentia desde a Segunda Guerra Mundial. Os poucos países que conseguiram conquistar um bom nível de vida para a maioria de sua populacao veem seu futuro fortemente ameaçado por uma limpeza étnica que em 150 anos tornará o europeu médio uma espécie em extinçao. No entanto, a esquerda retardada europeia segue batendo na tecla do futuro multicultural mais brilhante da Europa.

Será entao que deveríamos, como espécie dominante, ou seja, países ocidentais, deixar que estes países controlados por sanguinários ditadores se resolverem por conta própria? Será que deveríamos usar o lema do liberalismo extremo de nossa economia também para os países “nao-alinhados”? Há indícios de que sim. O Iraque de Saddam era ruim e está pior sem ele; a Líbia de Khadaffi era ruim, e está um faroeste selvagem sem ele e agora a Síria de Assad que era ruim com este lépido e faceiro no comando e que agora está um caos com a intervençao branca. O mundo ocidental nao precisou de intervençoes estrangeiras para ver que vivia nas trevas durante a Idade Média. O tempo passou e alguns guilhotinaram reis e rainhas enquanto outros souberam colocá-los em posiçoes menos determinantes para um futuro mais “iluminado”. Deixar que esses países jovens amadureçam por sua conta pode ser a única soluçao e nao estaremos criando inimigos monstruosos que irao depois se vingar explodindo lugares públicos localizados, ironias à parte, na rua Voltaire, em Paris, por exemplo, um dos grandes iluministas ocidentais. “Laissez faire laissez passer” segue sendo minha filosofia para a política internacional mundial. O nao deixar estes países se auto-gerirem faz com que parte de sua populaçao resolva querer viver em nossas terras e isso nao vai funcionar. O crescimento populacional dessas, pelo menos até agora, “minorias”, é muitíssimo maior que o crescimento da atual “maioria”. Em uma conta básica de progressao matemática, é óbvio que os principais países da Europa vao ser estados árabes já que estes sempre, mais cedo ou mais tarde, como já acontece na Bélgica, França ou Austrália, irao tentar impor suas leis e hábitos. A Europa, berço de nossa civilizaçao, irá desaparecer aos poucos nessa nova invasao moura que nao começou agora com o caos sírio, senao há algumas décadas atrás.

Ainda sobre esta convivência de minorias com maiorias, David Cameron uma vez, ao ser questionado por um político caribenho sobre a dívida que os ingleses têm com estes países devido ao processo de colonialismo e exploraçao, disse que estes deveriam “move on” já que isso aconteceu há muito tempo, o que caracteriza o outro lado da moeda. Nao se pode simplesmente “move on”, pois somos responsáveis por boa parte do fracasso desses países e aí Cameron nao vê que a soluçao nao é desembocar todos os árabes e africanos na Europa, por mais que a esquerda radical venha com aquele discursinho de que todos somos iguais e deveremos viver juntos felizes para sempre, isso é apenas um comentário poético e politicamente correto. Nao vivemos bem juntos, basta deixar de ir à Disney nas férias e penetrar nas entranhas das grandes cidades europeias e infelizmente somos mais um mamífero qualquer, apesar de nos acharmos os reis da cocada preta. Nenhum grupo de mamíferos na vida selvagem vive junto. É cada um pro seu lado. Há sim, doe a quem doer, diferenças genéticas entre as raças e soma-se a isso as abismais diferenças culturais, ou seja, nao nascemos para viver juntos. “Imagine” de John Lennon, que pregava, entre outras coisas um mundo sem fronteiras, é apenas poesia. É como o comunismo. Na funciona.


Querem uma soluçao rápida? Parar de armar delinquentes sociopatas em países que nao representam qualquer ameaça ao nosso tal “mundo livre” e ajudemos, aproveitemos a existência de órgaos decorativos como Uniao Euopeia ou ONU para criar fundos de desenvolvimento de países outrora devastados por nossas geraçoes passadas e, assim, nao seremos obrigados a ver as cenas deploráveis de bombas explodindo em bares e restaurantes e muito menos uma onda de pessoas invadindo e tirado proveito do que uma outra civilizaçao foi capaz de construir.

sábado, 7 de novembro de 2015

Quando nos tornamos tao idiotas?

Jamais tratei animais domésticos como pessoas. Para mim um ser humano é um ser humano enquanto que um cachorro é um cachorro e por isso nao deve entrar em casa ou usar roupas. Esta consideraçao não significa que tenha o ser humano como um ser melhor que qualquer outro, pelo contrário, somos das poucas espécies que planeja o mal e somos os que menos sabem viver em sociedade. Temos tantos defeitos que não cabe nem começar a citar e fazemos um péssimo uso da inteligência superior que nos foi dada. Ao mesmo tempo em que criamos máquinas incríveis, criamos, por exemplo, uma arma que pode matar a maioria dos seres viventes do planeta, o que pode ser, talvez, é o maior exemplo de nossa ilimitada estupidez.

Infelizmente não sou tao velho como gostaria, mas já vivi o suficiente para poder notar a degradaçao do comportamento humano em açoes do seu dia-a-dia. Nao vou abordar aqui temas mais profundos como a indústria bélica, mas atos corriqueiros de nossa vida moderna atual que comprovam que estamos cada vez mais estúpidos e, um dos avanços que demonstra nosso brilhantismo, a Internet, torna pública toda a estupidez internacional de nossa pobre raça.

Poderia começar falando de música. Na década de 60, entre as bandas que apareciam nos primeiros lugares dos charts, estavam os Beatles, os Rolling Stones, Bob Dylan e Led Zeppelin, entre outros. Nos anos 70, estrelavam os mesmos Beatles e Led Zeppelin, acompanhados por nomes como Queen e Sex Pistols; durante os 80, década que chegou a ser chamada no Brasil de “a década perdida” davam as caras nomes como The Cure e Michael Jackson, Queen ainda permanecia, mas já a decadência começava a demonstrar que vinha para ficar; nos 90, Nirvana e Metallica ilustravam os charts, mas já apareciam nomes nefastos como Dr. Dre; nos anos 2000, já temos Lady Gaga, Destiny´s Child, Mariah Carey, entre outros, com poucas bandas que atenuam o desastre. The Beatles era a banda das adolescentes gritonas dos anos 60; hoje temos um patético e degenerado projeto de futuro desastre chamado Justin Bieber causando gritarias por onde passa. Letras geniais foram deixadas de lado e substituídas por ritmos pobres, banais e simplórios como o hip hop americano e suas crias não menos miseráveis que assolam o resto do mundo como o reggaeton nos países hispânicos, por exemplo. O Brasil não ficou atrás e trocou décadas de domínio de gênios musicais da Bossa Nova e roqueiros endemoniados por duplinhas sem sal de almofadinhas com gel no cabelo e com o maior número de quinquilharias penduradas por seus esturricados corpos em suas roupas vergonhosamente justas. Nos anos 60 Jimi Hendrix aparecia entre os artistas com mais álbuns vendidos; nos anos 70, Neil Young; nos 80, quando começa a decadência, ainda temos Pink Floyd e Michael Jackson, mas já a partir dos anos 90 entramos na aguda desaceleraçao de nossa capacidade massiva de pensar. Temos Spice Girls e Backstreet Boys, seguidos por NSYNC, Eminem, 50 Cent e Usher nos anos 2000 e Eminem de novo e Justin Timberlake nos anos 2010.

Se passamos para a literatura, é a mesma desgraça. Hoje o que mais vende é Dan Brown, Harry Potter, 50 Shades of Gray enquanto que nos anos 60, por exemplo, o mundo consumia Salinger, Henry Miller, Philip Roth ou Mario Puzo.

Por que hoje a humanidade posta vídeos na Internet jogando-se um balde de água fria na cabeça e isso se torna uma tendência mundial? Por que agora a moda é escrever no máximo 140 letras para dizer nada? Por que agora o “cool” é publicar fotos nus? Por que agora um pais como o Brasil para e paga pay-per-view para ver uma dúzia de retardados trancados por livre e espontânea vontade em uma casa e que ainda por cima são chamados de “heróis” por outro débil mental?

E não paramos por aí. Quais foram os filmes que mais arrecadaram nas últimas décadas no Estados Unidos? Nos anos 60, The Sound of Music, The Graduate, entre outros; nos anos 70 tivemos Jaws, The Godfather, entre outros; nos anos 80 ET, Back to the future Indiana Jones, enquanto que nos 90 já nos deparamos com idiotices como Titanic, Toy Story, Jurassic Park, Independence Day e Men In Black; nos 2000, Shrek, The Pirates of The Caribbean, Spiderman e Transformers e nos anos 2010 Avengers, Iron Man, Harry Potter e de novo continuaçoes absurdas como Transformers e Velozes E Furiosos. Vale salientar que já temos OITO sessoes de Velozes E Furiosos que é um filme sobre nada, onde nada acontece e sem qualquer tentativa de contar uma história.

Hoje não queremos pensar. Lemos pouco e o que lemos, quando têm mais de 140 caracteres, é fácil, é bobagem, é auto-ajuda; queremos filmes onde podemos deixar nossos cérebros em casa, queremos monstrinhos, pouca história, muita imagem e pouco conteúdo porque depois temos que chegar em casa e jogar água fria na cabeça ou ver as fotos de alguma celebridade no Instagram onde podemos passar horas lendo reflexoes medíocres de medíocres.

Para nos sentir parte de uma tribo, nós, cidadaos normais, transformamos nossas apariçoes em redes sociais em acontecimentos pobres de uma realidade triste. Avisamos que vamos ao banheiro, publicamos fotos do que comemos, manifestamos estados de espíritos em um grito desesperado por ser visto e comentado por alguém. Somos a geraçao mais triste de todos os tempos, mais altamente capaz de se comunicar, mas mais carente e isolada. Temos medo de tudo e nos escondemos num mundinho vazio pseudovirtual para poder tentar ser quem não podemos, mas que gostaríamos de ser. Queremos, como uma criança rebelde, ser vistos e notados, senao não existimos.


Soma-se a isso o fator atual de que tudo gira em torno do dinheiro. Tiramos fotos em hoteis bregas de Miami para que todos saibam que podemos pagar uma hospedagem em tal estabelecimento e que, assim sendo, seremos “melhores” vistos em nossa pobreza social. Tiramos já fotos de nós mesmos, nem sempre nus, demonstrando que já não necessitamos de outros para tirarem nossas fotos, mas também esternando o quao tristes e solitários somos. Uma foto com alguma cara com alguma espécie de olhar vencedor para passar uma ideia de inútil poder. Nos endividamos para comprar um carro um pouco superior ao carro mais popular e nos sentimos mais poderosos, nos sentimos velozes e glamorosos e isso irá ditar a opiniao que os demais têm de nós. Eu como num restaurante mais caro, tenho um carro melhor, viajo para o éden da breguice e mediocridade de uma classe média frustrada, tudo isso para que minha personagem, meu avatar em uma sociedade doente seja o que mais pontos consegue. Nao se almeja mais ter o talento de alguém, mas sim a sua conta bancária. Tudo é dinheiro e um jogo sem regras claras de aparência.