segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

O Alberto morreu


Minha vó sempre se alarmava – e segue se alarmando – pela velocidade com que passa o tempo. Eu, quando criança/adolescente, do alto de minha arrogância juvenil aliada ao meu engrunhido pragmatismo, sempre rebatia. Usava essa lógica matemática que me caracterizava quando mais jovem. Os dias têm 24 horas, as semanas sete dias, os meses 28, 30 ou 31 dias e os anos 365. Portanto, pensava eu, do alto de minha ingenuidade infantil que todos os dias, semanas, meses e anos tinham a mesma duração. Uma de minhas poucas qualidades é admitir quando estava/estou errado. Sim, a minha vó tinha razão.

O tempo é descrito com números. Números são seres que desprezam a imaginação da interpretação. Não há imaginário, não há diferentes formas de vê-los, lê-los. Então, por que essa impressão de um tempo mais rápido ou mais lento em determinados momentos da vida? Não vou entrar na banalidade de analisar o que representa um segundo nos vaivéns da história com uma decisão de uma prova de atletismo. É obviedade. No entanto sim, o tempo tem caras, nuances e humores que o tornam algo a se sentir de forma variada conforme inúmeros aspectos.

Lembro das férias escolares de verão. Hoje não sei como estão as coisas, mas no meu tempo eram cerca de três meses. Eram eternas. Desfrutava. Até certo ponto. Eram três meses tão longos que chegava um ponto que cansava. A mente ávida por novidades de uma criança se cansa do mesmo e já quer algo diferente, novo. Os mesmos três meses hoje passam sem eu nem me dar conta. E a minha tia Tânia, como demorava para vir nos visitar?

A percepção do tempo é proporcional a idade das pessoas? Talvez. Essa é a única coincidência que encontro. Podem existir outros fatores? Possivelmente. O momento anímico, a avidez, aceitação ou a busca desesperada pela tão ansiada felicidade pode manipular essa percepção de tempo. Não sei, nada sei.

Minha arrogância juvenil, e repito o adjetivo porque é, talvez, o único que se encaixa quando analiso o que eu era há alguns bons anos atrás, me fazia pensar e ter duvidosa certeza de que, tudo que eu defendia, pensava e acreditava ser verdadeiro e correto naqueles tempos eram dogmas, indiscutíveis, e que jamais seriam alterados em meu mecanismo de pensar. Hoje, a cada dia tenho mais e mais dúvidas. Parafraseando outros mais ilustres do que eu, tudo que sei é que nada sei e já não pertenço a nenhum “ismo”. Porém, adoraria ter certezas.

Quando adolescente uma de minhas “certezas” era a decisão de morar em outro país. Não sei se para sempre, mas tinha que sair. Saí. Tive uma experiência incomparável e que, com perdão pela simpleza da frase, mudou a minha vida e, como uma de suas tantas consequências, fez com que eu esteja morando em outro lugar. Hoje, aos 36 anos, idade que não vê a hora de atropelar os 37, 38 e seguir sua rápida “evolução” despiedada, penso - eis a contradição! -  que, se tivesse que escolher um lugar para morar, este seria, vejam só, nenhum dos outros dois países que morei e muito menos um dos mais de cinquenta países que já visitei. Eu escolheria Porto Alegre.

O texto não é sobre a cidade que me viu nascer e, sendo assim, não me alongarei em críticas nem elogios a tal lugar. Porto Alegre está longe de ser das melhores cidades que já estive, até, se apertado, diria que não gosto da maioria dos traços de Porto Alegre, mas há algo chamado imaginário que me faz, cada vez mais, em uma intensidade inversamente proporcional à piora da qualidade de vida da capital dos gaúchos, querer voltar. O mais provável é que jamais voltarei, embora a visite todos os anos, mas a vontade está. Nesses dias mais silenciosos – e são cada vez menos – aparecem lembranças, cheiros, pessoas, lugares e momentos que jamais viverei de novo em lugar algum. Mergulhei com tubarões em uma ilha paradisíaca da Tailândia há poucos meses atrás. Vi o Coliseu iluminado na puberdade de uma noite de verão. Senti o excesso de significados da Acrópoles, caminhei pelo maior templo jamais construído pelo ser humano no Camboja, entre outras aventuras, porém, nenhuma dessas histórias/sensações pode ser comparada às conversas que tive com amigos mais próximos e familiares entre alguns baldes de suco de maracujá ou de uva em dias comuns e correntes que, nesses momentos quando ocorreram, passaram anonimamente de cabeça baixa em direção ao óbvio esquecimento. Pois esses momentos ressuscitam mais e mais fortes e cada vez mais cheios de significado e saudade. Demonstram-se indeléveis. Sinto falta de algo que nem sei o que é.

Este ano, durante a minha infalível visita a Porto Alegre, fiquei sabendo que o Alberto estava mal de saúde. Dias depois, antes de muitos, recebi a notícia de que havia morrido. Morreu o Alberto.  Aposto que meus três leitores sabem quem é dito cujo, mas, se estou ganhando novos adeptos em tempos de leituras de no máximo 140 caracteres, explicarei quem era o Alberto. Os três já citados não precisam pular para o próximo parágrafo, pois, talvez, tampouco sabem sobre o simbolismo por trás do velho gremista.

Ipanema é a minha Porto Alegre. Pouco saí das fronteiras da “princesinha do mar”, apelido dado pelo poeta Ângelo Moura Tergolina que, diga-se de passagem, jamais terá acesso a este texto que sutilmente o homenageia já que, dizem as más línguas, as meninas da casa de burlesco do andar abaixo do dele trocaram a senha do wi-fi que ele surrupiava. Uma pena. Sinceramente, a fome de conhecer o mundo que sempre tive (e ainda tenho), se escondia em algum recinto que aparentemente era impossível de escapar. Não me interessava em sair do meu bairro, da minha fantasia, da minha Pasárgada. O Alberto, durante as primeiras décadas da minha vida, aliás, da NOSSA vida, pois aí incluo os amigos do bairro, era o único mercado que havia há uma distância razoável de nossas casas. 

Um balcão, uma balança, um cortador de frios, um congelador, uma estrutura de madeira com frutas em sua maioria putrefazendo-se e um pôster do Grêmio campeão do mundo. Isso era o Alberto. Tão “old school” que talvez tenha morrido sem jamais ter escutado tal estrangeirismo. O que havia atrás daquela porta que ele cruzava de vez em quando? Não sei. A complexidade do bar/mercado do Alberto era tanta, que reunia todas as faixas etárias do bairro. Durante o dia podia-se encontrar a velha guarda, várias caras que cada vez são mais difíceis de lembrar e nomes cada vez mais esquecidos. Lá se juntavam. Zero sofisticação. A elite do bairro, a classe média e os operários. 

Alguns estacionavam suas Mercedes enquanto outros adentravam o recinto com suas Havaianas bicolores. Harmonia total. Um lugar onde não havia diferenças, não havia relógio e que havia nada além do momento. Cachaça no inverno para esquentar. Cerveja no verão escaldante para refrescar.

A geração outrora jovem do bairro, lá ia para cumprir os favores de mercado das famílias ou para também dar-se um pouco de prazer ao tomar um refri ou comer um picolé. A maioria tinha um caderno onde o homenageado anotava o que era vendido e, ao final do mês, pagava-se. Os velhos importunavam os jovens. Uma camisa do Grêmio (ou deles) era suficiente para acender alguma discussão que sempre contava com o apoio do dono do campinho, gremista dos pés à cabeça. Todo mundo que se via no bar do Alberto era conhecido. De vez em quando havia a alegria de encontrar o meu amigo Rick comprando seus picolés. Ou talvez estava a querida tia Loiva reluzindo suas louríssimas melenas que brilhavam sob o sol escaldante. De vez em quando estava o Bruno ou o Gustavo. Noutros dias o Pablo e sua camisa do Grêmio modelo 1996. Mas sempre havia alguém não atrás dos produtos vencidos lá comercializados, mas atrás de algo que só o imaginário de cada um pode dizer o que realmente é. Até um futebol improvisado era jogado na frente do estabelecimento quando o herdeiro de tal ponto já tinha idade para chutar uma bola. Lá os mais jovens muitas vezes se deslumbravam com as habilidades do Tito, o filho do seu João, família que tanto colaborou na construção e manutenção das variadas propriedades do bairro sempre utilizando os métodos menos sofisticados possíveis de “engenharia”. O Tito jogava bem. O controle de bola dele impressionava o meu avô que reconhecia o talento dos jovens, mas nos desafiava ao dizer que nenhum de nós matava a bola como o Tito.

O Alberto não tinha horários. De vem em quando, depois de fechar ao meio-dia, voltava a abrir às 14h. Em outros dias poderia abrir às 14h30min, 14h45min, 15h ou não abrir. Seu fiel público ia, dava com a cara na porta de ferro enferrujada e voltava resignado com o pensamento de ter que voltar mais tarde, sem indignação. O mercado também jamais sequer cogitou a hipótese de receber algum prêmio relacionado à inovação. Os mesmos produtos desde sempre. De vem em quando Fátima, a primeira-dama, se inspirava e produzia produtos como pastéis e afins, mas nunca se sabia se eles lá estariam. A falta de inovação também valia para o pôster do Grêmio campeão do mundo. O Grêmio ganhou outros muitos títulos, mas jamais algum convenceu ao núcleo do bairro de ter a honra de escalar as paredes gordurosas do mercado do Alberto que, aliás, não tem nome. Se algum dia o Grêmio for campeão do mundo de novo, será que Alberto substituiria o quadro? Ou colocaria ao lado do já cansado pôster? Jamais saberemos.

Quando o mercado foi inaugurado? Até quando vai durar? A esquina da SABI foi vista como um lugar estratégico no que poderia ter sido o único estudo de “marketing” jamais realizado pelo velho Alberto? Não sei.

No entanto, não é só o Alberto que me traz recordações e vontade de voltar. Encontrar um amigo distante, um conhecido, um ex-colega numa fila de supermercado é das coisas que me dói saber que tenho menos de um mês por ano para que me aconteça. Quantas vezes encontrei alguém no Zaffari de Ipanema já em tempos mais hipermodernos? Ou, por acaso, no Centro? Ou ir jogar um futebol e encontrar entre os atletas algum ex-colega, amigo distante? Somente um exilado sabe o gosto deste momento. Esses dias andei pensando no meu amigo Malé. Conheço-o desde que tinha cinco anos e com ele convivi bastante até há alguns anos atrás. A distância nos separou e já se tornou daquelas pessoas que muito provavelmente não o veja em minhas idas a Porto Alegre. Adoro e admiro o Malé e senti essa incômoda mensagem de que já não posso ver e/ou conviver com todas as pessoas que eu gostaria. Penso muito no Jean também, não sei por que, meu amigo desde os cinco ou seis anos também. Uma pessoa que, além de meu amigo, tem minha admiração e que não vejo há anos.

Na minha próxima ida a Porto Alegre passarei pela frente do Alberto. Seguirá funcionando? Estará aberto? Terei a iniciativa de entrar? Provavelmente não, e o motivo é que, o que eu estarei procurando, não se vende lá ou em nenhum outro lugar.

domingo, 28 de outubro de 2018

De Fascista A Comunista No Mesmo Dia

O Brasil (e talvez o mundo) nunca esteve tão polarizado. Não há clichê mais batido na atualidade eleitoral tupiniquim. Os gaúchos historicamente foram vistos como seres de extremos, sempre se usou a comparação do comportamento político do século XIX e XX com o Grenal e com os chimangos e maragatos. No Rio Grande, historicamente era-se uma coisa ou outra. Pois, tudo mudou. O Rio Grande decidirá no segundo turno entre dois candidatos que poderiam, em caso de que os vices fossem apenas figuras decorativas da política nacional, estar de mãos dadas já pensando na decoração de seus gabinetes no Palácio Piratini. Eduardo Leite é um Sartori mais sofisticado e moderno. Em outras palavras, versão 2.0.

No meio de tanta polarização, entro eu. Em tempos de redes sociais, fui acusado, num mesmo dia, de ser fascista e esquerdopata, duas alcunhas que ninguém diz ser, mas que todos creem, cegamente, que um dos dois sim existe, dependendo do que estes querem ver, dependendo do tao atual ideologismo seletivo.

Sou a favor de políticas sociais. Logo, sou comunista e devo ir morar na Venezuela.

Eu, sem a necessidade de ser brilhante para chegar a tal conclusão, considero a Venezuela mais um dos tantos fracassos do esquerdismo burro e retrógrado, portanto, sou coxinha.

Sou contra qualquer forma de ditadura. Considero, e essa é, talvez, minha única certeza quanto a formas, meios e doutrinas de governo, que a democracia é o melhor dos mecanismos. Muito falho, é verdade, mas o melhor, ou usemos então o também atual “menos pior”. Acho, portanto, que um candidato exaltar a figura de energúmenos torturadores e ditadores corruptos, sim, corruptos, uma barbaridade e jamais, então, estes teriam o meu voto, o que tenho certeza que não os faz perder o sono. Sendo assim, sou esquerdopata.

Questiono as contradições da ala do Messias. Ao mesmo tempo, que insistem na degradação de homossexuais e exaltam os “bons costumes”, como podem ter acolhido como um de seus mais fortes cabos eleitorais o novíssimo deputado federal Alexandre Frota, ex-ator de filmes pornográficos e que tantos beijos gays já deu por aí em seu passado de palhaço midiático? E a constante louvação à igreja, essa que acobertou por tantos séculos abusos e mais abusos de padres contra meninas, mas principalmente contra meninos, ou seja, abusos homossexuais e infantis? Aproveito a menção ao que costumava dividir câmaras comprometedoras com ritas cadillacs da vida e faco uma pergunta ao ex-índio Mourão: será o ex-Casa dos Artistas um dos “notáveis” que escreverá a nossa nova constituição? Aliás, rasgar a carta-magna de um país e ter outra reescrita por “notáveis” é algo que nem a não-democrática Venezuela fez, pelo menos ainda.

Além das acusações que dão título a esse texto, também já fui acusado de ser o tal “centrão” que, segundo meu acusador, é algo falso, carapaça para esquerdopatas se esconderem. Daí pergunto: por que não podem existir pessoas que não se identificam com nem um extremo, nem outro? Teremos que sempre ter ou fotos fazendo gesto de armas como foto de perfil do Facebook, ou foto com a inscrição Lula Livre? Sou a favor do Lula esgotar suas apelações em liberdade. Por que o adoro? Não. Porque é o que manda a consituição. Devo ir pra Cuba? Calma! Também julgo que Maluf foi justamente mandado pra cumprir sua sentença de prisão domiciliar nos Jardins porque é, novamente, o que a constituição, esta que Bolsonaro diz ser um “escravo”, diz. Logo, sou defensor de ladroes.

Sou a favor do casamento gay, da adoção gay, do aborto, da eutanásia e da legalização de todas as drogas. Penso que o Estado não deve se meter nas vidas pessoais dos cidadãos ao dizer com quem cada um deve transar ou deixar de transar, ou dizer que droga é legal (álcool, cigarro) ou que droga é ilegal. A direita fanática quer Estado mínimo na economia e Estado máximo pra controlar as vidas de cada um. Pagariam uma polícia religiosa como ocorre na tao vanguardista Arábia Saudita assassina de jornalistas? Teríamos guardas separando beijos gays pela rua? Preferimos deixar crianças jogadas em nefastos albergues sem muita verba ao invés de dá-las a casais de pessoas do mesmo sexo? Gastaríamos verbas do tao ansiado estado mínimo para tais fins? Guardas e albergues custam dinheiro, bem como pessoas não querendo mais viver/sofrer em hospitais públicos.

Sendo assim, por ter essa opinião sou acusado de ser esquerdopata. Ao mesmo tempo, sou a favor das políticas anti-imigração de Trump, Marine Le Pen e da AFD alemã entre outros fenômenos parecidos que vêm se fortalecendo Europa afora. E agora, onde me colocam? Racista ou esquerdopata? Sou contra a tal pedofilia de esquerda que a turma do mito tanto acusa com seguidas fake news. Ao mesmo tempo, sou contra a pedófila Igreja Católica, tao defendida pelos seguidores do Messias, todos homens “de bem”. A simplificação é o pior dos extremismos que enfrentamos atualmente. Nãose pode simplificar a tao complexa existência humana. Esse mês tanto a mesma Marine Le Pen quanto representantes do AFD alemão saíram a dizer que as ideias de Bolsonaro jamais seriam aceitas em seus programas.

Falando em suas ideias, Bolsonaro este mês falou em mudar o nome do Bolsa-Família e, inclusive, estabelecer um 13 “salário” deste programa. Está sendo o mito populista para com o povão que não o engole ainda? A resposta de seus apoiadores é o mais gritante silêncio. Os apoiadores de Bolsonaro não se importam com o que o salvador fará em relação ao que é, talvez, o aspecto mais importante de qualquer governo: a economia, a base de tudo em uma sociedade capitalista. Dá nada. Seu mentor econômico diz uma coisa, Messias rebate de sua cama de hospital e tudo segue sem causar muito alvoroço entre seu séquito de seguidores fanáticos, tão fanáticos como os que acampam na frente da cadeia de Lula. Repito o que antes já disse: vota-se em Bolsonaro por quatro motivos: combate a corrupção, algo que todos dizem que irão fazer e que deveriam fazer sem serem elogiados por isso já que deveria ser uma obrigação; segundo, votam em Bolsonaro para terminar de acabar com o PT, partido que já é um zumbi, um morto que insiste em incomodar, que vem respirando por aparelhos há horas; terceiro, vota-se em Bolsonaro para se ter mais segurança pública algo também impossível de resolver sem um novo pacto social, vide o fracasso das operações do exército no Rio de Janeiro; e, para terminar, votam em Bolsonaro para liberar tantos sentimentos violentos e raivosos que a maioria cansou de guardar. Não dá mais pra chamar crioulo de afro descendente; não aguenta-se mais chamar sapatonas ou viadinhos de homossexuais; não dá mais pra pesar negro em quilos, exige-se a volta da “arrouba”. Por esses motivos a classe média e as elites brasileiras insistem em se apegar a um salvador, algo pouco original em termos de história e esse apego tem a ver, e muito, com seu imaginário.

Haddad, no desespero de agarrar o poder com unhas e dentes novamente, não fica muito atrás. Não tem coragem de dizer que é ateu. Frequenta missas católicas e evangélicas na maior cara de pau. Por votos. A prostituição política é normal a todos. Iguaizinhos. Perdoem-me os torcedores de Bolsonaro e os adoradores do PT. Vocês têm muitas semelhanças, não vale a pena negar. O poder justifica tudo. A sede é imensa. Bolsonaro engole o Bolsa-Família, Haddad esconde o vermelho debaixo do tapete e se veste de verde e amarelo.

Acho eu que Bolsonaro seja corrupto e tenha más intenções? Não, sinceramente não e por isso poderiam, pelo menos nesse parágrafo, me chamar de fascistão. Acho que ele tem boas intenções, mas seus métodos de conseguir tais resultados são um mistério e, quando aparecem, são estapafúrdios e acho que jamais funcionarão. Armar a população não resolve o problema da violência apesar de que sou a favor do porte de arma, mas de maneira controlada como é a licença para dirigir um veículo, por exemplo. Mas não solucionará. Não é assim que funciona. Perguntem para os revolucionários franceses de 1789 e eles têm a solução para os problemas da violência: pacto social. Se Bolsonaro ganhar, espero que consiga cumprir os seus quatro anos. É bom para a jovem democracia de um país que ainda não entendeu como esta funciona. Desejo toda a sorte do mundo ao capitão e seu time de coroneis e artistas pornôs. Bolsonaro esquiva-se de temas mais complexos, a massa igualmente. Todos, candidatos e massa (e mídia) seguem na insistência de falar de racismo, pecuinhas de Twitter entre homossexuais e súditos do mito e ignoram que tudo isso é de pouca importância prática ao país. Bolsonaro nem de debates participa porque ele sabe que pouco sabe de temas vitais. A imprensa joga o seu jogo. Apoia Bolsonaro? Apoia a Haddad? Não, apoia a si mesma. As polêmicas do capitão e sua trupe vendem jornais, sendo assim, que venham mais e mais.

Acho Haddad mais apto ao cargo? Não sei, mas pelo menos tem uma ideia. A ideia irá funcionar? Não sei. Um neoliberalismo no melhor estilo ianque funcionaria no Brasil? Acho impossível. A Argentina de Macri é um exemplo que a direita prefere não comentar. Um estado com mais ingerência na economia é melhor? Acho que sim. Prego o estado máximo? Jamais. Mínimo? Tampouco. Um meio-termo. Estado mínimo num país como o Brasil é como pôr tubarões para cuidar de peixes. O poder econômico voraz sul-americano engolirá os mais fracos. A Lei Áurea terminará revogada. O capitalismo não sacia-se jamais. Haddad prega isso? Não sei, talvez. Dizem que, se ganhar, escolherá um ministro da economia liberal. Será verdade? Ou será somente estratégia para se desvincular de Lula e do PT e conquistar votos do antipetismo assim como foi sua mudança de cores? Acho que nunca saberemos porque parece que ele tem poucas chances de ganhar.

Assim estamos. O tao louvado “mercado“ adorando a verborragia de Bolsonaro, parte da população liberando seus preconceitos, a mídia vendendo jornais, notícias falsas por todos os lados, campanha mais vazia da história e eu aqui com os meus botoes, pensando qual será a receita para algum dia esse país sair do buraco.

sábado, 29 de setembro de 2018

Analogias, Bolsonaro E Hipocrisia


Dias antes de um dos clássicos de maior rivalidade do futebol mundial, Lucas Pratto, centroavante do River disse que seu time tem mais carácter que o seu rival, o Boca Juniors. Eu vi a entrevista e o jogador fez o seu comentário da forma mais educada e inofensiva possível. Quem conhece um pouco da loucura que rege o futebol argentino pode imaginar o "quilombo" que se armou. Meteram-se na discussão outros jogadores, ambos técnicos e os programas esportivos gastaram horas a fio falando da tal provocação.

Teve Pratto a intenção de botar fogo no já fogoso por natureza clássico porteño? Não, em absoluto. Assim sendo, nada gerou tal declaração? Pelo contrário, gerou um incêndio de proporções estratosféricas. Era evitável o comentário tendo em vista a experiência de um jogador com passagens por outros grandes clubes como Vélez Sarsfield, São Paulo e o próprio Boca Juniors? Sim, era.

Onde entra o Bolsonaro no meu texto sobre um jogo de futebol?

O boçal vice do boçal Bolsonaro, general Mourão que acabou de afirmar que não descarta um golpe autofágico contra si mesmo em caso de "anarquia" disse, há alguns meses atrás, levantando polêmica, que o Brasil herdou a indolência indígena, a malandragem do negro e a cultura de privilégios dos ibéricos. Mourão foi bombardeado pela esquerda mais cega brasileira e por parte dos moderados. A esquerda, com a faca entre os dentes saiu disparada a manifestar sua perplexidade contra a ofensa aos negros e indígenas, ainda mais considerando que Mourão, como ele mesmo disse, é descendente próximo de nossos primeiros habitantes.

Aí eu me pergunto: por que ninguém saiu para defender os também ofendidos ibéricos? Será porque esses são brancos e representam o outro lado da disputa? Hipocrisia? Mouraço poderia ter ficado calado.

Falando em hipocrisia, na semana passada, durante a final do US Open entre Serena Williams e Naomi Osaka, final esta vencida pela japonesa negra filha de um haitiano, a derrotada cometeu duas falhas consideradas graves. Muitos (hipócritas?) usaram o futebol, o mesmo esporte que usei na minha primeira analogia e que tantas vezes comento como um exemplo da barbaridade cometida supostamente contra Williams. No futebol os jogadores xingam o árbitro e rasgam camisetas e nada acontece. Pois é, mas o tênis é outro esporte. A torcida é calada pelo juiz. Os jogadores têm servos que os secam e os apalpam. É outro esporte. É outra realidade. Pois nesse esporte, qualquer ato considerado de desrespeito, é punido. A regra vale para todos. E todas. Kyrgios deixa boa parte de suas premiações na conta da Associação Internacional de Tênis, pois tem o hobby de quebrar raquetes. Durante os jogos. Pois eis que Serena quebrou uma raquete. E, no mesmo jogo, chamou o repartidor de justiça de "ladrão". Este a puniu com a perda de pontos e, posteriormente, a federação puniu a americana com uma multa de módicos 17 mil dólares. Digo "módicos" considerando que o prêmio para a perdedora de dita final foi de 1,8 milhão da mesma moeda.

A irmã de Venus chorou em quadra. Em seguida disse ter sofrido um ato de racismo e sexismo. Disse ela que, se fosse um homem, este não seria punido. Um jornal australiano publicou uma charge cômica de Serena representada fidedignamente por uma caricatura dela mesma, ou seja, mulher e negra, destruindo uma raquete. O jornal foi bombardeado por críticas de uma esquerda enfadonha. No mesmo jornal havia charges de Trump. Homem e branco representado como um homem e branco.

A direita raivosa brasileira não perdoa o tríplex do Lula. A mesma direita acredita piamente que a capa da Forbes que dizia ser Lula um dos homens mais ricos do mundo é verdadeira. Não perdem a chance de sorrir sorrateiramente a cada nova negação de liberdade da pessoa Lula ou do candidato Lula. Também fazem vistas grossas às declarações da ONU de que Lula deveria estar solto até a finalização de seus recursos e, como consequência, poderia ser candidato. Não. Lula deve apodrecer na cadeia, pois é ladrão. De esquerda. Ou pelo menos autointitulado de esquerda. A mesma indignação não aparece quando o criminoso é de direita. Por quê? Não estamos todos juntos na luta contra a corrupção? A mesma direita afirma sem titubear que o PT mandou esfaquear Bolsonaro. No entanto, defende a sua grande amante, a ditadura dos ustras da vida que também esfaqueavam prisioneiros. E, pelo lado de Bolsonaro, já dizem que, em caso de derrota, esta será causada por fraudes nas urnas eletrônicas. Será essa “fraude” considerada “anarquia” por Mourão?

Não sou contra Bolsonaro por ele ser racista e machista, pouco este consegueria fazer contra essas minorias. Sou contra Bolsonaro por este ser o mais vazio de todos os candidatos. Bolsonaro existe por mexer com o imaginário de boa parte da população que jamais aceitou a mudança de costumes de nossa sociedade. Já não se pode mais bater em mulher ou chamar de vagabunda, humilhar negros ou índios, gozar dos afeminados. Isso é “mimimi” pós-moderno. Agora não se pode mais. Há leis que proíbem. Esse público não se interessa pelo primordial que um candidato ao cargo mais importante do país deve apresentar que são projetos econômicos, ideias de como melhorar a sociedade, a vida de todos. Isso pouco importa até porque, acompanhando as declarações públicas do mito, nota-se que ele mais parece um adolescente mimado querendo chamar a atenção e ganhar mais presentes. Bolsonaro não se preparou e sabe que isso pouco importa. Não tem um plano, não tem ideias. As que tem, são todas intromissões nas vidas pessoais de cidadãos, mas nada relativo ao funcionamento da nação. É um Tiririca com grife. Sua cara ao ser perguntado pelos juros definiu bem sua banalidade. Não tinha a menor ideia do que dizer. Ciro Gomes defende a retirada dos nomes sujos do SPC enquanto que a candidata do PSTU diz que vai estatizar as grandes empresas do país. Ambas ideias absurdas, eleitoreiras ou devaneios de uma esquerda parada no tempo como os eleitores de Bolsonaro, mas pelo menos eles têm ideias. Bolsonaro não tem. Quer ser presidente via eleições democráticas, mas sente saudades da não existência dessa mesma democracia. É contra o aborto, é contra os direitos de homossexuais, legalização das drogas (mas sim das armas) e isso o torna um "mito". O mito das obviedades. Aposta num demônio que habita o interior de muitos daqueles que jamais aceitaram as mudanças de comportamentos que vêm acontecendo com o passar dos anos e que abominam o comunismo (programas sociais que estimulam a vagabundagem). E, quando abre uma exceção e aborda algo mais relevante aos rumos da nação, são apenas ideias retrógradas, como a tal nova constituição de Mourão elaborada por “ilustres”, algo que nem a famigerada Venezuela fez.

Mesmo sabendo que isso "é o de menos" e que não deve interessar aos seus seguidores, recomendo que estes revisem os votos de Bolsonaro ao longo de seus anos de vida pública em temas realmente relevantes, temas econômicos. Os desavisados vão se surpreender, mas o mito votou quase sempre em sintonia com o...PT, o partido de Lula, o partido do maior criminoso da histórias da Via Láctea que, entre outros crimes, mandou o pedreiro matar o mito e tirá-lo da vida e entrá-lo na história.

Definição de "anarquia" segundo o Google: "ausência total de estrutura governamental em um estado".

Será esse o "golpe" do triunvirato mito, Mourão e Alexandre Frota? Ganhar as eleições, declarar que não têm qualquer ideia do que fazer a partir do dia primeiro de janeiro e cumprir a promessa do índio anti-índios, negros e ibéricos? Faço sinal de armas com as duas mãos e deixo meus três leitores a pensar com a definição de "mito": seres sobrenaturais e extraordinários que realizam atos prodigiosos, tais como deuses, heróis, monstros ou personagens fantásticos.

Uma pessoa que sempre viveu como político pulando de partido em partido e tem como sua maior conquista a justificação do não estupro de uma colega é um mito? Eu tenho certeza que sim.


segunda-feira, 16 de julho de 2018

Temporada 2017-2018


Ao final de mais uma Champions League e Copa do Mundo, atualizo o melhor ranking de futebol já feito, o único baseado somente em argumentos sólidos, ou seja, o meu.

Segue a lista dos 50 gigantes do futebol mundial:

1.     Real Madrid - Espanha;
2.     Bayern Münich - Alemanha;
3.     Barcelona - Espanha;
4.     Milan - Itália;
5.     Juventus - Itália;
6.     Boca Juniors - Argentina;
7.     Peñarol - Uruguai;
8.     Manchester Utd - Inglaterra;
9.     Ajax - Holanda;
10. Porto - Portugal;
11. Inter - Itália;
12. Liverpool - Inglaterra;
13. Nacional - Uruguai;
14. Independiente - Argentina;
15. River Plate - Argentina;
16. Benfica - Portugal;
17. São Paulo - Brasil;
18. Olimpia - Paraguai;
19. PSV - Holanda;
20. Santos - Brasil;
21. Celtic - Escócia;
22. Corinthians - Brasil;
23. Olympiakos - Grécia;
24. Estudiantes - Argentina;
25. Dortmund - Alemanha;
26. Vélez Sarsfield - Argentina;
27. Flamengo - Brasil;
28. Palmeiras - Brasil;
29. Grêmio - Rio Grande do Sul;
30. Atl Madrid - Espanha;
31. Internacional - Brasil;
32. Estrela Vermelha - Sérvia;
33. Feyenoord - Holanda;
34. Colo Colo - Chile;
35. Dinamo Kiev - Ucrânia;
36. Chelsea - Inglaterra;
37. SC Anderlecht - Bélgica;
38. Nacional - Colômbia;
39. Dynamo Dresden - Alemanha;
40. Rangers - Escócia;
41. Arsenal - Inglaterra;
42. Steua Bucarest - Romênia;
43. Galatasaray - Turquia;
44. Marseille - França;
45. Cerro Porteño - Paraguai;
46. Cruzeiro - Brasil;
47. San Lorenzo - Argentina;
48. Vasco - Brasil;
49. Rosenborg - Noruega;
50. Saint-Etienne - França.

13 maiores seleções da história:

1.     Brasil;
2.     Alemanha;
3.     Itália;
4.     Argentina;
5.     França;
6.     Espanha;
7.     Uruguai;
8.     Inglaterra;
9.     Holanda;
10. Croácia;
11. Rússia;
12. Bélgica;
13. Ucrânia.

10 melhores ligas nacionais historicamente:

1.     Espanha;
2.     Itália;
3.     Inglaterra;
4.     Argentina;
5.     Brasil;
6.     Alemanha;
7.     França;
8.     Portugal;
9.     Holanda;
10. Uruguai.

Seleção da temporada no esquema 4-4-2 sem importar as posições específicas:

De Gea (Manchester Utd - Espanha);
Vertonghen (Tottenham - Bélgica);
Geromel (Grêmio - Brasil);
Marcelo (Real Madrid - Brasil);

Modric (Real Madrid - Croácia);
Kroos (Real Madrid - Alemanha);
De Bruyne (Manchester City - Bélgica);
Silva (Manchester City - Espanha);

Messi (Barcelona - Argentina);
Salah (Liverpool - Egito),

Bola de ouro: Salah.

Seleção da Copa do Mundo 2018 (3-4-3):

Courtois (Bélgica);
Varane (França);
Pavard (França);

Meunier (Bélgica);


Modric (Croácia);
Kanté (França);
Pogba (França);
Hazard (Bélgica);

Perisic (Croácia);
Mbappe (França);
Cavani (Uruguai).

Melhor da Copa: Modric.