segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O Mensalão

Nada mais adequado para se falar ao final de um ano do que o escândalo mais midiático da história desse país. O mensalão resume bem toda a podridão da mídia, da política e da sociedade brasileira. Temos oportunismo, ignorância, ódio, ideologia, negação de ideologia, acusação de ideologismo, parcialidade pornográfica, fanatismo, tudo isso girando em torno do maior escândalo de todos esses anos de governo do PT. Começo com um pouco de história e negando a doutrina principal da mídia golpista e fanática nacional. Os meios de comunicação mais reacionários como a revista Veja, por exemplo, querem, de qualquer forma, meter por goela abaixo que o PT foi o inventor da corrupção no Brasil. Dizem, em devaneios ideológicos que chegam a ser cômicos, que o país nunca havia sido tão corrupto. Ignoram por livre e espontânea vontade que o período militar que foi apoiado por quase que a totalidade dessa mídia, foi o responsável por obras faraônicas e pelo período de maior evasão de divisas da história desse país. Foi, sem dúvidas, o período de vacas gordas para todos aqueles que desejavam encher a barriga de forma rápida e sorrateira. Depois tivemos Fernando Collor, tivemos também FHC e suas escandalosas privatizações e variações cambiais que aconteciam durante uma obscura madrugada. Todos esses três exemplos foram sumamente mais nocivos à pátria do que mensalão que não causou dano direto à sociedade e que, friamente analisando apenas os números, saiu mais barato para o estado. Ainda falando dessa hipocrisia espalhafatosa da mídia anti-petista, vale destacar o histórico de “mensalões” que esse país já havia presenciado e não me refiro ao cronologicamente anterior mensalão do PSDB em Minas Gerais, e sim a mensalões ainda mais anciões. Lembremos que o governo Kennedy comprou boa parte dos políticos brasileiros algo que não é uma divagação de pseudo comunista e sim um fato. Kennedy e sua trupe mantinham contatos seguidos com personagens cancerígenos da história política brasileira como Carlos Lacerda e sim compraram o apoio político que necessitavam para o subsequente golpe militar que foi financiado pelo Estados Unidos e embasado pela grande mídia. Falando em tucanos, o que dizer do mensalão de FHC que resultou com a compra do direito à reeleição que foi estreado, não por coincidência, pelo próprio FHC. E o mensalão mineiro, já citado no texto, levado a cabo em Minas Gerais, antes do mensalão do PT e que, não sei por que, não foi julgado antes do mensalão petista o que respeitaria a ordem cronológica dos acontecimentos? Os petistas mais fanáticos e cegos bradam agora querendo o julgamento que nunca existiu do mensalão tucano o que, na cabeça desses dementes, trará uma paz impossível a suas consciências. Há também o recente “mensalão” tucano em Goiás. Ainda falando em pássaros, não podemos deixar passar o novo escândalo do tucanato em São Paulo com o infinitamente mais nocivo ato de corrupção dos governos paulistas desde Mário Covas (!), vejam só, até o atual de Alckmin passando por Pita e companhia. Por fim, para desarraigar essa ligação umbilical que a grande mídia quer vender entre o PT e a criação desse Frankestein brasileiro chamado “mensalão”, vale destacar que a maioria dos políticos que se deixaram corromper, ou seja, corruptos, não eram do próprio PT até porque seria ilógico, pois a ideia do mensalão era comprar apoio político algo já natural entre os próprios integrantes do partido. O PT pagou, corrompeu, mas alguém se vendeu, foi corrompido e esses últimos não eram petistas. A grande chave da questão e antes que me acusem de defensor dos prisioneiros da Papuda, é que sou 100% a favor do julgamento e da condenação dos implicados no mensalão petista. Acho inclusive muito provável que o então presidente Lula estivesse pelo menos a par da situação e Lula escapou para desespero da direita raivosa. O que quero deixar às claras é que todo esse clamor popular orquestrado pela mídia direitista e que, fazendo uso das manifestações populares canalizou toda a insatisfação popular contra o partido que está, para o ódio dessa direita fascista brasileira, no poder, é duvidoso, é manhoso, é oportunista, é uma cartada desesperada de tirar, seja como for, seja através de artigos da Veja comprovando cientificamente que comunistas comiam humanos (sim, a Veja o fez em uma de suas edições) o PT do poder e parece que, ao que tudo indica, que não conseguirão. Por que não conseguirão? A primeira resposta da direita fascista frustrada é que o governo petista “compra” a população através de seus programas sociais e, assim e por isso, o acusa de “populista”. Ora, analisemos essa acusação tão frequente. Se um governante faz um bom governo e ajuda a sua população, o mais lógico é que essa população vote nesses governantes e/ou nos seus aliados, é a pura lei do mérito. Qual então deveria ser o comportamento e amplio a pergunta para todos os ramos da sociedade? Se um bom trabalhador é promovido por ser capaz, será acusado de ter sido promovido somente porque é bom trabalhador? Sim, é lógico. O que deveria um político fazer, ser ruim para não ser acusado de populista e ser reeleito por ser bonito? O ódio da direita brasileira é cego e sem limites Do lado petista, um festival de incoerências e radicalismos. A ala mais cegamente fanática nega a existência do mensalão e acusa a mídia de ser quem inventou o fato. Para piorar, não cessam as manifestações públicas de expoentes do partido entoando gritos de liberdade para os injustiçados o que acabam criando cenas do mais alto nível de insensatez para um partido que sempre vendeu a ideia de ética acima de tudo. Seguimos e temos o xou de horror das propostas incoerentes de trabalho para condenados como Zé Dirceu que oscilam entre 20 mil reais para ser gerente de um hotel em que os gerentes ganham dois mil e menos de um salário mínimo para trabalhar em uma cooperativa. Depois vêm as cenas de Genoíno querendo comprovar de qualquer modo que é um doente terminal para escapar do xadrez ao de lado de sua Yoko Ono. Depois vem Dilma que não vem, não condena publicamente os seus amigos picaretas e, ao contrário, se cala ou manifesta preocupação pela saúde de Genoíno entrando no jogo do ex-colega de exílio. O Brasil é, de fato, uma grande comédia ideológica.

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