sábado, 7 de novembro de 2015

Quando nos tornamos tao idiotas?

Jamais tratei animais domésticos como pessoas. Para mim um ser humano é um ser humano enquanto que um cachorro é um cachorro e por isso nao deve entrar em casa ou usar roupas. Esta consideraçao não significa que tenha o ser humano como um ser melhor que qualquer outro, pelo contrário, somos das poucas espécies que planeja o mal e somos os que menos sabem viver em sociedade. Temos tantos defeitos que não cabe nem começar a citar e fazemos um péssimo uso da inteligência superior que nos foi dada. Ao mesmo tempo em que criamos máquinas incríveis, criamos, por exemplo, uma arma que pode matar a maioria dos seres viventes do planeta, o que pode ser, talvez, é o maior exemplo de nossa ilimitada estupidez.

Infelizmente não sou tao velho como gostaria, mas já vivi o suficiente para poder notar a degradaçao do comportamento humano em açoes do seu dia-a-dia. Nao vou abordar aqui temas mais profundos como a indústria bélica, mas atos corriqueiros de nossa vida moderna atual que comprovam que estamos cada vez mais estúpidos e, um dos avanços que demonstra nosso brilhantismo, a Internet, torna pública toda a estupidez internacional de nossa pobre raça.

Poderia começar falando de música. Na década de 60, entre as bandas que apareciam nos primeiros lugares dos charts, estavam os Beatles, os Rolling Stones, Bob Dylan e Led Zeppelin, entre outros. Nos anos 70, estrelavam os mesmos Beatles e Led Zeppelin, acompanhados por nomes como Queen e Sex Pistols; durante os 80, década que chegou a ser chamada no Brasil de “a década perdida” davam as caras nomes como The Cure e Michael Jackson, Queen ainda permanecia, mas já a decadência começava a demonstrar que vinha para ficar; nos 90, Nirvana e Metallica ilustravam os charts, mas já apareciam nomes nefastos como Dr. Dre; nos anos 2000, já temos Lady Gaga, Destiny´s Child, Mariah Carey, entre outros, com poucas bandas que atenuam o desastre. The Beatles era a banda das adolescentes gritonas dos anos 60; hoje temos um patético e degenerado projeto de futuro desastre chamado Justin Bieber causando gritarias por onde passa. Letras geniais foram deixadas de lado e substituídas por ritmos pobres, banais e simplórios como o hip hop americano e suas crias não menos miseráveis que assolam o resto do mundo como o reggaeton nos países hispânicos, por exemplo. O Brasil não ficou atrás e trocou décadas de domínio de gênios musicais da Bossa Nova e roqueiros endemoniados por duplinhas sem sal de almofadinhas com gel no cabelo e com o maior número de quinquilharias penduradas por seus esturricados corpos em suas roupas vergonhosamente justas. Nos anos 60 Jimi Hendrix aparecia entre os artistas com mais álbuns vendidos; nos anos 70, Neil Young; nos 80, quando começa a decadência, ainda temos Pink Floyd e Michael Jackson, mas já a partir dos anos 90 entramos na aguda desaceleraçao de nossa capacidade massiva de pensar. Temos Spice Girls e Backstreet Boys, seguidos por NSYNC, Eminem, 50 Cent e Usher nos anos 2000 e Eminem de novo e Justin Timberlake nos anos 2010.

Se passamos para a literatura, é a mesma desgraça. Hoje o que mais vende é Dan Brown, Harry Potter, 50 Shades of Gray enquanto que nos anos 60, por exemplo, o mundo consumia Salinger, Henry Miller, Philip Roth ou Mario Puzo.

Por que hoje a humanidade posta vídeos na Internet jogando-se um balde de água fria na cabeça e isso se torna uma tendência mundial? Por que agora a moda é escrever no máximo 140 letras para dizer nada? Por que agora o “cool” é publicar fotos nus? Por que agora um pais como o Brasil para e paga pay-per-view para ver uma dúzia de retardados trancados por livre e espontânea vontade em uma casa e que ainda por cima são chamados de “heróis” por outro débil mental?

E não paramos por aí. Quais foram os filmes que mais arrecadaram nas últimas décadas no Estados Unidos? Nos anos 60, The Sound of Music, The Graduate, entre outros; nos anos 70 tivemos Jaws, The Godfather, entre outros; nos anos 80 ET, Back to the future Indiana Jones, enquanto que nos 90 já nos deparamos com idiotices como Titanic, Toy Story, Jurassic Park, Independence Day e Men In Black; nos 2000, Shrek, The Pirates of The Caribbean, Spiderman e Transformers e nos anos 2010 Avengers, Iron Man, Harry Potter e de novo continuaçoes absurdas como Transformers e Velozes E Furiosos. Vale salientar que já temos OITO sessoes de Velozes E Furiosos que é um filme sobre nada, onde nada acontece e sem qualquer tentativa de contar uma história.

Hoje não queremos pensar. Lemos pouco e o que lemos, quando têm mais de 140 caracteres, é fácil, é bobagem, é auto-ajuda; queremos filmes onde podemos deixar nossos cérebros em casa, queremos monstrinhos, pouca história, muita imagem e pouco conteúdo porque depois temos que chegar em casa e jogar água fria na cabeça ou ver as fotos de alguma celebridade no Instagram onde podemos passar horas lendo reflexoes medíocres de medíocres.

Para nos sentir parte de uma tribo, nós, cidadaos normais, transformamos nossas apariçoes em redes sociais em acontecimentos pobres de uma realidade triste. Avisamos que vamos ao banheiro, publicamos fotos do que comemos, manifestamos estados de espíritos em um grito desesperado por ser visto e comentado por alguém. Somos a geraçao mais triste de todos os tempos, mais altamente capaz de se comunicar, mas mais carente e isolada. Temos medo de tudo e nos escondemos num mundinho vazio pseudovirtual para poder tentar ser quem não podemos, mas que gostaríamos de ser. Queremos, como uma criança rebelde, ser vistos e notados, senao não existimos.


Soma-se a isso o fator atual de que tudo gira em torno do dinheiro. Tiramos fotos em hoteis bregas de Miami para que todos saibam que podemos pagar uma hospedagem em tal estabelecimento e que, assim sendo, seremos “melhores” vistos em nossa pobreza social. Tiramos já fotos de nós mesmos, nem sempre nus, demonstrando que já não necessitamos de outros para tirarem nossas fotos, mas também esternando o quao tristes e solitários somos. Uma foto com alguma cara com alguma espécie de olhar vencedor para passar uma ideia de inútil poder. Nos endividamos para comprar um carro um pouco superior ao carro mais popular e nos sentimos mais poderosos, nos sentimos velozes e glamorosos e isso irá ditar a opiniao que os demais têm de nós. Eu como num restaurante mais caro, tenho um carro melhor, viajo para o éden da breguice e mediocridade de uma classe média frustrada, tudo isso para que minha personagem, meu avatar em uma sociedade doente seja o que mais pontos consegue. Nao se almeja mais ter o talento de alguém, mas sim a sua conta bancária. Tudo é dinheiro e um jogo sem regras claras de aparência. 

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