O fascismo e o comunismo nasceram
na mesma época. Terão sido primos que se odiavam? Longe disso. Fascismo e
comunismo nada foram além de dois sistemas totalitários que necessitavam um do
outro para crescer. Eram a mesma coisa e necessitavam de autofagia para alcançar
seus objetivos. Duas doutrinas totalitárias que fizeram do século XX um dos
mais mortíferos da história da humanidade. Ambos fizeram de seus partidos
únicos sinônimos de Estado. Hitler admirava Stalin que, por sua vez, se
encantava com a audácia do führer. Concomitantemente, ambos se temiam, pois
sabiam da forca negra de seu oponente. Hitler justificava parte de seus
atos devido à uma suposta ameaça comunista já que a União Soviética sempre viu
na Alemanha sua porta de entrada ao oeste corrompido pela classe burguesa
vitoriosa na Revolução Francesa; Stalin não pensava diferente. Ao mesmo tempo
em que admirava o ódio de Hitler à burguesia, o temia, foi o único líder
mundial a se dar conta de que os planos de Hitler não eram somente uma ilusão de
um homem demente. Percebeu Stalin que "Minha Luta" não era apenas um
livro esquizofrênico e sim um plano de governo, um plano de nova ordem mundial.
Passaram-se muitos anos, os fascistas acusavam Stalin de ter matado mais
que Hitler enquanto que o novo comunismo europeu dizia que jamais a sociedade
do velho continente poderia ceder aos encantos de tiranos assassinos como
Hitler e Mussolini.
Passaram-se ainda mais anos e parece que poucas coisas mudaram, tanto na
Europa quanto na América, mais precisamente na república brasileira. Os
chamados "liberais" europeus e americanos, apoiados pelo poder
midiático dos novos formadores de opinião da pós-modernidade, ou seja,
celebridades, acusam qualquer pessoa que se opor aos seus ideais como sendo um
fascista. Ao mesmo tempo circulam com bandeiras louvando o comunismo, este
mesmo de Stalin e dos milhões de mortos.
Mais abaixo, a direita brasileira justifica seus golpes, tanto o militar
de 1964 quanto o golpe "legal" de Temer como sendo uma forma de
escapar de um comunismo sombrio que, até eles, sabem que jamais existiu nos
poucos anos do PT no estrelato. De dedo em riste justificam suas manifestações
por não aceitar que seu amado país se torne uma Venezuela ou uma Cuba, países
liderados por ditadores. No entanto, com a outra mão, limpam suas nádegas
untadas de matéria fecal ao defender a volta dos bons tempos, o período
ditatorial brasileiro.
O ódio não está contra a ditadura. O defendido não é a democracia. O
ódio é contra o ditador alheio.
Lula foi retirado do poder acusado de ter recebido de presente de uma
construtora amiga um apartamento de 250 metros quadrados em uma cidade
extremamente pouco atrativa. Calcula-se que o imóvel dado a Lula por bons serviços
prestados ao capitalismo vale em torno de 2 milhões de reais. Terá sido esse o
único presentinho recebido por Lula em 13 anos? É bem provável que não. Não
obstante, foi por isso que Lula gerou esse clamor popular em torno de sua
possível prisão e hoje passa suas tardes andando de um lado para o outro em uma
cela de 15 metros quadrados na fria Curitiba.
Vários políticos britânicos caíram em um escândalo de alguns anos atrás
devido ao mau uso de suas verbas de gabinete. Um deles nem esperou a pressão
popular e renunciou. Gastou 15 mil libras em gastos em sua casa. Outros
impolutos políticos locais também gastaram um pouquinho menos que isso em
coisas que de nenhuma forma se relacionavam com seus cargos. Foram colocados na
forca pela sociedade local.
Bacana que no Brasil também seja assim. Mesmo sendo 2 milhões de reais
um dinheiro que cairia bem a qualquer trabalhador brazuca empregado com
trabalho intermitente, há de se dizer que, nos tempos atuais, é um valor
irrisório. Mas repito: excelente atuação de nossa sociedade civil ao não
aceitar, sob nenhuma circunstância o abuso ao erário nacional.
Pois Aécio Neves, o adversário derrotado por Dilma e presença habitué
nas manifestações contra a corrupção, sempre bem acompanhado por heróis
nacionais como Geddel, Luciano Huck e companhia, não para de ser citado por
amigos. Ou seriam ex-amigos?
Aécio representava o sonho de nossa elite e classe média decentes e de
bons costumes. Bonitão, rico, de boa família, branco, fazendeiro, casado com
uma mulher linda e loira, era o candidato daqueles que acreditavam em sua
retórica moderna. Modernizar o Brasil, esse era o lema de Aécio. O enlatado
perfeito. Um Collor voltando das trevas. Não colou. O Brasil elegeu Dilma e
Aécio vestiu verde e amarelo e foi para a rua. E, depois disso tudo, Aécio até ameaçar
matar o próprio primo ameaçou.
Só nos últimos meses Aécio foi acusado, por diferentes fontes, de ter
recebido 130 milhões de reais, o suficiente para...não sei, 130 Ferraris, 65 tríplex
no Guarujá, 3 toneladas de cocaína que poderia até sair mais barato devido à
sua amizade com o clã Perrella, uns 20 jatinhos ou, imagine, daria até para
construir um aeroporto para seus jatos em suas terras, algo que, diga-se de
passagem, o bonitão fez em suas terras em Cláudio, em Minas Gerais.
Nas últimas semanas também, depois do aparecimento do "quadrilhão
do MDB" agora temos também o quadrilhão do PP, liderado por Ciro Nogueira,
que, segundo as más línguas, recebia malas de 500 mil reais com uma frequência
invejável, aliás, usando o método já consagrado por Loures e Geddel em suas captações
de recursos para alguém que, segundo outras línguas mais do que afiadas, dizem
ser o atual presidente, Michel Temer que, aliás, foi citado dois dias atrás por
um policial militar que também afirma ser um dos carregadores de mala do
presidente. Malas enviadas pelo coronel amigo com 12 tríplex no Guarujá em sua
conta?
Fala-se muito numa tal reforma de um sítio em Atibaia. Aparentemente
funcionários da Odebrecht deixavam até de usar uniformes para fazer os
trabalhos. Mais uma forma ortodoxa de agradecimento da família Odebrecht a quem
tanto os ajudou. Pois Temer não nega que foi parte do governo petista. A
reforma da casa de sua filha também foi feita por esse mutirão desuniformizado.
Ou será que usavam camisas do Neymar? Os pagamentos dos materiais eram feitos
em dinheiro em negócios locais. Terá ficado mais bonito o sítio de Atibaia ou a
casa da filha de Temer? Falando na família de Temer, parece que seu filho,
Michelzinho, não fica muito atrás. Deve ser tanto ou mais brilhante que o pai.
Digo isso, pois o pequeno, aos nove anos de idade, já tem até imóveis próprios,
fruto de suas mesadas nao afetadas pelos cortes no orçamento.
Mas agora a pergunta que não quer calar, ou pelo menos que cala àqueles
a quem direciono essa pergunta? Por que não há mais pressões nas ruas? Greve de
caminhoneiros que nos transformou na Venezuela tão mencionada pelos verde e
amarelos, o desemprego que acabaria com a reforma da legislação trabalhista
segue aumentando, o dólar...lembro de um amigo antipetista que mora fora agradecendo
ao governo do PT por ter causado a desvalorização do real o que deixava a sua
moeda estrangeira mais valiosa do que nunca...pois é , o dólar atinge valores
recordes. Seguem aparecendo recibos falsos, tem até um novo esporte nacional,
corrida com malas, amigos de Serra com 120 milhões na Suíça...e nada acontece. Não
somos mais convocados a irmos para as ruas, camisas do Neymar são usadas
exclusivamente para ver a seleção na Rússia, o que aconteceu? A prisão do Lula
transformou o Brasil na Suíça? Ou esses milhões que aparecem em malas e na própria
Suíça não comovem tanto como os milhões que Lula ganhou devido a ajuda e suor
dedicados a seus amigos mais pornograficamente próximos?
Nada a fazer. A solução é a ditadura. O segundo candidato mais bem
colocado nas pesquisas, o primeiro está preso, diz que seu sonho era um ministério
composto por militares. O amigo coronel de Temer seria convidado? E o almirante
da Eletrobrás? Ou os militares que coordenaram as obras de vital importância
para nosso pais como a Transamazônica, estrada de custo bilionário que conecta nada a lugar algum, serão chamados para bater de frente com
Odebrecht, OAS e amiguinhos reformadores de casas e sítios de presidentes e
ex-presidentes? A censura acabará com a corrupção no melhor estilo militar?
O que não aparece não existe, dizia
o outro.