A grande mídia, agora deixada
de ser acusada de golpista, manipuladora, tendenciosa entre outros adjetivos
mais ou menos gloriosos, nesse momento é atacada pela direita fanática que inunda
de esterco as redes sociais. Segundo eles, a grande mídia é comunista e mente
em prol dessa doutrina representada no país pelo PT, partido que, em quase
quatro mandatos no poder, jamais cobrou impostos sobre grandes fortunas, sobre
dividendos ou heranças. E, diga-se de passagem, nesse período jamais incomodou
os desempenhos pornográficos dos bancos que se empanturraram de dinheiro em
plena crise, haja contradição. Mas sim, o PT queria instalar o comunismo no Brasil, não há dúvida.
Se alguma crítica ao séquito Bolsonaro aparece, uma enxurrada de críticas à grande mídia inunda as redes sociais. Memes surgem como mosca ao redor de fezes. Concordo em parte com a nova-direita-cega-conservadora-nacional. A grande mídia mentiu, mente e sempre mentirá. O que gostaria de entender é como acreditar piamente em notícias que surgem do nada sem questionar se também não podem ser mentiras. Esta mesma semana recebi uma capa do The Economist que tinha como manchete Lula ser “o mais corrupto do mundo”. Falsificação grosseira, tanto quanto a capa da Forbes que dizia que Lula era um dos homens mais ricos do mundo. Questionam a veracidade quando a opinião apresentada é diferente da sua.
Se alguma crítica ao séquito Bolsonaro aparece, uma enxurrada de críticas à grande mídia inunda as redes sociais. Memes surgem como mosca ao redor de fezes. Concordo em parte com a nova-direita-cega-conservadora-nacional. A grande mídia mentiu, mente e sempre mentirá. O que gostaria de entender é como acreditar piamente em notícias que surgem do nada sem questionar se também não podem ser mentiras. Esta mesma semana recebi uma capa do The Economist que tinha como manchete Lula ser “o mais corrupto do mundo”. Falsificação grosseira, tanto quanto a capa da Forbes que dizia que Lula era um dos homens mais ricos do mundo. Questionam a veracidade quando a opinião apresentada é diferente da sua.
O mais grave em meio a tanta
ignorância de todos os lados é a preguiça intelectual. Nas últimas semanas li
três livros sobre o (fracasso do) comunismo. Extremamente crus e fidedignos ao
que qualquer cidadão mais atento pode notar quanto às experiências comunistas
já existentes que, diga-se de passagem, jamais chegaram nem perto de existir no
Brasil. Terminei de ler na semana passada um livro de Noam Chomsky, um dos
maiores pensadores da extrema esquerda americana, chamado por essas terras de
"liberal", algo bem diferente de nossos liberais tupiniquins.
Confesso que, apesar de concordar com algumas coisas do discurso de Chomsky e
de crer na veracidade da maioria dos fatos apresentados para sustentar seus
argumentos, considero este uma pessoa que deveria ser mantida com poderes
limitados já que sua vertente de pensamento quebraria qualquer país em um abrir
e fechar de mandatos. A maioria não lê. Vomita virtualmente concepções baseadas
em nada e não se importam de sequer discutir. Memes, emojis e kkk´s. Essa é a
complexidade dos argumentos da direita debilóide que tem como símbolo fazer
gesto de arma na mão e babam quando o mito tira fotos empunhando metralhadoras
depois de dizer alguma asneira pelo mundo afora. Ah, mas seu partido quer
proibir videogames violentos e quer vestir meninos de azul e meninas de rosa.
Senhores, é necessário ler textos com mais de 140 caracteres para poder
entender as complexidades do mundo.
Esses dias vi um jornalista
esportivo argentino dizendo que não consegue se colocar num lado que seja
Guardiola ou Simeone. Ele diz que admira fatores de ambos e fica em cima do
muro. Para meus poucos leitores, já manifestei minha admiração pelo meu apelido
de "isentão". Para aqueles que já veem críticas ao confuso e circense
governo Bolsonaro se aproximando e já estão procurando seus memes para me
mandar para a triste Cuba ou para a caótica Venezuela, alto lá! Digo-lhes que,
como isentão que sou, teria votado em Trump nos Estados Unidos ao invés de
Hillary Clinton; teria votado em Marine Le Pen na França no lugar de Macron e
apoio o UKIP na Grã-Bretanha. Todos esses são passíveis de críticas. Sou contra
a ignorante postura de Trump em relação aos cuidados ambientais, sou contra Macron e o
uso da forca da Revolução Francesa nos pescoços de velhos e da classe média
francesa. Em resumo, não há candidato perfeito. Deve-se ter, sempre, uma visão
neutra e cobrar, exigir e criticar quando devido. Chega de celebrações pelo aniversário
de cadeia de Lula. Por que não gastar esse tempo exigindo o mesmo destino para
o filho de Bolsonaro e seu amigo doente Queiroz? Ou Aécio. E o ministro do turismo? Sou
muito amargo, o que queremos é comemorar e quem sou eu para criticar.
Comemoremos então os aniversários de prisão de Sérgio Cabral e Eduardo Cunha.
Analisando apenas os crimes que foram condenados, roubaram infinitamente mais
que o Lula. Usem essas energias para outros fins. Lula é um imaginário; Sérgio Cabral e Cunha n ão.
O governo de Bolsonaro é a consagração
da ignorância. É a celebração ao bruto, ao ativista troll
que se esconde atrás da tela de um computador. É a consagração e o orgulho de
ser vazio, raso, irônico. Bolsonaro diz que o nazismo era de esquerda e todos
saem a defender. Menos, claro, algumas partes com menos envolvimento no tema,
como judeus e alemães que o condenaram. O argumento do guru de Bolsonaro, um obscuro
"filósofo" desenterrado de uma penumbra (quase) eterna por Bolsonaro
diz que o nome do partido nazista tinha a alcunha de "nacional
socialista" no nome. Todos saem a defender. Jamais se dão ao trabalho de
analisar, de ler, de se aprofundar. A concepção de um partido se baseia no
nome, nada mais, na simples presença de uma palavra. Para que se aprofundar
mais em algo tão complexo? A Coreia do Norte se chama "República Popular Democrática
da Coreia do Norte" e a Alemanha Oriental (e comunista) não era comunista
no seu nome e sim "democrática". Conclusão: a Coreia do Norte e a
Alemanha Oriental eram democráticas. Lógica de pensamento de seres complexos como uma ameba.
A afirmação em relação ao
nazismo ser de esquerda veio junto com a celebração goela abaixo da ditadura
militar brasileira que, claro, não foi ditadura. O mundo inteiro estava errado,
apenas Olavo de Carvalho sabe a realidade. Tanques nas ruas, mandatos cassados,
condenações sem processos legais, tortura, mortes, fim do pluripartidarismo,
congresso fechado, censura, eliminação de eleições e estadia de 21 anos no
poder...mas não, não é ditadura. Ditadura é em Cuba e na Venezuela.
Reformulam-se fatos históricos para satisfazer necessidades de um poder que tem
como sua bíblia memes, redes sociais e emojis. Mas ok, demos uma trégua a Olavo
de Carvalho. Ele diz que a Terra não orbita em volta do sol e isso é verdade.
Copérnico era comunista e petista.
Além disso temos os seguidos vai e vens no
Ministério da Educação que preza pela tal "escola sem partido (do outro)",
mas queria suas crianças cantando slogan de governo, fora as constantes declarações
bizarras da bizarra ministra dos bons costumes e fora as saias curtas causadas
pelos filhos de Bolsonaro, o que se pode tirar desses primeiros cem dias?
Ideias de privatizações e a reforma da previdência que sim era necessária, mas não
essa. Sou tão pragmático em relação à política que penso que se devem copiar
programas que funcionaram em países e não copiar programas fracassados. A previdência
capitalizada que é o que o governo quer, é colocar no cassino a aposentadoria
(e o futuro) de todos (exceto o dos militares). O Chile fez isso e tem um dos
maiores índices de suicídios entre membros da terceira idade. O comunista Estados
Unidos não fez isso, bem como as outras grandes potências comunistas europeias:
Reino Unido, França ou Alemanha.
Os países de maior qualidade de
vida no mudo são como eu, isentões. A Noruega com o seu estado de bem-estar
social é o país de mais qualidade de vida no mundo já há algum tempo. E não é
comunista. Aliás, os ideais propagandeados pelos comunistas só conseguiram ser
atingidos mais ou menos justamente nesses países onde o capitalismo é livre
para existir, mas que tem o olho do estado em cima não permitindo abusos, não
colocando a raposa para cuidar do galinheiro que é o que se quer implementar no
novo Brasil. Ah, e esses países garantem liberdades civis e não se metem na
vida privada de seus cidadãos, isso é coisa de Arábia Saudita e sua polícia de
costumes. E do Brasil.
Seguirei esperando críticas de
Bolsoneias (nome dado por eles mesmos orgulhosos de serem tietes do mito) a
algum ato do governo, talvez a liberação do desmatamento em terras privadas,
algo que imagino que é fundamental para o Brasil. No entanto acho mais plausível
que os membros da seita comemorem as intriguinhas dos Bolsonaro júniores com
ambientalistas comunistas, no melhor estilo fã adolescente de Justin Bieber, gritando e kakaziando atrás de suas telas de computador.
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