sábado, 7 de fevereiro de 2009

Medelín II

Faltando 12 dias para eu completar meu primeiro mês como habitante da cidade de Medelín, já tenho material suficiente para publicar mais um texto, o segundo capítulo de curiosidades e afins que eu encontro aqui.

Aqui se encontram com facilidade representantes “puros” da raça negra. Além dos índios e mulatos, há negros de aparência africana, verdadeiros tissoes.

A gasolina dos carros, quando queimada, fede como esgoto.

Essa semana tive meus primeiros contatos diretos com a máfia aqui. Uma colega de minha cônjuge de desde quando ambas tinham 4 anos, é sobrinha do presidente Alvaro Uribe. Resulta que seu pai e tios, enfim, o cla Uribe inteiro, tem relaçoes muito próximas, relaçoes essas, eu diria, pornográficas com o narcotráfico. A guria em questao possui uma ilha particular, herança dos bens apreendidos de mafiosos como Pablo Escobar e...do irmao do presidente! No dia que a conheci, ela estava buscando na Internet um relógio de apenas 50 mil dólares que a mae queria comprar...Bom, acho que “sei” demais; se eu amanhecer com a boca cheia de formigas, vocês, caros amigos leitores, já sabem os motivos da minha morte, nao acreditem nas palavras mentirosas do presidente Uribe se disculpando na Globo para o Lula.

Falando em máfia, na esquina da minha casa fica a residência dos Ochoa; para quem acompanhava mais de perto as histórias dos cartéis colombianos como eu, sabe de quem eu estou falando. Para quem nao sabe, era um cla de mafiosos poderosos na época do Pablito. Hoje, todos encontraram Jesus e trabalham honestamente...A casa é do tamanho de uma quadra no bairro mais caro da cidade em que cada metro quadrado é disputado à unha pelas empresas de construçao civil em busca de terra para levantar mais prédios residenciais.

Aqui todos os jovens do sexo masculino cultivam aqueles fiapos de cabelo atrás, estilo argentino. A diferença é que, devido à feiúra do povo local, eles se tornam o quadro da dor, figuras de entristecer. Além disso, os homens sao excessivamente féxions, com roupas falsificadas (ou nao) com dizeres gigantes de “Dolce e Gabbana” ou “Armani”. Resumindo, como já disse no texto anterior, os homens aqui sao de entristecer, agradeço ao Demônio por nao ser viado.

Como a praia fica, no mínimo, há 8 horas de Medelín, o povo local vai para o que eles chamam de “fincas”, que sao casas nos “pueblos” próximos, como casas de campo, em bom português. O que fazem lá? Nada. O interior aqui é de um atraso impressionante, zero industrializado; assim sendo, eles vao para essas casas e bebem até atingirem a inconsciência. Aliás, o alcoolismo do povo sempre me causou curiosidade e creio já saber o motivo para tal comportamento. Sob os efeitos do álcool há assunto para se conversar que sao, sem exceçoes, festas e bebedeiras passadas que sao comentadas em bebedeiras presentes. Sem o álcool acho que o povo aqui ficaria um olhando para o outro mudos. Nao há tema. Nao há assunto. Morririam de depressao aguda.

O nacionalismo e o bairrismo aqui sao incrivelmente fortes e os meios de comunicaçao vao na mesma onda. Essa semana eles chegaram ao cúmulo de divulgar uma tal pesquisa feita com cidadaos britânicos. A pesquisa constava em saber o que britânicos pensavam quando ouviam a palavra “Colômbia”. Evidente que o que os caros leitores estao pensando é o que TODO MUNDO pensa, nao importa de onde seja, mas reparem o resultado divulgado aqui: café e salsa (ritmo de música). Ai, ai...

Aqui nao tem chocolate em barra. Queria comprar uma barra de chocolate meio amargo e acabei tendo que comprar duas pequenas de 70g no valor de quase R$4,00 cada uma e tem Nestlé aqui, nao dá para entender...

Ao sair do Carrefour aqui os clientes devem mostrar a nota fiscal da compra feita. Nessa nota o caixa coloca o número de sacolas e ainda dá um maldito nó na sacola. O guarda olha a nota, vê se o número de sacolas da nota bate com os que o cidadao tem nas maos, assina e libera. Dá muita raiva.

Todos os homens aqui se chamam “Juan” alguma coisa. Além disso há uns 5 sobrenomes que sao compartilhados por toda a populaçao. O que deve dar de gente pagando pelos crimes dos outros...

Todos os nomes sao compostos, extamente como os das personagens das novelas mexicanas. Aliás, falando em novelas...meu Deus, as daqui conseguem ser muito mais bizarras que as daí (aliás, as daí passam em canais a cabo daqui), sao uma espécie de "Cine Trash", parece gozaçao...

Já duas vezes vi (e ouvi...infernal...) araras na rua.

Aqui, como em países desenvolvidos, come-se abacate como salada, salgado, com azeite de oliva e tal...como todos os dias, bom demais.

Aqui tudo fecha ao meio-dia. Nao existe isso de alguns irem às 12h e outros às 13h; meio-dia é sagrado e todo mundo sai, fecham as portas e deu, só voltam às 14h e, pasmem, até os bancos fazem isso. Fui à Andalucia, mas nao lembro se os bancos fecham na hora da “siesta”, mas acho que nao.

Tem gente que se chama “Lady” aqui.

Todos os supermercados, nao importa se é o popular Carrefour ou a versao Zaffari daqui, o Carulla, todos, sem exceçoes, tem 3 ou 4 caixas para atender milhoes de pessoas, ou seja, SEMPRE espera-se muito para pagar, dá vontade de roubar, mas daí tem a revista na saída...

Aqui há rodízios de carros como em Sao Paulo para evitar engarrafamentos.

Vende-se vibradores em supermercados. Incrível.

A universidade mais cara cobra, em média, R$500,00 por mês.

O governo federal aqui dá a seguinta recompensa para guerrilheiros que abandonam a guerrilha: dinheiro e residência na...FRANÇA! Nao vejo a hora de começar a trabalhar para as FARC, me entregar e ir morar com tudo pago na França. O pior é que ninguém questiona. Ninguém questiona o fato de o cara que roubou uma galinha e foi preso nao ter o mesmo direito de se arrepender do roubo da galinha e ganhar dinheiro e casa em Paris. Bom, o negócio é beber mesmo...

That´s all, folks! (so far...)

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