segunda-feira, 31 de maio de 2010

Avatar, Oscar de Clichês

Demorei, mas acabei vendo Avatar. Não aguentaria mais de duas horas no cinema para ver uma palhaçada como essa, por isso, esperei o DVD. Com o DVD eu posso encarar filmes que são ruins e longos. Vejo em doses. Homeopáticas.

Tinha a impressão que Avatar era como Senhor dos Aneis, durava mais de três horas.

Assim sendo, preparei-me emocionalmente. Grata surpresa. Não chega nem a três horas e essa é a única grata surpresa dessa porcaria de filme.

Minto. Outra surpresa de Avatar é constatar que James Cameron conseguiu fazer algo ainda pior que Titanic, ainda mais meloso e supostamente emocional.

No entanto, o fato que mais chama atenção ao ver Avatar é a quantidade de clichês que fazem que o roteiro dessa produção seja dos mais óbvios e previsíveis dos últimos anos.

Após a primeira ida da personagem principal ao mundo azul de Avatar, pensei:

Ele vai lá à trabalho para os humanos, passará por um processo de desconfiança, aceitação, rechaço e idolatria, irá virar a casaca, irá se apaixonar pela smurfete e ambos viverão felizes para sempre; a durona Sigourney Weaver irá amolecer e deixar de ser uma cientista com pêlo no peito e vai virar espírita; eles encararão uma batalha aparentemente impossível, mas que será uma vitória retumbante; haverá um enfrentamento no final entre o “traidor” e o mais durão dos humanos, essa batalha seguirá os passos de aparente derrota por parte do smurf seguida por uma virada sensacional no final.

Junto por tudo quanto é sagrado que pensei isso. Provando minha modéstia, retiro meus méritos antes que alguns comecem a pensar que tenho poderes premonitórios. Nada disso. É simplesmente óbvio! Qualquer pessoa que vê grandes produções americanas e tem um pouco de memória pensaria isso, é o mesmo esqueminha vencedor de sempre e, como todos sabemos e os diretores hollywoodianos sabem melhor que qualquer um, em time que está ganhando ou lucrando milhões (há tanto tempo...) não se mexe.

Mas é necessário que eu diga que, ao pensar nisso e ao constatar que todas minhas previsões sucediam, parava e me indagava: não pode ser! Avatar muitos críticos afirmam que é uma representação do ser humano, da natureza e de não sei mais o quê, da destruição do nosso planeta, da ganância humana, da maldade da raça, super atual, é um filme que passa muitas mensagens, é uma lição de vida e tudo mais.

Essa bobajada não se confirmou. Avatar é mais um. É a receita ganhadora de sempre. É a jogada de cruzamento na cabeça do centroavante, a coisa mais velha e batida do mundo.

Aproveito para criticar os críticos metidos a intelectuais que têm a mania de procurar pêlo em ovo. Avatar é um filmezinho de ação, feito com alta tecnologia e seu ponto forte são as imagens que, pelo menos a mim sem óculos 3D e um quilo de pipoca no colo, não me pareceu nada de mais, cenários iguaizinhos a Senhor dos Aneis, outra bomba. No entanto, o que eu ouvi e li de teorias transcendentais sobre o filme não está no mapa. Que representa isso, que demonstra aquilo, tudo papo furado.

Como podemos respeitar um filme em que extraterrestres falam inglês? Perguntada pelo personagem principal, a mais gatinha das avatares responde: eu estudei. Ora, desde quando se estuda inglês em Marte, ou seja lá o planeta que for essa idiotice? Será possível que os americanos nunca conseguirão ler legendas num filme?

Avatar é um filme para crianças, para adolescentes nerds que ainda se surpreendem com efeitos especiais e para adultos idiotas metidos a místicos, desses que comem ervas e compram livros sobre a suposta sabedoria oriental, indiana, chinesa ou sei lá o quê e que sonham em completar o Caminho de Compostela de joelhos e, ao final da redentora caminhada, encontrar um pelo da barba do Paulo Coelho no chão.

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