quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Tetas

Um tema nacional vem me chamando a atenção nos últimos meses. Essa pornográfica pensão vitalícia paga a ex-governadores, ex-tapas buracos e a ex-esposas de ex-governadores.

Em alguns países europeus a política é vista como um ato de vocação e amor ao estado por parte dos cidadãos que decidem ingressar no setor político. Na França vereadores na maioria das cidades não recebem salários. Na Suécia, os parlamentares recebem um salário mediano e não têm direito a assessores, motoristas, passagens, vale-alimentação, vale-hotel e todos esses outros vales e ajudas “assistencialistas” que o estado brasileiro dá de lambuja para seus políticos. Sem entrar na discussão sobre um sensato e impossível enxugamento com os gastos públicos no bem-estar dos
políticos, me intriga esse salário vitalício para ex-governadores.

Um trabalhador brasileiro de qualquer classe social deve trabalhar quase 70 anos para conseguir sua aposentadoria e não passa um ano sem que alguém venha com algum projeto tentando aumentar a idade de aposentadoria ou então os anos trabalhados. No entanto, um político pode receber uma pensão vitalícia após exercer uma atividade, sem entrar no mérito da qualidade do serviço prestado, por apenas quatro anos. Não satisfeitos com esse absurdo, paga-se a mesma pensão vitalícia para pessoas que assumiram em mandatos-tampões, que substituíram governadores, enfim, paga-se a qualquer criatura que por algum lapso de tempo algum dia foi chamado de governador do estado mesmo considerando que talvez a maioria da população nem ficou sabendo sobre esse fato.

Há casos no nordeste do país em que ex-governador recebe pensão por ter sido por 10 dias o representante político máximo de determinado estado. Ou seja, trabalha-se 10 dias em toda a sua vida e pode-se receber um bom salário até os últimos suspiros. A lei é tão bizarra que podemos chegar à seguinte situação. Eu sou governador por 10 dias do Rio Grande do Sul, morro no décimo primeiro dia e minha esposa ficará recebendo uma pensão vitalícia. Soa absurdo e impossível, mas é a lei desse país. Tarso Genro mandou um projeto com regime de urgência à assembleia exigindo que o valor pago a ex-governadores seja “apenas” de 75% do valor do salário do atual governador. Essa medida pode ser vista como patética ou, sejamos positivos, como um sinal de que o atual governo encaminha-se para terminar de uma vez por todas com esse verdadeiro atentado aos bons costumes e à moral.

Olívio Dutra, um dos beneficiários da teta governamental saiu a dizer que é contra tal mecanismo e que político não é profissão. Yeda Crusius (Credos) já deixou bem claro desde já que, assim que possa, lá por abril de 2011, vai sair cobrando seu salário vitalício pelos péssimos serviços que nos brindou durante quatro infindáveis anos repletos de escândalos abafados inclusive com assassinato de gente que sabia demais em Brasília. Talvez o salário para a ex-governadora seja necessário para pagar as contas de sua casa comprada com dinheiro originado de fontes escusas.

A pensão também atrai peixe grande. O milionário Jorge Bornhausen, ex-governador de Santa Catarina não abre mão dessa mesadinha, o pleibói Germano Rigotto tampouco, e para completar e servir como a gota d´água para eu escrever esse texto veio o símbolo da moral, o incorruptível Pedro Simon declarar que irá começar a fazer uso de seu “direito” pois a família é grande e com o salário de senador e seus benefícios que o dito cujo recebe há uns cinco séculos não é suficiente.

Não somos o Egito ou a Tunísia, mas felizmente temos gente que não está aceitando de braços cruzados essa distribuição de leite governamental gratuita e está tomando as medidas necessárias para aboli-la. A OAB trava dura batalha para acabar com a lei e outros órgãos espalhados por diversos estados brasileiros também estão reagindo da mesma forma. Vai dar em nada ou quase nada como sempre, mas pelo menos a população tem acesso aos nomes de quem está apoiando e “pedindo esmolas” para as gordas e atrativas tetas do Estado.

2 comentários:

Camila disse...

Concordo 100% contigo, só que apesar de toda a população saber desta farra com o nosso dinheiro, ninguém faz nada. Há dias atrás tivemos um aumento das passagens de bus que agora custam R$ 2,70, a população fez tímidos protestos, pergunta no que deu??? Em nada, óbvio e ano que vem tem mais um reajuste!
Continuo achando que a única solução é jogar uma bomba no congresso em dia de votação para aumento de salário, assim conseguiríamos eliminar boa parte da corja que governa este país.

jfloriani disse...

tudo verdade...
um abraco do colorado de londres q te incomoda de vez em quando :)