sábado, 16 de novembro de 2013

As Manifestações

A falta de tempo e uma espera estratégica foram os motivos que me fizeram demorar tanto tempo para opinar sobre as intensas manifestações que tomaram as ruas do Brasil por um longo período de tempo. Analisando de forma oportunista, chego a uma conclusão pouco otimista enquanto aos resultados práticos de tanto furor. Há resultados positivos? Sim. O Rio Grande do Sul aprovou o passe livre para estudantes que, diga-se de passagem, foi o embrião de tudo que aconteceu subsequentemente e, para mim o ganho mais importante, aprovou-se o fim do voto secreto e parece que será estendido a todos os tipos de decisões. Isso é importante? Não sei, talvez não. Na teoria sim, mas na prática pode não ser. Saberemos quem são os criminosos que absolvem bandidos, mas, muito possivelmente, seguiremos elegendo esses criminosos assim como o fazemos com outras figuras sensacionais como Sarney e Collor. Ultimamente tenho estado obcecado com a insistência de que a direita e a esquerda existem e seguem demonstrando uma grande diferença de atos e forma de pensar. Durante as manifestações vimos todos esses grupos se manifestarem. A direita fez uso das manifestações de forma política e viu todo o alvoroço como uma única e última chance desesperada de derrotar o governo que os incomoda há mais de uma década. Abriu uma janela que parecia lacrada que é a chance de derrotar Dilma nas próximas eleições o que, sinceramente, acho que não ocorrerá. A extrema direita atrasada e raivosa brasileira se disfarçou de esquerda e foi para as ruas protestar coisa que, em outros tempos, seria tachada de ato de vandalismo ou de comunistas marginais. Mas a extrema esquerda também aproveitou e ressuscitou ideias já comprovadamente fracassadas como uma instauração de anarquismo, comunismo ou seja lá o que for, o que seria um retrocesso em uma democracia em fase de amadurecimento como a brasileira. Quem mais foi atingida por tudo isso foi a presidente Dilma que, na minha opinião, mesmo tendo suas mãos muitas vezes atadas, conseguiu reagir. Recriminou os atos de vandalismo assim como recriminou os exageros da polícia e sugeriu uma reforma política elaborada pelo povo, feita através de plebiscito popular. A proposta foi prontamente rechaçada pela direita fascista e retrógrada brasileira que, como não poderia ser diferente, defende que o povo é ignorante e não saberia escolher o que era o melhor para o país; ao mesmo tempo analisamos os motivos em que a maioria das pessoas estava nas ruas e chegamos à conclusão de que estes aí estavam porque já não confiam mais na representação política do país. Então, qual a saída? Deixar os rumos da reforma política nas mãos de políticos tachados de incompetentes ou deixar que o povo estude, se eduque e escolha o que quer? Acho a resposta lógica. Mas a direita raivosa não pensa, quer aproveitar o momento para derrubar Dilma e diz que dar voz ao povo sobre os rumos políticos do país é um erro, que sim devemos protestar contra os fracassos políticos, mas não muito, ou seja, no final das contas temos que baixar a cabeça e seguir esperando por um bom senso por parte dos políticos que teima em não aparecer. Em resumo, em meio a subgrupos como os dos homossexuais que sempre se metem em qualquer forma de protesto para exigir a criminalização da heterossexualidade ou sei lá o que, e de pseudocomunistas barbados que querem uma volta do que nunca existiu e nunca funcionou, e que aproveitam o momento para atirar pedras no Mc Donald´s estava essa posição bem marcada da direita oportunista: juntemo-nos ao povo, algo que repudiamos, para conseguir voltar ao já quase não recordado poder. Ai, como dói estar longe do poder... Em meio a tudo isso, analisando manifestações na Internet, notei o excessivo número de apelos da direita raivosa pela volta da ditadura, sim, a direita raivosa deixou a vergonha de lado e mais uma vez colocou as asinhas de fora e sugere o fim da democracia, pois essa visivelmente não funciona, vide a insatisfação popular. Ao mesmo tempo pergunto: será que essa era a ideia da maioria? Obviamente que não. Então, o que queria a maioria? Em primeiro lugar a maioria não defendia partidos políticos, pois seu grande rancor era justamente contra o sistema político, não especificamente com o governo atual ou com o anterior. A população simplesmente está cansada de serviços caros e ineficientes, corrupção que parece não acabar nunca não importando o governo que esteja no poder (apesar de que a ala da direita raivosa jura de pés juntos de que foi o PT quem inventou a corrupção) e o sistema político, o sistema político, esse é o grande ponto, o motivo de todos os problemas consequentes. Temos uma estrutura política cara e ineficiente; temos um sistema que dá base para a corrupção e a para a ineficiência, temos um sistema jurídico lento, ineficaz e amarrado a leis retrógradas e que devem ser modernizadas e adaptadas a nova realidade, esse é o problema, a maioria não estava nas ruas por ser contra os mensaleiros ou contra Dilma, era contra um status quo doentio e que parece ser para sempre. No entanto, nada é para sempre. Se o Império Romano um dia acabou, se a monarquia francesa um dia acabou, bem, o nosso sistema político não será o primeiro a ser imortal e o primeiro passo foi dado, apesar de ter sido mal interpretado pela maioria.

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