sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Jesus Cristo Superstar

Após ter estado na terra onde muito provavelmente Jesus Cristo tenha nascido, morrido, ressuscitado e feito todas as suas peripécias, me nasceu uma vontade de escrever um pouco sobre tudo que eu consigo atualmente opinar a respeito de uma das figuras mais controvérsias, famosas, polêmicas e misteriosas da história da humanidade. Vale antes de tudo destacar que não acredito em Deus ou em qualquer tipo de deus. Não tenho religião e acredito em nada que seja metafísico. Minha religião é a ciência e respondo a perguntas sobre quem criou a Terra ou algo parecido com um rotundo “não sei”. Não tenho vergonha de não saber e tampouco tenho um orgulho bobo de não admitir que confio essa missão a pessoas mais capacitadas e com mais tempo a dedicar a essa causa tão nobre, tão curiosa e interessante. No entanto, o fato de não acreditar em qualquer tipo de entidade divina não me fecha as portas a acreditar na existência de um tal Jesus Cristo. Se ele era filho de algum deus, bom, daí eu discordo; mas sim é muito provável que ele tenha existido; não obstante defendo a teoria judia que diz que Jesus foi apenas mais um pregador da Idade Antiga muito semelhante a outros tantos que, porém, não fizeram um trabalho de imagem e marketing tão bem feito e bem construído como Jesus. Minha teoria sobre a figura de Jesus Cristo começa com o mito da concepção sem contato carnal. Aqui começam os meus disparos e o primeiro vai direcionado a Maria. Não foi a primeira e está muito longe de ser a última mulher a trair seu ingênuo marido, mas Maria sim ficou grávida devido a uma quantidade de sêmen que continha incontáveis espermatozoides. Minha segunda desmistificação vai em direção a José. Não creio que ele seja ingênuo e sim um homem apaixonado que tolerou a infidelidade de sua amada em troca da manutenção de um suposto amor como o fez Charles com Emma no polêmico romance de Flaubert, Madame Bovary. No entanto, José não toleraria a vergonha e aí entra o meu primeiro ponto mais prático da história: Jesus foi enviado para ser criado por um amigo da família ou talvez um parente. A pobreza e o fato de não contar com um apoio familiar fez com que Jesus procurasse uma forma de poder se sustentar e isso o levou a ser um carpinteiro. Jesus pode não ser o filho de qualquer deus, mas era sim um homem de uma inteligência, lábia e poder de conquista incomparáveis. Esse talento, aliado ao seu poder de convencimento e mobilização de massas o fizeram especial e o puseram em um lugar diferenciado quando comparado com os outros supostos messias e pregadores da época. Jesus era melhor. Era melhor que Padre Marcelo ou qualquer desses showmen da Igreja Universal. Por quê? Acredito piamente que Jesus acreditava no que dizia e defendia incluindo o suposto fato de ser o enviado de Deus, o filho de Deus e isso o livra de uma suposta acusação de mentiroso ou oportunista. Jesus foi o primeiro hippie da história. Jay-C, em outras palavras, era um tremendo de um alucinado desvairado. Defendo essa teoria, pois não há registro de acúmulo de bens materiais por dito personagem, sua única luxúria pode ter sido o envolvimento com inúmeras mulheres, algo comum entre os homens dotados de poder ou fortuna à época, e isso, pelo menos na minha opinião neutral e afastada de fanatismos religiosos, é algo normal e que não deveria ser condenado ou visto como uma mancha no currículo de tão grandiosa personagem. Todos sabem que a Idade Antiga era uma época em que a miséria e desilusão pairavam sobre a grande maioria das pessoas e esse é um ambiente propício para vangloriar qualquer tipo de profeta, qualquer tipo de pessoa que lhes promete algo, que lhes dá esperança e isso fez Jesus Cristo. Vale destacar que Jesus talvez tenha sido um dos pioneiros na prática, mas não foi o único. Hitler e Lenin, por exemplo, são exemplos de pessoas que fizeram uso de um desespero coletivo para chegar ao poder. Podemos discutir se o primeiro e/ou o segundo tinham ideais ou queriam somente o poder, eu acho que ambos tinham mais ideais do que um vazio amor ao poder per se, mas isso seria outro tema; o que importa, para esta reflexão, é ganhar a atenção e a adoração do povo através de bom poder de convencimento e fazendo uso de um momento histórico específico. Até poderia citar Charles Mason como um caso, obviamente em menor escala, mas também seria um resultado de fatores semelhantes aos que levaram Jesus, Hitler e Lenin ao sucesso: bons argumentos direcionados a pessoas com imensas fragilidades, desesperadas e carentes de um guia, de um líder, nesse último caso estas seriam mais psicológicas do que socioeconômicas, mas igual é uma forma de debilidade coletiva. Hitler, Lenin e Jesus eram pessoas de grande eloquência e poder de persuasão? Sim; Hitler, Lenin e Jesus eram pessoas que tiveram o êxito de sua missão baseada na desesperança coletiva e na falta de ajuda real do Estado? Sim; Hitler, Lenin e Jesus terminaram da mesma forma? De certa forma sim. Jesus foi crucificado por representar uma ameaça ao status quo da época, por ser um homem que fazia os outros pensarem e verem claramente o quão injusto era a sociedade em que viviam; Hitler foi obrigado a acabar com a sua própria vida, pois o mundo ocidental via a ascensão de uma nova potência colonizadora como uma terrível concorrência à divisão de mercados e colônias mundiais; e Lenin, apesar de que algumas teorias dizem que sua morte foi causada pela sífilis, sofreu inúmeras tentativas de assassinato e também representava a maior infâmia perante o mundo capitalista. Os três usaram mentiras para chegar ao poder? Claro que sim. Jesus com os supostos milagres desde a sua concepção obscura até a multiplicação de alimentos; Hitler inventando um inimigo que justificaria a ampliação de seus poderes e qualquer ato que poderia vir a ser cometido e Lenin com a mentira de que o comunismo era o sistema que melhor bem-estar daria aos seus povos e que o operário do mundo capitalista sonhava em um dia estar na União Soviética para gozar desse bem-estar social incomparável. Não obstante, há diferenças entre essas três personagens? Claro que sim, mas seriam apenas opiniões baseadas em sentimentos e não baseado em fatos. Eu ACHO que Jesus, Hitler e Lenin tinham mais ideais do que mero amor ao poder e ao dinheiro e digo isso, pois nenhum dos três acumulou capital considerável ao longo de suas vidas; as mentiras usadas pelos três personagens eram mentiras realmente em suas cabeças? Acho que não; Jesus realmente acreditava que era o escolhido, Hitler realmente achava que os judeus eram a causa da miséria alemã e europeia e Lenin realmente acreditava, pelo menos após a caída dos czares e no início da revolução bolchevique de que o comunismo era a solução, a resposta. Como seria o mundo com um Jesus Cristo? Pior? Melhor? Como seria o mundo atual com uma Alemanha como a maior potência mundial tanto economicamente falando quanto culturalmente falando? Seríamos um mundo pior? Teríamos artistas piores que figuras como Lady Gaga, Rihana e Justin Bieber? Como estaria a União Soviética atualmente? Será que os americanos um dia teriam razão e os comunistas sairiam mundo afora conquistando mais adeptos? A contemporânea pressão e influência da Rússia de Putin na Ucrânia e nas ex-repúblicas soviéticas é um sinal de que isso pode ter um novo capítulo? O sucesso das igrejas evangélicas especialmente no mundo latino é um caso de Jesus Cristo II – O Retorno? O mundo dá voltas de 360 graus? Muitas perguntas que só o tempo nos poderá responder.

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