quarta-feira, 28 de maio de 2008

40 Anos

A “revolução” cultural de maio de 1968 gerou, até agora, apenas duas coisas: pessoas que nasceram nessa época de bum de natalidade e o início de uma mudança radical no comportamento das pessoas, essencialmente das mulheres.

A primeira “coisa” gerada por maio de 68 são pessoas que, esse ano, estão completando ou já completaram seus 40 anos de vida. Os homens, em sua maioria, estão naquele momento de não saber se vale a pena namorar uma garotinha de 20 anos depois do divórcio ou não. São homens resultantes de uma criação diferente da que seus pais tiveram, com muita liberdade e, em alguns casos, cresceram com o cheiro de maconha vindo do quarto de seus pais.

E as mulheres, como estão as “quarentonas” de hoje? Abandonadas pelos maridos após a decadência física em uma sociedade que, nesses 40 anos, passou a cultivar o corpo e endeusar a beleza estética. Sendo assim, essa geração de mulheres vive sob essa ditadura da estética. Para não serem abandonadas ou então, para as já repelidas, para encontrarem carne nova, de preferência mais jovem, há a busca sem limites por cirurgias plásticas e academias, isso sem contar as auto-ajudas para melhorar a auto-estima e disfarçar o fracasso, como ioga, tarô, espiritismo, Paulo Coelho, O Segredo, psicólogos e afins. Hoje, a mãe tem inveja da filha jovem e desejada por machos.

Mas o fato mais marcante originado pelo ensandecido mês de maio de 1968 foi a radical mudança de comportamento. Têm-se, atualmente, a idéia de que qualquer novidade ou mudança, é boa. “Revolução Cultural” remete a algo bom. Nem sempre é. Nesse caso, vivenciamos uma involução degradante iniciadas com os ripis sujos da década de 60.

A tarefa de encontrar uma mulher em que o homem possa confiar e buscar constituir uma família, é algo cada vez mais árduo. Uma mulher de 25 anos, hoje em dia, dificilmente já teve menos de uma dezena de parceiros sexuais. Sexo, ícone do movimento de 68, mudou seu significado. De algo especial e íntimo passou a ser lazer banal e tema de bar. Essa mudança de comportamento trouxe, inclusive, problemas econômicos. As mulheres invadiram o mercado de trabalho causando desemprego.

A liberdade sexual, além disso, gerou outro fenômeno curioso. Ao mesmo tempo em que se pode fazer tudo e quem e com quantos se quiser, nunca houve tantos frustrados sexualmente. O sexo, antes, era algo que por si só já era prazeroso. Hoje, temos sex-shops e uma imensa gama de arsenais esquizofrênicos que buscam dar prazer aos que não o conseguem sem ajuda. O sexo ficou tão ordinário que já não dá mais prazer por si mesmo. É necessário fantasiar a esposa de enfermeira, ou, em casos mais doentes, de Tarzã, para se conseguir ter uma ereção. Depois de se conseguir a ereção, para se ter orgasmo, bom, daí o furo é mais embaixo, há necessidade de vibrador anal para homens ou que o ato seja executado em praça pública, com a presença de outro casal ou com a ajuda de uma sexóloga sadomasoquista, ou, pior, tudo isso junto. Nunca a sociedade precisou de tanto auxílio para gozar.

Por ser algo banal, sexo passou a ser discussão de bar. Fala-se das preferências sexuais da mãe de seus filhos na salinha do café da empresa. Para piorar, as mulheres, que se vulgarizam mais a cada ano, comentam até na missa sobre suas atividades, sobre seus inúmeros parceiros e sobre a fantasia de coelhinha da Playboy que ganharam de Dia Das Mães do filho. Tudo isso, claro, fumando e tomando cerveja como homens.

Ontem, enquanto esperava a hora de ir embora do ambiente repugnante de minha universidade, lia um livro num banco de pedra gelado a frente de minha faculdade. O silêncio foi quebrado pelos gritos de uma gorda de cabelo crespo, batom em excesso, fumante que vociferava para os amigos e amigas que se localizavam sentados em uma escadaria perto de mim e ao mesmo tempo para todos os seres vivos localizados num raio de um quilômetro: “Eu me fodi, caralho! Tomei no cu na prova!”

O dia seguinte foi quente. Durante o almoço, uma colega tatuada e com pircim no lábio e possivelmente na vagina, rompeu o silêncio: “bah, hoje está bom para sair e tomar uma ceva!”.

Vivemos a involução. Não quero estar vivo em maio de 2048.

Um comentário:

Salete Maria disse...

este texto é no minimo 'curioso'...ora fala com nostalgia ora com desprezo pelo passar dos anos...
nao concordo que as mulheres causaram desemprego ao ingressar no mercado de trabalho...o capitalismo é que desemprega e precisa da mao de obra barata das mulheres...tampouco toda mulher de 40 está correndo atras de ser madona...acho que voce generaliza e tb se escandaliza pq as mulheres usam expressoes que os homens passaram a vida inteira usando como se fosse natural ou como se somente eles pudessem fazer uso da lingua, do mundo, da vida...vamos dialongando...