segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Os Oitos Anos de Lula

Não poderia deixar de relatar minhas impressões após oito anos de governo Lula. O ex-metalúrgico, que foi obrigado a adotar uma ideologia “paz e amor” para alcançar o poder e que consequentemente cedeu a pressões e fez alianças diabólicas para lograr a governabilidade, terminou seus oito anos de mandato com 87% de aprovação popular, um recorde nacional.

Minha primeira afirmação sobre o fim da era Lula é que este foi o governo de maior sucesso da história nacional desde Getúlio Vargas. O gaúcho de São Borja enfrentou enormes desafios como uma grande guerra, foi obrigado a bater bola com Hitler e mesmo assim foi o governo que humanizou a vida do trabalhador brasileiro. Lula não enfrentou uma grande guerra, mas foi vítima de uma imprensa conservadora desesperada que usou todas as armas possíveis para denegri-lo e também deu de frente com a maior crise econômica mundial desde 1929.

Se a grande conquista de Getúlio foi a criação das leis trabalhistas, Lula tem como seu maior mérito nesses oito anos o ataque à miséria absoluta através de políticas sociais primeiro-mundistas e o tão esperado crescimento econômico socialmente beneficiador de grande parte da população e não apenas da minoria de sempre que, diga-se de passagem, também gozou do sucesso econômico do governo de Luís Inácio.

Lula melhorou e muito o sistema de educação nacional, principalmente as universidades federais, ajudou a erradicar a fome nas áreas mais deploráveis do país, tirou a nação de sua situação de mendicância histórica ajoelhada à mercê de órgãos internacionais sanguessugas, provou que ainda existem diferenças entre direita e esquerda contrariando ao que defendem os direitistas e colocou o Brasil em uma posição de importância no cenário político e econômico mundial. No entanto conseguiu decepcionar em um ponto antes considerado pilar da ideologia petista: a corrupção.

A extrema direita raivosa que não consegue aceitar que o governo Lula surpreendeu a todos e foi um sucesso, afirma sem nem ruborizar que o governo petista foi o “mais corrupto da história”. A afirmação é tão esdrúxula que nem merece maiores comentários, mas sim houve corrupção e deve ser condenada sempre. O Brasil segue sendo um país em que ladrão de colarinho branco, leia-se políticos e grandes defraudadores poderosos, não vão para a cadeia. Lula aceitou no seio de seu governo verdadeiros criminosos históricos desse país com destaque para o pior de todos, o gângster mor José Sarney. Além desses inimigos que dormiram na mesma cama de Lula, é imperdoável o esquema do “mensalão II” e digo “II” pois essa é uma prática inventada e consagrada pelo PSDB, outrora demonizada pelos petistas que, passados alguns anos, usaram de mesmo artifício nocivo e pornográfico para qualquer nação que deseja ser civilizada. Lula fez vistas grossas para o mensalão, o máximo que fez foi afastar do circo político alguns caciques do partido outrora intocáveis como Zé Dirceu, Genoíno e Palotti. A outra mancha de Lula é seu filho que segue sendo pivô através de sua empresa que pleiteia (e leva) “patrocínios” importantes de grandes corporações como Oi entre outras. Para completar, uma crítica a algo não realizado, as reformas políticas e tributárias. Lula tinha a faca o queijo, o congresso e o senado entre seus nove dedos e não o fez, deixou como herança podre para sua sucessora.

No âmbito internacional Lula também teve problemas. Ao mesmo tempo em que a postura de amigo de todos foi fundamental na abertura de novos mercados, importantíssimos especialmente quando da crise mais brutal no Estados Unidos e Europa, pega mal ter como amigos figurinhas não muito confiáveis como Hugo Chávez, Ahmadinejad e alguns ditadores sanguinários africanos. Lula vendeu a alma ao diabo em busca de benefícios ao país e conseguiu. Esses fins justificam os meios usados?

Deixando as críticas para trás, merece destaque especial o programa mais brilhante do governo Lula. Brilhante, mas simples; não tinha sido feito antes por pura falta de vontade política de governos anteriores. O Bolsa-Família, termo que provoca ânsia de vômito entre os direitistas mais raivosos é um programa modelo, moderno e que mostra o quão humano um governo pode ser.

Não há brasileiro que não volte encantado de viagens a países europeus. Todos voltam comentando sobre o quão maravilhosa é a participação do governo na ajuda aos seus nacionais. Os governos europeus pagam salários para os desempregados, dão ajuda moradia para casais recém casados, dão ajuda para quem tem filhos, pagam para os jovens estudarem, dão auxílio até para quem tem cachorro em alguns países do norte do continente, tudo isso é maravilhoso e mostra o incrível desenvolvimento desses gloriosos europeus.

O Lula dá comida para famintos e a reação é oposta. “Eu não quero pagar impostos para dar salário para vagabundo comer”. “Dar dinheiro para quem necessita é errado, tem é que dar emprego!”. “Se dermos dinheiro para essa gente, eles jamais vão querer trabalhar!”

Essas são algumas das ideias fascistas usadas pela direita conservadora brasileira, os mesmos cidadãos de classe média que voltam encantados da Europa são os que têm ojeriza às ajudas de Lula para os mais pobres. Na Europa ajuda-se um casal de classe média quando tem um filho, mas aqui não podemos ajudar gente que passa fome. Contraditório? Totalmente.

É evidente que a solução de prover ajuda aos mais necessitados é paliativa e não resolve problema algum. Para tirar camadas da miséria é necessário emprego. O governo Lula foi o governo que mais empregos criou na história brasileira. Calcula-se que cerca de 30 milhões de brasileiros foram retirados da miséria e acompanhamos o “inchaço” da classe média. No entanto, ainda assim teremos fome e miséria que DEVE ser combatida até porque a herança recebida por Lula era maldita. É curioso que os mesmos críticos fascistas do Bolsa-Família não se alteraram em nada quando governos estrangeiros ofereceram ajudas bilionárias para bancos. Qual a lógica? Somos a favor de ajuda a europeus de classe média que têm filhos e ajuda a bancos com ativos trilionários e que seguem pagando bônus absurdos para seus executivos incompetentes, mas ao mesmo tempo somos contra dar comida para faminto? Isso é pensamento de gente ruim.

Fome não pode ser remediada. Emprego deve ser algo disponível a todos, mas até que um desempregado consiga emprego ele segue tendo as mesmas necessidades. O governo brasileiro não tem as condições europeias de pagar salários vitalícios a desempregados, mas pode, pelo menos, dar comida aos famintos. Após quatro horas sem ingerir alimentos um ser humano normal está com fome. É difícil encontrar emprego para milhões de brasileiros em menos de quatro horas.

8,7% de todos os famintos do mundo estão na América Latina, um continente em que os poderosos jamais cederam teta alguma aos mais pobres. Nesse continente temos dois exemplos de países que, por não cederem sequer uma tetinha aos mais necessitados, acabaram perdendo a vaca inteira, são eles a Bolívia de Evo Morales e a Venezuela de Chávez. Não será melhor a ideia de Lula de ceder uma teta aos famintos e não perder a vaca? O quê é melhor, usar impostos para alimentar crianças com fome ou isentar de impostos multinacionais?

Outro resultado desses últimos oito anos políticos brasileiros é o fisiologismo extremado dos partidos. Gabeira, um ex-militante de esquerda, apoiou José Serra que tinha como vice um facínora à moda antiga, o monstruoso Índio da Costa, que mais parecia um ultra-direitista republicano americano com suas teses ultrapassadas sobre aborto e afins. Outras alianças políticas bizarras se espalham pelo país e a consequência disso tudo é um enfraquecimento dos poderes dos partidos políticos e o aumento do meu clamor pessoal pela reforma política de um sistema eleitoral que é simplesmente bizarro e que está sendo vítima de gangues políticas como os partidos cristãos e o uso de celebridades, incluindo analfabetos, boleiros, cantores e big brothers and sisters para atrair enormes quantidades de votos burros e juntamente eleger corjas de bandidos que se beneficiam das regras estapafúrdias de nosso atual sistema.

Nesse cenário, de perda de identidade partidária e enfraquecimento de ideologias, Lula termina seu governo e elege, com o seu carisma e sucesso, sua sucessora, Dilma Roussef, ex-militante de esquerda que, mais uma vez, gerou a reação raivosa e demente da direita radical brasileira que, assim como fizeram com Lula, começaram fortes campanhas denunciando Dilma como uma ameaça ao mundo, como uma Hugo Chávez brasileira de saias. No entanto, dessa vez o apelo desesperado da direita raivosa pouco efeito fez contra os logros inquestionáveis do governo de Luiz Inácio, nem tivemos Regina Duarte e aliados externando seu “medo” de uma possível eleição de um facínora que outrora foi Lula e hoje seria Dilma.

Dilma por sua vez herda um país em franco crescimento, com uma economia estável e voltada ao desenvolvimento desde as camadas mais baixas da população. Dilma cederá tanto quanto Lula? É Dilma uma esquerdista mais inflexível do que o Lula de barba grisalha? Tem Dilma sangue de Lula de barba preta? Todas essas perguntas serão respondidas logo. Eu aposto num governo muito parecido ao de Lula que tem tudo para ser o conseglieri de Dilma que terá na sua cama o vampiro-mordomo Michel Temer para contrabalançar a possível maior tendência de Roussef à esquerda que pode resultar em ações positivas como o maior rigor no combate a corrupção.

Como todo cidadão de bem que não faz parte de grupo algum de direita raivosa, vingativa, amarga, decadente e sanguinária, desejo a maior sorte para Dilma e sua equipe e tenho certeza que mais um grande governo virá pela frente. Meus pedidos para 2011? Rigor xiita contra a corrupção, morte à família Sarney Corleone, fuzilamento já (!) e reforma política urgente para que nosso sistema não seja privado de colaboradores brilhantes como Luciana Genro.

Um comentário:

Gabriel Henrique David disse...

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