domingo, 9 de dezembro de 2012

O Mensalão

Eu, como a grande maioria da população brasileira, apoio e fico feliz com a simples existência do julgamento do “mensalão petista” como é chamado pela mídia. É bom ver que figuras que fazem dano ao patrimônio público e que corrompem o sistema democrático podem vir a ser punidas. É saudável e passa uma sensação de existência de pena àqueles que pareciam, historicamente, intocáveis. No entanto, como sempre, algo que parece, visto por cima, totalmente positivo, esconde um pouco da tradicional malícia, mal caratismo, revanchismo, oportunismo e conservadorismo que reina nas almas de cidadãos brasileiros e, principalmente, da mídia desse país. Por que o nome desse circo todo é “mensalão petista”? “Mensalão” porque eram pagamentos mensais, ok, até aí vamos bem, mas por que somente “petista” quando o escândalo envolvia integrantes de toda a base governista e inclusive políticos adversários do próprio governo que, numa demonstração de “fisiologismo financeiro”, podemos chamar assim, se rendiam à situação em troca de dinheiro. O mensalão não era, então, somente petista e sim um escândalo geral coordenado sim, por membros do governo, o mais destacado de todos, o mafioso Zé Dirceu. Julgar o mensalão, colocar os criminosos na cadeia e a consequente aprovação popular é totalmente entendível. Agora, se eu questiono por que não foi respeitada a ordem “de chegada” e não se julgou o primeiro mensalão, ou pelo menos o primeiro que foi descoberto que foi o do governo do PSDB em Minas Gerais que elegeu o então governador hoje senador Eduardo Azeredo através do já não mais famoso “valerioduto” um esquema de financiamento de campanha irregular e obscuro de empresas que em seguida e obviamente, foram beneficiadas pelo governador. Quem foi o organizador dessa baixaria toda, ele, Marcos Valério, hoje condenado a quase 40 anos de prisão pelo mensalão do PT e não pelo mineiro do PSDB. Concomitantemente a isso tivemos o festival de corrupção muito mais nocivo ao Estado realizado durante os oito anos de governo de FHC e que pode ser entendido facilmente através da leitura (não dói) de um livro chamado “A Privataria Tucana”. As privatizações obscuras de empresas como a Vale do Rio Doce, caíram no esquecimento da população e foram, numericamente falando, mil vezes mais criminosas que o mensalão do Dirceu. Muitos membro da nossa mídia e direita reacionária e raivosa podem espernear e vociferar que isso é coisa de petista querendo escapar de uma punição justa. Calmem-se. Apoio o julgamento de qualquer crime contra o Estado seja esse crime cometido pelo PP ou pelo PSTU, mas apenas defendo que TODOS os crimes sejam julgados e respeitando a lógica ordem cronológica. Voltando ao julgamento, vale destacar que já tivemos inúmeros casos de julgamentos midiáticos que não deram em nada. Os “anões do orçamento”, por exemplo, não pagaram por seus crimes e hoje vendem uma imagem de cavaleiros da ética, assim como o Demóstenes. À época a desculpa era de que faltavam provas concretas para colocar esses “anões” na cadeia, assim como foi com Roberto Jeferson, Sarney, Maluf, entre outros. Essa desculpa é base de meus argumentos de crítico número um do sistema judiciário, onde se pagam altos salários e se tem pouca produtividade e ação. Mas daí eu pergunto: por que, agora no mensalão petista, os magistrados, principalmente o José Barbosa, passou por cima das leis e condenou pessoas sem as mesmas badaladas “provas concretas”? É claro que toda a população já estava de saco cheio das tais faltas de provas e por isso comemora um chute na bunda da constituição, mas por que somente agora? Será que esperamos que um negro chegasse para chutar o pau da barraca? Será que o Barbosa, se estivesse lá há mais tempo, teria também colocado e julgado de maneira brusca outros coronéis da barbárie da corrupção nacional como os já citados anteriormente? Não podemos falar de “se”, mas aposto que não. E aposto que não porque há uma grande diferença agora. A mídia e as camadas mais conservadoras da sociedade estão assustadas. Achavam, lá pelos anos 90 e 80 que o PT jamais chegaria ao poder e pensavam assim, pois confiavam no poder de manipulação da mídia e também na falta de argumentos políticos da grande maioria da população. Lula se transformou em Lulinha Paz e Amor, entendeu o significado do termo “marketing político”, a barba deixou a raiva que a cor preta lhe dava e ficou branca, começou a sorrir, fez novas amizades, algumas vezes vendeu a alma para o diabo e bang!, conseguiu. Chegou ao poder e, apesar de todo o medo dos conservadores xiitas, fez o melhor governo da história do país. Foi reeleito fazendo uso da lei criada pelo seu antecessor e depois elegeu a sua sucessora que foi praticamente “inventada” por ele, Lula, o homem que encantou o mundo pelo seu carisma e pelos resultados de seu governo, o presidente que foi considerado “o cara” pelo homem mais poderoso do mundo. Dilma assumiu e mostrou ser melhor que o seu antecessor. Lula fez vistas grossas para a corrupção em alguns setores de seu governo. Lula convidou muitas pessoas para a sua festa e muitas delas não eram confiáveis, tudo isso em troca da tão sonhada “governabilidade” que, chegou ao extremo de obsessão com o escândalo do mensalão. Dilma corta cabeças e não tolera qualquer indício de corrupção, é faca na bota. A economia, mesmo que agora pareça que já não suporta mais a agressão da crise internacional, segue firme como uma rocha e até um certo carisma é exalado dos seus cabelos laqueados e sua cara de castor poucos amigos. Até o vampiresco mordomo do Michel Temer convence. A aprovação de Dilma é a mais elevada de todas e, parece, que, quando tentar a reeleição, leva em primeiro turno. Alerta vermelho! Os vermelhos parecem que irão se perpetuar no poder! Não deveríamos mais temer a tal ameaça comunista incitada através do Plano Cohen nos dias de hoje, até porque o comunismo ruiu, a União Soviética nem existe mais, mas, de certa forma, ainda é um argumento que incomoda muita gente, tanto que a Veja destacou o comunismo de Niemeyer como uma bestialidade do revolucionário arquiteto de 104 anos. Os meios conservadores, mais precisamente a maquiavélica revista Veja, inventa dossiês, planeja “atentados terroristas” contra o governo e a classe média raivosa, aquela que não suporta ver o PT no poder, que não suporta ver “pobre” desfilando no Planalto, cegamente mete os caninos afiados na jugular de um governo que, comparado a todos os anteriores, foi infinitamente melhor, sem qualquer sombra de dúvidas. “Ah, e o mensalão?” perguntam os reacionários de condomínio. Sim, tudo leva a crer, apesar da falta de provas, que ele existiu, mas todos os governos passados também foram recheados de escândalos. O primeiro presidente foi deposto e o segundo protagonizou escândalos bilionários, ações que tornam o crime do PT insignificante. Após ter dito tudo isso, deixo uma cobrança para todos os meus cinco leitores: que mantenham essa raiva e essa sede por sangue quando e se um dia julguemos os crimes, por exemplo, do governo FHC. Lembram da mudança de câmbio noturna do valor do dólar? Lembram da Vale do Rio Doce vendida a preço de banana sendo uma das empresas públicas mais lucrativas do mundo? Não, ninguém lembra porque todo mundo escolhe o que quer lem

Nenhum comentário: