quarta-feira, 24 de outubro de 2007

An Ordinary/Unforgettable Day In London

Acordo cedo. Sempre. A cortina é branca, me diz de antemão qual o clima lá fora. Não confio em cortinas, mesmo assim a afasto e o dia está cinza. Entre 10 e 12 graus, creio eu.

Ao meu lado vestígios de minha amada. Seus pijamas de sapos...não me acostumo, tenho que rir. Se eu acordo cedo, ela acorda ainda mais. Sinto o cheiro de seu perfume, pouco, suficiente, e emaranho-me em peças de roupas que ela simplesmente deixa atiradas em cima da cama.

Ligo o rádio para ouvir as notícias matinais. Eles falam do clima, ficará entre 10 e 14 pela tarde. Acertei na mosca e hoje tem jogo em Loftus Road. C'mon QPR! Vou ou não vou? Fica na esquina de casa. O estou olhando pela janela tristemente vazio.

Lá embaixo antes de ir até a parada do ônibus que me levará até a estação de metrô, passo no indiano ao lado, no mercadinho. Tem tudo, inclusive recarga de Oyster Card. Venceu ontem o meu. Mais uma semana, ou melhor, menos uma.

Pego o 260. Mesmo que sejam menos de 5 minutos até o meu destino final, subo ao segundo andar onde posso ter uma vista exclusiva de meu bairro. Não é bonito, mas a massa multicultural de gente que o habita segue me incomodando.

A estação, como sempre, lotada. Uma linda irlandesa de olhos profundamente azuis e aparência lúdica fita o chão com seu mapinha nas brancas e magras mãos. O trajeto no tubo escuro é rápido. Desço em Marble Arch, em frente ao exuberante Hyde Park. Entro em um Pret na esquina da Oxford com a Grosvenor. Saúdo alguns conhecidos colegas e sigo em frente não sem reparar em um chinês pedindo informações com seu inglês inexistente. Não me acostumo. Ainda acho graça.

Hoje é domingo, não trabalho. Ficarei fazendo tempo nas lindas e vivas ruas de Londres até chegar a hora de ir buscar minha niña no trabalho. Vou comprar um CD. Paguei 3.99 libras. Pago em moedas que tinha no bolso.

Perto de Bond Street uma manifestação estilo britânica. Uma senhora com um megafone, um homem e uma menina de aparência triste manifestam-se a favor dos direitos dos animais. 6 policiais em volta mantendo a ordem.

Entro em um Tesco para conferir as promoções, nada compro. Entro em um Internet Café para reservar minhas passagens para a Polônia. 30 libras ida e a volta de graça.

Crianças lindas saltam felizes pelas ruas. No saguão da estação de Baker Street, um cara tocando guitarra com excelência.

Não me acostumo. Depois de tanto tempo sigo fitando a cidade maravilhado. Como tudo pode ser tão bonito?

Há manifestação em Tafagal Square contra Blair e sua guerra no Iraque. Tiro fotos do Big Ben sozinho e entro num ônibus em direção a Oxford de novo, esquina com a Poland Street. Está na hora dela sair.

Ela está sorridente como sempre e a primeira coisa que me diz é que ouviu dizer que amanhã neva e está muito feliz por isto. Seus olhos brilhavam.

Passamos por Queensway e avistamos a "casinha do parque". Quem raios é o priviliegiado que mora lá?

Antes de chegar lá o trânsito lento. Passeata de árabes mutilando-se em protesto contra a possibilidade de proibição do véu islâmico das meninas nas escolas britânicas. Tenho que rir da cara de impressionada dela. "Que miedo, Gordo". Logo ela já se destrai com a gritaria enloquecedora do "Speech Corner" sempre lembrando que se tu quiseres discursar contra a rainha, há de se subir num banquinho, jamais em território britânico.

Chegando à Shepherds Bush, movimentação de torcedores. Camisas do glorioso Queens Park Rangers por tudo. Avisto meu professor na rua, comprando some fish and chips.

Descemos em Notting Hill e damos uma passadinha por Portobello Market. Sempre lindo, interessante e agradável. Aroveito para ver os livros baratíssimos espalhados pelas livrarias da região, novos e usados.

Como uma paella e ela uma batata recheada seguida de sorvete. Na frente da estação o velho e bom jamaicano hoje tocando "Jamming". Sempre presente também o cômico entregador de "Metro". Chegamos em casa e cruzamos com Mrs Patricia Comerford chegando de seu passeio por Richmond.

Um chazinho de maçã turco comprado em Istambul, um banho eterno de banheira. Agora só falta conferir os melhores momentos da rodada da Premiership no "Match Of The Day", hoje o meu West Ham U ganhou, gol de Tévez, e mirá-la dormir escutando sua constante respiração.

Sim, sei que sou um brega saudosista. Amanhã de repente escrevo sobre as saudades dos banhos de chuva na infância e da perseguição aos tatus-bolas. Estão extintos?

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