terça-feira, 27 de novembro de 2007

Partículas Elementares

Nada como um escritor maldito. As pessoas malditas sempre despertaram em mim uma grande atração e fascinação ao contrário dos politicamente corretos e insossos. Em todos os campos os dito "rebeldes", "desgraçados", enfim, os demônios são infinitamente mais interessantes que os anjos.

Qual a graça de uma entrevista de um atleta de Cristo na televisão? No entanto, quando Romário e Edmundo abrem a boca, sempre algo maldito aparece. Isso sem falar no maior jogador de futebol de todos os tempos, um típico maldito: Maradona.

Michel Houellebecq é um escritor francês. Encantou-me com sua obra "A Extensão Do Domínio Da Luta". Após lê-la, duvidei que leria algo tão espetacularmente realista e/ou pessimista, maldito.

Pois o cara escreveu "Partículas Elementares" pouco tempo depois e conseguiu o fenômeno de se autosuperar.

Ele conta a história de dois homens, irmãos por parte de mãe, desde suas adolescências conturbadas até a chegada à meia idade. Michel é um biológo de sucesso, um dos mais importantes do mundo, enquanto Bruno é um libertino insaciável na busca pelo prazer carnal, frequentador dos lugares de mais baixa e nefasta reputação.

O livro é uma auto-ajuda ao contrário. Estraga dias e semanas de leitores mais frágeis. Provoca crises existenciais passíveis de internação e longos e produtivos papos com psicólogos.

São personagens em pleno processo de deterioração, maus costumes e comportamentos animalescos e boçais.

O suicídio é outro elemento que sempre está presente, rondando as vidas medonhas e desgraçadas das personagens.

O livro sufoca e jamais dá esperanças de que algo socialmente agradável vá acontecer. Falta ar e esperança. A Morte está sempre à espreita e o fim das personagens é decadente, sombrio e úmedo.

Sobra espaço até para um desabafo ao Brasil, quando a personagem de Bruno tem um ataque de fúria ao ouvir o nome do país vizinho.

Não há otimista ou sorriso que resista à colera de Houellebecq.

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