quarta-feira, 20 de junho de 2007

Saudades

Ai, que saudades da civilização! Que saudades de Londres, quase 3 meses abaixo da linha do Equador já me estão matando.

Sinto falta da imponência de Londres, da diversidade, da forte identidade da cidade que aparece a cada esquina e construção.

O cheiro do inverno...o cheiro do frio chegando, as árvores secas do Hyde Park na altura de Bayswater, das promoções inacreditáveis das livrarias de Notting Hill, da elegância do povo, da beleza das mulheres e crianças, da simpatia das gordinhas roliças...

Do ruído do metrô chegando, do bafo quente, prenúncio da chegada do trem, dos avisos constantes e repetitivos de "Mind The Gap", "Can I have your attention, please", "This train is ready to depart" entre outros, a voz era sexi, eternamente irei formular no meu imaginário as feições da dama que pronuncia todos os dias sem se cansar ou se aborrecer essas simples e zelosas palavras.

Caminhar na orla do Tâmisa, programa de domingo, grátis, sentir o vento frio queimando o rosto, ver a alegria das crianças alimentando aos "flyrats", as malditas pombas gordas e saudáveis de Londres, saudades de usar o Oyster, de comer barato aos domingos em Camden Town, de conhecer gente interessante, imigrante, de escutar o sotaque inglês em uma conversa de pai pra filho no segundo andar do ônibus de manhã. O filho veste terninho e bermudas, estilo Bart Simpson e eles conversam sobre clima, futebol ou Congestion Charge.

A pompa inglesa, a fachada espetacular do Ritz Hotel, da Harrod's, a elegância de Chelsea e Kensington, as casa surreais de Hampstead, a harmonia dos parques, o futebol em Clapham domingo de manhã, o clima nostálgico e muito europeu de Portobello Market, as feiras, Greenwich e sua calma, mulheres não bonitas nem gostosas, senão espetaculares, obras divinas, alvas, deslumbrantes. Tudo. A efervescência, as novidades, as mudanças.

Alguém já se indagou se, quando se não está em algum lugar, será que esse lugar segue funcionando igual ou está congelado esperando que a gente chegue lá? Sempre tive essa dúvida que jamais será esclarecida, mas Londres eu sei que, a essas horas, ou a qualquer hora, está funcionando. É a cidade mais viva do mundo.

3 comentários:

Silvio Pilau disse...

Tu já foi melhor que isso, Ed. Aquele início com o "Ai" foi foda.

Unknown disse...

Que saudades mesmo, quase me fez chorar de tamanha perfeição de suas descrições, deu pra sentir o vento friu e o bafo quente, que maravilha, que sentimento.
Como escreveste no "wedding e-mail", estou cançado desta selva de pobresa e índios por todos os lados, não vejo a hora de poder me juntar novamente aquele povo nórdico culto e educado.
Abraços a todos e parabéns pelo blog Frango!

jfloriani disse...

Frangolino,
tirando os comentarios clubisticos, mesmo vendo que tu tenta com esforco ser o mais imparcial possivel, tem escrito umas coisas legais...
Da pra ver ai o comentario do zaca...esse "bafo quente" ele sempre sentia pelas costas, na nuca...
Mas era isso ae...
No fim do dia vou ver o comentario do classico da entrega da taca, ops me confundi, no Beira...
Abrass!
Ninhas