segunda-feira, 21 de junho de 2010

A Volta da Fúria

Portugal 7x0 Coreia do Norte: não vi, mas finalmente gols, gols, gols!

Chile 1x0 Suíça: jogo crucial em um grupo extremamente disputado. Dessa vez a equipe suíça não jogou com os onze jogadores metidos em sua área, mas tampouco foi a Argentina de Maradona, longe disso. As duas linhas de quatro estavam lá, mas havia pelo menos mais vontade de ganhar, algo que jamais existiu na estreia contra os favoritos espanhóis.

Do lado chileno uma ânsia muito grande de decidir o jogo e chegar com mais tranquilidade à última rodada. Sánchez, o jogador mais habilidoso do time andino estava pouco produtivo, enquanto que Suazo ainda mostra resquícios de sua lesão, tanto que não voltou para o segundo tempo.

Mas o grande aditivo que teve o time sul-americano foi a injusta expulsão de Behrami que deixou a Suíça com 10 homens em campo desde os 30 minutos de jogo e os obrigou a jogar ainda mais atrás, renunciando ao ataque. Aliás, que juiz bem desesperado esse, dava cartão até quando os jogadores pensavam em fazer uma falta.

O segundo grande erro da arbitragem decidiu o jogo em favor dos comandados por Bielsa, que parecia estar sofrendo um AVC em alguns momentos. Em posição irregular saiu a jogada do gol da vitória. Houve um terceiro grave erro da arbitragem que compensou o gol em posição irregular que foi o impedimento marcado no final quando um atacante chileno ia sozinho em direção ao arco rival.

A melhor parte do jogo foi o final, os últimos 10 minutos quando a partida ofereceu um vaivém interessante, com o Chile tentando matar o jogo e conseguir algum saldo e com a Suíça desesperada atrás do empate. O time de Bielsa perdeu pelo menos duas boas oportunidades, numa delas mais uma vez se destacou o goleiro suíço.

Incrível foi a chance perdida pelo atacante Derdiyok depois de linda jogada do ataque no final do jogo.

Para terminar, não dá para entender como Bielsa mantém Valdivia no banco. Entrou e arrumou o meio de campo além de ter dado passe que originou o gol.

Seguindo com o espaço para os absurdos dos comentaristas da televisão colombiana, começo com essa: a Suíça joga assim na retranca devido ao fenômeno Mourinho. Ora, a Suíça não levava um gol desde 1994, há quase 600 minutos, recorde mundial na história das copas. Conseguiram a façanha de serem eliminados da Copa em sua última participação sem levar gols.

Para completar, problemas matemáticos por parte dos profissionais. Disseram que, com a vitória, o Chile está praticamente classificado. Eles simplesmente não fazem o esforço de pensar. O Chile tem seis pontos; a Suíça tem três e ficará com seis ao derrotar Honduras na última rodada e a Espanha ganhará hoje de Honduras, irá a três pontos e, se ganha do Chile na última rodada, fica com seis, ou seja, todos empatados. A decisão iria para o saldo de gols e o Chile tem apenas dois, pois conseguiu duas vitórias pela mínima diferença. Bastaria a Espanha ganhar de 2x0 de

Honduras hoje para já estar em vantagem pelo menos no saldo.

Melhor em campo: Von Bergens (Suíça).

Espanha 2x0 Honduras: qualquer admirador de futebol, independentemente do território em que nasceu, deveria torcer pela Espanha. No meu entender é a melhor seleção de futebol que já vi jogar. Apesar de injusta derrota na estreia, considerei a atuação espanhola excelente, com pecados nas conclusões.

Hoje, no começo do jogo, apareceu o que eu temia, um grande nervosismo por parte dos jogadores espanhóis. Alguns gols perdidos e enfim o golaço de Villa que, considerando que o gol de Luís Fabiano foi irregular, é o mais lindo da Copa até o momento. Villa, aliás, foi o melhor em campo, mesmo tendo diminuído seu nível no segundo tempo. Autor dos dois gols e de outras tantas belas jogadas. Ponto negativo: perdeu um pênalti.

O gol de Villa fez com que a Espanha voltasse com seu futebol maravilhoso de toques intensos, sem parar. No entanto, o baixo rendimento de Torres impediu que saíssem mais gols na primeira etapa. Torres necessita entrar em forma. Com Torres em forma e com a volta de Iniesta, reserva de luxo hoje, a Espanha é, disparado, o maior candidato. Não obstante, deve corrigir alguns pontos.

Navas jogou desde o princípio. Rapidez e habilidade são suas marcas registradas.
Deve melhorar na conclusão das jogadas para se tornar um jogador de primeiro nível. É muito jovem, tem tempo para isso.

No entanto os maiores pecados da seleção ibérica hoje foram: preciosismo exagerado, soberba, excesso de confiança e muito amor ao futebol. Já explico.

Preciosismo porque todas as jogadas tinham que ser brilhantes, com 30 toques. Rondavam a área de Honduras com até cinco jogadores e ninguém chutava, todos tocavam e tocavam sem finalização, parece que buscando um gran finale que não é necessário, ainda mais considerando que será o saldo de gols que irá definir o grupo. Pela produção de hoje, era para ter sido uma goleada como a de Portugal no primeiro jogo do dia.

Soberba. A Espanha encarou o jogo, principalmente o segundo tempo, como um treinamento regenerativo. Desprezaram o desprezível (?) time hondurenho e isso não pode acontecer numa Copa do Mundo. Em qualquer momento, por mais fraco que seja o time centro-americano, em uma desatenção podem complicar a classificação espanhola com um gol inesperado. A Suíça fez isso.

O excesso de confiança aparecia quando seus jogadores iam com certa moleza em disputas em áreas perigosas do campo, como na meia cancha e na defesa.

E, por fim, o amor exagerado ao seu jogo, aos seus toques, à sua qualidade. É entendível, mas deve ser trabalhado pela comissão técnica. Infelizmente há um resultado a ser alcançado e para isso há de se fazer gols, encontrar resultados. No entanto é inegável que é admirável o amor ao talento que os jogadores ibéricos têm.

Como gremista agradeço aos céus que nem sempre o melhor tecnicamente ganha, porque nunca fomos os melhores, não teríamos ganhado do Palmeiras em 96, por exemplo. Como admirador de futebol, confesso que me doeria ver essa Espanha eliminada por um burocrático Brasil num suposto confronto de oitavas.

Resumindo minha ideia sobre o time espanhol, eles jogam muito, mas muito parecido ao Barcelona. A pequena grande diferença é que, em situações assim, quando enfrentam adversários mais fracos, o Barça goleia, empilha gols juntamente com seus intermináveis toques. Messi sai de campo com quatro gols e não em branco como saiu Torres. Essa é a diferença.

Sobre Honduras, um horror. O elenco de Honduras tem seis jogadores que atuam em ligas importantes europeias como Inglaterra, Itália e Bélgica. Poderiam, caso houvesse mais organização tática, arrumar um time mais competitivo. O técnico vem da péssima escola colombiana, isso influi e o resultado é um time com nada, uma defesa desorganizada, um meio de campo inexistente e organização zero em contra-ataques. Serão eliminados sem converter sequer um gol.

Melhor em campo: Villa (Espanha).

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